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O Hobgoblin tinha um corte na perna que começava a incomodar sua proeza em escapar de golpes mortais. Era uma ferida na lateral de sua coxa direita, funda o bastante para deixar uma cicatriz como lembrança do que aconteceu, mas felizmente seus músculos grossos da perna o protegeram de consequências mais incapacitantes. 

Afastados, os dois lutadores se encararam olho no olhos, isso deu uma ideia ao Monstro Verde, uma que finalmente o daria chances reais de vencer. Infelizmente isso exigiria ficar próximo ao Líder da Alcateia, um risco muito grande dada sua atual situação. Entretanto, que outra escolha ele tinha?

“Ele” esperou pacientemente o ataque inimigo que sabia vir em breve, afinal o Homem Lobo ficou consideravelmente mais confiante desde o início daquela peleja, não que o Hobgoblin pudesse culpá-lo por isso, em seu lugar teria feito igual. Dito e feito, o lupino avançou com confiança excessiva, uma estocada dirigida ao peito do Monstro Verde que curvou suas costas até sua cabeça encostar no chão, mas sem dobrar as pernas ou cair.

Sua mão esquerda que estava livre sem lidar com a tarefa de segurar a arma, foi direto ao chão onde agarrou um punhado de terra e areia. Sem a menor hesitação lançou os detritos mirando os olhos do oponente e não havia como errar. O guerreiro, em reflexo, girou seu pescoço para o lado e afastou seu rosto o máximo que foi possível, porém era tarde demais. Quando seus olhos foram atingidos ele ganiu levando sua mão ainda livre para eles.

E nesse momento o Hobgoblin agiu. Ergueu seu tronco outra vez e girou seu corpo atingindo a mão do inimigo que segurava a lança. Um único momento de descuido foi o suficiente para mudar tudo. Usando o restante possível de sua visão, o Homem Lobo impensadamente tentou recuperar a sua arma apenas para perceber a ponta de uma lança vagar diretamente a seu pescoço.

 Foi rápido o bastante para se afastar, recuando para trás e deixando sua arma.

A alcateia uivou de raiva, rosnados e uivos que embora initendiveis para o Hobgoblin, tinham um significado claro, raiva. Revoltados com aquela atitude covarde, mas incapazes de avançar contra o monstro lutando. Outra pessoa, no entanto declarava sua opinião de forma que todos entendessem.

— Covarde! Covarde! Covarde, covarde, covarde! — cantou Caipora alegre saltando e batendo suas palmas no alto. Ela não soava irritada ou revoltada como os membros da alcateia, parecia bem humorada por agora ter com o que ofender o monstro. — Caipora diz que goblin ser covarde!

Embora surpreso com a presença da garota vermelha, não havia tempo para prestar atenção nisso e tampouco parar para pensar se deveria se sentir ofendido, (embora sua conclusão fosse ser que não, ele não devia). O Hobgoblin pegou a arma do lupino caída no chão e a quebrou próxima a ponta, transformando o objeto em uma grande faca. Repetiu o mesmo processo com a sua arma e prendeu as duas, uma em cada lado das alças de sua tanga.

Então o monstro correu na direção do lobo e este respondeu se agachando de quatro e preparando-se para saltar. “Ele” sorriu, pegou a ponta de pedra em sua cintura e jogou tal qual faria com um punhal de arremesso diretamente o olho esquerdo do Homem Lobo que foi ágil o bastante para desviar o rosto impedindo um ferimento mais fatal, porém não suficiente para impedir que seu olho fosse cortado.

O canino não cessou sua investida e saltou em direção o Hobgoblin que contra-atacou inclinando suas costas para trás e acertando um chute de sola no peito do oponente. O lupino caiu de costas na terra e foi quando o Monstro Verde se sentou em seu peito, fechou suas pernas ao redor do tronco do oponente de forma que ele não conseguisse se soltar e sacou a ponta de ferro ainda em sua cintura.

Ergueu a arma com as duas mãos e a desceu sobre o corpo caído abaixo dele.

O Lobo uivou, mas não morreu, pois o objeto não atingiu o seu alvo. Os pulsos do Hobgoblin foram segurados pelas mãos firmes do Líder da Alcateia que não poupou esforços em seu aperto. Seria uma disputa de força então, uma onde os dois envolvidos deram tudo de si, uma que se prolongada resultaria em derrota pela parte do Monstro Verde que não possuía o mesmo apoio para os cotovelos que o lupino tinha na forma da terra.

“Ele” cuspiu no rosto do lobo, mirou em seus olhos e em qualquer outra parte a vista, uma medida desesperada, mas ninguém poderia julgar por isso. Foi pouco efetivo e era hora de mudar sua tática. O Hobgoblin abriu sua boca de dentição afiada e mordeu o ar algumas vezes para fazer barulho, um modo de assustar o inimigo para o que estava por vir.

Se deu certo, o Homem Lobo não demonstrou, mas o importante é que a cabeça do Hobgoblin desceu em direção às mãos do canino e sua boca se fechou em volta de um de seus pulsos. O uivo de dor foi sinal claro do que sentia, entretanto mesmo assim não cedeu em seu aperto pela vida. O monstro então mordeu com mais força fazendo seus dentes pontiagudos atravessarem a carne e então arrancou um pedaço dela. 

Sua resistência foi finalmente quebrada e ele teve sua garganta atravessada por uma ponta afiada de ferro, uma que em toda sua vida lhe serviu como arma fiel. Seu sangue espirrou como jato e manchou o rosto do Hobgoblin junto a seus cabelos negros cor da noite. Sua última visão ainda vivo foi aquela face verde manchada da cor vermelha que antes mantinha vida em seu corpo e aqueles olhos amarelos que queimavam com desejo sem fim.

O Monstro Verde se levantou em silêncio combinando com a alcateia que não responderá ou fizera nada após ver o desfecho. Os únicos sons presentes eram o do vento soprando as folhas das árvores, dos insetos seguindo suas vidas, dos filhotes dentro da cabana gemendo em tristeza e do Hobgoblin mastigando a carne de um cadáver ainda quente.

— Covarde! Covarde! — foi o canto alegre da Caipora o que interrompeu o silêncio sepulcral, insensível à morte do lobo e feliz por ter com o que ofender o sobrevivente.

Possível ponto de vista sobre o que ocorreu. — disse encarando a alcateia, mas depois voltando seus olhos para os do Curupira. — Todavia, independente dos métodos utilizados em uma luta sem regras, eu venci.

— Sim. — respondeu o pés virados em uma voz que não transmitia emoção — Você venceu.

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Olá, eu sou MK Hungria!

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