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O Hobgoblin não estava em uma situação oportuna, uma fuga desesperada nunca seria dessa forma. Mal entrou em um novo território e se viu obrigado a correr por sua vida pela segunda vez em um curto período de tempo. Talvez estivesse se tornando um hábito, esperava que não. 

Saltou entre galhos e passou frente a arbustos abrindo caminho pela mata fechada. Seus ouvidos o alertaram de um risco próximo e por isso pulou no chão rolando, segundos antes da boca de um lobo sair de uma moita tentando morder uma de suas pernas.

Tão logo em pé, o hobgoblin voltou a correr sem olhar para trás. Era capaz de ouvir os passos rápidos deles ao seu redor, não o perseguiam por trás. Planejavam o cercar, todos de uma vez.

Era uma espécie inteligente, com bom planejamento e trabalho em conjunto, teria deixado o monstro verde admirado se isso não significasse que poderia morrer com maior facilidade.

Escalar uma árvore seria tarefa infrutífera, seus perseguidores já demonstraram a capacidade de fazer o mesmo, embora não com tanta maestria. Cavar um túnel seria mais viável, entretanto não era rápido o bastante para realizar tal ação antes que os homens lobos o puxassem do buraco que viesse a fazer.

Se soubesse que aquele território era deles, teria dado a volta independente de quanto tempo o fizesse perder. Felizmente, esse era um novo conhecimento útil caso vivesse para ver o amanhecer do próximo dia.

Seus olhos amarelos se voltaram para uma gigantesca árvore não muito longe, existência comum na Floresta de Dante. Seu cérebro rapidamente começou a conjecturar possibilidades, cenários em que poderia se livrar de seus perseguidores ou ao menos diminuir seus números.

Independente do que planejasse, devia ser rápido, ainda não comera nada desde que acordara dolorido e enfermo por beber água do mar. Seu corpo estava fraco e logo essa fraqueza mostraria consequências.

Quando chegou a árvore, não hesitou e saltou diretamente para ela. Se agarrou ao tronco duro com os quatro membros, suas garras fincadas contra a madeira. Escalou como um inseto, parecia um. Ladeou com rapidez, subindo cada vez mais alto ao mesmo tempo que dava voltas.

Os homens lobos o seguiram, de fato não tinham tanta habilidade quanto sua presa. Seus movimentos eram rígidos em vez de fluidos, brutos e raivosos. Talvez por isso a distância entre eles tenha aumentado consideravelmente.

O Hobgoblin cessou sua subida quando chegou ao galho que achou propício, estava muito acima do chão de forma que uma queda resultaria em morte fatal. A haste tinha sua parte superior achatada, quase plano. Seu início era largo, mas ia afinando conforme se aproximava da ponta.

O monstro verde correu sobre ele, quando já na metade não existia espaço o suficiente para que mais uma criatura grande se mantesse. Então esperou, aguardou e foi alcançado por seus caçadores.

Sete deles se amontoaram no início daquele galho, rosnando, raivosos. “Ele” entrou em posição de combate, seus braços prontos para irem para baixo, suas pernas prontas para acertar em cima. E foi nesse momento que os homens lobos…

Se sentaram.

Pois como o próprio Hobgoblin pensara momentos antes, eles eram inteligentes. Os riscos eram óbvios para qualquer um que pensasse, a falta de espaço, o caminho estreito, o monstro no fim.

Apenas um caçador poderia avançar por vez e quando o fizesse, a caça teria a vantagem do equilíbrio obtido com a imobilidade e o derrubaria. Um por um, cada Homem Lobo que seguisse em frente, sofreria uma queda em direção a morte.

Caso é claro, fossem monstros irracionais.

Esse momento de calma permitiu que analisasse melhor aquela espécie estranha a “ele”. O termo ‘homem’ fazia clara referência à constituição bípede e humanoide deles. Era altos, maiores que o Hobgoblin, mas não tão grandes quanto um Orc.

Suas patas inferiores se assemelhavam a de outros canídeos e tinham a coloração de seus pelos negras, diferente do resto do corpo que mostrava um tom laranja de pelagem. Era difícil dizer se eram corcundas, ou se pareciam ser apenas pela grande quantidade de pelo em suas costas e por andarem curvados.

Suas mãos e braços, assim como suas patas, tinham uma coloração escura em contraste com o brilho do resto. Essa mesma tonalidade descia por suas costas e cessava em suas caudas cheias e fofas de cor laranja, no entanto com ponta branca. O monstro verde não tinha a certeza de já ter visto um lobo dessa cor de pôr do sol. Normalmente, os que via eram cinzas ou algo próximo.

O Hobgoblin sentiu o cansaço e a fome o atingirem, seu corpo pedindo que descansasse, pelo menos sentasse igual aos seus perseguidores. Uma ideia tola, sentar era o mesmo que perder alguns segundos de reação caso os Homens Lobos resolvessem realizar um ataque.

“Ele” estava cercado em uma encruzilhada e sua mente afiada imaginou que em breve uma decisão difícil deveria ser tomada, no entanto não existiam escolhas reais além de esperar e lidar com o acaso através de improviso.

Se pudesse se manter acordado, não estava muito esperançoso com essa possibilidade. Não dá forma que seu estômago doía e sua barriga roncava. Sua visão turvando, a vista escurecendo. Iria desmaiar em breve.

Sua mão direita estava tremendo, não era capaz de a estabilizar. Sua respiração acelerada não apenas pela corrida que foi necessária para chegar a esse ponto. Tudo teria sido mais fácil se os monstros idiotas fossem realmente estúpidos e agissem conforme o desejo dele.

Mas não eram e justamente por não serem também sabiam que o Hobgoblin estava em seu limite. Eram pacientes, não se importavam em sentar e apenas aguardar. Só precisavam fazer isso, esperar e o outro cairia sem luta.

Quando a fraqueza se tornou empecilho o bastante para que se mantivesse de pé, caiu de joelhos. Nunca tirando os olhos dos caçadores, quando tentou se levantar, o fez tremendo.

Caiu novamente, era inútil, tudo era inútil. Toda sua inteligência, todo seu treinamento se tornou inútil naquele momento, apenas pelo acaso de não estar bem nutrido.

Foram esses seus últimos pensamentos antes de finalmente desmaiar.

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