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A floresta estava com um ar perigoso naquele dia, o goblin sentia a ameaça iminente em seus ossos. Dentro de sua caverna pode ouvir os sons de lutas da noite, grunhidos e rosnados que o faziam pensar nos humanos peludos. “Ele” inicialmente pensou que era apenas sua cabeça escutando coisas que não estavam lá outra vez. Entretanto, entendeu que houve uma luta do lado de fora quando saiu com a chegada da manhã.

Havia sangue espalhado pelo chão da terra próxima ao seu esconderijo. As moitas amassadas e sujas indicavam que algo pesado havia caído das árvores. O rastro de terra mexida e água vermelha denunciavam que um corpo foi arrastado.

“Ele” poderia investigar, porém sua opção mais segura era ignorar o que possivelmente seria um grande perigo. Infelizmente, seu desejo de saber sempre era maior do que o de permanecer em segurança.

Com cautela seguiu aqueles rastros, andando sobre quatro membros, o mais baixo possível. Se arrastando pela grama alta, tentando fazer silêncio, fazendo o possível para que criatura alguma lhe visse.

Os traços de destruição eram cada vez mais claros e o goblin quase conseguia ver o que aconteceu lá. Era estranho que pudesse criar em sua cabeça visões do que acontecia em um lugar usando apenas alguns sinais.

Como se cada pegada e monte de terra, cada galho quebrado e folha caída carregassem uma história tal qual as paredes da caverna dos humanos peludos. E pensar neles o fez perceber que mais uma vez, esses animais se envolviam em sua vida.

Pelos acompanhavam alguns pedaços do caminho que seguia, muita folhagem no chão indicando que eles haviam caminhado por aquela região. Tão próximos dele e veio a entender a razão para tal quando chegou ao fim.

“Ele” viu um corpo no chão, caído na terra em uma posição estranha, um goblin sem sinal de estar vivo. O pescoço estava quebrado, seus braços virados para trás em um modo que não era possível quando vivo, o queixo aberto e muitos dos dentes faltando. Sangue saia de sua cabeça, de sua boca, de seus braços e costas. Seus olhos abertos encaravam o céu e manchas secas ao redor mostravam que água salgada saiu deles.

“Ele” sabia que aquilo foi feito por aqueles que caminham nos galhos, tudo o que observou levava a essa conclusão. Por que eles fariam isso? Os humanos peludos jamais haviam lutado com goblins antes, então por qual razão fariam isso agora?

Seria culpa dele? 

Não havia dúvida de que buscavam matar goblins, pois aquele corpo não foi o único que “ele” encontrou. Em lagos, no topo de árvores, amassados sob pedras ou divididos entre raízes. Os humanos peludos estavam atrás do povo dele, talvez especificamente em busca de o matar.

A falta de barulhos o deixava incomodado mais do que se ouvisse os sons de seus predadores chegando. Sua cabeça pouco inteligente temia que eles saltassem dos arbustos na sua direção e fizessem dele apenas mais um daqueles seus iguais caídos na terra.

Suas pernas ficaram mais fracas com aquele pensamentos, afinal o que acontecia com aqueles fecham seus olhos para nunca mais abrir?

Não era a primeira vez em sua vida que via aquilo e sabia bem que não seria a última, entretanto jamais havia se feito tal questionamento antes. Como seria quando chegasse o seu momento?

É como quando dormia? Um sono sem prazer, no entanto sem dores. Cercado da tão confortável escuridão que o protegeu dos piores males que aquela floresta havia colocado em seu caminho.

Morrer não parecia tão ruim, mas ele tinha medo demais para isso. E se não fosse só a calma falta de tudo? Talvez sua mente fosse levada até outro lugar quando o corpo não mais servisse. Seria melhor do que quando acordado, com comida abundante e segurança? Ou então seria pior, ainda mais sofrimento e fraqueza?

Precisaria fazer algo especial antes do sono sem fim? Para que o final da vida fosse melhor que ela em si,  ações com essa missão em mente deveriam ser feitas? O que teria que fazer?

Mas apenas é claro se existisse algo para aqueles que fecham os olhos. O goblin não tinha certeza e duvidava que algo naquela floresta pudesse responder seu grande questionamento.

“Ele” se agachou e de uma forma calma fechou os olhos do seu igual. Com cuidado pegou o corpo morto e o segurou contra seu peito, tendo seus braços ao redor dele. Ia o levar até um lago e jogar lá. Não era algo que o seu povo costumava fazer, não era algo que qualquer um naquele inferno faria e o próprio jamais o fez antes.

Ainda assim, ele desejava por razões que não entendia, permitir que o sono eterno de seu companheiro de raça fosse um pouco mais confortável.

Vendo o corpo afundar na água, “ele” obteve sua resposta e ela era que “não importa.” Existindo ou não algo para aqueles que fecham seus olhos, não lhe importava.

O goblin não iria morrer.

Existia um mundo fora da floresta que jamais viu, terras onde nunca pisou, raças com as quais não se encontrou e conhecimentos que não teve chance de conseguir. Desejava mais, muito além de fechar seus olhos para não abrir outra vez.

Motivado, voltou para sua caverna. Agora ciente de que os humanos peludos o caçavam, não poderia demorar mais para ir atrás dos seus objetivos estabelecidos. O monstro colocou o objeto grande com gravetos pontudos dentro em suas costas, certificando que o cipó curto no item não o soltaria.

“Ele” pegou a estranha arma humana que lançava os projéteis e colocou seu braço entre ela para poder carregar melhor. Do lado de fora do seu esconderijo respirou fundo se preparando para o que viria a fazer.

O monstro encarou uma árvore grande a distância e correu em sua direção. Um pé na base da madeira o impulsionou para cima, então uma mão enfiou suas garras no tronco para o manter. Repetiu as ações outra vez e então outra até que alcançou o topo da árvore.

Sua chegada no topo dos galhos era uma das primeiras provas de que suas tentativas constantes chegavam a algum lugar. Isso o fazia feliz, se sentia pronto e agora enfrentaria sua condição de fraqueza se provando forte.

Estava indo atrás do cipó que faz sssssss.

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Olá, eu sou MK Hungria!

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