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Capítulo 96: A pesca.

Consiga alguns peixes a mais e podemos encerrar por hoje. — ordenou sem sequer olhar o Pseudo-centauro.

O Hobgoblin, tal qual sua amiga Bruxa do Pantano, deixou que qualquer trabalho físico necessário fosse relegado a terceiros e relaxou sob o sol. Deitado sobre a grama, apenas observou enquanto o quadrúpede seguia suas instruções com pouca resistência apesar de muitas reclamações.

Levou mais horas do que qualquer um teria esperado, pescar em si com a rede acabou por ser uma tarefa simples. A verdadeira dificuldade foi conseguir peixes que não terminassem por ser criaturas gigantescas do mesmo tamanho ou até maior que eles, muitas criaturas aquáticas de tamanho anormal foram devolvidas à água para que não morressem fora dela e provocasse o interesse de outros monstros.

No ritmo em que estavam presos, levaria mais meia hora até que a cesta de ramos ficasse finalmente cheia. Felizmente, apesar de todos os inconvenientes, ocorreram cenas que o divertiram o suficiente para amenizar o tédio que o incomodava. Como por exemplo o quadrúpede bovino pescando um monstro marinho e sendo imediatamente atacado em seguida.

O monstro se soltou da rede antes que fosse jogado de volta à água e se jogou em ataque ao Pseudo-centauro, uma tentativa definitivamente patética devido ao seu corpo biologicamente construído para viver sob a água. A criatura de corpo amarronzado tinha algo entre os dois a três metros, sua metade inferior era semelhante a de um peixe, no entanto se diferia muito daquelas estranhas garotas cantantes que encontrara no passado.

Sua longa cauda era livre de escamas muito mais parecida com o couro de qualquer outro animal da terra, a parte superior mesmo que humanoide era recoberta pela mesma superfície lisa e coloração marrom. Todo o corpo era semeado de cabelos grossos, em sua face sedas muito longas que formavam bigodes cheios.

Os olhos cinzas esbugalhados daquela pesca maldita se fixaram no quadrúpede e seus braços longos com barbatanas fizeram o possível para agarrar suas pernas escuras. O Pseudo-centauro em uma reação rápida empinou seu corpo e desceu seus cascos sobre a mão da criatura marítima que recuou aos gritos.

Com uma última expressão gutural carregada de ódio que saiu das profundezas de sua garganta, o monstro daquela lagoa escura se arrastou sobre a terra até alcançar as bordas e escapar de volta às suas águas escuras.

O Hobgoblin riu de forma contida cobrindo sua boca com uma de suas mãos, pelo menos teve a decência de se fingir envergonhado e desviar o olhar depois de receber uma expressão de raiva do irmão de Lauany. O alvo de chacota apenas bufou e se virou resmungando em retorno ao seu dever.

Pegou a rede caída e voltou à atividade, sem saber o porque em nome da grande Mãe Yebá Beló, ele estava se sujeitando a sofrer aquela humilhação por um monstro qualquer. Lançou o instrumento a água e virou o pescoço para observar os arredores, o monstro mencionado anteriormente apenas sorriu e piscou um olho. Rapidamente, o bovino escondeu o rosto e focou seus esforços na pescaria. Se ia fazer aquilo de qualquer jeito, era correto que desse o seu melhor.

Galopou pelas bordas da lagoa para juntar o máximo possível de peixes naquilo que o Hobgoblin chamou de rede. Depois de sentir o peso atrasando seu galope, respirou fundo e puxou os cipós com um grunhido. Pegou o pescado que estava em suas mãos e o colocou sobre seu lombo voltando em direção ao mandão vadio deitado sobre a grama. 

Os pobres animais foram  depositados no cesto de ramos “emprestado” e então se permitiu ter um momento para descansar. O Monstro Verde depois de horas em inatividade se levantou e analisou o pescado contente, era bom, o suficiente para o que precisava. 

— Está bom pra tu? Acabamos? — perguntou em um tom que não deixava margens para qualquer tipo de dúvida, estava com muita irritação.

Teria muito a dizer para sua irmã ao voltar, tudo sobre o quão folgado e desavergonhado era o maldito monstro bonito. O desgracado andava como se qualquer lugar em que pisasse fosse seu, dava ordens a qualquer um que o apetecesse como se todos devessem servidão a ele.

E como foi permitido que andasse por tanto tempo em meio aos seus quando claramente possuía uma alma tão venenosa? Em verdade, sabia como.

Quando perto de sua irmã, o Hobgoblin como dizia ser agia quietamente com menos vigor e muito mais cautela. Lauany era boa demais para seu próprio bem, sempre decidindo ver o melhor de cada ser vivo e disposta a tratá-los como seus próprios irmãos. 

Seria diferente daquele momento em diante, assim que estivesse de volta ao conforto de seu povo teria uma conversa com sua líder e família. Aquela criatura verde aprenderia que os seus não eram dele para serem governados quando sua irmã desse as costas.

Isso servirá. — respondeu observando a cesta para depois se aproximar do Pseudo-centauro.

Passos lentos levaram o Monstro Verde a bem próximo do quadrúpede, suas alturas próximas permitiram que seus olhos se encontrassem com pouca dificuldade. Jogou seus braços sobre os ombros do bovino desrespeitando qualquer conceito de espaço pessoal e aproximou seus rostos com um sorriso pequeno.

Um rubor apareceu nas bochechas de pele escura do irmão de Lauany fazendo um brilho malicioso surgir nos olhos amarelos do Hobgoblin. Com suas faces separadas por poucos centímetros e lábios levemente entreabertos sussurrou em um tom que soou muito diferente dos murmúrios costumeiros dele:

Apesar de todas as minhas habilidades, eu não teria possuído a capacidade de alcançar essa meta sem você. —  deixou sua boca ao lado das orelhas do outro e falou de uma forma que jamais usou antes. — Obrigado.

Um arrepio nasceu no meio da coluna do Pseudo-centauro e se espalhou por todo seu corpo, se sentiu paralisado e apenas foi capaz de observar imovel o Hobgoblin pegar sua cesta de peixes e se afastar indo em direção ao arvoredo distante.

Sentindo a face quente da mesma forma que estaria frente a uma fogueira, ele engoliu em seco e finalmente recuperou o controle de seus movimentos. Engoliu em seco e se virou para iniciar a sua própria caminhada, qualquer ideia de uma conversa com sua irmã estava distante de sua mente.

Afinal aquele Hobgoblin não era assim tão ruim.

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