Selecione o tipo de erro abaixo

Capítulo 27 – Oponente Desconhecido

A criatura monstruosa me lembrou de algo que eu estava acostumado: demônios.

Os seres que me caçaram por tanto tempo, e os quais também cacei de volta, não esperava vê-los novamente após me libertar do lugar infernal.

No entanto, os demônios que matei não tinham a energia do abismo como o na minha frente, e isso era estranho.

‘Isso é culpa dos deuses?’ Indaguei, analisando o monstro que batia suas asas escuras no ar, permanecendo no mesmo lugar.

‘Aquela deusa brilhante não disse que me protegeria e impediria os deuses de tocarem em mim?’ Lembrei, tentando entender o motivo daquilo.

A incompetência da silhueta de luz me incomodou, mas não me senti ameaçado quando pensei no assunto. 

Claro, não tinha nem sequer uma fração do meu poder original, mas entendia perfeitamente como os demônios agiam.

Essa experiência secular era o suficiente para relaxar minha situação, entretanto, obviamente não subestimei o ser em minha frente.

Observei suas ações e tentei me lembrar dos demônios parecidos com morcegos que um dia matei. Felizmente havia matado tantos que vagamente sabia como seus corpos funcionavam e sua anatomia básica.

Meu inimigo não tomou nenhuma iniciativa, por isso o fiz. Cortei a palma da minha mão direita superficialmente, usando minha adaga.

Fiz isso por um motivo importante: demônios se tornavam descontrolados ao ver sangue. Por isso lutei incessantemente boa parte da minha vida, afinal sempre permaneci coberto de sangue em um ciclo interminável de mortes.

A vermelhidão dos olhos do demônio se intensificou, e o mesmo avançou rapidamente até mim.

Estiquei meu braço direito e a palma ferida em sua direção, fazendo pingar ainda mais sangue. 

Isso pareceu enfurecer o monstro, que aumentou sua velocidade como resposta. Infelizmente para ele, empunhei minha espada com meu braço esquerdo e me posicionei de um jeito que escondesse a lâmina alinhada com meu braço direito.

Recuei meu braço esticado e avancei a espada, fazendo com que no lugar de sangue fresco, ele encontrasse uma lâmina fria que atravessou seu corpo inteiro.

O monstro era grande o suficiente para sua boca chegar até a guarda da espada quando foi perfurado completamente, e o mesmo lentamente começou a se transformar em uma energia que se desprendeu da minha arma.

Ainda fiquei atento, pois a energia do abismo não havia sumido.

Observei a energia vibrar freneticamente, avançando e instantaneamente recuando para várias direções aleatórias.

Ela fez isso até certo ponto, quando em menos de um instante moldou-se em uma esfera igual a outra, e novamente um morcego saiu dela.

Parecia o mesmo monstro, mas ele estava vivo e sem nenhum ferimento.

Isso me surpreendeu, e o demônio avançou até mim quando notou o sangue escorrendo pela minha mão. 

Cortei horizontalmente, atravessando o rosto do morcego gigante quando ele se aproximou. Isso fez ele cair no chão alguns metros longe de mim, antes de se regenerar novamente.

‘Que merda é essa?’ Pensei, tentando encontrar algum jeito de matar meu oponente.

Essas trocas se repetiram mais quatro vezes, ele se aproximava e eu o matava, antes dele se regenerar novamente. 

Tentei atacá-lo no momento que ele saía da esfera, mas isso não adiantou. Esse ciclo permaneceu até que em um momento tentei atacá-lo com magia, usando um raio.

Pela primeira vez o monstro desviou, e percebi isso na hora. Meus instintos me deram a certeza que o demônio, por algum motivo, temia feitiços.

Entretanto, não criei nenhum feitiço para atirar, não queria gastar fios à toa. 

Levei minha palma ferida até minha boca, e mordi a ferida, abrindo-a e fazendo mais sangue escorrer.

Um líquido carmesim desceu pelo meu antebraço e manchou meu manto preto, mas isso fez o morcego sair de sua posição passiva e me atacar.

Enganei-o novamente, perfurando seu corpo com minha espada, mas não antes de emaranhar o metal de sua lâmina com vários fios amarelos e vermelhos.

Fumaça saiu de dentro da garganta do monstro, que estava centímetros longe da minha mão que segurava o cabo.

Controlei mais fios para entrarem nas laterais de sua boca, e fiz uma variedade de ataques mágicos no interior da criatura.

Após alguns segundos, o monstro explodiu e a energia do abismo fluiu para longe.

Toquei no cristal de mana que estava em meu bolso, curando minha ferida. O machucado era superficial o suficiente para não afetar a claridade.

Olhei em volta com cuidado, procurando algum outro inimigo. Felizmente, nenhum outro morcego ou demônio apareceu.

‘Isso foi fácil até demais. Pelo visto magia é a única coisa que mata essas criaturas.’ Notei, adicionando um motivo na lista para treinar meu controle sobre a energia prismática.

Mantive minha cautela e retornei meu caminho até a casa de Roger.

Após alguns minutos cheguei até ela, mas não havia ninguém lá.

Sentei-me no sofá depois de apoiar minha espada ao meu lado. Então comecei a treinar minha visão prismática, dessa vez com a intenção de finalmente conseguir enxergar os fios de ar.

Instintivamente apertei os olhos, como se estivesse tentando enxergar algo ao longe. Isso não adiantou de nada, então tentei outras alternativas.

Fiquei uns vinte minutos tentando várias coisas inúteis, até que tive uma ideia. Alternar minha visão para enxergar os fios de mana era como abrir uma segunda pálpebra, uma camada de pele inexistente.

Não exatamente isso, mas essa era a sensação. A primeira abertura me permitia enxergar o mundo e suas cores, e a segunda me mostrava a energia prismática.

Com isso em mente, tentei apertar as “duas camadas de pálpebras”, estranhando a sensação. Era como tentar mover um membro que não existia.

Entretanto, isso deu certo. Não apenas fios fracamente verdes apareceram, como notei que os fios convencionais tinham mais detalhes. 

Suas completudes não eram mais apenas de uma cor brilhante, seus corpos possuíam várias entonações da mesma cor, e alguns fios eram mais intensos que outros do mesmo elemento.

‘Os fios não são todos iguais.’ Percebi, abandonando a opinião de que a única diferença entre os fios eram seus elementos. Cada um deles agora era único, possuíam características próprias.

Tentei controlar os fios vermelhos mais intensos que encontrei, que não tinham nenhuma parte menos colorida que a outra.

Infelizmente não achei nenhum fio perfeito, mas encontrei vários que podia usar quando diminuí os requisitos.

Juntei uns trinta fios quase inteiramente vermelhos, possuindo apenas algumas partes mais fracas e menos coloridas.

Isso resultou em uma bola de fogo extremamente violenta e poderosa, muito mais volátil e viva que os outros feitiços do mesmo tipo que já criei.

Ali percebi que a arte da magia não era tão simples quanto emaranhar fios em formas. Para usar todo o potencial de um elemento, eu deveria encontrar os fios mais perfeitos ao meu redor.

Refiz o mesmo feitiço com fios mais pobres e menos intensos, o que resultou em uma bola de fogo normal, mas nada extraordinária.

As vantagens de filtrar os fios na hora de emaranhar um ataque se mostraram óbvias, e fiquei feliz em perceber isso cedo.

Continuei meus testes com outros elementos.

Fios de gelo mais intensos criavam uma superfície muito mais rígida e límpida, terra se mostrou muito mais sólida e resistente, raios ficavam muito mais rápidos e voláteis.

Tentei controlar fios de ar, o que se mostrou mais fácil do que pensei. Era só envolver algo nesses fios que me permitia controlar e flutuar objetos.

Não tive nenhuma ideia de criar qualquer ataque com esses fios na hora, portanto, deixei isso para mais tarde.

Os fios de luz e escuridão ainda eram difíceis de controlar, mas uma ideia surgiu em minha mente.

Procurei os fios de luz menos intensos e brancos, consequentemente mais fracos, e isso me permitiu finalmente controlá-los. 

Picture of Olá, eu sou Kalel K. Dessuy!

Olá, eu sou Kalel K. Dessuy!

Comentem e avaliem o capítulo! Se quiser me apoiar de alguma forma, entre em nosso Discord para conversarmos!

Clique aqui para entrar em nosso Discord ➥