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Capítulo 82: Momentos antes de um confronto

Uma luta pelo direito de dominar, na verdade não era um conceito estranho. Todas as questões de liderança costumavam ser resolvidas dessa forma, o próprio liderava sua prole de Hobgoblins por ser o mais forte entre eles, tal qual o Chefe Orc comandava por seu poder e a Chefe Macaca por sua ferocidade. Possivelmente, os pseudo-centauros, apesar de terem como líder a mais forte entre eles, eram a única espécie que não consideravam a força como principal requisito para a liderança. 

As batalhas pelo cargo de chefe eram normais, entretanto apenas entre membros de suas respectivas tribos. Nunca ouvira falar antes de um grupo sendo liderado por uma criatura de outra espécie, embora o pensamento em si não parecesse impossível. 

O Líder dos Homens Lobos se ergueu do chão com olhos focados no prisioneiro verde, então ele aceitara a proposta do guardião da floresta. Não havia razão para que o Hobgoblin também não o fizesse, a não ser o medo de perder ou possuir um plano melhor para sair daquela situação. Não admitiria a primeira hipótese em voz alta e a segunda não se encaixava naquela situação.

Então, o que acontece após minha eventual e inevitável vitória sobre ele?”

“Hahahaha, gosto de kurumin, gosto mesmo de kurumin.” Disse Curupira rindo com uma graça infantil. “Se uma eventual e inevitável, haha, vitória de Kurumin acontecer, então a alcatéia é sua para liderar.”

Mesmo que eu pertença a uma espécie diferente?”

“No final, força é força não é? A independer de onde venha, é uma lei que não muda.” Foi se a graça infantil conforme um sorriso triste tomou o rosto do guardião.

O forte toma, o fraco perece e se um líder não é forte o suficiente para se defender, sua tribo é livre para ser tomada.” Uma lógica sólida em sua opinião, uma que não parecia o entristecer da mesma forma que acontecera ao Curupira.

O Homem Lobo rosnou com raiva, incomodado com o quão certo da vitória estava o homem verde e ofendido com quanta indiferença sentiu saindo da voz da criatura de cabelos de labaredas. Não perdeu sua compostura, a situação ainda era vantajosa, pois mesmo que houvesse sido impedido de resolver a situação humana prolongada pela incompetência do Curupira em resolver o problema, ainda se livraria do homem verde sem sofrer consequências.

O Hobgoblin se ergueu enquanto as amarras que o segurava caíram no chão, não houve tempo para questionamentos quando ele abriu os braços mostrando garras estendidas, denunciando que poderia ter se soltado o tempo todo. 

Alongou seus braços os apontando para o alto, girou o pescoço criando um som de estalo. Tinha um sorriso no rosto, parecia confiante, embora não fosse. Suas chances eram no mínimo risíveis, um monstro apenas recém-alimentado ainda sofrendo de dores estomacais por ingestão de água salgada contra um experiente Homem Lobo descansado e exalando vigor.

Se fosse fiel a alguma divindade, “ele” teria cogitado rezar para depois se recusar, mas como não era o caso, apenas tentaria desesperadamente encontrar um meio de sobreviver.

“Será aqui?”

“Onde quiserem, não me importa, apenas sejam rápidos, tenho problemas mais importantes para resolver.”

Problemas importantes, compreendo. Eu e você, Curupira, vamos ter uma conversa importante após minha eventual vitória.” Declarou o Hobgoblin apontando seu dedo verde na direção da criatura mítica.

“Ha, você é hilário Curumim, sua ousadia me diverte.” O tom de quando falou foi divertido, antes de ser trocado para um mais sério. “Apenas é de bom senso controlar essa ousadia, nem todos a acharao tão engraçada.”

O monstro verde não se dignou a responder, apenas a sorrir como se conhecesse todos os segredos do mundo. A cada conversa que tinham (e admitia não serem muitas) entendia um pouco mais do homem de pés virados. Ainda não entendia o tédio que vinha do acúmulo de muito poder e responsabilidades, mas é algo que o Curupira sentia.

Sim, o Hobgoblin era interessante demais para ser morto pelo menos por enquanto. Desde que não ultrapassasse os limites, o guardião estaria disposto a manter com ele algumas conversas.

Incomodado cada vez mais com a inevitabilidade que o não prisioneiro dizia existir em sua vitória, o Chefe da Alcatéia resolveu não mais adiar o que estava por vir. Caiu deixando seu corpo de quatro no chão, as garras se enchendo de barro quando apertou a terra para se concentrar em outra coisa que não a dor que começou a sentir.

Sua coluna se estendeu o estalo tornando óbvio que aquilo não era algo que deveria acontecer normalmente. Sua perna lentamente se tornou mais longa junto às solas de seus pés que acompanharam o movimento. Pelos alaranjados cresceram em toda extensão de sua pele e a calda que antes não podia ser vista, surgiu do cóccix.

Seu rosto amassado não ficou dessa forma por muito tempo. Seu nariz torto deu forma a um focinho enquanto seu lábio fino se abriu em um sorriso cada vez maior até que uma fileira de dentes atravessou suas bochechas. O que antes era um rosto humano reconhecidamente feio, deu lugar às feições de uma criatura lupina.

O líder libertou um som vindo das profundezas de sua garganta, algo que só poderia ser descrito como uma fusão entre um animal em agonia e um uivo feroz. 

O chefe da alcatéia se ergueu, qualquer sinal de que sentia dores sumiu ou foi escondido sobre uma fachada corajosa. Ele rosnou alguma coisa confusa que o Hobgoblin não era capaz de entender. Quase imediatamente uma lança foi jogada aos seus pés ao mesmo tempo em que outra foi lançada ao monstro verde.

“Ele” observou o objeto com curiosidade, tinha plena noção do que era, no entanto não podia dizer que já havia lutado com aquela arma antes. Se agachou e a pegou com cuidado, era pouco maior que o próprio. Um tamanho grande visto que desde sua evolução, o monstro verde chegava aos ombros de um Orc médio.

A arma disposta era simples, um longo pedaço de madeira roliça bem polida e rígida com um pedra alongada e afiada na ponta, boa o bastante para o combate. Não que a luta fosse ser justa, olhando para o oponente notou que aquela entregue a ele tinha a ponta de ferro.

O Homem Lobo rosnou alguma coisa e saiu pela entrada, sinal óbvio de que a luta ia ser lá fora.

Com sorte, tudo ia acabar bem.

Mas quando que as coisas acabavam bem para o Hobgoblin?

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