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Capítulo 75: Chegando a guilda

A pequena Lady chamou atenção por onde passou, não poderia ter sido diferente. Era um dia de sol e uma manhã de trabalho para todos os habitantes, as mulheres e homens usavam roupas leves que não causariam incômodo, além de baratas, muito baratas

É fácil entender a razão da vestimenta nobre chamar atenção, um tanto inapropriada para o ambiente e sem dúvida, não recomendada para o clima. Não que a própria garota desse importância a esses dois fatores, ela estava animada demais para isso.

Um mundo fantasioso, medieval ali bem ao alcance de seus dois olhos atualmente azuis. Ruas de paralelepípedos cinzas, não tão bem moldados quanto os de sua pequena cidade natal em Minas, mas ainda adoráveis. As casas do centro urbano eram mais bem construídas do que esperava, firmes em bases sólidas de rocha e com paredes de madeira pintada de branco. A maioria seguia esse padrão, com exceção de algumas edificações mais específicas como lojas de algum tipo ou uma Sede Administrativa.

Como a Guilda.

Era imponente, era impressionante, cinco impressionantes andares. Paredes esculpidas em carvalho, entalhes nas coluna externas com figuras de monstros sendo mortos pelas mãos dos deuses. Definitivamente, o prédio de um mundo fantasioso, ela amou.

Frente aos degraus de pedra, Aidê colocou as mãos em sua cintura e respirou fundo, ergueu seu queixo com confiança e subiu em cada lance com a dignidade que sua professora de etiqueta a ensinou. Para esquecer qualquer decoro assim que tocou nas portas e as empurrou sem cuidado.

Ser criança era divertido.

O tempo a fizera esquecer como era fácil fazer coisas como aquela sem muitos julgamentos, uma mulher entrando em um lugar batendo as portas é esquisita e desrespeitosa, uma menina em seu lugar? Apenas é muito enérgica.

Os aventureiros presentes normalmente colocariam as crianças gentilmente (às vezes não) para o lado de fora, no entanto mesmo os que não conheciam a garota, sabiam reconhecer uma roupa de rico quando viam. Era melhor deixar o caso para os funcionários da guilda e não se envolverem naquilo.

O ambiente na opinião de Mariela era agradável, não tão fascinante quanto esperou, mas de uma simplicidade confortável. Um amplo salão com várias mesas espalhadas uniformemente e com ao menos quatro cadeiras em cada. Um lado tinha uma grande mesa quadrada com um mapa do país e ao lado dela uma pequena banca vendendo outros tipos de mapas. Ainda nesse lado um estande com poções sendo vendidas por uma senhora.

No lado contrário era possível notar um quadro de missões com vários papéis pendurados, tarefas disponíveis para quem se dispusesse a fazê-las. Foi para lá que a curiosa Lady se dirigiu. Caxias, por outro lado, apenas seguiu reto após entrar. Direto para o balcão de atendimento onde funcionárias recepcionavam, instruíam e recompensavam os aventureiros.

Andou até lá orgulhoso, pois viu Floriana conversando com um atendente qualquer. Era o seu momento de esfregar na cara daquela chata que ela não poderia o expulsar daquela vez. Com toda confiança que um moleque de dez anos poderia apresentar, ele foi até o lado dela.

Descrever a reação da mulher é um desafio, sua expressão era algo entre o desgosto e o cansaço e o gemido que soltou parecia doloroso e ao mesmo tempo saído de um animal em seus últimos segundos de vida. Flor realmente detestava aquele moleque.

“Meu Ares, por que?” Ela perguntou a ninguém específico, encarando o teto como se buscasse respostas vindas do céu. “Qual pecado cometi pra merecer isso? Caxias, vou te dar cinco segundos pra sair.

“Não posso, quem me trouxe aqui foi uma amiga.” Respondeu com um pequeno riso arrogante, seu dedão direito erguido e apontando para um canto atrás dele.

Querendo descobrir qual aventureira idiota colocou o pivete lá dentro, a felina encarou o quadro de avisos apenas para encontrar algo incomum. Não era segredo para ninguém que a mulher odiava ficar com crianças, mas poucos sabiam que ela detestava contato com a nobreza. Os dois mundos unidos em um só fez seu cérebro parar de funcionar por alguns segundos.

Aidê naquele momento se virou para reencontrar Caxias e ficou de boca aberta ao ver a aventureira. Ali em sua frente estava uma espécie completamente diferente, a primeira que via, uma mulher gato! Poderia chamá-la assim? Estava sendo ofensiva?

Não sabia, apenas entendia que estava muito animada. Ao contrário de Floriana que deu alguns passos para trás sem quebrar o contato visual, abriu uma portinhola no balcão e passou para outro lado. Ainda de costas caminhou até onde deveria ficar a porta que dava para a escadaria dos fundos permitida apenas aos funcionários. 

Sem desviar o olhar da garota nem por um segundo, tateou as paredes até encontrar a porta e a abriu finalmente entrando e cessando sua encarada. Aquele não era uma problema de sua alçada e iria atrás de alguém importante o bastante para o resolver.

“Ela é sempre assim?” Questionou a menina já ao lado de seu amigo.

“Ela é uma chata, e uma esquisita… e uma chata.”

“Parece tão legal, nunca vi um não humano, é tão maneiro.” Um brilho de felicidade podia ser visto nos olhos claros da reencarnada.

“Aliquirréri tem vários, acho que no centro comercial da pra ver mais.” Comentou menos animado do que ela.

O aprendiz de jardineiro já vira o térreo em suas várias entradas clandestinas no passado, não é isso que o interessava. Tinha a esperança de com a ajuda de sua amiga conseguir ir até os outros andares onde nunca foi permitido e melhor ainda, conhecer a Rainha do Chicote Branco, Anabiela.

O último desejo foi cumprido quase que imediatamente.

De supetão a porta que escondia a escadaria exclusiva dos funcionários se abriu e dela retornou Floriana. Na velocidade que voltou, provavelmente correra o caminho todo, mas seu corpo bem treinado não demonstrava cansaço.

Toda a exaustão ficou para mulher que apareceu logo em seguida, com os maiores airbags que Aidê já viu pessoalmente e parecendo que correu uma maratona. A loira se curvou encostada na parede e respirou fundo tentando se recuperar enquanto pediu desculpas.

“Eu estou, arf, meio fora de forma desde… desde que matamos o Rei Demônio.” Se ergueu quase recuperada e caminhou até o balcão com uma mão nas costas como se sentisse dor. “Acho que negligenciei meu treinamento nos últimos meses.”

Aidê não poderia negar que seu tempo fora de casa estava sendo único.

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