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Capítulo 50: Respostas.

O monstro bateu com sua mão direita na madeira da porta três vezes seguidas e aguardou alguma resposta que nunca veio. Aproximou uma de suas orelhas pontudas e tentou captar qualquer som que viesse do interior. A casa estava silenciosa como nunca antes, sem qualquer borbulhar de um caldeirão fervente ou o resmungo de uma mulher ranzinza.

O hobgoblin levantou o dedo indicador da mão direita, sua unha pequena se alongou lentamente até se tornar uma verdadeira garra que “ele” enfiou em um pequeno vão no limite da porta. Com cuidado encontrou a corrente que mantinha a entrada trancada e a destruiu com um movimento.

Poderia ter arrombado a porta caso desejasse, mas preferia ser cauteloso com a possibilidade de haver algum risco escondido no interior da residência. Empurrou com a madeira lentamente tentando fazer o máximo de silêncio que fosse capaz.

Como esperava, encontrou a sala vazia e escura. O caldeirão sempre borbulhante estava seco, a mesa rotineiramente bagunçada se encontrava vazia e o chão normalmente varrido se apresentava empoeirado.

A Bruxa não estava em lugar algum.

Os objetos da mulher continuavam nos mesmos lugares. As poções e livros em suas devidas prateleiras, mas sua dona desaparecida. O monstro foi até o quarto dela, o lugar cuja sua entrada nunca foi permitida.

Ela também não estava lá.

E nem no armazém, tampouco na despensa. Sua única pista foi o baú de roupas aberto com muitas peças jogadas pelo chão de qualquer jeito. A mulher não tinha saído para um passeio ou partido em viagem, ela fugira de algo.

“Ele” caminhou até uma prateleira e pegou um frasco com o líquido que sabia ser capaz de curar seu tornozelo. Em um só gole despejou todo o conteúdo em sua garganta e sentou em uma cadeira para planejar.

Cada passo que daria devia ser calculado de forma meticulosa. A Bruxa fugiu de algo e isso

o deixava preocupado, claro que desejava o bem estar dela e torcia para que estivesse segura, mas sua principal dúvida era o que a fez fugir.

A mulher não era fraca, na verdade era muito mais forte que “ele.”

Sua preocupação se tornou inquietação quando ouviu os movimentos da água do lado de fora. Alguma coisa nadava em direção a cabana e o sentimento mudou novamente, dessa vez para medo assim que ouviu o som da madeira estalar. Alguém subiu para acasa.

“Ele” estava de costas para a porta e não tinha noção de quem era seu inimigo. O indivíduo estava molhado demais para que seu cheiro denunciasse alguma característica útil. 

O monstro se nutriu de coragem e em um movimento rápido se ergueu levando uma mão a aljava e outra a flecha. Foi um movimento desesperado.

“Ele” se virou com a arma já pronta para disparar e apontou na direção do estranho que já estava na porta.

No entanto, não era um estranho.

Não sabe o alívio que espalha em meu peito e transborda meu coração.” Disse abaixando sua arma e sorrindo. “Eu já estava ficando preocupado.

“Um poeta como de costume.” A mulher debochou enquanto espremia a saia do vestido para retirar o excesso de água.

Poderia explicar o que ocorreu?

“Estava morando debaixo da água, me escondendo até você voltar.” Ela explicou pegando duas pedras ao lado da lareira e as usando para acender o fogo e iluminar o ambiente. “Precisamos ter uma conversa séria.”

O que aconteceu?” O hobgoblin ficou preocupado, ansioso, nunca a viu tão assustada.

“Há quanto tempo você é… Você?” A reptiliana indagou se sentando em uma cadeira ao lado dele.

Não sei se compreendo sua questão, nem se ela é nutrida de sentido e razão.” Respondeu tamborilando os dedos na madeira da mesa.

“Para de falar como um livro e me diz logo, há quando tempo você é inteligente assim?” Uma dúvida que sempre manteve, mas nunca achou importante o suficiente para perguntar. “Por que é tão inteligente?”

Meses, cerca de um ano talvez? Não sei, sequer temos calendários aqui. Foi um processo natural, possivelmente, uma nova geração com intelecto superior a antiga, adaptação, seleção natural.” Sempre teorizou isso, mas nunca teve certeza da origem de suas capacidades.

“A data bate, mas a causa não é essa.” Ela falou se levantando e indo em direção a prateleira de poções.

Suas garras vagaram pelas prateleiras passando por várias poções até parar em um ponto alto. A mulher retirou vários dos frascos revelando um escondido no fundo, uma garra de vidro negro longe da visão de quem observasse de um ponto distante. Pegou o objeto incomum e retornou até onde estava sentada antes.

O que…” As palavras da mulher o assustaram até certo ponto e ele hesitou na pergunta que iria fazer, os pensamentos em sua cabeça criados devido às coisas ditas pela mulher só pioraram com a imagem do objeto e do que ele poderia representar. “O que é isso? Como isso tem haver com suas perguntas? O que está acontecendo?!

“Um Ampliador de Desempenho Psicotrópico criado pelo Império.” Suspirou deixando o objeto na mesa e percebeu que estava se adiantando. “Um antigo conhecido esteve aqui, queria que eu fizesse uma poção específica pra ele e em troca me contou algumas coisas preocupantes.” Ergueu sua mão direita e fez o sinal de dois com seus dedos. “Ele me disse duas coisas pra gente se preocupar e a primeira, bom, vai dar muitas explicações a nós.”

Eu tomei esse Ampliador de Desempenho Psicotrópico.” Não precisava esperar que ela terminasse, era óbvio como tudo dito apontava para aquela conclusão.

“Sim.” Ela confirmou e sua voz nunca soou tão sombria para o hobgoblin antes. “Eu só sei a base de como isso deveria funcionar, não tenho os detalhes. O fato é que você, em algum momento de alguma forma ingeriu esse soro, mas temo não ter sido só você. O Império estava conduzindo alguma espécie de experimento aqui na floresta.”

E eu sou uma cobaia.

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