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Capítulo 83: Lança contra Lança

Os dois inimigos se posicionaram distantes um do outro, cada em uma em uma ponta daquela área vazia que serviria a eles como uma arena de batalha e se encararam à espera do outro realizar o primeiro movimento. O canino segurou a base da lança com sua mão direita apoiada em sua cintura, enquanto manteve a esquerda no meio da vara, suas pernas ficaram abertas uma a frente da outra.

Inicialmente o Hobgoblin ficou com a lança apoiada no chão com sua ponta para cima, mas rapidamente copiou a exata postura do oponente e então esperou. O monstro não se sentia confortável em ser ele a iniciar a luta, não quando era completamente inexperiente com aquele tipo de arma. 

Por sua vez, o Homem Lobo sendo um caçador experiente conhecia as vantagens que a paciência poderia oferecer. O silêncio perdurou por vários segundos, os dois cientes dos pensamentos na cabeça do oponente. Cada um a espera de uma abertura significativa, uma chance de trazer para si uma vantagem poderosa através de um grande ferimento já no início de seu enfrentamento.

O Chefe da Alcateia pareceu se distrair por um pequeno momento quando ouviu um ganido de um dos filhotes, seus olhos se voltaram para a cabana por um curto momento, deixando o monstro Verde sair de seu campo de visão. Foi a chance que “ele” aproveitou, suas pernas o lançaram para frente, seu corpo curvado, a arma tendo sua ponta diretamente mirada o pescoço do lupino.

O Homem Lobo apenas sorriu, foi quando o Monstro Verde percebeu que caiu em uma armadilha astuta. A lança do Chefe foi virada de uma só vez, seu cabo fazendo a do Hobgoblin errar o alvo, mas não parou apenas com essa defesa. Com a arma inclinada, sua ponta de ferro assustadoramente afiada foi em direção ao estômago do Monstro Verde.

Pela segunda vez apenas naquela semana, seu contorcionismo o salvou, se não houvesse rotacionado seu tronco para o lado contrário ao ataque, teria terminado com a parte inferior de sua barriga perfurada. Tendo sobrevivido por pouco, saltou para trás tomando distância e recuperando o fôlego perdido.

Aquilo o assustara, o ataque daquela arma o fez suar como poucas coisas após sua evolução fizeram. A velocidade do ataque de uma espada ou de uma clava não poderia ser comparada àquilo, a estocada de uma lança era tão veloz quanto uma flecha e seu alcance era merecedor de cautela. Apenas mais um movimento impensado como o de antes e acabaria morto.

Precisava tirar aquilo das mãos peludas do Homem Lobo, não possuía a capacidade necessária para o derrotar com aquela arma mas poderia o subjugar em uma luta corpo a corpo. Entretanto, precisava fazê-lo perder aquela lança com urgência. 

O Homem Lobo, ao contrário da ameaça verde, apenas se sentiu mais confiante, obviamente seu inimigo não sabia usar a arma que tinha em mãos, aquela situação seria resolvida com mais facilidade do que imaginou. Ele correu para frente e atacou com uma estocada mirada no peito do Hobgoblin, o último defendeu atingido a arma com a parte da frente da sua e a desviando rudemente para a esquerda.

Crassa forma de defesa, o lupino deslizou sua mão direita pelo cabo da arma e a girou como um bastão acertado o queixo do  hobgoblin com a madeira. Aproveitando o momento de atordoamento do inimigo, ele acertou um chute no peito do Monstro Verde, lançando-o ao chão. O Líder da Alcateia atacou o corpo caído com sua ponta de ferro, mas errou o alvo quando este rolou pelo chão e se ergueu rapidamente já com lança em mãos. Os dois se afastaram recuando sem quebrar o contato visual entre eles.

 A alcateia uivou, estava animada, excitada, eufórica. O vencedor parecia claro para todos que assistiam, rosnados animados tomaram conta do lugar e os lutadores precisavam se concentrar para não serem distraídos por eles. 

O Curupira observou com olhos atentos todo o desenrolar inicial do conflito, mas se afastou rapidamente quando uma figura nas árvores que ninguém mais notou, chamou sua atenção. Deixou no chão suas pegadas invertidas ao passo que caminhou na direção de uma árvore específica, uma que não havia despertado o interesse de mais ninguém além dele.  

Ele escalou com uma habilidade que teria feito inveja ao Hobgoblin lutando por sua vida, no topo se sentou ao lado da espectadora não anunciada que resolvera por conta própria fazer parte da plateia. A Caipora não deu atenção a ele, a luta era mais divertida de ser ver, apesar de estar abaixo de seu nível. 

– Quem acha que vai ganhar essa luta? – Questionou os pés virados.

–  Caipora não acha as coisas, Caipora só fala quando tem certeza e Caipora tem certeza que Lobo vai vencer.

– A certeza è algo ruim garota – falou voltando seus olhos para a luta onde o kurumin se encontrou outra vez em desvantagem – E eu não teria tanta assim.

– Goblin não sabe lutar e Lobo mais experiente, Caipora tem certeza.

– Saber lutar, ele sabe, mas não dessa forma e a experiência pode não ser tão útil esse caso – o Curupira declarou coçando a pele sarnenta de seu peito – Sua experiência e contra as criaturas normais dessa floresta, mas pequeno kurumin não é uma criatura normal dessa floresta.

– Parece para Caipora – respondeu emburrada.

– Aparências enganam, sei muito bem disso – falou ao olhar para suas pegadas deixadas para trás no chão abaixo – Eu ouvi falar dele de uma pessoa a quem interessa escutar.

– Quem? – perguntou curiosa desviando seus olhos da luta.

– O Olhos de Fogo – respondeu baixo e com cautela como se a própria floresta pudesse o ouvir.

– A Serpente? – indagou confusa.

– O Veado.

Os olhos da garota vermelha se arregalaram, seus pescoço se virou rapidamente para que ela pudesse olhar o Hobgoblin cada vez mais humilhado. Era sim mais impressionante que os outros de sua raça, era forte na medida do possível a sua espécie, claramente mais bonito do que qualquer um esperaria de um monstro. Todavia ela não conseguia notar nada que fosse impressionante o bastante para chamar a atenção do Olhos de Fogo.

– Mas o que ele tem de tão importante?

– Ouvi dizer que é inteligente.

Caipora o encarou como se essa resposta não a satisfizesse e de fato não o fez, não parecia ser o bastante para chamar a atenção de quem chamou. Ela grunhiu com irritação, odiava não entender as coisas, mas resolveu apenas prestar atenção na luta. Teria que esperar pra ver.

Picture of Olá, eu sou MK Hungria!

Olá, eu sou MK Hungria!

Ok gente, pode parecer meio tarde, mas resolvi trocar as aspas pelo travessão, acho que vai ser melhor assim. Em breve irei alterar todos os capítulos feitos ate agora para fazer as trocas e aproveitarei para revisa-los.

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