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Capítulo 13 – Despertar

Algo mais profundo e perigoso que o abismo em que os deuses reinavam se instalou no meu coração. Senti a imensidão de uma ira mais vasta que o céu.

Uma energia exterior se envolveu em meu corpo dilacerado, e ali renasci. 

“Mas que merda! Acendam alguma tocha, não estou enxergando nada!” A voz do homem que me perseguiu gritou.

“Já acendi, mas parece que o fogo não tá iluminando nada!” Outro homem avisou em desespero.

Sem que eles percebessem, me levantei entre os órgãos e sangue que tiraram de mim. Me senti como o lorde de meu próprio reino naquela obscuridade.

A mesma energia que me envolveu agora estava curando meu corpo, e pude observar com precisão todo o mundo que o eclipse escureceu.

Meus instintos moveram minhas ações, e uma aura violenta se espalhou de mim. Escutei as gotas de sangue saindo dos olhos e narizes dos cavaleiros que me mataram.

“O q-que está ac-acontecendo?!” Algum cavaleiro gritou, antes de derrubar sua lança e tentar correr.

Meu corpo se moveu de maneira automática e avancei como uma besta, usando meus braços e pernas para chegar no homem em poucos segundos.

Vi o relance de temor em seus olhos quando ele se virou para a origem dos passos selvagens.

Essa ação lhe custou tempo, o que também fez custar a vida. Arranquei sua cabeça ao me agarrar em seus ombros e devorar seu pescoço.

Os outros cavaleiros tentaram correr, mas fissuras se espalharam na área e prenderam seus pés. Uma energia maligna se mostrava nas entranhas delas.

Dilacerei a garganta de todos os cinco cavaleiros, mas deixei aquele homem por último.

“Julian?! Herald?” Ele perguntou em desespero, enquanto se arrastava na grama manchada pelo sangue de seus companheiros.

“Viory? Alguém?!” Continuou gritando, afogando-se em lágrimas quando ninguém respondeu.

Fiz uma surpresa para o homem, permitindo-o enxergar naquela escuridão por apenas um instante.

Quando fiz isso, ele viu em sua frente as cabeças decapitadas e as expressões que os amigos dele fizeram antes de morrer.

Desespero, dor. Uma miséria moribunda se marcava sob o sangue.

Ele gritou em angústia e agonia, assombrado pela única visão que teve direito. Eu estava em meu domínio durante aquele momento, e o eclipse no céu tornou minha vontade absoluta.

Um sorriso se espalhou em meu rosto quando o homem que me espancou e me prendeu se perdeu em meio à insanidade. 

Sadismo nasceu dentro de mim quando lembrei das crianças presas em uma situação deplorável por culpa daqueles na mansão.

“Não é divertido quando o desespero é você que sente, né?” Questionei no ouvido dele, soltando uma risada após.

“Espero que sofra o mesmo que sofri durante quinhentos anos depois que eu te matar.” 

“Assim, você entenderá o que é a verdadeira loucura.”

Após afirmar essas palavras, perfurei as costas dele e arranquei seu coração ainda palpitante. 

Vi o reflexo de uma luz inexistente nos meus olhos amarelos ao olhar para o sangue que cobria o órgão. Essa cena fez minha mente retornar à razão e raciocínio, então olhei para a mansão.

Ainda havia uma pessoa para matar.

Entretanto, algo aconteceu. Uma presença peculiar apareceu em meu domínio. Vestia um manto completamente negro, com um capuz que escondia sua face.

Mas a mesma energia que curou meu corpo se mostrava vívida ao redor da figura.

“Vejo que seu potencial é capaz de mergulhar o mundo inteiro em um véu de trevas.” Disse a figura, revelando uma voz masculina.

Meus instintos não reagiram frente à possível ameaça, mas mesmo assim tentei atacar. Me preparei para correr, até que a escuridão que permeava tudo enfraqueceu.

A lua retornou à sua majestosa claridade, e o poder que senti logo sumiu. E então minha consciência se esvaiu.

A energia que me envolvia se enfraqueceu, mas permaneceu dentro de mim. Só pude sentir meu corpo caindo nos braços de alguém que não consegui identificar, antes de fechar os olhos.

Continuei assim por um tempo, mergulhado no âmago da minha inconsciência. Eu caminhei por uma escuridão vazia e silenciosa.

Fiquei assim pelo que pareciam horas. Até que em um momento encontrei um grande orbe de luz flutuando em minha frente.

No segundo que tentei tocá-lo, meus olhos se abriram.

Percebi estar em um quarto iluminado por um candelabro sobre uma mesa de madeira. Não havia nada além disso no ambiente, com exceção da cama em que eu estava deitado.

Me levantei com cuidado, analisando o ambiente. Percebi estar vestindo um manto completamente preto, com um capuz pendurado atrás. No outro lado do quarto, uma porta fechada me impedia de ver adiante.

Olhei debaixo da cama e depois caminhei até a porta. Me encontrei com uma escadaria de pedra que levava para cima.

Subi seus degraus que tinham a mesma cor e textura das paredes que me cercavam. Cheguei até outra porta, que abri com cuidado.

A visão que se seguiu me surpreendeu completamente. Uma grande cidade se encontrava entre várias montanhas cobertas por árvores que criavam uma proteção natural.

Eu estava na metade de uma das montanhas, e pude observar a completude da cidade por cima. Ela era vasta, inúmeros prédios e estruturas de pedra se acumulavam.

A cidade estava muito longe da minha montanha, então não consegui enxergar perfeitamente. Uma trilha de pedras criava um caminho para baixo, em direção à cidade.

Árvores acompanhavam a trilha enquanto eu caminhava por ela. Comecei a descer a montanha, os feixes de luz do sol batiam contra meu rosto.

Minha audição melhorada me fez escutar os cantos dos pássaros ao longe, o vento empurrando as folhas verdes das árvores, e os insetos e animais vivendo suas vidas no chão e nos troncos à minha volta.

“Parece que acordou de seu sono.” Uma voz feminina disse atrás de mim repentinamente. Eu não havia percebido sua presença até sua declaração.

Me virei instantaneamente, mas encontrei o rosto de uma mulher branca agachada de cabelos ruivos e olhos azuis a poucos centímetros dos meus olhos.

“Interessante… Olhos amarelos, nunca vi antes.” Ela afirmou, apoiando sua mão direita abaixo do queixo.

Meus instintos se alarmaram e tentei agarrar seu pescoço, minhas unhas estavam quase furando a garganta da mulher quando vi que meu braço congelou completamente.

Tentei recuar, mas meus pés estavam na mesma situação de meu braço. “Acalme-se. Seu corpo ainda está se recuperando do seu despertar prismático.” Ela disse enquanto se levantava, mostrando que vestia um manto preto igual ao meu. E em pé sua altura era quase o dobro da minha.

“Despertar prismático?” Indaguei para ela, tentando mover meus membros congelados. Infelizmente, falhei na tarefa.

“Seu ódio pelos deuses se conectou com a energia prismática, e agora você é um mago.” A mulher ruiva declarou enquanto fazia um gesto com as mãos.

Após isso, meu corpo se libertou do gelo estranho. Levantei meu rosto para encará-la, mas um grande par de bustos impediu minha vista.

Dei alguns passos para trás para analisá-la bem. “Não estou entendendo.” Afirmei para a mulher enquanto me preparava para qualquer ameaça extra.

“Você se tornou um mago, é isso. Agora pode usar magia e essas coisas.” Ela disse, tentando formular uma frase que fizesse sentido, mas isso só me confundiu mais.

“Ah, além disso, você agora é um criminoso do Reino Salazar. Todos nós, magos, somos.”

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Olá, eu sou Kalel K. Dessuy!

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