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Capítulo 41: Primeiro dia de viagem

O sol estava em um ponto baixo no firmamento do céu, seu brilho alaranjado se espalhava pela natureza como um bom aviso de que em breve viria a escuridão. A viagem dos dois logo seria pausada devido às incapacidades do pseudo-centauro de enxergar em ambientes sem luz. 

Nenhum lugar da Grande Floresta de Dante era realmente seguro. Onde quer que se andasse haviam monstros no subsolo, feras camufladas entre folhas e pedras, animais ocultos no topo de árvores e bestas caçando ocultas na água.

Uma moderada paz só era possível porque as diferentes criaturas temiam os outros tanto quanto eram temidas por eles. Um momento de fraqueza ou distração poderia custar sua vida e o hobgoblin sabia que só pode chegar tão longe por só haverem criaturas fracas na região em que vivia.

A planície era diferente, mesmo que se encontrasse vazia naquela tarde quente, ficava cercada por uma densa floresta que escondia inúmeros perigos que tomariam coragem com a chegada da lua. “Ele” até mesmo temia que ameaças viessem de debaixo da terra, embora não houvesse notado nenhum dos indícios que deveriam haver nesses casos. Como um especialista em vivência subterrânea, ficava mais calmo com essa possibilidade.

Foi o seu momentâneo companheiro que decidiu que era uma boa hora para parar e sem dar escolhas decidiu o lugar de descanso. Um pequeno monte de terra, não muito elevado de onde poderia ter um visão um pouco melhor. O bovino deitou suas pernas, mas manteve as costas retas sempre observando os arredores. Foi do hobgoblin a ideia de fazerem turnos de vigília, prática tirada das táticas sobre as quais leu.

Então.” Uma palavra saiu da boca do bípede verde, uma quebra no silêncio que se seguiu entre os dois, uma tentativa de iniciar algum diálogo útil. “Sua irmã, parece uma grande líder.

“Humf.” O maior bufou, claramente desgostando de interagir com aquela ameaça diminuta ao sei lado. “Óbvio.”

“Ele” quase revirou os olhos, a atitude do outro era quase infantil, claro que esse pensamento só surgiu por basear os conceitos de infantilidade nos relatos escritos de comportamentos dos filhotes humanos. Tais parâmetros não podiam ser usados para tratar de monstros pequenos.

Precisava manter sua calma mesmo diante ao flagrante desrespeito com o qual era tratado. Uma falta de educação muito diferente daquela que acompanhava as palavras da Bruxa do Pantano. Quando conheceu a mulher, teve medo demais para se ofender com as humilhações faladas e quando passou a ter compreensão da língua, o peso das ofensas era outro. Não parecia realmente que a mulher o chamava de idiota por crer que o monstro era um, embora ainda não entendesse a razão de ela persistir no uso de palavras do tipo.

Infelizmente aquele tratamento sem muitas falas, no entanto cheio de expressão do bovino o irritava mais do que qualquer coisa que sua conhecida tivesse dito.

Eu só acho.” De qualquer forma precisava ganhar a confiança daquele brutamonte sem educação. “Acho que ela exagerou na forma que tratou você.

“Ela estava certa.” Respondeu de forma imediata e sem hesitar, sua irmã era a escolhida por Yebá Bëló e nenhum monstrozinho iria desafiar essa ideia.

Sim, estava, mas você não quis causar mal, não é?” O hobgoblin recuou um pouco em sua abordagem, começava a entender melhor esse homem ao seu lado.

“…” O pseudo-centauro com braços cruzados encarou o horizonte, não pareceu muito certo de sua resposta quando disse que “Não, não quis.”

Entende? Sem más intenções.

“Minha irmã nunca erra! E por que você fala baixo? Fale como homem!” Não deveriam persistir no assunto, a líder não podia errar.

O monstro verde manteve sua calma, apesar da irritação que se remoía em seu estômago. Precisava pensar com paciência, agir com cautela e pensar bem antes de cada ação. Primeiro levanto as duas mãos como sinal de rendimento e com um rosto desinteressado falou:

Não disse que ela errou, ela estava certa como sempre está, mas sua irmã não tentou entender seu lado. Não posso falar alto porque orcs machucaram minha garganta.” Uma mentira completa, nem o próprio sabia a razão de continuar a falar em tom tão baixo. Sua falsidade foi apenas uma tentativa de ganhar a pena do outro.

O que deu certo, por um momento o pseudo-centauro lhe encarou com um olhar que não havia dado até então, um que chegava perto de ser respeito.

“Sinto por você.”

Também sinto por você.” O hobgoblin tocou levemente nas costas do outro quando disse aquilo e não foi afastado.

“Ela não é má, talvez só exagerou um pouco.” Ele ainda justificava as ações de sua líder, de sua família, embora considerasse as opiniões do monstro ao seu lado.

Você também não é, foi apenas um engano.

Sua interação foi interrompida com um som distante, estava longe deles e ainda assim foi o suficiente para causar preocupação. Era um uivo que se estendia em algum ponto da floresta que ficava à esquerda das planícies, esse primeiro uivo se tornou dois, logo três e cada vez mais aumentou.

O monstro verde tirou sua mão do bovino. A palma já começa a suar de preocupação e ele tocou no arco preso a sua aljava para ter certeza de que o objeto estava lá.

O pseudo-centauro não pareceu muito mais calmo que ele e encarou o espaço do céu onde pássaros surgiram subindo da floresta ao longe.

“Os homem lobo saem a caçar hoje.” O maior encarou o céu e encontrou a lua já no firmamento, mesmo que o sol ainda não houvesse sumido com sua luz. “A lua tá é cheia, é dia de noite alumiada.”

Lobisomens, o hobgoblin havia ouvido falar deles em uma conversa com a Bruxa do Pantano. Uma história sobre lobos humanóides que conseguem se disfarçar de humanos e os transformar em seus semelhantes. Haviam contos deles sequestrando mulheres e crianças e saqueando aldeias. No entanto, de acordo com a mulher, não havia monstros desse tipo em mais nenhum dos países exceto o reino demoníaco.

“Ele” leu em um livro sobre façanhas militares dos exércitos demoníacos que em uma batalha contra tribos geladas do norte infiltrou lobisomens entre os inimigos e assim obteve a vitória.

O hobgoblin sorriu, essa espécie estava quase extinta, mas é claro que a Floresta de Dante abrigaria alguns deles. Começava a pensar que tudo poderia existir ali. 

“Onde vai?” Perguntou o pseudo-centauro vendo aquele que devia guiar se levantar e começar a andar.

“Ele” havia lembrado de algumas informações sobre aquela possível ameaça. Recordar que preferiam agir por instinto, apesar de possuírem alguma inteligência lhe deu algumas idéias.

Vou nos manter seguros.

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