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Capítulo 54: Aqui eu não moro

A Bruxa do Pantano não precisou pensar muito para decidir que aquele lugar não era e jamais seria uma opção. O hobgoblin a levara para algum lugar embaixo da terra onde haviam dezenas de outros hobgoblins muito menos agradáveis.  Dezenas deles indo de um lado ao outro, gritando e discutindo, lutando por motivos fúteis e repetindo palavras sem sentido.

Ela e o idiota que achou que aquele lugar seria aceitável estavam na abertura de um túnel que servia de entrada para o salão principal daquela rede de cavernas. Em sua mão direita carregava um longo cajado que chegava até o seu ombro. O item possuía duas metades distintas, a superior era metálica e terminava em uma ponta da qual saiam quatro lâminas afiadas. Por toda a superfície do metal existiam linhas azuis que saiam das lâminas e iam até a metade do cajado. O lado inferior, o que estava voltado para o chão, era de ouro e carregava na ponta um cristal vermelho de formato piramidal que emitia brilho próprio. Desta jóia única saiam linhas vermelhas que também terminavam no centro do objeto. Entre as duas metades existia um ponto coberto por couro marrom, impedindo as linhas azuis e vermelhas de se encontrarem, também era por onde a Bruxa segurava o objeto.

A mulher estava ansiosa para usar aquela arma no monstro nojento e estúpido que começou a se aproximar dela. Coisinha nojenta e repugnante, assim que entraram na caverna, toda aquela corja grotesca do sexo masculino passou sua atenção para ela e não esconderam o desejo de a derrubar no chão e engravida-la.

Um deles era mais corajoso que os outros, na verdade, mais estúpido que a maioria. Andou lentamente, dando a volta na caverna próximo a parede, tentando ser furtivo. Obviamente foi notado por “ele” e pela réptil, mais pelas capacidades impressionantes dos dois do que pela falta de furtividade da criatura.

A gota d’água foi quando o estúpido ficou perto o bastante para conseguir tocar as pernas dela, o que nunca chegou a acontecer. Quando seus dedos ficaram próximos da pele escamosa, foi atingido pela ponta rubra do cajado fazendo com que caísse no chão

A Bruxa se virou para olhar o monstro caído, segurou o cajado com as duas mãos o mantendo ereto e com a ponta vermelha apontada para baixo. Em um rápido movimento desceu a arma e a enfiou na barriga do hobgoblin. Sangue espirrou e atingiu suas mãos, porém a mulher não se importou, apenas deslizou sua palma direita para baixo até estar tocando nas linhas escarlates.

A metade inferior do cajado se iluminou e um intenso brilho vermelho tomou conta do local, se espalhando até tingir as paredes com sua luz quente. O calor mais intenso, no entanto, foi aquele sentido pelo monstro no chão. 

“AAAAAAAAAAAAH AAAAAAAAAH”

Ele gritou e o seu desespero ecoou naquela caverna através de cada túnel. Seus globos oculares incharam até estourarem, sua pele começou a criar bolhas incandescentes e fumaça saiu de sua boca. Em questão de segundos as bolhas explodiram se tornando buracos dos quais saíram chamas, consumindo a carne de dentro para fora. No final, não restou nada mais do que uma ossada flamejante.

Foi uma mensagem clara o bastante para todos os monstros que desviaram o olhar ou se afastaram com medo. Ninguém atacou, apesar daquele morto ser um dos seus, afinal o Mais Forte parecia ser um igual daquela assassina misteriosa.

Onde sou capaz de encontrar um brinquedo desses?

“Não é. Um artefato transmissor e transformador do Todo é raro e absurdamente caro.” Ela sorriu antes de tentar o olhar de cima. “Você nunca conseguiria um desses e não tem a aptidão.”

O hobgoblin apenas revirou os olhos, cheirou um pouco o ar e se viu incomodado pela fumaça, teriam que sair logo.

“É impressão minha ou você está mais alto?” A mulher questionou.

Estou, quase me sinto passando por um segundo processo de crescimento.” Já havia alcançado a altura do peito da mulher e provavelmente só pararia de crescer quando estivesse completamente do seu tamanho. “Agora, o que acha do lugar?

“O lugar é nojento e os habitantes são ainda mais grotescos. Não vou ficar cercado de monstros verdes com impulsos violentos e um lascivo estado de perpétua excitação sexual.” Declarou com ar de superioridade olhando para cada uma das criaturas.

Realmente?” Não era uma dúvida real, o hobgoblin perguntou com um tom sarcástico e encarou as próprias garras que deixou à mostra. “Eu sou um monstro.” Mostrou o braço para a mulher. “Sou verde e embora exista uma comedida vergonha em admitir, tenho alguns impulsos violentos.” Finalmente olhou para baixo e encarou a ereção rígida em sua sunga, bem perceptível, como sempre. “E estou em um lascivo estado de perpétua excitação sexual.

“Você não é como eles, humf.” Declarou mal humorada. “Você literalmente não é como eles, por que acha que é assim?”

O monstro encarou sua vasta descendência, nenhum era como “ele”. Eram semelhantes, facilmente perceptível o fato de serem da mesma raça, mas tão distintos. Nenhum tinha um cabelo tão longo e liso, a face deles não era tão bonita, não chegavam perto de serem tão fortes e obviamente não eram tão inteligentes.

Eu não tenho a menor hipótese de qual possa ser a razão.”

“É como se você não fosse só um hobgoblin, mas a melhor versão de um. O mais forte, o mais capaz, o mais habilidoso.” A Bruxa o encarou com olhos nebulosos de dúvida.

Eu treino meu corpo desde o amanhecer até a chegada da escuridão, eu pratico com minhas todos os dias. Eu passo as noite em claro estudando os seus livros. Eu sou melhor que todos eles jamais serão.” Foi com um tom de ameaça que disse isso, ser comparado com aquelas criaturas era uma ofensa pior do que qualquer um dos palavrões que a mulher vivia repetindo.

“Não é só isso, olhe pra sua aparência por exemplo. Você é, você é tão lindo hob, conheço homens que ficariam enfeitiçados com a feminilidade que você tem, mulheres que desabariam com essa masculinidade, essa força. Isso não é normal, não faz o menor sentido.”

Você não sabe muito sobre evolução, nem eu, talvez tenha uma explicação.” O monstro encarou as próprias mãos enquanto admitia que a mulher estava certa. “É desesperador.

“O que?”

Não entender o que eu sou.” Abaixou os braços para a encarar.

“Ah, hob.” Culpa inundou o peito dela. “Não queria te preocupar. Eu vou ver o que posso fazer pra descobrir.” Melhor mudar logo de assunto. “Podemos sair daqui já? Uma hora os idiotas vão tentar tocar em mim de novo.”

Haha, claro, aguarde um pouco enquanto confiro o lugar. Os idiotas não conseguem fazer as coisas corretamente sem sim.

A Bruxa do Pantano suspirou e esfregou os olhos com desgosto. Aquela coisa toda de encontrar um novo lugar para viver ia ser muito mais cansativa do que gostaria.

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Olá, eu sou MK Hungria!

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