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Capítulo 53: Risos e palavrões

Bom, e que membro altivo do que suponho ser a mais alta realeza foi trazido a essa selva de terríveis perigos?” Perguntou em um tom de brincadeira que sumiu ao ver a expressão que a outra mulher fez. “Não vai me dizer que é realmente alguém da realeza?

“O modo como se organizam é diferente do comum, mas basicamente sim. Podemos considerá-la uma princesa dos elfos.”

O monstro simplesmente a encarou em silêncio, abriu a boca para dizer algo e logo fechou os lábios. Respirou fundo, hesitou. Encarou a madeira da mesa, pensou bem no que iria dizer. Tamborilou os dedos nas tábuas e finalmente falou:

Eu estou sem palavras.

“Foi essa a minha reação quando ouvi.”

Eu, não, afinal, ai, eu não tenho a menor noção de quais palavras escolher.” Confessou encarando o teto com o pescoço inclinado para trás.

“Fui um pouco menos dramática, é claro. Antes que pergunte, não sei o motivo e não tenho a menor sugestão do que poderia ser.”

Você não chegou a conhecer bem os teus colegas, não é?” Questionou voltando a uma posição em que poderia encarar os olhos dela.

“Convívio social é, ah, eu só não gosto de gente. Você também não teria gostado deles, todos estavam tramando pelas costas de todos o tempo todo.” Fungou o nariz como se sentisse nojo só em relembrar.

Imagino, altas cúpulas militares devem ser realmente ninhos de muita tensão.” Blefou observando suas reações.

O hobgoblin se alongou e mudou de posição na mesa. Apoiou seu braço esquerdo no encosto da cadeira e esticou o direito para que continuasse a tamborilar na mesa. Ficar com os dedos inquietos sobre superfícies duras era uma mania que o monstro nem notou possuir, porém que ficava evidente para qualquer um que o observasse.

A Bruxa cruzou os braços e bufou sem pensar em negar. Embora fizesse o possível para deixar o passado, teve conversas o bastante sobre isso para que a criatura verde descobrisse com o que trabalhava. Felizmente, não via possibilidade dele descobrir onde.

Sua antiga colega, o quão perigosa ela seria considerada em uma escala de poder bem medida?

Para onde foi toda aquela descrição que tanto caracterizava o monstro no passado?

Talvez fosse resultado da criatura ter lido mais livros do que realmente conversado com as pessoas. Por essa razão, ao falar sempre usava mais palavras do que o necessário e ocasionalmente era excessivamente formal e educado. Uma segunda opção é que seu amigo apenas gostava de ser daquela forma. A réptil não saberia dizer.

“Forte o bastante pra te matar com facilidade.”

Não indica muita coisa, se esse é o parâmetro, então tu mesma poderia facilmente lidar com essa questão.

“Cruzes, Anhangá que me defenda!” Falou batendo três vezes na madeira da mesa pela segunda vez.

Oponente difícil?

“Impossível pra ser exato, uma necromante do pior tipo.”

Necromante?” Seus dedos cessaram o movimento por um segundo enquanto “ele” apresentou uma expressão confusa.

“Praticante da necromancia, um ramo nojento da magia.” Abraçou o próprio corpo devido ao frio provocado pelas lembranças que tinha daquela prática. “Com os objetos certos, é possível ressuscitar corpos mortos.”

Fascinante, o estado dos corpos é restaurado em plenas capacidades?” Parecia mais animado do que deveria com a questão.

“Nem ouse, essa magia é um desrespeito com os deuses.” Uma afirmação que só fez o outro revirar os olhos.

Claro meu anjo de couro verde, longe de meus pensamentos a prática de qualquer atividade que ofenda sua religião.” Uma frase que fez a outra rosnar levemente. 

“Que tom foi esse?!” Perguntou apontando um dedo acusador.

Como assim?

“Esse seu tom de deboche quando falou ‘religião’, seu babaca.”

Não usei tom de deboche nenhum, sua lunática.” Se defendeu cruzando os braços, mas achando a situação engraçada.

“Ah, usou sim, não venha se fazer de doido pra cima de mim não, seu idiota. Não brinque com a minha fé.” Ela por sua vez não enxergava graça alguma.

Claro, minha linda e selvagem sacerdotisa de couro verde.” Dessa vez foi usado um tom de deboche inegável.

“Xamã.” Corrigiu o monstro babaca. “Sacerdotisas são para aquelas idiotas adoradores dos deuses falsos. No meu caso seria uma xamã, se eu liderasse alguma comunidade religiosa.”

Nada como irritar a mulher em relação a suas crenças pra fazê-la falar sem parar.

As sacerdotisas talvez tenham um senso de humor mais abrangente.” Uma frase que o fez receber um chute na canela por debaixo da mesa.

“Você provavelmente gostaria daquelas que adoram Afrodite.”

A deusa gostosa?” Recebeu um segundo chute na canela para aprender.

“Quando for falar sobre meus deuses, não use esse palavreado.”

Por que? Anhangá também é uma gostosa? Você não havia me avisado.” Gargalhou com esse absurdo.

Um terceiro chute iria bastar para que o idiota aprendesse, mas assim que repetiu o ato, os dedos do pé da mulher acertaram a madeira dura da cadeira. O desgraçado havia levantado as pernas e as deixado bem retas para que a réptil terminasse machucando a si mesma.

“Diabos, meus dedos, cacete!”

Ha-ha-ha, hahahahaha, ai.” Sua gargalhada começou lenta e acelerou conforme ria mais. “Ai céus, hahaha hahahahah, ai, eu tô com falta de ar.

“Ri seu merdinha, ria muito, babaca.” Falou com raiva dessa vez chutando a cadeira dele com suas duas pernas.

O hobgoblin caiu junto da cadeira e nem mesmo o impacto duro do chão em suas costas cessou seus risos. Demorou alguns poucos minutos para que o monstro se recuperasse.

“Ele” ergueu a mão direita e a colocou sobre a mesa, usou o móvel para se impulsionar e logo se encontrou de pé outra vez com apenas alguns risos pequenos. Depois de tirar a cadeira do chão, se sentou e esperou que a mulher terminasse de massagear os próprios dedos.

“Pelos deuses.” Disse deixando um pequeno sorriso aparecer no seu rosto. “Você é um idiota, haha.” E a mulher se permitiu rir um pouco.

Mas voltando a seriedade da questão, quem é essa necromante?

A Bruxa do Pantano tirou os pés da cadeira e sentou com as coisas retas. Juntou as mãos sobre a mesa, as duas unidas com cada dedo se tocando em uma pose de seriedade. Foi com toda essa tensão que ela falou:

“Matinta Pereira.” E um trovão se fez presente no céu quando esse nome foi pronunciado.

Parece que vai chover.” Foi todo o comentário do monstro.

“Eu nem sei dizer o que aquela mulher é, também não posso nem supor o que a fez sequestrar a princesa dos elfos e nem como foi capaz de conseguir uma coisa assim.”

Em um resumo de suas palavras, então tu não sabes de nada.” Disse voltando ao tamborilar de seus dedos sobre a mesa.

“Como se você pudesse dizer alguma coisa sobre resumos, idiota. O que sei é que essa desgraçada veio se esconder em algum lugar da sua…” E o tom na palavra ‘sua’ era longo e sarcástico. “Floresta, isso não é um problema nosso, porém com você fazendo suas idiotices pela selva, achei que valeria o aviso.”

“É capaz de que venha a ser um problema meu, realmente, preciso ficar mais forte.” E seus olhos amarelos encararam a lombada dos livros como se algum deles pudesse vir a dar uma solução a seus problemas.

“Você não vai evoluir tão cedo. Como tá o seu treinamento?”

Rendeu maravilhosos frutos, olha só o que sou capaz de realizar.

O monstro animado se levantou e inclinou suas costas para trás até que pudesse tocar o chão com seus braços formando assim um arco com seu corpo. Não foi o bastante para que parasse, sua cabeça passou por entre suas pernas e “ele” estava prestes a passar um braço por baixo de seu pescoço quando foi interrompido.

“Chega! Pronto, parou. Cruz credo, eu odeio contorcionismo. Coisa esquisita.” A mulher até fechou os olhos para não ter que ver o ato de flexibilidade impressionante.

Tsc, ninguém nessa floresta parece ser capaz de reconhecer a grandeza de minha flexibilidade. Eu trabalhei muito por isso, sabe?

“Claro que sei seu idiota, quem foi que teve que ajudar você com várias suas dores musculares?!” Arriscou abrir os olhos e rapidamente os fechou de novo. “Cacete, por que você ainda está ai?”

O hobgoblin desfez sua posição e com um giro completo de seu corpo, estava novamente em pé.

Bom, tenho dois problemas a resolver e possivelmente três a depender do desenrolar dos fatos. Vamos com um de cada vez, está pronta?

“Para?”

Te arranjar uma nova casa.

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