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O fogo tem capacidade para destruir a selva, algo que incitaria a fúria do Curupira.” O Hobgoblin falou tentando ser o mais sucinto possível

“Homem Verde ficar quieto.” Ordenou o líder mostrando preocupação.

Os olhos do prisioneiro semicerram, aquela não era uma reação agradável. O medo nos olhos de seu captor era muito maior do que o preferível e “ele” ainda não entendia a razão disso. Ainda assim, uma vantagem no seu ponto de vista, tirara o controle da situação das mãos dos Homens Lobos mesmo que não fisicamente.

Apesar de ainda cativo, não era mais o lado fraco da situação pela forma que toda a alcatéia se encolhia com seus rabos entre as pernas. Só faltava entender o motivo de ter conseguido tal reação com apenas uma palavra. 

É tão criminoso, no sentido do que quebra as normas, mencionar o nome Curupira?” O monstro verde repetiu para analisar mais das expressões lupinas.

O ambiente se tornou frio, o vento no exterior da cabana improvisada cessou qualquer  movimento tornando as copas as árvores silenciosas. Até mesmo os filhotes correram para os braços de suas mães tendo perdido qualquer desejo infantil por diversão.

O Homem Lobo continuou a encarar o cativo com seus olhos, no entanto não demonstrava mais o furor de antes. O Hobgoblin não ficou mais feliz, pois mesmo com a situação se apresentando como favorável, estava se tornando desconfortável a sua falta de entendimento sobre o que estava ocorrendo.

Por que tanto medo?

“Porque nomes tem poder, kurumin.”

O pescoço do monstro virou em direção a entrada de uma só vez, um giro tão súbito e veloz que deu a impressão de doer a aqueles que o viram. Seus olhos amarelos se arregalaram de surpresa, a boca aberta em descrença. 

Não entendia como o guardião da floresta apareceu tão subitamente, mas ali estava ele em toda sua glória. A pelagem vermelha, os olhos luminosos, seus cabelos que nada mais eram que labaredas brilhantes e os pés virados para trás. O Curupira era exatamente como o monstro verde se recordava dele.

Uma visão ainda tão fantástica e fantasiosa quanto na primeira vez. O ser místico caminhou pela cabana como se pertencesse a ele e talvez assim fosse, afinal não era dele aquela parte da floresta? Não lhe pertenceria então tudo que ali houvesse?

Com passos calmos, foi em direção ao líder da matilha ainda agachado e ofereceu a mão direita ao Homem Lobo que a pegou com cuidado e beijou suas costas.

“Do se trata tudo isso?” Não falou com seriedade, não era preciso quando seus olhos já revelaram seus sentimentos duros.

Apenas uma negociação amigável.” Respondeu o Hobgoblin com um leve tom a mais de humor, no entanto ainda sério.

O Curupira não pareceu achar graça, seus olhos estiveram brevemente sobre as amarras do monstro. Então sobre o Homem Lobo em sua forma que mimetizava porcamente o que deveria ser um humano. Não foi como imaginou passar seu dia, evidentemente, possuía coisas mais importantes com as quais se ocupar.

“O que eles querem?” Perguntou impaciente e completou ao ver o monstro ver abrir a boca para responder. “Sem enrolar, sem meias verdades em suas palavras, sem as voltas de sua língua de serpente.”

O Hobgoblin quase revirou os olhos, quase. Por um momentos se surpreendeu com o quão bem o guardião da floresta conhecia seus hábitos de fala visto que só tiveram um único encontro. Talvez fosse o que deveria esperar de uma criatura sobrenatural.

Fogo.” O outro queria uma resposta simples? Recebeu.

“Fogo?” Questionou por causa da fala seca.

Fogo.”

“Então é fogo.” Curupira aceitou voltando seu olhar para o líder da matilha.

O Homem tinha uma carranca no rosto, nunca imaginara que aquilo lhe aconteceria. O guardião da floresta evidentemente se encontrava desgostoso com a situação e o Hobgoblin esperava que aquilo fosse um bom sinal para si.

O Líder da matilha rosnou algumas de suas palavras com tom de desafio. O Curupira aparentemente tinha como entendê-las e apesar do leve desrespeito que sofreu, não se permitiu ter raiva.

“Não é questão para vocês, o fogo nem os ajudariam e vocês só acabariam atraindo problemas para si mesmos. Eu vou cuidar dos humanos no tempo certo.”

Um lampejo de compreensão brilho nos olhos amarelos do prisioneiro ao entender a razão de tudo aquilo ocorrer em primeiro lugar, entretanto absteu-se de tecer qualquer comentário que fosse.

“Espero que não se repita.” Declarou a criatura dos pés virados dirigindo a saída.

Espera! Você não pode me deixar aqui.” O monstro verde exclamou se inclinando para frente.

“Não posso, Kurumin?” Riu, o pensamento de uma criatura infeliz como aquela decidir o que poderia fazer era hilário. “Kurumin decide o que eu posso fazer?”

Não, mas…” Lutou em sua cabeça tentando encontrar de forma rápida um motivo razoável que servisse ao Curupira. “Eles… Eles quebraram suas regras, não me caçaram para se alimentar ou necessidade.” Disse pensando nas próprias palavras que ouviu um dia saindo da boca do guardião.

“É verdade” Falou como se não houvesse pensado nesse fato antes e de fato não o fizera.

Seus olhos foram rapidamente para o Homem Lobo principal e sua expressão era de quem compreendeu a situação e rosnou algumas palavras em sua própria defesa. O Curupira as escutou atentamente, apesar de não levá-las em consideração.

“Ainda é o território deles.”

Não fui pego aqui, me perseguiram em outra área. Eu estava perto de onde vivem as mulheres peixes.” Defendeu seu ponto com ânsia, quase parecendo desesperado.

O Curupira tinha olhos arregalados, seus lábios entreabertos questionaram em um sussurro inaudível:

“Conheceu a…” Não, era melhor deixar esse pensamento escapar, não vinha ao caso e por isso mudou suas palavras. “Eu não posso me intrometer nos assuntos dos povos, mas nesse caso é válido que eu faça.”

O Hobgoblin sorriu de alegria, imaginando finalmente ter chegado ao fim daquele episódio horrível em sua vida.

“Por isso eu digo que vocês dois vão lutar até a morte pelo direito de dar ordens a alcatéia.” Falou sorrindo com seus cabelos de fogo crepitando de emoção.

….

Suspirou após seu silêncio, as coisas nunca podiam ser simples e fáceis para “ele”. 

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