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Capítulo 16 – Multicoloração 

Minha mente se tornou enublada após esses pensamentos. Entendi brevemente os sentimentos que formavam minha pessoa, e essa compreensão fez meu raciocínio se afogar em memórias traumatizantes e o sofrimento pelo qual passei.

“A dor que já senti será aquilo que me tornará forte.” Declarei em voz alta, olhando para o nada. 

Essas eram palavras vazias, que não provaram nada naquele momento. Entretanto, os significados que essa frase trazia consigo fizeram minha ambição ferver.

Junto com essa ambição, algo despertou em mim. Minha visão tremeu, e fios multicoloridos apareceram no ambiente.

Eles flutuavam e atravessavam as paredes e estantes, colorindo a paisagem cinza e empoeirada. Alguns fios eram dominados inteiramente por apenas uma cor, e outros variavam por todo o espectro de luz visível.

Os fios me ignoraram, e também os ignorei. Afinal, uma sensação fervente se instalou atrás dos meus olhos.

Algo lá ocupou um espaço que eu nunca havia percebido. Era quente, parecia que ia empurrar meus olhos para fora de meu crânio.

Deitei no chão, apoiando minhas mãos em meu rosto, gemendo de dor. A sensação não era horrível o suficiente para me fazer gritar, mas foi extremamente desconfortável.

Após alguns minutos, a dor começou a diminuir. Levantei lentamente após me estabilizar, tentando focar minha visão.

Não enxerguei os fios no primeiro momento, até que depois de alguns segundos, descobri que eu conseguia vê-los quando quisesse.

Eu de alguma forma conseguia alternar minha visão para enxergar os fios a qualquer hora, e meus instintos me ajudaram a descobrir isso rapidamente.

Ainda sentia o espaço atrás dos meus olhos, mas ele não me incomodava mais. Tentei buscar informações sobre isso no livro. Infelizmente, não entendi mais nenhuma frase completa.

Quando comecei a procurar outros livros relacionados à magia, uma voz feminina vinda da porta me chamou.

“O que está fazendo?” Perguntou uma mulher de pele branca. Ela possuía um cabelo castanho e liso que descia até o fim das suas orelhas, e olhos verdes e pequenos. Sardas decoravam seu rosto com uma expressão de raiva.

Não falei nada e continuei minha procura por conhecimento. “Você é a criança nova?” Questionou a mulher, mas a ignorei novamente.

Meu desespero por informações não me permitiu dividir minha atenção. A mulher bufou e caminhou em minha direção, mas a encarei com o canto dos meus olhos.

Eu estava disposto a matar qualquer um que ameaçasse meu caminho pela força, e ela era uma candidata à minha próxima vítima.

Essas foram as intenções que coloquei no olhar, e ela entendeu imediatamente, pelo visto. Seus passos foram interrompidos quando percebeu o que eu faria se ela chegasse perto, e então me olhou com uma expressão surpresa.

Ela engoliu sua saliva e se retirou da sala após isso. “Te deixarei terminar sua leitura, estarei te esperando na sala dezessete.” Falou a mulher enquanto fechava a porta da biblioteca.

Terminei minhas tentativas de leitura após algumas horas. Infelizmente, não entendi absolutamente nada mais. Decidi voltar depois de aprender completamente esse idioma.

Saí da biblioteca e olhei em volta. Outras portas se espalhavam pelo corredor em que eu estava, e tentei ler as placas.

Infelizmente, ainda não sabia contar, então comecei a abrir todas as portas. Eventualmente, cheguei à sala onde a mulher disse que me esperaria.

Era semelhante ao escritório de Gael, mas tinha menos papéis na mesa no centro da sala e menos estantes com livros.

E, além disso, as duas cadeiras de madeira pareciam igualmente confortáveis. A mulher estava me encarando com uma expressão estranha.

“Sente-se.” Ordenou a mulher, e obedeci. “De onde você é?” Perguntou ela. “Oh, perdão. Meu nome é Amanda.”

Pensei na resposta por alguns segundos. “Não me lembro.” Revelei à mulher.

Amanda ergueu sua sobrancelha em dúvida, mas não questionou a veracidade da minha resposta. “Gael me deu a tarefa de dar algumas informações para você.” Declarou a mulher.

“Sua situação é única. Não é comum crianças passarem por um despertar, muito menos um intenso como o seu. E já que você se recusa a nos dar respostas reais sobre sua identidade, é difícil confiar em ti.”

“Mas a sorte está do seu lado e um dos nossos magos, Roger, está disposto a te aceitar como pupilo. Ele te ensinará sobre magia e lhe disciplinará, além de te passar algumas responsabilidades.”

Eu não sabia o que responder. Não entendi completamente as palavras da mulher, mas acabei aceitando.

“Ótimo. Mais alguma pergunta antes que eu te leve para a casa de Roger?” Perguntou Amanda, despertando meu interesse.

Perguntas lotavam minha mente, e aproveitei a oportunidade. 

“Onde essa cidade fica? Por quantos anos terei que ficar aqui? Vocês têm mais livros sobre magia? Como eu aprendo a ler? Vocês acharam algum cristal vermelho na mansão ou uma espada enferrujada?”

Bombardeei a mulher com inúmeras perguntas, mas felizmente consegui algumas respostas. 

“Você não tem permissão para sair do alcance das montanhas enquanto não provar sua lealdade, por isso não responderei sua primeira pergunta. E quantos anos você tem?” 

“Não sei.” Respondi honestamente.

Amanda bufou enquanto franzia a testa. “Você parece ter mais ou menos dez anos. Como eu disse, poderá sair quando provar sua lealdade, ou se mostrar competente o suficiente para concluir certas tarefas e missões. Isso dependerá apenas de você.”

“E sim, temos vários livros sobre magia, mas não te entregaremos imediatamente. Sobre sua leitura, pode pedir para Roger te ensinar.”

Após suas respostas, Amanda de repente fez uma expressão surpresa, como se tivesse percebido algo. “Como você sabe sobre o cristal de mana? E aquela espada esquisita era sua?” Questionou a mulher.

“Aquele cristal é meu. E a espada também. Podem me devolver?” Pedi para ela, e um silêncio se seguiu por poucos segundos.

“Te devolveremos o cristal, afinal é apenas a lasca de um cristal de mana vermelho comum. Mas aquela espada está sendo analisada por um de nossos magos.” Declarou a mulher, procurando algo entre os papéis sobre a mesa.

“Como assim? Aquela espada é minha, não há nada de estranho nela.” Respondi, tentando entender o significado por trás de suas palavras.

“Foi identificado um tipo estranho de energia naquela lâmina, estamos estudando esse evento. Até lá, você pode usar qualquer arma disponível em nosso estoque.” 

“E você disse que aquele cristal é comum. Isso é verdade?” Questionei.

“Sim? Você realmente não conhece sobre os cristais de mana? Até mesmo os plebeus mais ignorantes cobiçam os menores pedaços de um.”

“Vou deixar os detalhes para o Roger te ensinar, mas saiba que esses cristais são um dos únicos materiais que a energia prismática é capaz de ser armazenada. Quanto mais puro for um cristal, mais perto do violeta ele estará.” Revelou Amanda, continuando sua procura entre os papéis.

“Pra que servem?” Perguntei.

“Bom, depende do mago. Quando quebrado, um cristal de mana libera energia prismática, e quanto mais puro for, melhor será. Pode ser usado para criar armadilhas e sistemas mágicos complexos, e já ouvi falar de magos capazes de guardar feitiços inteiros dentro de um cristal. Mas não sei se isso é verdade.”

“Espera, eles não são capazes de curar alguém ou deixar o corpo de uma pessoa mais forte?” Questionei, surpreso pelo fato de ela não ter mencionado isso.

“Quê? É claro que não. Cristais de mana não são capazes disso.”

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Olá, eu sou Kalel K. Dessuy!

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