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Capítulo 51 – Torre

Fiquei extremamente preocupado ao perceber que não havia nenhum fio de energia prismática flutuando no ambiente.

Aquilo deveria ser impossível, mas nem mesmo um fio verde podia ser visto. Isso significava que eu não podia contar nem com meu corpo e nem com mana.

Minha situação era verdadeiramente sombria.

Analisei a corrente que me prendia e ela era resistente e apertada, sua base parecia vir debaixo da cama. Não tinha força suficiente para levantá-la e testar.

‘Esse mago tremeria na frente do mais fraco demônio que já matei. Não será ele o responsável pela minha morte.’ Declarei mentalmente.

Continuei estudando o quarto, me esforçando para caminhar. Não havia nada além da cama, um armário elegante e uma pequena mesa do outro lado do quarto. Além das decorações luxuosas nas paredes e chão, é claro.

 Para minha felicidade, raramente um fio de energia prismática aparecia, e todos pareciam estar sendo arrastados em uma única direção.

Tive que rapidamente absorvê-los antes que fugissem do meu alcance e encher meu núcleo com as migalhas que apareciam. Depois de duas horas, havia absorvido mana de vento o suficiente para empurrar um pequeno objeto.

Outros tipos de mana apareceram também, mas foram tão poucos fios que não conseguia fazer nada com eles.

De repente, a porta do quarto se abriu enquanto eu analisava um candelabro apagado em cima da mesa.

Uma mulher branca de meia-idade e cabelo escuro vestindo roupas de empregada entrou, carregando uma travessa de prata. Não precisei do olfato avançado que perdi para sentir o cheiro delicioso de comida dentro.

A mulher não falou absolutamente nada, apenas levou a travessa para a mesa. Vi a liberdade em minha frente e meus instintos enlouqueceram, me fazendo tentar correr para fora.

Obviamente a corrente me impediu e eu caí no chão, cuspindo sangue. Aquele pequeno esforço foi demais para meu estado atual.

“C-Cof cof…” Tossi ao tentar me levantar, mas falhei e caí novamente. “Por favor… Me ajude…” Implorei pela primeira vez.

No início ela não esboçou nenhuma reação, mas um sorriso de canto surgiu em seu rosto. Ela então caminhou para fora do quarto, pisando em cima do meu braço fino.

Meus gritos abafaram o som do meu osso quebrando por conta de seu peso, mas sua risada foi mais alta antes de fechar a porta.

Senti a dor latejante em meu braço agora anormalmente partido ao meio. ‘Desgraçada!’ Gritei em minha mente.

Mordi o tapete para aguentar a dor. Um simples braço quebrado não deveria ser nada para mim, mas meu corpo estava tão frágil que um simples incômodo como esse conseguia afetar minha resiliência mental geralmente inabalável.

‘Eu vou matar todos nessa torre…’ Jurei antes de desmaiar novamente.

Acordei um tempo depois, ainda atormentado pelo meu braço. Me levantei e caminhei até a mesa, onde abri a travessa.

Uma refeição recheada de carne e vários legumes apareceu. Seu cheiro era no mínimo sublime, então não me segurei em atacar a comida.

Devorei-a como um animal selvagem, sem qualquer tipo de modos ou limites. Eu precisava de energia e aquela comida poderia me fornecer um pouco.

Em alguns minutos terminei de comer tudo, antes de cair no chão e me apoiar na cama. Rasguei o lençol e enfaixei meu braço firmemente.

Continuei procurando mais fios o restante do dia. Já havia anoitecido e nem mesmo um terço do meu núcleo estava cheio.

Os outros elementos além do vento eram muito raros, quase nem apareciam. ‘Será que é por causa da altura da torre?’ Indaguei ao olhar pela janela.

Ela era gradeada, como se eu de alguma forma conseguisse escapar por lá.

A mulher novamente apareceu de noite, trazendo consigo outra travessa de comida. Seu rosto era indiferente, como se algumas horas atrás não tivesse quebrado meu braço.

Ela estava prestes a sair do quarto segurando a outra travessa e a observei.

‘Vou te fazer sofrer.’ Pensei ao encarar seus olhos antes que ela fechasse a porta completamente.

Eu estava internamente dominado pelo ódio. Aquele mago tirou minha maior vantagem, aquela mulher ousou quebrar meu braço, e eu estraguei a missão.

Meus músculos definhados mal pareciam conseguir segurar minha ira, mas me segurei. Eu ainda tinha que fugir para me vingar.

‘O que será que está fazendo agora, Vivian? Duvido que esteja me procurando. Espero que tenha voltado para as montanhas.’ Pensei ao olhar a cidade de Furtel sob a lua.

‘Preciso ter paciência. Meu corpo não vai se recuperar tão cedo, preciso acumular mais energia e gordura com a comida que me dão.’

Terminei de devorar meu jantar, então dormi. Precisava priorizar meu descanso para me recuperar rapidamente.

Contradizendo minha situação horrível, acordei com um sorriso.

Afinal eu planejei uma estratégia durante a noite, algo que me permitiria recuperar minha força e causar um massacre do topo até a base daquela torre.

Não mais me importava com discrição. Mataria qualquer um que eu visse, inocente ou não, até sair daquele lugar. 

Abandonei qualquer sentimento ali. Eu precisava ser o mais forte possível até alcançar a liberdade, qualquer culpa ou emoção apenas me atrasaria.

Além do ódio, é claro. Ele seria meu combustível.

Tudo continuou do mesmo jeito por dois dias. A mulher continuou trazendo meu almoço e jantar, e a cada vez eu me imaginava torturando seu corpo.

Entretanto, uma figura familiar infelizmente apareceu. O mago de repente abriu a porta enquanto eu caçava energia prismática para pelo menos encher metade do meu núcleo.

“Olá, garoto.” Ele falou com um sorriso claramente falso. Não respondi seu gesto, apenas o encarei.

“O que aconteceu com seu braço?” O homem questionou, preocupado. Era óbvio que sua “comida da imortalidade” era importante para ele.

‘A vadia imunda que te serve pisou nele.’ Me segurei para não dizer isso, mas preferi manter minha aparência infantil.

“A moça que me traz comida pisou nele…” Revelei com um falso choro assustado.

O homem pareceu irritado, mas não falou mais nada sobre.

“Enfim, você vai ficar aqui por um tempo, garoto. Mas não é tão ruim, né? Te alimentarei com a melhor comida do reino, você terá várias outras empregadas te cuidando, terá essa vista privilegiada… Esse quarto confortável…” O homem listou os benefícios que ganhei em troca de tudo que me era importante.

“Apenas precisarei do seu corpo de vez em quando, por isso você precisa comer bastante, hein? Engorde muito pro seu corpo ficar saudável.” Anunciou animadamente.

Como se tivesse aparecido apenas para dizer aqueles absurdos, ele se preparou para sair e fechar a porta, mas o impedi.

“Cristal prismático.” De repente falei, olhando para ele.

Seu rosto ficou sério e ele retornou para o quarto. “Quê?” Indagou ao se aproximar de mim.

“Meu corpo ficou daquele jeito porque toquei em um cristal prismático vermelho… Foi o que meu pai disse pra mim. Este é o meu dom.” Revelei sem qualquer hesitação. “Se quiser que eu me recupere mais rapidamente e te dê aquela quantidade de energia muitas vezes, me traga todas as cores de cristais que você tem.”

O mago ficou incrédulo. “Você achou que eu acreditaria nisso?” Exclamou com raiva. Recuei meu corpo para lembrá-lo que eu supostamente era uma criança assustada.

“Merda… Está bem. Não vai custar nada tentar, amanhã te trarei um cristal prismático vermelho.” O homem falou e suprimi um sorriso doentio.

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Olá, eu sou Kalel K. Dessuy!

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