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Capítulo 19 – Sangue Em Pelagem Cinza

No momento que me percebi cercado, minha guarda se levantou muito mais do que o normal.

Meus instintos auxiliaram meus sentidos para desviar ou fugir se necessário, mas não fiz isso. A magia que fui capaz de exercer era o suficiente para vencer aquela batalha.

Me virei enquanto criava outro raio e finalmente matava o lobo em meus pés. Não poderia arriscar ser atrapalhado em uma situação como aquela.

Com o som estridente da magia que criei, os outros lobos rosnaram mais ainda, recuando poucos passos para trás, antes de começarem a me rodear.

Devido à fome, não fui capaz de testar muitas magias ou formas possíveis, o raio era a única coisa que me acostumei a usar até aquele momento.

Entretanto, em um segundo de desatenção, um dos lobos saltou em direção ao meu pescoço. Graças ao meu reflexo, desviei e com fios marrons criei uma pedra em minha mão, acertando a mandíbula da criatura enquanto me abaixava.

Ela tropeçou ao aterrissar, tentando se recuperar do impacto após isso. Ao ver essa cena, uma ideia arriscada surgiu em minha mente.

Um sorriso se espalhou em meu rosto, antes de começar a seguir meu próprio plano. Metade do espaço atrás de meus olhos estava vazio, mostrando minha desvantagem. Além disso, fios amarelos não mais restavam nele. Ou seja, não conseguiria usar mais raios.

Dei alguns passos para trás, distanciando-me de meus inimigos. Peguei uma pedra no chão e atirei em um dos lobos, provocando-os.

Assim como previ, ele correu em minha direção e pulou, tendo como alvo minha jugular. Infelizmente para ele, não se encontrou comigo, mas sim com um grande espinho de gelo na árvore anteriormente atrás de mim.

Desviei para o lado, testemunhando o espinho atravessar a boca aberta do lobo, que caiu morto no chão logo após.

Um líquido carmesim se espalhou pelo espinho horizontal que criei, manchando sua forma gélida e imaculada.

Criando algo tão grande, quase todo o espaço atrás de meus olhos se esvaziou, restando apenas alguns fios vermelhos e marrons.

Com isso, usei os poucos fios marrons para cobrir meus punhos com uma camada de pedra, me concentrando para criar as brechas necessárias para articular minha mão à vontade.

Vendo meus movimentos, o outro lobo recuou mais passos, provavelmente com medo por não entender o que aconteceu com seu companheiro.

Entretanto, ainda era um animal selvagem, e devia estar com fome. Cedendo a seus instintos, repetiu a ação de seu parceiro agora morto.

Tudo ao meu redor ficou lento quando usei todos os meus instintos e intuição para desviar do ataque, antes de contra-atacar.

O lobo rapidamente começou a atravessar a posição em que antes eu estava, centímetros ao meu lado. Mas uma parte do meu corpo ainda estava ali, meu braço esquerdo. Percebi que o lobo tentou abrir sua boca para morder minha mão, mas algo aconteceu quando seu rosto se aproximou.

Um pequeno feixe de fogo saiu de minha palma, colidindo à queima-roupa com os olhos do lobo, derrubando-o no chão.

Ele gritou de dor, sentindo seus globos oculares queimarem com o fogo que criei, usando os únicos fios vermelhos no meu espaço.

Não hesitei e pulei em direção à fera confusa, segurando sua mandíbula e seu nariz com uma mão cada, e abrindo-os.

Usei toda minha força para separar o rosto do lobo de maneira anormal, antes de socar seu crânio com meus punhos cobertos de pedra.

O lobo tentou se levantar e correr, mas me agarrei em seu pescoço por cima enquanto ele cegamente colidia contra as árvores ao longo da montanha.

Quase fui derrubado, porém, consegui perfurar meus dedos em seus olhos, segurando-me para não cair. Em um momento, o lobo tropeçou e caiu no chão, e ali aproveitei para finalizá-lo.

Soquei seu nariz várias vezes, impedindo-o de respirar antes de o enforcar com meus braços. Após poucos minutos, a criatura parou de convulsionar e tremer. 

Deitei ao lado do cadáver peludo, e desfiz a camada de pedra em minhas mãos. Olhei para o céu noturno enquanto respirava de maneira ofegante. ‘Será que eu conseguiria matar aquela fera marrom que encontrei naquele rio?’

Esse pensamento ingênuo logo sumiu quando percebi meu estado. Eu estava sujo, cheio de hematomas ao redor do corpo, o espaço atrás de meus olhos estava completamente vazio. E minhas mãos estavam machucadas devido aos socos cobertos em pedra que dei.

Entretanto, eu estava vivo. Havia matado três lobos, pouco tempo depois de descobrir como usar magia.

‘Devo treinar. Magia não adiantará de nada se meu corpo estiver fraco e eu morrer com um ataque. Preciso aprender sobre aquele cristal vermelho para saber como me fortificar.’

Eu obviamente iria me fortalecer da maneira convencional também, com exercícios físicos e treinamento pesado. Mas a sensação que aquele cristal me trouxe não tinha igual, era uma vantagem rápida e valiosa. 

Descansei por alguns minutos, deitado na grama. Escutei zumbidos de mosquitos tentando furar minha pele, mas eles falharam na tarefa. 

Coloquei o corpo do lobo em minhas costas, enquanto o carregava montanha abaixo. Tive que deixar o cadáver dos outros para trás.

Após uma hora me encontrei no sopé da montanha. Caminhei pelo gramado que envolvia a cidade, me esforçando para não deixar o grande corpo da criatura escorregar pelos meus braços.

A fera era maior do que eu, mas consegui levá-la até a casa de Roger. Após alguns segundos tentando desvendar como abrir a maçaneta, encontrei o homem sentado no sofá, bebendo de uma garrafa.

Seus olhos se arregalaram em espanto quando me viu carregando o cadáver de um lobo nas costas. Ele se levantou em desespero, antes de correr até mim.

Roger começou a vasculhar meu corpo, com uma cara preocupada. “Você está bem?! Se machucou em algum lugar? Me fale para eu o levar pra Lívia te curar com magia de luz!” Exclamou o homem, se mostrando realmente preocupado com minha saúde.

“…Eu estava com fome. Só saí para caçar, estou bem.” Eu disse, tentando entender a razão por trás das ações do homem. 

Conheci ele ainda naquela noite. Na minha cabeça, não fazia o mínimo sentido o homem interromper sua bebida para simplesmente checar meu estado.

“E por isso você caçou um lobo adulto? Era só pedir pra mim! Eu tenho várias carnes congeladas lá trás!” Declarou o homem, tirando o lobo de meus braços.

Ali permaneci parado, em silêncio. Observei Roger, se esforçando para levar o lobo até uma porta perto da escada, e voltar poucos minutos depois.

“Vá descansar lá no seu quarto, eu vou cozinhar a carne para você.” Falou o homem, apontando para a escada que levava pro segundo andar.

“Espere. Você disse algo sobre magia de luz. O que é isso?” Questionei, eu não sabia sobre esse tipo de magia.

“Vá logo. Amanhã te responderei qualquer dúvida e lhe darei mais delas também.” Revelou Roger, caminhando até a porta em que levou minha caça, mas ele parou antes de ir para o próximo cômodo.

“Pera aí. Como caralhos você matou um lobo?” Perguntou o homem, virando-se com uma expressão de espanto para mim.

Fiquei surpreso com a pergunta, eu não havia pensado em uma resposta. Entretanto, resolvi ser honesto.

“Magia.” Revelei de maneira indiferente, e o espanto no rosto de Roger aumentou.

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Olá, eu sou Kalel K. Dessuy!

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