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Especial de Natal Parte 5: Ele chegou.

Aidê e o monstro encararam o chão lamacento na espera de tentar localizar seu algoz. Quais eram as chances do demônio do feriado afundar e morrer sufocado?

O hobgoblin se pendurava com as duas mãos agarradas ao galho de uma grande árvore. A criança agarrada contra seu corpo mantinha os braços e pernas ao seu redor temendo ainda mais uma possível queda. Mesmo a melhora considerável da situação e o fato de que seus sequestradores não a queriam morta pouco fez para lhe acalmar. A falta de visão independente do quanto olhasse para baixo tornava tudo ainda pior, afinal diferente daquele que a mantinha segura, ela não enxergava através da escuridão.

“A-acha que o bode morreu?”

“Ele” não precisou responder uma vez que a árvore na qual se seguravam começou a tremer. Seus olhos amarelos não conseguiram ver algo na superfície. Eram as raízes submersas que estavam sendo puxadas com extrema violência.

O hobgoblin se balançou e tomou impulso para saltar na direção de outra árvore. Não demorou para que aquela onde estavam antes caísse entre as outras e formasse um caminho no lamaçal.

Para ser capaz de fazer aquilo, Krampus de fato devia possuir uma força física descomunal de proporções sobrenaturais.

O segundo tronco não balançou, porque dessa vez a cabra humanoide resolveu escalar por ele usando as garras de suas mãos. O segundo salto do monstro verde foi acompanhado por um do demônio que não pretendia mais deixá-los se afastar.

O hobgoblin não precisava ver para sentir a aproximação da criatura, a distância que havia tomado em pouco tempo era mais um atestado de suas capacidades físicas superiores. Infelizmente (ou felizmente) não foram úteis para se defender quando sua presa girou em pleno ar e com a perna esticada o máximo possível acertou um chute em seu rosto.

A trajetória de Krampus foi interrompida e ele caiu uma segunda vez para novamente submergir, enquanto “ele” bateu com as costas em uma árvore e precisou se segurar apenas com um braço visto que Aidê se desequilibrou e o monstro precisou a segurar.

Foi nesse momento que a criatura verde percebeu os sons de sino e nessa hora o impossível se desenrolou diante de seus olhos.

Toda a superfície da água lá embaixo congelou, não houve qualquer processo visível, simplesmente virou gelo. Sua atenção foi tirada desse fato quando ouviu um grande estrondo.

Em uma região um pouco distante deles, no manguezal, o teto se quebrou e algo longo desceu dele. Em sua base uma fogueira que foi o bastante para iluminar toda a escuridão da câmara soterrada.

“A-aquilo, meu Deus, aquilo é uma chaminé?!” Indagou Aidê descrente.

E de fato era uma. Feita de lisos tijolos laranjas, possuía um comprimento grande o suficiente para ir do chão congelado até o teto. Não teve muito tempo para pensar nisso, pois viu dois pés em botas pretas sobre onde estava o fogo.

Seria ele?

Sua dúvida foi confirmada quando quem quer que estivesse ali dentro simplesmente andou para frente destruindo os tijolos em seu caminho com seu corpo. Seus passos faziam toda a estrutura temer e quando falou, sua voz teve o poder de reverberar dentro da caixa torácica de todos.

“Tá bom cacete, cadê a porra da criança que não tava na casa do ricaço?!” Muita raiva para uma frase tão pequena.

“N-Não parece um bom velhinho.” Comentou a garota agora não tão esperançosa.

O homem era imenso, prováveis dois metros de altura. Usava uma calça vermelha cheia de correntes com sinos amarrados ao redor, suas botas eram grossas e tinha espinhos na ponta. No seu cinto haviam pequenas meias que aparentavam estar recheadas de coisas. Ele tinha um casaco vermelho cheio de detalhes em ouro e usava luvas de couro marrom.

Não era gordo como a jovem esperava, longe disso, aquele estranho era puro músculo. Braços e pernas fortes acompanhadas de um tronco sólido com concreto. O estranho possuía uma longa barba branca bem penteada que caía sobre seu peito. E bochechas vermelhas do que parecia ser puro ódio. Embora fosse calvo por cima, possuía um longo cabelo grisalho caído ao redor de sua cabeça.

Espera, sentado no ombro dele, era o Caxias?!

“Tundria!!! Por Thor, a gente tava preocupado!!” Exclamou a criança assim que notou sua amiga no alto. “Olha só quem foi te procurar! É o Papai Noel!!!”

Cacete, aquele era mesmo o Papai Noel desse mundo.

“Desce daí com ela seu corno, eu ainda tenho a merda de três mil oitocentas e vinte e duas casas pra ir nessa noite, porra.” Disse o homem tirando do bolso uma caixa de charutos e escolhendo um qualquer que colocou em sua boca e acendeu com o fogo da lareira.

“E ai verdão, e contra ele? Tu se garante?”

O hobgoblin engoliu em seco e lentamente começou a descer. Depois de tudo que viu nos últimos minutos, não seria ele o louco a desafiar este ser mágico chamado de Papai Noel pelas línguas comuns.

Foi ao pisar no chão que viu uma grande nuvem de poeira e gelo se erguendo a uma longa distância. Todos puderam ouvir o som do quebrar do chão congelado e o rosnado de quem havia saído dele. Por um instante só a silhueta da criatura era visível, o suficiente para o Papai Noel bater levemente na perna da criança em seus ombros e mandar que se afastasse.

Quando tudo aquilo que obstruía sua visão sumiu, pode confirmar suas suspeitas. Soltando fumaça de sua boca enquanto pegava o charuto em seus lábios e jogava no chão, o homem falou:

“Eu devia saber que você ia se envolver nessa história, bastardo, Krampus, vil inimigo da porra do natal.”

Um rosnado foi sua resposta e o demônio então avançou em alta velocidade se curvando para acertar o bom velhinho com seus chifres. O homem abriu as pernas e as deixou firmes, quando seu inimigo chegou, segurou em seus chifres e foi arrastado alguns centímetros para frente sem ser ferido.

Com força descomunal, ergueu todo o corpo do homem bode e girou para o lançar em uma das árvores que se quebrou com o impacto. Nesse momento o homem abriu seu casaco rubro e o jogou no chão. O que vestia era uma camisa branca de mangas longas, às erguendo tornou visível seus dois braços fortes e tatuados. No esquerdo um troll que engolia a palavra ‘Malcriado’ e no direito uma serpente que se enrolava ao redor da palavra ‘bonzinho’.

Caxias já havia chegado ao lugar onde sua amiga e a Mamãe Noel verde bonita e assustadora o esperavam. Lá ouviu a jovem nobre questionar com um tom alto de surpresa, medo e admiração:

“Qual diabos é a história do Papai Noel?!”

“Cê não conhece a história do Papai Noel!?” Como isso podia ser verdade, que não conhecia? Ah é, sua amiga havia sofrido a perda de várias memórias e por isso respondeu sem julgar que “Papai Noel era um guerreiro que saqueava aldeias através do mar e foi punido por Odin a em vez de roubar as coisas dos outros, dar presentes uma vez por dia a todos das regiões que ele roubou. O que é bem grande! Dizem que ele roubou o mundo inteiro!! Se você é bonzinho é certeza de que vai ser um presente daora, se você é mal então recebe algo usado.”

Agora ela conseguia entender a razão de ter um Papai Noel parrudo dando um soco no queixo de um demônio em sua frente.

Krampus após o ataque, segurou os dois braços do bom velhinho e os tirou da sua frente deixando o caminho livre para uma forte cabeçada. Os chifres duros acertando seu crânio deixaram o velho guerreiro tonto, abertura o bastante para que aquele em sua frente acertasse um soco em seu estômago.

O combate estava equilibrado, qualquer um poderia vencer e isso não era necessariamente algo bom. A Mamãe Noel verde correu na direção da luta e lançou seu corpo ao lado em uma distinta acrobacia, suas mãos tocaram o chão e o seguraram de cabeça para baixo enquanto suas pernas tornavam o impulso dado em dois poderosos chutes fizeram o demônio ir para o lado.

O velho aproveitou essa chance e seu braço direito subiu direto para o queixo do homem bode. O hobgoblin aproveitou a tontura do inimigo e saltou com as pernas abertas em sua direção, caindo sobre seus ombros, girou de uma só vez enquanto agarrava um de seus chifres fazendo o vil inimigo do natal cair no chão quase derrotado.

O monstro se afastou enquanto Papai Noel se preparava para encerrar aquilo. Levou seus dois mindinhos a boca e fez soar um alto assobio. Foi nessa hora que a Mamãe Noel voltou a ouvir fortes sons de sino, tudo se explicou quando mais uma vez o teto caiu e pelo novo buraco entraram dois búfalos enormes puxando um trenó com um saco gigante.

Os animais chegaram ao chão e correram na direção do Noel, cada um de seus passos fazendo o gelo rachar. Krampus foi finalmente derrotado quando os quadrúpedes junto do veículo passaram por cima do seu corpo e o pisotearam até a inconsciência.

O hobgoblin agora tinha que saber se seria o próximo alvo do idoso musculoso ou se poderiam seguir caminhos diferentes. Quando olhou para a figura lendária, notou também estar sendo observado por ela.

“Então gostosa, tudo isso é pra mim? Hohoho!!” Seu riso foi alto como o de um homem bêbado e alegre tanto quanto. “Quer pegar no saco do bom velhinho? Gostosa”

Para enfatizar a última frase, aparentemente o guerreiro achava necessário passar a mão pela virilha. A Mamãe Noel pensou em como recusar sem ter problemas e lembrou sobre como os humanos tinham costumes estranhos, pensando em um deles levantou sua saia e recebeu a reação esperada:

“Porra, tu é homem? Vai se fuder esquisito, não sou nenhum daqueles adoradores viadinhos do Apolo não, cacete.” Por um segundo chegou a pensar se valia a pena comer aquele homem e teve sua consciência de macho imediatamente negando. “Vaza daqui antes que eu limpe o chão com sua cara.”

Podia ir? Perfeito.

Sem pensar duas vezes o hobgoblin correu para longe, e embora tomasse cuidado para não ser atacado pelas costas, estava ansioso para voltar até sua amiga. Noel que no momento jogava com nenhum cuidado o corpo do Krampus em seu trenó, tirou um pequeno pacote do bolso.

“Oh seu esquisito do cacete, toma essa merda e tenha um natal de merda”

Quando se virou, Mamãe Noel reagiu rápido e pegou o item lançado em sua direção. O pacote revelava que havia algo longo ali, balançando a caixa, comprovou que realmente era algo longo e parecia ser grande em largura. Depois abriria.

Aidê viu aquele estranho monstro que nunca sairia de sua memória se afastar e tomou um susto quando ouviu a lendária figura natalina se dirigir a ela:

“Sabe a porra do atraso que você causou no meu cronograma, Mariela?”

Ele havia lhe chamado de que?

“Você sabe!” Ela falou com uma alegria que sentiu poucas vezes ali.

“Sou o Papai Noel caralho, eu sei de tudo, porra. Agora entra nessa merda de trenó você dois.”

Nenhum deles seria louco de recusar a carona para casa, sequer sabiam onde estavam ou se o lugar ficava perto de Alighieri. Mesmo temendo que Krampus despertasse a qualquer momento, subiram no veículo e partiram em direção aos céus.

Foi uma experiência incrível, talvez quase tanto quanto reencarnar e Aidê podia ver que seu amigo estava quase em lágrimas de tanta felicidade. Olhando para a paisagem noturna, viu algo que lhe chamou atenção.

“A gente tava em uma pirâmide asteca?”

“Cacete, os malucos que moravam aqui faziam um vinho bom do caralho.” Riu o motorista fazendo a jovem sentir seu hálito cheio de álcool que se espalhou devido ao vento.

Esteve ansiosa nos dias anteriores para que o feriado chegasse, porém depois de tudo que passou, só tinha uma certeza:

“Nunca mais comemoro o Natal.”

Picture of Olá, eu sou MK Hungria!

Olá, eu sou MK Hungria!

Finalmente!! Finalmente acabou!!!! AAAAAAAAAAAAAAAAH.

Mas enfim, olhando agora, até que foi divertido de fazer, embora pudesse ser muito melhor. Lembrando que o evento não é canônico, mas muitos dos fatos apresentados são. Então quer dizer que os acontecimentos desses capítulos não fazem parte da história principalmente, porém algumas das informações que dizem fazem.

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