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Capítulo 74: Missão possível

Infelizmente, acontecera tudo o mais distante possível do cenário esperado.

Eles a viam da exata forma que parecia em seu exterior, uma criança. Essa sociedade medieval estúpida estava a enrolando, ou possivelmente apenas um desenvolvimento ligeiramente diferente ocorreu naquele mundo, afinal não era de fato a terra.

Ainda assim, ficava irritada por seu conhecimento histórico ter falhado com ela, uma grande traição. Mais irritação surgiu quando os dois soldados se recusaram a deixá-la pisar na calçada independente de quantas carteiradas por minuto ela desse.

Mariela até abandonou seu orgulho como mulher e se jogou no chão onde bateu as pernas e fez birra fingindo estar chorando para que eles desistissem. Os dois vagabundos não o fizeram. Adversários duros, mas tolos se imaginaram que o seu caminhar de volta para os jardins era um sinal de desistência. Ela era uma mulher (apesar de não ter agido como uma alguns minutos antes) e possuía fibra.

“Caxias, mudança de planos.” Ela afirmou caminhando em círculos pelo gramado.

Era frustrante a forma como não conseguia apenas ficar parada em um lugar, seu corpo constantemente sentia necessidade de se movimentar e gastar energia o mais rápido possível. Toda criança de oito anos agia daquela forma? Um gerador de energia sempre no limiar de uma explosão por ter alcançado o seu limite? Talvez fossem os doces que comeu mais cedo.

“Vamos finalmente voltar pra dentro?” Perguntou com um brilho de esperança reluzindo em seus olhos castanhos.

“Nop, mamãe não criou uma desistente.”

“Mas você não tem mãe.”

“…”

“…”

“Isso era mesmo necessário?” Questionou não triste, mas apática. Poderia suportar aquilo por ser uma mulher adulta, mas nem conseguia imaginar como a verdadeira Tundria poderia ter sido afetada.

“Desculpa.” Pediu ciente de que não pensava muito antes de falar as coisas.

“Desculpado, e bem, nós vamos simplesmente saltar pelo muro.” Afirmou mostrando a ele seu sorriso perolado, como se o que dissesse não fosse um completo absurdo.

“Aidê, o muro é quatro de mim.” 

“Na real, cê deve ter uns um e meio de altura, enquanto o muro parece ter uns oito metros, tá mais pra seis de você.”

“E você quer pular.” Perguntou não sendo capaz de encontrar sentido mesmo o procurando com avidez.

“Larga de bobiça Kaká, você está falando com uma profissional.” Flexionou o braço direito e bateu com a mão esquerda em seu bíceps de criança tentando exibir uma força que não tinha. “Eu subo em árvores desde os nove anos.”

“Você tem oito.”

“E você não tem graça.” Respondeu se virando para o muro e pensando bem. “Na real é meio custoso subir isso ai só com as mãos, não tem muito o que segurar.”

“Então desistimos?”

“Para com esse papo de desistir! Que falta de vontade é essa, garoto?”

“Aidê, eu passei a manhã inteira ajudando papai.” Respondeu retirando todas as dúvidas dela, estava simplesmente cansado.

“Ah, desculpa, é que eu tava real empolgada pra sair daqui, mas de boa. Uma pena, eu queria muito ver a guilda.” Foram suas palavras ao dar meia volta e caminhar de volta à mansão.

“Espera, a Guilda de Aventureiros?” Esperando reluzindo em seus olhos.

“É.”

“Tá bom, a gente vai!” Afirmou com um ânimo que não tinha antes.

“Ué, cadique cê mudou de ideia? Cê não tava cansado?”

“É a Guilda dos Aventureiros de Larirrirrépi, eu sempre quis conhecer e nunca me deixaram entrar.”

“Ha, RiHappy.” Ela riu um pouco consigo mesmo daquilo que ele disse. “Ok, vamos nessa.”

“Mas como a gente sai? Tem uma saída dos fundos?”

“Se tem, eu não sei. Já viu o tamanho desse lugar, Caxias? Eu ainda não consigo achar o banheiro sozinha. Gente rica é um porre.” Estalou a língua olhando a residência, mas logo voltou ao seu amigo. “Não se preocupe, vamos fazer assim a partir de agora, você bate e eu penso, capiche?”

“Não sei o que é capiche.” Respondeu com um olhar vazio e sobrancelhas levantadas, reação igual para todas as costumeiras estranhezas de sua Lady.

“Meu Cristo, temos muito trabalho a fazer com você, mas por agora, lençóis e um candelabro!!” Levantou um dedo como se tivesse sido responsável por pensar em algo genial.

“Lençóis e… um candelabro?”

“É, tem um prata grandão lá dentro e nois vai usar ele. Eu pego o candelabro, tá em uma sala de jantar especial. Você vai no meu quarto e pega os lençóis, diz que é pra brincar ou sei lá, vamos nessa, adiante Kaká.” Não deu tempo para respostas e correu para o interior sendo seguida por ele.

Caxias teria tido um problema se quem o visse pegando os lençóis fosse a governanta chata e não aquelas empregadas legais que trabalhavam no lugar. Já Tundria não teria tido problemas com ninguém mesmo carregando uma castiçal de prata caríssimo e maior que ela própria.

De volta ao jardim, o aprendiz de jardineiro não entendeu o objetivo quando ela amarrou os lençóis uns aos outros e nem mesmo quando a Lady amarrou uma ponta ao castiçal. A compreensão só veio quando a jovem jogou o castiçal para o alto, querendo que ele passasse por cima do muro.

Na primeira tentativa, os dois correram aterrorizados quando viram o imenso objeto maciço e pesado caindo na direção deles. A segunda e terceira tentativa falharam, o bastante para a garota cair de joelhos no chão tendo desistido de sua vida.

“Malditos braços de garotinha de oito anos, todos aqueles dias gastos em academia pra nada.” Seu lamento teria durado mais tempo se o som de algo batendo contra pedra sólida não tivesse chamado sua atenção.

O candelabro estava lá, no topo do muro bem preso e ao lado dela, Caxias puxava o lençol para testar a firmeza da corda. Ele se virou para a garota e congelou frente ao olhar incrédulo dela, apenas deu de ombros como se não fosse grande coisa.

“Apenas os braços de um trabalhador de dez anos, eu acho.” Disse calmo.

“Vou aceitar.” Pegou nos lençóis e começou a escalar antes dele sem se importar por estar apenas de vestido.

Quando no topo, se sentou e esperou que ele subisse também. Com a dupla no alto, pegaram a corda de lençóis e colocaram no lado oposto para que descessem de forma segura. Já no chão, Mariela afirmou com uma alegria infantil que não sentia a anos.

“Guilda de Alighieri, lá vamos nós.” E correu com altivez.

“Aidê!” Chamou ela, vendo-a já à sua frente.

“Que foi?”

“É pro outro lado.”

“…”

“…”

“Guilda de Alighieri, lá vamos nós!!” Repetiu correndo na direção certa e o puxando pelos braços. 

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