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Capítulo 48: Me arrependo da sequencia de escolhas que me trouxe a este capitulo.

Três minutos e alguns segundos, talvez trinta sete se sua percepção do tempo estivesse boa.

Três minutos e trinta sete segundos.

Míseros duzentos e dezessetes segundos ao todo.

Três minutos foi tempo mais do que o bastante pra que eu em uma reflexão íntima me arrependa da sequência de escolhas que resultaram em mim chegando até este atual momento de minha vida

“Cê entendeu o que ele falou?” Perguntou a criança do corpo caramelo.

“Não.”

O hobgoblin depois de sua chegada prematura foi deixado em uma esteira de palha próximo de onde as mulheres da tribo cozinhavam o jantar. Assim a matriarca que também participava daquele serviço, poderia o vigiar atentamente e ao mesmo tempo atendê-lo no caso de alguma urgência.

Existia um círculo de pseudo-centauras (a palavra centaura existia? Se permitiria este pequeno neologismo) sentadas do lado de onde o monstro estava. A mais próxima dele era a Grande Matriarca que assim como todas as outras lavava frutas e vegetais com um pote d’água e as preparava para jantar.

A líder ouviu a frase confusa do visitante sobre arrependimentos e olhou para trás querendo ver o que estava acontecendo. Ela riu baixinho vendo o hóspede cercado pelas duas meninas com o cabelo em uma confusão hilária.

“Ele” tinha mechas e cachos em todos os lados, uma meia franja que não fazia o menor sentido e até um topete que desafiava a gravidade. As crianças evidentemente não tinham a menor noção do que estavam fazendo, mas nunca viram alguém com um cabelo tão grande, era uma oportunidade única e muito divertida.

“Oh, não é tão ruim.” A mulher falou voltando aos seus afazeres.

O hobgoblin encarou bem os cabelos azuis claros curtos dela e disse:

Fácil dizer, não é o seu.

“Do que eles tão falando?” Perguntou aquela de pele clara.

“Também num sei.”

“Não se preocupem crianças, não é importante.” A mulher disse ainda com um sorriso alegre na face. “Oh, e não se preocupe hobgoblin, a hora do jantar já está chegando, gosta de mandioca?”

A sombrancelha levantada do monstro foi reposta o suficiente para a Matriarca. Ela se virou um pouco e “ele” pode ver uma raiz na mão dela, algo que o visitante nunca havia visto. Para que visse melhor, a pseudo-centaura jogou em sua direção.

O monstro pegou e primeiro cheirou, não era nada que já tivesse comido. Tinha uma casca fina e marrom cheia de pequenas ranhuras enquanto seu interior se mostrava branco. Aquele povo gostava disso? Iria dar uma chance então.

Imediatamente percebeu que não deveria ter feito aquilo, pois a mulher e as crianças ficaram com uma expressão de absoluto terror depois dele morder o alimento. Talvez a causa fosse o péssimo gosto que aquilo tinha.

“É venenoso!” Gritou a líder se levantando e indo em sua direção.

Então não era pelo gosto ruim no final.

Por que vocês comem algo venenoso?” O monstro falou sem preocupação e até mastigando o pedaço em sua boca.

“Não é pra comer cru, cospe logo isso pela graça de Yebá Bëló.” O primeiro visitante deles já estava a ponto de morrer.

Não se preocupe, venenos em doses tão pequenas não me afetam.” Disse com um pequeno tom de orgulho na voz.

“Oh, realmente?”

Realmente. Descobrir este fato lhe fez muito feliz e após isso, teve certeza de testar essa resistência natural. Foi um dia na cabana da Bruxa do Pantano lendo um livro sobre raízes utilizadas em poções que percebeu ter comido muitas coisas venenosas em sua vida. 

Teorizou que goblins apesar de não nascerem com resistência a tal perigo, a adquirem se adaptando e sobrevivendo a ele. O monstro percebeu naquele momento que nunca passara mal duas vezes por causa da mesma comida.

A Bruxa do Pantano não tinha conhecimento biológico o bastante para confirmar ou negar aquela teoria, entretanto se mostrou bem disposta a faze-lo engolir vários venenos para que testassem.

O que realmente fizeram.

Já devo ter imunidade a dezena deles.

“Oh, impressionante, fico aliviada.” A mulher soltou o fôlego que segurava com as mãos juntos no peito, as batidas do coração ainda altas pelo desespero que sentiu.

Mas tenho uma questão, como comem a mandioca?” Se cozinhavam, então tinham que usar fogo e confirmou com seu companheiro bovino que os pseudo-centauros não tinham capacidade de produzir esse elemento.

“Oh, nós tiramos a casca e deixamos em água muito quente até que fique mais macio e perca o veneno.” Explicou mais calma e voltando a sua posição no círculo.

Água quente?” O hobgoblin ficou muito confuso, não encontrando a solução em sua mente. “Mas para isso precisariam de fogo, vocês fazem fogo?

“Fogo?” A Grande Matriarca mesmo tendo o maior domínio sobre a linguagem na sua tribo, não conhecia a palavra. “Fala da Flor Vermelha?” Todavia, era inteligente o bastante para supor a partir do contexto.

Exato.”

“Oh, sim, eu posso com…” A explicação da mulher foi interrompida pelas garotas que pareciam muito animadas com aquilo.

“Ela faz uma Flor Vermelha que é alta e muito quente!!” Disse aquela que tinha o corpo inferior caramelo puxando o cabelo do monstro sem querer.

“É incrível!!” A segunda teve necessidade de comentar.

“E só ela pode fazer! É um dom de Yebá Bëló!!!”

“É incrível!!”

“E a flor faz fuuuua chuaaa, é bem quentinha e ajuda a comida ficar gostosa.”

“E é incrível!!” A outra repetiu pela terceira vez.

“Para de repetir!!” A primeira garota já tinha perdido a paciência com aquilo e assim as duas começaram a discutir.

Eu já falei que me arrependo da sequência de escolhas que me trouxe até esse momento?” O hobgoblin perguntou mais para si do que para aqueles ao seu redor.

“Hahaha, já.” A líder respondeu em meio a um riso.

Bom, estava repetindo e sem dúvidas iria o fazer mais algumas vezes a noite. Estava muito curioso com as capacidades escondidas da matriarca, além de que precisava ter boas relações com os membros daquele tribo, mas queria ir embora o mais rápido possível.

Na manhã seguinte iria dar o fora de qualquer forma.

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Olá, eu sou MK Hungria!

Jurava que tinha postado este capitulo ontem. O titulo é claramente uma piada com o dialogo inicial.

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