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Capítulo 21: Um presente

“Venha, verme.” Disse ao se levantar, não olhou para “ele” e prosseguiu ao interior do local parando apenas quando notou que não era seguida. “Ande logo, infeliz.”

“Ele” a viu se afastar cada vez mais considerando a segurança (ou principalmente falta dela) em seguir a desconhecida para um ambiente do qual não poderia fugir. Considerou no fim o que lhe era claro, caso a Bruxa quisesse o machucar já teria o feito e sem nada que a impedisse.

Se afastando da mesa, caminhou em passos lentos para onde pensou ter visto ela ir. Haviam muitas portas (em algum momento mais cedo a Bruxa havia explicado o que é uma), no entanto somente uma aberta e foi nessa que entrou.

Do lado de dentro encontrou um ambiente não muito grande, porém recheado de objetos curiosos. Eram todas armas, o monstro podia reconhecer quando algo era feito para matar mesmo que muito ali fosse algo novo para si.

“Admito que não sou uma praticante dos rituais bárbaros de violência, não gosto dessas coisas.” Comentou suavemente enquanto segurava um dos objetos em suas mãos. Uma lâmina pequena, dourada na região em que devia ser segurada e vermelha na parte que devia ferir.

Muitos dos objetos lá eram estranhos dessa forma, pareciam errados e ainda assim tão bem feitos. Haviam armas douradas com pedras de diferentes cores nelas e penduradas em paredes. Grandes pedaços de madeira que lembravam galhos e cuja ponta terminavam em pedaços planos de ferros estavam em um canto da sala. Outros itens parecidos, mas com o galho mais curto, ocupavam espaços na parede.

Espadas posicionadas em cima de uma mesa junto com o que pareciam ser versões pequenas de si mesmas. E o que mais interessava a “ele”, estava no lado esquerdo da sala.

“Vinte armas, bela coleção não é?” O tom não parecia indicar que ela tinha apego a qualquer coisa ali “Nada que seja especial, algumas simplesmente decorativas, mas todas servem ao seu propósito. Vamos, pegue uma.”

E o goblin não demorou em decidir o que desejava. Caminhou até o canto que observou cuidadosamente ao entrar e deixou a mulher surpresa. Ela pensou consigo mesma, imaginou que um monstro sem delicadeza e bárbaro escolheria algo como uma espada ou um machado. Nunca imaginou que ele escolheria:

“Um arco?”

A criatura verde se virou por alguns segundos para encarar o rosto dela, um olhar de questionamento em sua face que logo sumiu ao pensar sobre a resposta. Então se chamava arco, essa palavra especial parecia apropriada para aquela arma.

Sorriu, havia gostado.

Quatro arcos ocupavam aquele espaço, teria que decidir qual deles mais o agradava e logo descartou um que era grande demais para seu corpo, sequer seria capaz de o segurar, quanto mais atirar com ele. Outro era igual ao que usava antes, com uma diferença no material do cipó estranho. Ignorou o terceiro e focou no quarto que é o que mais captava seu interesse por ser tão diferente.

O seu meio era curvado e parecia ter sido feito a partir do chifre de algum animal. De cada lado desse centro, a madeira se estendia formando uma curva e no final de cada uma, uma extensão quase reta nas quais se prendiam a ponta do cipó.

O goblin se posicionou como se fosse atirar e segurou o cipó. Puxou com cuidado e encontrou mais dificuldade do que sentia com sua arma antiga. Ao continuar fazendo força, as pontas da arma se curvaram ainda mais e isso o assustou. Estava quebrando o objeto ou ele devia fazer aquilo?

Quando soltou, ficou impressionado. As madeiras na ponta ao voltarem pra sua posição normal fizeram o cipó ser muito mais rápido do que teria sido com algum dos outros arcos.

Seria aquele.

“Um arco mongol?” A Bruxa pareceu surpresa de uma forma genuína ao questionar. Até onde ela sabia, aquele tipo de arco vinha de outro continente e ninguém usava no continente vermelho. Ela nem lembrava quem matou pra pegar aquilo.

Arco mongol, era a palavra especial daquele item ou algo que usavam para todos os iguais? O goblin sentia vontade de nomear a arma, aquela seria especial e faria o possível para não a perder.

A Bruxa do Pantano simplesmente planejava matar o monstro depois dele conseguir (se fosse capaz) o que ela precisava, mas não era a primeira vez no dia que se impressionava com aquele verme.

“Se vai usar um arco, vai precisar de uma aljava e algumas flechas.” A mulher falou indo até a mesa onde tinham as espadas e tirou algo de debaixo dela. Um baú, o abriu rapidamente para tirar um item, uma ação tão veloz que não permitiu ao outro ver o que tinha lá dentro.

Com a mão esquerda, ela estendeu os itens para ele que pegou ansioso. Aljava e flecha, duas novas palavras para “ele”. Colocou a aljava presa em suas costas pelo cipó nela e esperou para ver o que a Bruxa lhe diria.

Os olhos frios da mulher o encararam por um curto momento até que ela saiu da sala com sua calda agarrando o braço dele o puxando.

“Vinte flechas é o que têm, então economize e hum…” Pensou se faria aquela pergunta, não havia uma razão para o questionar uma vez que o mataria, porém mesmo assim indagou ao verme “O que você vai querer de mim?”

Já na sala, “ele” não gastou tempo pensando da mesma forma que não gastou tempo escolhendo seu presente. O goblin caminhou até a parede onde estavam itens importantes para ela visto como ela reagiu.

“Cuidado com esses livros!” Vociferou, mas sem fazer nada contra “ele”.

Ignorando a irritação dela, pegou um deles sem ver o que era e abriu. Com um dedo tocou nas letras e após isso apontou na direção da Bruxa do Pantano, para então após isso apontar para si mesmo.

“Espera um momento.” Pediu com a palma e a boca abertas. “Você quer que eu te ensine a ler?”

Descrença é tudo que o rosto dela podia transmitir naquele instante, uma incredulidade que se tornou maior ao ver o aceno positivo do monstro e que foi se esvaindo assim que ela começou a rir.

Uma gargalhada alegre, quando foi a última vez que tinha rido tanto de algo tão bobo?

“Será assim goblin, traga o chifre de um troll e eu lhe ensino a ler.”

Tendo feito essa promessa, ela o viu partir da mesma forma silenciosa que ele entrou, isso após lhe dar uma pequena jangada que ficava amarrada a sua cabana. 

Vendo o monstro se afastar, mudou de ideia sobre o que faria caso uma dia “ele” voltasse. Podia ser um verme, mas era um que muito lhe impressionava e ela queria ver até onde ele ia chegar.

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