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Capítulo 47: O Retorno não Triunfal

“Como você conseguiu torcer o pé?!” Indagou o bovino com um tom de voz irritado.

Essa é uma história curta.” Sendo exato, era uma mentira pequena a que iria contar.

“Então fale logo.”

Os dois faziam naquele momento um caminho de retorno para o acampamento dos pseudo-centauros. O membro daquele povo sentia raiva e vergonha por estar sendo usado como montaria, pois o hobgoblin incapaz de grandes caminhadas estava montado em suas costas.

Nem fora o monstro quem pediu por aquilo, na verdade partiu do próprio bovino oferecer auxílio durante a viagem de volta, porém o fez mais por obrigação do que por qualquer outra coisa. Em seu interior desejou que aquela criatura verde rejeitasse, o que não aconteceu.

O hobgoblin sentou com as pernas abertas em cima do lombo de seu companheiro e tinha suas mãos sobre seus ombros para se apoiar de forma que não se desequilibrasse. Não era confortável, todavia era muito melhor que andar a pé com seu tornozelo daquele jeito. Sentia-se humilhado ao lembrar que ficou daquela forma por causa de uma simples queda.

Um daqueles Homens Lobo se aproximou de onde estávamos.” Mas por que ser sincero? Uma história diferente poderia ter efeitos muito melhores.

“O que?! Por que você não me acordou?”

Você parecia cansado, eu sabia que ia ser difícil, mas achei que conseguiria sem te incomodar.” Um mentiroso de marca maior.

“Entendo.” Respondeu em um tom baixo, em sua face um pequeno sorriso. “Obrigado, mas não era mesmo necessário.”

Mais uma vez o monstro o deixava confuso, suas ações continham pouco sentido. Sua mente era complexa e isso tirava a paz do bovino. 

Ei!” O hobgoblin chamou acariciando levemente o cabelo do outro com sua mão direita. “Acabou tudo bem, vê? Um tornozelo não é nada, o tempo cura.

Aquele quadrúpede estúpido devia ficar logo cheio de gratidão e deixar o assunto morrer, aquela história já estava cansando o hobgoblin e sua perna não parava de doer. Tudo que queria era ir mais rápido.

Alheio a esses pensamentos rudes, o pseudo-centauro sentiu um calor tomar conta de seu peito. Talvez o monstro não fosse tão ruim assim, ele riu, queria passar mais tempo com o hobgoblin e conhecê-lo melhor. Felizmente teria muitos mais dias com o outro ferido, algumas semanas de recuperação pelo menos. Precisava entender aquela mente complexa que aparecera do nada, só então se sentiria em paz.

“Uma pena que não pode ir ao mar, mas depois de alguns dias no acampamento já vamos poder tentar outra vez.”

O que?” O quadrúpede acreditava mesmo que o monstro iria ficar junto de seu povo? “Agradeço a anfitrianlidade? Hospitalidade! Agradeço a hospitalidade, mas não poderei ficar.

“Mas você está ferido, não pode viajar assim, nem ficar sozinho, e se alguém te atacar?” O outro argumentou.

Não se preocupe, eu conheço uma pessoa que pode curar esse machucado em um dia.

“Um dia?!” Por Yebá Bëló, aquele monstro o deixava surpreso cada vez mais, o conhecimento que possuía, as pessoas que conhecia, as palavras que usava. “Você me impressiona.”

A criatura verde apenas murmurou uma resposta mal feita, estava sendo menos educada do que antes, porém a dor não o deixava fingir se importar com os elogios.

O quadrúpede inútil finalmente ia parar de falar? Ótimo, o hobgoblin agradeceu a Anhangá ou Yebá Bëló ou qualquer que fosse a divindade estúpida daquela floresta.

As próximas horas se passaram em um silêncio agradável. As nuvens em abundância no céu tornavam o clima mais ameno e o vento refrescante em seus longos cabelos o relaxava. Pouco a pouco sentiu suas pálpebras pesarem, não percebeu quando seu corpo se inclinou para frente, já estava sonolento demais para se importar quando colocou seu queixo sobre o ombro do pseudo-centauro e o abraçou. 

Era confortável viajar daquela forma, o lombo duro de um bovino não incomodava quem viveu anos sentado sobre rochas duras no subterrâneo. O monstro capaz de passar dias inteiros sem dormir, caiu na inconsciência devido a todos os fatores que conspiraram para este fim. 

O pseudo-centauro notou o ocorrido quando sentiu um queixo sobre seu ombro, longos fios negros cobrindo seu peito e um ronco baixo alcançando seus ouvidos. Sorriu e desacelerou seu passo a fim de evitar qualquer incidente, não havia pressa.

O monstro acordou quando o som já estava se pondo, seu despertar foi provocado pelo som de galopes rápidos ao seu redor. Não precisava abrir os olhos para saber quem o cercava. Internamente temeu pelos seus lindos cabelos negros e ponderou se era capaz de correr rápido o bastante para que as crianças não o alcançassem.

“O hobgobin voltou!!” Uma voz animada comemorou. 

O monstro reconheceu como a garota de pele amarronzada e corpo equino cinza. Ao abrir os olhos, se parabenizou internamente pela grande percepção que possuía, de fato acertou em sua suposição.

Não era só ela que correu do acampamento assim que os viajantes foram avistados. As outras crianças já os alcançaram, cinco delas no total. Todos os rostos que “ele” já havia visto. Muitas perguntas foram feitas de uma vez, obviamente sobre o retorno tão prematuro.

“A perninha dele? Que pena, quer que eu leve o hobgobin?!” Questionou a primeira a aparecer.

“Não, eu levo!!” Uma segunda jovem se ofereceu, aquela mais velha com um corpo equino caramelo e corpo branco. Tão animada para ser útil, esbarrou na outra sem o menor cuidado.

“Não! Eu levo melhor!!” Um rapaz se ofereceu empurrando cada uma para um lado diferente.

“Ninguém vai levar ele, eu já estou fazendo isso.”

“Ah tio, deixa, vai, deixa, deixa!!” O garoto continuou pedindo.

Tio? Agora essa era uma relação familiar que “ele” poderia facilmente explorar. Teria que lembrar de se aproximar do garoto mais tarde, o filho da Grande Matriarca dos Pseudo-centauros.

A mulher citada estava lá no limiar do acampamento observando o grupo se aproximar. Os filhotes logo foram obrigados a deixar os dois recém chegados sozinhos para que trocassem palavras com a líder.

“Não é tão rápida pra chegar ao mar, o que aconteceu?” 

“Ele torceu o tornozelo lutando com os homens lobos.” 

“Oh, que pena.” Seu tom cheio de compaixão quase fez o monstro revirar os olhos.

O hobgoblin desceu sozinho de cima do bovino. Tentou cair no chão com a única perna boa, mas infelizmente se desequilibrou no processo. Antes que caísse no chão, o pseudo-centauro agarrou seu braço e o ajudou a se manter em pé.

“Oh, poderá ficar conosco enquanto se recupera, tenho certeza que as crianças irão adorar sua companhia.” A mulher falou batendo palmas.

Meu cabelo…” O monstro sussurrou com medo, mas se recuperou ao lembrar que não iria ficar. “Não ficarei, tenho uma amiga que pode curar minha perna.

“Oh, uma pena.” Pareceu genuinamente triste com aquela notícia. “Mas como irá passar pelos… Orcs?” O nojo dela em dizer aquela palavra era quase palpável de tão explícito. “Não pode nem dar a volta ferido assim.”

Eu vou pensar como.

“Oh, você pode pensar enquanto passa a noite conosco, agradável!” Falou retomada por um novo ânimo. “Crianças! Recepcionem nosso amigo.”

“IEEEEEEE.” Mesmo longe, os gritos de alegria eram bem audíveis.

Pobre hobgoblin, aquela noite seria um teste de fogo para o seu amado cabelo.

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Olá, eu sou MK Hungria!

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