Selecione o tipo de erro abaixo

Capítulo 42: Um perigo muito belo.

O pseudo-centauro se preocupou quando viu aquele que deveria guiar se afastar e ficou confuso ao tentar entender o que o monstro pretendia. Primeiro, aquela criatura estranha ficou caminhando de um lado ao outro encarando o chão como se procurasse algo. Demorou bastante nessa busca e no final tudo que queria eram duas pedras. O bovino não viu sentido, se havia tantas pedras pelo chão, qual a razão de procurar por tanto tempo?

Ficou apenas mais difícil de entender depois que o estranho pegou outras pedras quaisquer sem procurar e as agrupou ao lado do local onde os dois iriam passar a noite.

Após todas essas atitudes esquisitas, a criatura verde começou a andar na direção da floresta. Foi quando o pseudo-centauro se ergueu, o monstro faria mesmo aquilo? Era irresponsável, era perigoso. Não poderia o proteger ali, seu povo nunca foi capaz de se locomover bem entre árvores.

Antes que pudesse gritar pelo hobgobin, este sumiu entre os troncos altos. Era o fim, havia falhado em sua única missão de o guiar até a grande água de sal que o monstro chamava de mar.Pelo menos é assim que pensava até vê-lo retornar, o que provocou um claro suspiro de alívio. 

De uma grande distância pode ver o hobgobin caminhar em sua direção com os braços carregados de muitos gravetos e galhos secos.

Metade de seu corpo era iluminado pelo brilho alaranjado do sol que lambia sua pele. O monstro suava pouco, mas esse pouco foi o suficiente para fazer com que refletisse uma luz hipnotizante quando daquela posição. Seus cabelos já soltos balançavam com o vento e os fios dançavam pelo ar em uma alegria inocente. Cada passo daquelas pernas grossas fazia o seu quadril largo balançar em um movimento atrativo.

“Ele” era muito mais bonito do que qualquer monstro deveria ser.

O pseudo-centauro nunca pensou nos bípedes como atraentes, suas pernas estranhas e tamanho pequeno sempre pareceram apenas desvantagens. Todavia, quando a criatura verde chegou ao seu lado e deu um sorriso pequeno, pela primeira vez teve aquele pensamento.

Alheio a essas questões, o hobgoblin juntou várias das rochas pegas em um círculo e organizou dentro delas aquelas madeiras secas que havia coletado. Após isso começou a bater aquelas duas primeiras pedras que procurou.

Uma batida e nada ocorreu, uma segunda e então uma terceira que foi seguida por uma quarta e foi somente na sétima que viram leves fios de cor vermelha surgirem e sumirem antes que sequer pudessem entender o que era. Foi nessa hora que “ele” sorriu, estava chegando perto da maneira correta de fazer e quando fez, o outro chegou a saltar assustado.

Era intenso, vermelho e amarelo juntos em um abraço sensual do qual nunca se separavam, era quente e seu calor alcançava mesmo o bovino que se afastava lentamente, era hipnotizante sua dança veloz prendia os olhos de quem observasse, era assustador.

Era fogo.

A flor vermelha que queima iria os manter seguros, afastar os homens lobos e quaisquer outras ameaças que cogitassem se aproximar. Claro que revelava a posição de onde estavam, mas todos iriam temer. O monstro se agachou em frente a fogueira muito próximo às chamas, estava certo de que funcionaria, afinal também possuía medo.

Não se preocupe, está sob controle.” Disse sem tirar os olhos das labaredas. “Só não pode tocar, a flor consome tudo o que toca e engole tudo que é capaz. No fim, o único indício de que esteve lá são as cinzas marcadas no chão, um cadáver que sequer é dela esperando pelo vento e a chuva para o sepultar.” O hobgoblin virou seu rosto na direção do companheiro e com seu sorriso pequeno questionou “É lindo, não é?

O pseudo-centauro não havia entendido a maior parte das palavras, pouco sentido fazia aquela conversa sobre cadáver e a cor cinza e consumir coisas. Mal podia prestar atenção, ainda estava impressionado com a capacidade do monstro de criar aquela com apenas duas pedras. Era uma magia poderosa, o hobgobin tinha uma magia tão poderosa e ainda assim não havia retaliado quando foi capturado.

Era gentil, era uma criatura de muita gentileza e era calmo, falava palavras doces e dava sorrisos educados, era delicado e paciente, tão amigável. No entanto era alguém a ser temido, o belo corpo era de um guerreiro, aquela sua magia era prova de uma capacidade incomum, seus olhos escondiam um calor talvez mais doloroso que o da flor e o monstro era inteligente demais, astuto, uma mente incompreensível.

“Sim.” O bovino encarou aquela cena em sua frente, o hobgobin agachado sendo lambido pelas línguas do que chamou de fogo lhe encarando com seu sorriso simples. “É lindo e perigoso.”

Não tema, vamos.” O monstro ergueu seu braço direito, sua palma aberta e gentilmente oferecida. “Vamos, pegue minha mão.

O pseudo-centauro hesitou, aproximou sua própria mão e por um momento a retraiu. Apenas para então pegar na do monstro em sua frente que o puxou, não foi com força ou qualquer firmeza. Era um toque calmo, apenas para lhe dar confiança, somente para dar alguma coragem.

Quando próximo o bovino sentiu o calor que o protegia dos ventos frios da noite e recém começada, era agradável. Como disse aquele ao seu lado, era só não tocar e tudo ficaria bem. Ainda estava com muito medo, mas pensava que iria ficar tudo bem enquanto tivesse o outro ao seu lado e assim se permitiu deitar as pernas próximo a fogueira.

O hobgoblin se levantou e tirou a peça de roupa que cobria seu peito, esticou seus braços firmes e os manteve no quadril ao olhar para longe na direção de um uivo ainda muito distante. Após isso tirou a roupa de baixo, suas mãos passando por suas coxas torneadas.

Havia se acostumado com roupas, porém ainda se recusava a dormir com elas. Poderia passar a noite acordado e ainda não se cansar, era um monstro noturno afinal. Todavia não contava com as chances de poder dormir bem ao longo dos próximos dias, então aproveitaria aquela oportunidade.

Me acorde quando se cansar.” Falou se deitando e dando as costas para aquele ao seu lado.

O pseudo-centauro ficou só, tendo como companhia apenas o som dos insetos e da flor vermelha. Observava mais o corpo deitado do monstro do que as chamas ou os seus arredores. Não sabia mais o que pensar e ficava apenas mais confuso quanto mais tentava.

Não entendia aquela criatura.

Nem os efeitos que ela estava provocando nele.

Picture of Olá, eu sou MK Hungria!

Olá, eu sou MK Hungria!

No ultimo capitulo, esqueci de deixar as falas do prota em subscrito, mas já consertei,

Clique aqui para entrar em nosso Discord ➥