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Capítulo 14 – Dúvidas e Respostas

“O quê?” Questionei em tom de confusão. Ouvi o mordomo Rohn mencionar o Reino Salazar, mas ainda não sabia o que era.

E ela falou sobre a energia prismática, e se aquele livro que li estava correto, essa era uma energia longe das mãos dos deuses. Eu precisava saber mais sobre isso.

A mulher bufou e gesticulou para a seguir. Naquele momento, eu estava extremamente desconfortável. 

Tinha acabado de acordar em um lugar desconhecido novamente, sem direito a uma resposta completa.

Eu ainda era como um animal selvagem. Instintos bestiais eram meu guia, mas eles estavam quietos, e isso me fez segui-la.

Descemos a montanha lentamente. A trilha de pedras muitas vezes fazia curvas e subidas, mas depois de um tempo chegamos a uma estrutura de madeira.

Uma pequena cabana criou uma morada com uma bela vista para a cidade ao longe. A mulher entrou na cabana e entrei também logo após.

“Onde estou?” Tentei perguntar para ela, mas fui ignorado enquanto a mulher sentava em uma das duas cadeiras em volta de uma mesa de madeira.

Com olhos afiados analisei o ambiente que me cercava, mas não identifiquei nada que alarmasse meus instintos.

Sentei na outra cadeira e encarei a mulher. “Meu nome é Vivian, e o seu?” Ela disse, apoiando a cabeça em seu braço descansando na mesa.

Não respondi. O desconforto de estar cego em relação à minha situação me impediu de falar qualquer coisa sobre mim.

“Sirius, não? Aquele marquês mencionou você antes que eu o matasse.” Declarou Vivian, despertando meu interesse.

“Por que perguntou meu nome, se já sabia a resposta?” Indaguei à moça, que apenas sorriu. 

“Apenas queria testar se você está disposto a revelar algo sobre você, mas parece que não.” Revelou Vivian, encarando meus olhos com uma expressão calma.

“Escute. Eu sei que você quer respostas do porquê está aqui, e as terá. Mas antes preciso saber se você é de confiança.” Disse ela, enquanto ajeitava a postura na cadeira.

“Quem é você?” Vivian questionou em um tom sério. 

“Você já sabe meu nome.” Respondi enquanto a encarava.

“Não brinca com a minha cara, porra. Nós vimos o que você fez na mansão, aquele banho de sangue não é algo que uma criança conseguiria fazer.”

“Os ferimentos nos cadáveres de cinco dos cavaleiros da mansão estavam completamente dilacerados. Já escutei relatos de ataques de animais selvagens que deixaram corpos mais intactos que aquilo.”

Permaneci em silêncio por alguns segundos. “Eu não me lembro.” Falei para Vivian, aumentando a intensidade do meu olhar.

A mulher se levantou e tentou agarrar a gola do meu manto, mas não permiti.

Anteriormente, quando ela congelou meu corpo, havia percebido uma ondulação estranha no ambiente. Não tinha pensado muito nisso devido à situação, mas agora eu estava preparado para o seu gelo estranho.

Senti uma ondulação em meu braço direito, e no mesmo instante que percebi uma sensação fria tocando a minha pele, arranhei a área do meu membro e arranquei uma parte da minha pele.

Sangue caiu na mesa quando fiz isso, mas não me preocupei em olhar. Vivian fez uma expressão surpresa quando me viu saltar em seu rosto para matá-la.

Entretanto, uma ondulação muito mais intensa acompanhou o som de passos na entrada da cabana. Meu corpo se enrijeceu quando uma fina e dura camada de pedra me cobriu.

“Vejo que está tendo problemas com o novato.” Um homem falou, mas não consegui olhar para ele, já que eu estava caído no chão, imóvel.

“É, é. Esse bosta partiu pro meu pescoço que nem a porra dum cachorro!” Vivian reclamou, até que percebi o meu corpo voltando ao normal.

A ondulação que senti sumiu quando a camada de pedra me descobriu, e olhei para o homem.

Ele vestia o mesmo manto preto que eu e Vivian, mas era muito mais largo que ela. A cor escura de sua vestimenta não me impediu de notar os grandes músculos em seu corpo.

O homem possuía um cabelo grisalho e longo, e um maxilar grande escondido sob uma barba da mesma cor de seu cabelo.

Seus olhos eram negros, e uma extensa cicatriz horizontal marcou sua testa de pele branca.

“Onde eu estou?!” Gritei em dúvida, correndo para o canto da sala. Instintivamente analisei as janelas e todas as minhas opções de fuga, mas algo dentro de mim afirmou que eu não teria chances.

“Parece um gatinho assustado.” Vivian caçoou, antes de rir da própria piada. 

Obviamente não achei graça e troquei olhares com o homem e ela. A ondulação estranha estava presente no quarto, o que deixou minha guarda alta.

“Acalme-se, garoto. Me perdoe por confiar em Vivian para essa tarefa, eu irei te explicar o que está acontecendo.” O homem afirmou enquanto se sentava em uma das cadeiras. “Vivian, vá falar com o Roger. Ele disse que uma emergência aconteceu.” Falou novamente, olhando para a mulher. 

Ela obedeceu ao homem e saiu da cabana imediatamente.

Um silêncio se seguiu enquanto o homem me esperava sentar na cadeira em frente a ele, até que o fiz. 

“Sirius, né? Meu nome é Gael. Sou o Quarto Comandante do Exército Prismático.” Gael apresentou-se, com uma expressão calma.

Minha guarda ainda estava alta, mas isso não me impediu de falar dessa vez. “Onde estou?” Questionei novamente, em um tom sério.

Gael me olhou por alguns segundos, analisando-me. “Isso não posso dizer. Saiba que salvamos sua vida, ou seja, está nos devendo.”

“Mas não te deixarei largado sem nenhuma resposta.” Revelou Gael, levantando-se antes de caminhar até uma janela com vista para a cidade.

“Este reino sujo é dividido em dois lados. Nós, os magos, e os cães militares da Realeza, os postulados. Somos caçados desde muito tempo, e fomos forçados a nos esconder entre montanhas e cavernas.” Declarou o homem, em um tom melancólico.

“E por que estou aqui?” Perguntei para ele, ansiando por respostas.

“Você experienciou o despertar prismático. Todos os magos já experienciaram isso, mas você foi um caso especial.” Revelou Gael, olhando-me com o canto dos olhos.

“Seu despertar afetou o reino inteiro, e talvez até o mundo. Relatos de um eclipse no meio da noite chegaram até mim, vindos do outro lado do continente.”

“Isso nunca aconteceu. Despertares prismáticos ocorrem quando algum sentimento intenso se torna capaz de afetar a realidade, e então se conecta com a energia que chamamos de energia prismática. Já houve casos em que cidades foram completamente congeladas e florestas alagadas, mas nunca um despertar do seu nível ocorreu.” Declarou o homem, virando-se para mim.

“Seu potencial é fora da curva. Você teve sorte que nós estávamos perto da área, senão os postulados da Realeza teriam chegado antes e você estaria sendo torturado nesse exato momento, mesmo uma semana depois.”

Fiquei em silêncio por alguns segundos, absorvendo as informações. ‘Agora eu sou um criminoso?’ Pensei comigo, imaginando as consequências de um despertar tão chamativo.

“Ainda tenho os poderes que obtive durante o despertar?” Questionei para o homem, encarando-o.

“Neste momento, não. As capacidades que um mago ganha durante seu despertar equivalem ao seu potencial máximo, mas depois que o despertar acaba, você tecnicamente volta ao normal. Com exceção de que depois do despertar, você consegue sentir a energia prismática e manipulá-la.” Revelou Gael.

“Mais alguma pergunta?” Ele questionou, caminhando até a porta. Um curto silêncio se seguiu após isso.

“Como eu fico mais forte? Forte o suficiente para matar um deus.”

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Olá, eu sou Kalel K. Dessuy!

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