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Centopeia ou Lacraia. Particularmente preferia o primeiro nome para a espécie, o segundo lhe soava tão, tão, bronco? Grosseiro? Chulo! Sim, também soava como um ótimo adjetivo. Lacraia soava um termo tão chulo, centopéia era mais distinto aos seus ouvidos.

E aquela em sua frente merecia um nome distinto, nunca vira criatura igual. A largura dos túneis sempre denunciou a existência de algo grande, um animal imenso. O maior que já vira em toda sua vida, embora não contasse os gigantes juntos por não serem exatamente animais. 

Sua boca era grande o bastante para engolir um Orc em uma só mordida. Suas patas eram do tamanho do corpo do Hobgoblin. Sua cabeça era envolta por uma carapaça, a mandíbula alongada. A boca tinha dentes, o que não era comum dos insetos pequenos, mas quem poderia esperar qualquer normalidade daquele ser vivo?

Embaixo do que seria um queixo em uma criatura normal, existiam apêndices, extensões afiadas que pareciam garras, no entanto saiam de sua boca fazendo pressão a mandíbula, como um lábio (se lábios fossem duros, projetados para matar e possuísse um coloração laranja escuro). Não haviam olhos, apenas antenas se projetando para fora da sua cabeça com o comprimento de uma árvore grande. 

O corpo até onde podia ver era achatado, coberto em toda sua extensão por uma couraça vermelha escarlate dura demais para que o monstro pudesse perfurar caso por algum motivo insano tentasse enfrentar o inseto de estatura anormal.

Suas pernas eram grandes, mas aumentavam de tamanho cada vez mais progressivamente das primeiras até as últimas. Um detalhe interessante, assim elas não atrapalhariam umas às outras e a velocidade do monstro seria mantida.

As primeiras duas, sabia que além de simples patas eram também presas com a capacidade de injetar veneno. “Ele” era capaz de sobreviver a muitos venenos, mas a quantidade que aquele monstro poderia introduzir nele? Não era ingênuo de acreditar que sim.

O momento de encontro pareceu durar uma hora, mesmo que apenas alguns segundos tivessem se passado desde o encontro das duas criaturas. O predador esperando que a presa desse o primeiro passo desesperado.

O Hobgoblin levou a mão até suas costas, não planejava um embate direto, no entanto ter seu arco em mãos o faria se sentir um pouco mais seguro. Infelizmente, não aconteceu uma vez que não havia nada preso em suas costas.

O arco.

“Ele” esquecera o arco, perdeu em algum lugar ou deixou no acampamento dos pseudo-centauros. Sua única arma, a única que sabia como usar em uma luta. Uma desatenção que o tornava ainda mais indefeso, mesmo que suas chances de sobrevivência não fossem muito aumentadas apenas pela posse do item. Dessa forma, o Hobgoblin fez tudo o que poderia fazer.

“Ele” fugiu.

Suas pernas começaram a se mover antes mesmo que seu corpo terminasse de girar para a direção contrária. Era desnecessário olhar sobre o ombro para saber que a Centopéia gigante estava em seu encalço. Seus passos seguros ininterruptos um seguido do outro em uma sincronia que beirava a perfeição.

Era rápida, muito mais rápida que o Hobgoblin.

O monstro menor teve a vantagem por sair na frente, uma que diminuía a cada segundo que corria. Sempre soube que monstros fracos se aprofundarem na Floresta de Dante era um ação tola e suicida, no entanto vivenciar em primeira mão se mostrava bem diferente da teoria.

Um Goblin nunca sobreviveria aquele encontro, tampouco um Hobgoblin, todas as possibilidades jogavam contra o monstro verde.

Todavia, “ele” não era apenas um Hobgoblin, era o melhor que existia. Arrogância? Preferia o termo orgulho. Sem dúvida o mais inteligente de todos e fazia por onde ser o mais forte. 

Treinou até que sua carne doesse, até que seu corpo tremesse, até que a Bruxa tivesse que consertar seus ossos rachados. Correu por horas inteiras para aumentar o fôlego, para tornar suas pernas mais fortes e aumentar suas habilidades. Não desperdiçou dias, semanas em meses onde poderia estar confortavelmente vivendo da caça de sua prole e sexo prazerosos por nada.

“Ele” iria sobreviver.

Iria sobreviver custe o que custar.

O som da água corrente ficara mais alto, os dois estavam mais próximos do suposto rio subterrâneo ou da abertura pela qual entrava ar no subsolo. Ainda tinha uma chance de sobrevivência.

Mesmo em movimento ininterrupto, a criatura menor era capaz de manter o seu fôlego, resultado dos meses correndo todas as tardes para melhorar sua resistência. Poderia continuar daquela forma por alguns minutos, todavia não teria esse tempo todo.

A Centopéia cada vez mais próxima se encontrava perto de alcançá-lo. A situação se tornou mais tensa quando o Hobgoblin enxergou uma curva que levava a esquerda, o ínfimo segundo que levaria para alterar sua rota seria mortal, embora parar não fosse uma escolha.

Pensou rápido, ao chegar no final do túnel, em vez de se virar, chutou a parede direita e se jogou no novo caminho rolando no chão com o corpo encolhido como uma esfera. Rapidamente e sem perder tempo, se levantou assim que teve os pés em contato com o solo e iniciou nova corrida.

Dessa forma não perdeu tempo e esperou que o inseto colossal se atrasasse por pelo menos meio segundo ou mais. Não aconteceu, ao quase colidir com a parede passou a andar sobre ela, mudou de posição correndo pelo teto e desceu pela parede oposta até voltar ao chão.

O ritmo de nenhum dos dois diminuiu, a distância por outro lado, sim.

“Ele” notou estar mais inclinado, mas percebeu que não era seu corpo, era o túnel. Estava começando a descer, o som da água ainda mais próximo e as correntes de vento mais fortes.

Estava perto de sair do túnel, poderia dar para algum perigo ainda pior e com certeza acabaria em um local desconhecido, entretanto não tinha muitas opções para escolher.

O caminho ficara ainda mais ingrime, e a Centopéia ainda mais perto. Ao alcance de uma mordida e ela tentou, mas antes de conseguir, o monstro verde se abaixou novamente segurando suas pernas contra o corpo e rolou túnel abaixo. A inclinação do solo permitiu um aumento da distância entre presa e caçador.

Suas costas iam reclamar sobre aquela ação em breve, seu pescoço ainda mais. No entanto, era um preço razoável a se pagar pela sobrevivência.

Infelizmente, quando o caminho voltou a ser plano, o Hobgoblin não levantou da forma que deveria e tropeçou. Segundos de atraso que permitiram a centopéia recuperar a distância perdida.

Nem tudo estava perdido, “ele” enxergava o fim do túnel, uma luz saindo da abertura. O monstro menor correu sem poupar fôlego algum, ignorando seus limites e a dor em seu corpo. A saída próxima, apenas alguns passos de distância. Um buraco grande o bastante para um monstro duas vezes o seu tamanho passar,  porém não o suficiente para a centopéia.

Sorriu um sorriso que sumiu e deu lugar ao desespero. No seu campo de visão, em cada lado era possível notar presas vermelhas escarlates. Já era tarde demais, o Hobgoblin estava no alcance da mordida do inseto gigante.

Continuar correndo era inútil então parou ao mesmo tempo em que a Centopeia fechou sua mandíbula e as presas junto. “Ele” sendo pego entre elas.

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