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Capítulo 17: Alegre Vitória

Seu inimigo estava muito debilitado, aquela grandeza assustadora que sempre temeu no animal, já não era tão evidente. Foi ofuscada pela enorme quantidade de ferimentos que se espalhavam e aumentavam em quantidade conforme mais do corpo saia da água.

Em alguns pontos do corpo do cipó que faz sssss estavam os gravetos pontudos atirados pelo goblin. No meio da criatura, cortes longos e marcas de mordidas provocadas pela boca e pelas garras que “ele” tinha. No restante do inimigo, marcas de boca muito maiores e mais sangrentas causadas pelo intruso que entrou na luta dos dois.

Mesmo que ganhasse do monstro, o animal não iria sobreviver para estar no próximo dia. O goblin sorriu com esse pensamento, poderia ser considerado uma vitória mesmo se viesse a morrer?

Não teve tempo para pensar. Com a boca aberta, o cipó que faz ssssss saltou em sua direção. O goblin desviou para o lado fazendo a criatura seguir reta. Nesse momento o monstro enfiou suas garras em feridas no meio do corpo do animal. Conseguiu com toda sua força o segurar por meros segundos.

A calda do inimigo girou para acertar a lateral do corpo do goblin. “Ele” retirou a mão direita dos machucados e usou o braço para se defender do ataque. Sentiu o impacto em seus ossos, porém não sofreu mais do que uma dor leve.

O cipó que faz sssss se utilizou daquela posição e circulou ao redor do monstro, logo após tentou se fechar e o prender. O monstro foi pego no aperto, mas usou o fato de estar coberto por terra molhada para deslizar para cima e saltar.

Correu um pouco antes de se virar ciente de que um ataque iria vir. A essa altura o animal já estava deslizando no ar pronto para engolir a cabeça do outro. Em uma rápida reação o goblin se jogou de costas para o chão e atingiu a garganta do cipó quando este chegou perto.

Estava de certa forma encurralado, a fera continuava tentando mordê-lo mesmo a distância, se forçando perigosamente cada vez mais perto.

Mas o que impedia de transformar aquele aperto em uma chance?

Confiou na única que coisa que possuía para confiar, sua inteligência. Era fisicamente mais fraco que o cipó que faz ssssss, entretanto seu inimigo ficava mais debilitado conforme gastava mais tempo e esforço na luta.

Precisava apenas prolongar o conflito e o monstro ganharia, para isso era necessário manter o outro imóvel, porém como?

“Ele” sorriu com um pensamento tolo, como mesmo seu inimigo matava as presas? Se enrolando nelas.

Assim o fez, abriu as pernas que mantinham o pescoço do outro no ar. Quando o peso do corpo despencou, o goblin enrolou suas pernas na maior extensão que conseguia. Agora era fácil do animal lhe morder, para impedir isso, segurou as partes inferiores e superiores da boca com suas mãos. 

O cipó que faz sssss permaneceu tentando fechar a boca e morder a infeliz criatura verde, no entanto apenas fracassou em suas tentativas.

Não era fácil se manter daquela forma, o goblin podia ver os pequenos caminhos por onde passava o sangue dentro dos seus braços. Os caminhozinhos evidentes demonstrando quanto força estava usando.

Felizmente não estava doendo. Existia uma sensação incômoda nos dois membros, mas os dias gastos tentando aprender a usar a estranha arma humana tornaram os seus braços mais resistentes. Depois de um tempo incontável recriando os mesmo movimentos e se forçando além do limite, segurar aquela mordida não era tão desafiador.

Difícil era manter o aperto na garganta do animal, ele conseguia se mover e se debater na lama, entretanto não era capaz de se soltar. O ar já estava faltando, o próprio já havia engasgado algumas vezes. Seus movimentos ficando mais desesperados e o abraço das pernas ficando mais forte.

“AAAAAAAAAAAAAH.” Gritou e foi estranho que assim fizesse. O goblin não gostava de rugir ou gritar, era uma criatura silenciosa como a floresta em seus momentos mais calmos. Todavia assim como aquela selva, também tinha seus momentos de fúria “AAAAAAAAAAR.”

“Ele” rugiu como nunca antes fez. Com mais força nos braços ele abriu ainda mais a boca do cipó que faz sssssss. Sua língua dívida se movendo de um lado a outro tal qual o corpo inquieto. O animal olhou diretamente nos olhos do goblin, era a primeira vez que se encaravam dessa forma. “Ele” não soube dizer qual era a emoção naqueles olhos.

E nunca saberia, pois o animal morreu cessando qualquer movimento.

O monstro venceu, paralisou com essa ideia estranha. Não reagiu mesmo quando o longo e pesado corpo caiu em cima de si ao abrir as pernas, não temeu mesmo com a boca imóvel da criatura logo ao lado de sua cabeça.

Ele tinha vencido.

Essa era uma coisa estranha, o fraco venceu o forte. Isso não era natural, não devia ter acontecido e mesmo assim ocorreu.

Ele havia vencido.

O monstro jogou o corpo sem vida para o lado e se levantou observando aquilo que fez. Tocou a cabeça do animal e manteve o que enquanto andava sentindo toda a extensão daquela pele estranha e grudenta.

Ele havia vencido.

Sua boca se abriu ao finalmente aceitar esse pensamento que ficava voltando a sua cabeça mesmo que tentasse ignorar ou simplesmente não fosse capaz de aceitar.

Ele havia vencido.

“Ha, haha.”

Ele havia vencido!!

O goblin correu de um lado a outro sem propósito, incapaz de manter o seu corpo quieto. “Ele” pulou e se jogou no chão, rolou pela terra molhada ignorando a dor. Agiu como se fosse um filhote e não temeu nenhuma consequência.

Ele havia mesmo vencido!!!

“Hahahahahahaha.” Não conseguiu manter a própria voz quieta, era bom fazer aquele som.

O monstro deitou ao lado do cadáver sem tirar o sorriso que ocupava a sua face. Ele nunca tinha estado tão feliz antes em toda sua vida. Sua vitória poderia parecer pequena para outros seres mais fortes. Sua batalha poderia ser fácil para outras criaturas que sobreviveram a coisas piores.

Mas nada disso importava para o goblin naquele momento, não ali naquele chão ao lado da prova de seu feito.

Havia provado o seu valor.

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Olá, eu sou MK Hungria!

Eu agradeceria por alguns comentários mais opinativos neste capítulo, é que a luta pareceu meio difícil de escrever pra mim já que era contra uma cobra, eu achei esquisito, o que acharam?

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