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Capítulo 19: Decida de uma vez!

Trolls.

O que deveria ser isso?

O olhar do Goblin deve ter transparecido essas dúvidas porque a Bruxa do Pantano logo suspirou. Os olhos dela reviraram e ela apontou pro topo da própria cabeça antes de começar a falar:

“Chifres grandes.” Ela passou uma das garras ao longo do próprio braço e falou: “Tem pele verde.” Seu braço direito foi esticado o máximo possível para cima enquanto ela falava. “São enormes e claro.” Um movimento da garra passando em frente a seu pescoço como se o cortasse e depois suas duas mãos subindo pela cabeça. “Regeneração, uma das melhores já vistas.”

“Ele” sabia do que ela tava falando!

Então o nome daquela raça era trolls? Bom saber, mas o que a desconhecida desejava deles e como o goblin acabou envolvido nisso?

“Preciso de algo que só eles podem prover, mas como deve imaginar, uma dama como eu não pode se dignar a tal rebaixamento, não vou me envolver com aqueles tolos não pensantes.” 

O goblin assumiu uma feição descrente, vagarosamente ergueu seu braço direito e com um dedo apontou para si mesmo um tanto assustado.

“Exato, você irá por mim.”

O monstro engoliu em seco sem ter noção do que seria uma reação adequada, no caso, qual seria a reação que agradaria aquela mulher. O silêncio foi tudo que ofereceu.

“Hum, um pouco hesitante, embora seja erro meu esperar alguma qualidade heróica como coragem de… Algo como tu.” Ela realmente não gostava dele, o mesmo não precisava entender todas as palavras dela para perceber isso.

Por que “ele”? A Bruxa era muito mais poderosa do que o goblin jamais poderia ser, ou pelo menos é o que sentia a vendo. O monstro pensou em negar, correr pela entrada aberta e não mais voltar, se afastar o quanto fosse capaz.

Era bom que a estranha de alguma forma houvesse curado a dor que sentia. Até pensava que devia fazer algo por ela, dar coisa boa para quem lhe deu coisa boa.

E ir até o lar dos trolls (era mesmo um nome legal, o goblin gostou) não era uma coisa boa.

“Essa dama está disposta a recompensá-lo, não é uma oportunidade que a sua estirpe facilmente encontra.” Uma frase carregada de arrogância e que “ele” não entendeu. “Argh, pelos céus, bicho estúpido, E-U V-O-U T-E D-A-R C-O-I-S-A-S!”

Mas que coisas? Era um pergunta que se fazia evidente no olhar amarelo da pequena criatura verde. Haviam muitos itens que ele não conhecia, desde as águas coloridas que faziam efeitos estranhos e partes de animais presos em coisas transparentes próximas às paredes.

“Você.” Ela apontou com as duas mãos para o visitante. “Escolhe.” Seus braços rodearam o lugar conforme ela girava os membros para indicar tudo que tinha. “O que quiser.”

Iria valer a pena? Correr o risco de cair no sono eterno para conseguir o que aquela estranha desejasse, apenas por alguns objetos quaisquer.

Sentia que não e afinal, por que ela não iria até os trolls? Foi o que “ele” quis saber quando esticou um dedo trêmulo em sua direção.

“Eu? O que? Por que eu não vou?” Os olhos dela se desviaram para o chão de madeira por um instante e então voltaram a encarar o monstro “Não é de seu interesse saber.”

Se existia uma razão, ela não desejava revelar e isso não fazia o monstro se sentir mais confiante. Os olhos dele vagaram pelas possibilidades que ela oferecia e rapidamente voltaram a observar a saída, o pensamento sob eles claro, desejo de fuga.

“Você vai aceitar.” A moradora do pantano (afinal, o que era um pantano?) cruzou os braços e o olhou com um sorriso de canto pequeno. “Vejo essa vontade em seus olhos, não sei se almeja ficar mais forte, ou se busca conquistar e nem se sente prazer em destruir. O que me importa é que esse ardor amarelo que vejo fará com que aceite minha proposta, verme.”

A forma como ela dizia as palavras carregavam tanto nojo pelo monstro que mesmo quando preso em sua antiga falta de inteligência, teria enxergado o desprezo. Observar esse fato o deixava com uma grande pergunta em sua pequena cabeça verde, o que era apenas mais uma entre tantas outras.

“A hesitação não é mais que uma reação natural e impensada, se você refletir sobre isso vai concordar com o que peço.” A Bruxa declarou como se o conhecesse melhor que o próprio, talvez fosse o brilho que ela dizia enxergar nos olhos dele, possivelmente já conheceu aquele tipo de ardor. “Qualquer coisa aqui nessa sala, você pode pedir como recompensa, vou dar algum tempo pra que seu cérebro pequeno raciocine.”

Após essas últimas palavras, a estranha saiu em passos lentos pela entrada e se jogou na água afundando no pantano. “Ele” estava sozinho com seus pensamentos e se sentia mais confortável daquela forma.

A Bruxa logo voltaria, então escolheu tentar encontrar uma resposta para a grande pergunta que tanto o incomodava. 

Por que tanto esforço?

Apesar das recusas dele, a estranha continuava com suas tentativas. Mesmo com tanto nojo por “ele”, estava oferecendo tudo que podia para que buscasse o que ela desejava.

Impossível que fosse por medo dos trolls, não ela que parecia na visão do goblin, muito mais forte que aqueles grandes idiotas verdes. 

Sabia que ela não queria ir, então outra criatura teria que trazer o que precisava. Animais não seriam capazes e só sobravam os monstros como opções.

Muitos eram burros, muitos eram inteligentes e nenhum faria algo pela Bruxa do Pantano sem antes tentar procriar a força com ela. Estuprar? Isso que a desconhecida tinha dito? A palavra parecia estranha para “ele”.

No final tinha entendido uma coisa que estranhamente lhe fazia se sentir ainda mais confortável. A estranha precisava dele muito mais do que parecia disposta a admitir.

Era uma sensação boa.

Suas orelhas pontudas notaram o som violento de algo saindo da água e “ele” soube que seu momento só havia acabado. Quando se virou para vê-la, ficou sem reação.

“E então, coisa nojenta?” A desconhecida tinha em suas costas o corpo morto do grande cipó que faz sssssss “Gosta de carne de serpente? Hoje você come aqui enquanto pensa mais um pouco.”

O goblin sorriu, a Bruxa do Pantano estava mesmo desesperada.

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