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Capítulo 4 – Incapacidades e Desvantagens

Não demorou muito para meu novo corpo começar a me irritar, já que quase morri afogado quando tentei atravessar o rio.

Era difícil controlar esses membros pequenos e fracos, eu precisava fazer algo urgentemente. Mas isso não foi um problema tão grave até algum tempo depois.

Minha barriga começou a roncar. Eu estava faminto, mas incapaz de caçar algo. No lugar infernal, a comida nunca foi um problema, já que sempre havia demônios por perto. Matar e comer suas carnes cruas havia se tornado um costume.

Mas não tinha visto nada se mexendo a não ser a água do rio, então avancei sem rumo.

Conforme explorava o local, algumas memórias voltaram. Consegui reconhecer coisas comuns, como árvores e alguns pequenos animais que encontrei. 

E esses animais se tornaram meus alvos. Lembrei-me um pouco sobre coelhos depois de encontrar e observar alguns. Meu corpo pequeno era útil para me esgueirar e isso me fez refletir.

Força bruta era um não, correr atrás também. A resistência e capacidade física do meu corpo eram inúteis, então precisava usar outra vantagem.

Minha espada era completamente inútil no momento, já que eu não tinha força o suficiente para manuseá-la efetivamente.

Por sorte, encontrei uma pedra com um formato semelhante a uma lâmina, e após alisar em uma rocha áspera acabei afiando-a.

Usei meus instintos para transformar aquilo em algo útil e eventualmente criei algo parecido com uma faca de arremesso.

Lembrei sobre dia e noite quando percebi que o ambiente estava ficando menos iluminado. Me apressei em conseguir minha primeira caça, não poderia arriscar dormir sem comida para o dia seguinte.

Observei os coelhos por alguns minutos e tentei prever o caminho que seguiriam, e então subi em uma árvore. Minha força provavelmente não era o suficiente para matar um coelho com apenas um arremesso, senti que deveria usar o peso da faca também.

Nesses momentos o instinto de sobrevivência que adquiri naquele lugar se provou realmente útil.

Esperei por alguns minutos. Já estava anoitecendo, então meu tempo estava acabando rapidamente.

Mas infelizmente falhei. Havia escurecido completamente quando percebi que falhei em obter comida.

Escolhi permanecer em cima da árvore para pernoitar, pois, achei ser mais seguro. No entanto, pouco tempo depois ouvi barulhos baixos abaixo de mim.

Eram rápidos e leves, exatamente iguais aos de um coelho. Ele provavelmente estava voltando para a toca para passar a noite, e eu aproveitaria isso.

Não havia chances de enxergá-lo naquela escuridão total, muito menos matá-lo. Mas mesmo assim tentei.

Os passos estavam se aproximando, então a toca estava perto da minha árvore, por sorte. O problema é que estava rápido, mais alguns segundos de hesitação e eu perderia a chance.

Me endireitei e respirei. Usei todo e qualquer instinto que obtive ao sobreviver por quinhentos anos em um lugar recheado de monstros.

Os passos se aproximavam a cada respiração. Então, atirei a faca. Um silêncio se seguiu, e não escutei mais passos. No completo breu da escuridão noturna, acertei o coelho.

Desci com cuidado e passei a mão pelo chão para achar minha caça. Mas para minha surpresa, comecei a ver contornos à minha volta. 

Eram os contornos das árvores, meus olhos estavam se acostumando com o escuro após esse tempo. Graças a isso agora poderia encontrar o coelho mais facilmente.

Me concentrei e os contornos ficaram menos vagos, assim comecei a saber para onde ir. Olhar para o chão era como olhar para a escuridão total, mas acabei percebendo um contorno branco em uma parte específica do chão.

Lá estava, minha primeira caça. Agora eu poderia dormir em paz ao saber que poderia comer quando amanhecesse. 

Subi para a árvore novamente, mas um problema novo e óbvio surgiu. Não tinha dado tanta atenção, pois estava acostumado, mas eu estava completamente nu.

No lugar infernal, meus pelos e escamas me protegiam do frio, mas agora estava sem nada. Não tinha percebido, pois, de dia estava tranquilo, mas agora a temperatura esfriava a cada minuto.

Quase caí da árvore quando tentei descer rapidamente, não sabia o que fazer. Iria morrer congelado caso não fizesse algo.

Corri arrastando a espada no chão na mão esquerda, e o coelho com a faca na outra. O sangue estava escorrendo pelo meu torso, me deixando molhado e com mais frio.

Acabei não percebendo um contorno e colidi contra uma árvore. Caí no chão e perdi meu coelho, então tentei achá-lo.

Deslizei minhas mãos desesperadamente pela terra úmida, até que achei uma cavidade abaixo da árvore que bati. Seu tronco criou um tipo de pequeno abrigo onde meu corpo encaixava.

Infelizmente não achei o coelho, portanto, caí deitado na cavidade. Ela até era funda e, então, consegui me proteger do frio.

Apontei a espada para a saída do meu abrigo improvisado e caí no sono após algum tempo. Não arriscaria morrer durante o sono para algum predador, por mais que eu provavelmente não poderia fazer nada caso um aparecesse.

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Olá, eu sou Kalel K. Dessuy!

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