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Capítulo 53 – Fuga

Inúmeras vozes iguais à minha ecoaram na minha cabeça. Uma sensação que não fazia sentido, elas eram diretamente conectadas com minha intuição.

Entretanto, imediatamente entendi seu poder. Não tinha mais apenas um corpo superior aos outros, mas uma mente também.

Meus instintos já eram uma arma mortal, capazes de me permitirem sobreviver nas piores situações, mas agora se tornaram mais poderosos.

Escutei o canto de pássaros e o vento colidindo na janela. Hoje era o dia em que me libertaria.

Não demorou muito para que a mulher aparecesse com minha comida, no entanto, ela não foi embora após isso.

Ficou parada perto da porta, me olhando. “Depois que você terminar de comer te levarei até o lorde Rugus.” Anunciou com os olhos fechados.

Não respondi e rapidamente comi minha refeição, aproveitando a última comida incrível que iria comer por um tempo.

A empregada então se aproximou e se abaixou, virando as costas para mim, tirando uma chave do bolso e enfiando o braço debaixo da cama, antes de um som de clique surgir.

No momento que senti a pressão da corrente soltando, pulei em suas costas. A mulher desesperadamente se levantou e tentou me tirar de cima, mas deixei o lado bestial de meus instintos terem completa liberdade do meu corpo.

Arranquei sua orelha com uma mordida, antes de descer e puxar seu cabelo, arrastando sua nuca em direção à quina da mesa.

Um som de baque forte apareceu quando ela caiu contra a mesa, colocando as mãos na cabeça enquanto chorava.

“Socorr-” Interrompi sua súplica com um soco no rosto. Um dente saiu voando, mas não parei. Outros socos que deformaram seu crânio se seguiram.

Expressei minha raiva sem precisar de magia, queria sentir o sangue quente em minhas mãos. 

Agarrei seu cabelo e levei sua cabeça até meu joelho, quebrando seu nariz.

“Pare…” Implorou ao cair no chão, tentando se arrastar até a porta.

Sorri de canto antes de caminhar em sua direção e pisar no seu braço, quebrando-o. Imitei sua risada quando escutei seus gritos.

“Eu já fiz muitas coisas ruins, com certeza um braço quebrado não é nada da verdadeira punição que mereço.” Sussurrei em seu ouvido.

“Mas eu ainda devia ser uma criança inocente e machucada para você, e o que você fez? Sentiu prazer em quebrar meu braço quando nem tinha a chance de me defender.” Terminei de falar.

‘Queime-a!’

‘Disseque-a!’

‘Exponha seus órgãos para o mundo ver!’

‘Arranque sua pele e a deixe sofrer!’

Inúmeras vozes apareceram, oferecendo muitos jeitos de concluir minha vingança.

“Calem a boca!” Gritei, socando a parede. Meus instintos agora tinham mais poder, mas também me irritavam mais quando ultrapassavam o limite.

Olhei para baixo e encontrei o olhar sofrido da empregada. Quase consegui entender sua súplica sem nem mesmo ouvi-la.

“É isso que você e seu lorde prenderam.” Declarei enquanto me ajoelhava e segurava seu cabelo.

“Um homem que vivenciou a verdadeira loucura por eras.” Revelei de maneira fria. “Já sofri o suficiente. Não permitirei que esse mundo me machuque também, então matarei cada um que o fizer.” 

Com isso, bati seu rosto contra o chão, antes de levantá-lo em minha direção. Sua feição bonita agora estava coberta em sangue, seu nariz antes arrebitado agora estava fraturado ao meio.

Seus olhos nem abertos poderiam ficar, mas não me importei. Novamente bati seu rosto no chão e levantei, repetindo o processo até seu crânio achatar.

Meu corpo não estava nem perto de seu auge, meus músculos ainda estavam fracos, mas uma mulher humana sem qualquer tipo de preparo físico não tinha chances contra mim.

Suspirei antes de procurar algo útil em seu corpo, encontrando um molho de chaves em seu bolso. Meu pijama não tinha um, então tive que segurar em minha mão.

Rapidamente corri pra fora, me encontrando num corredor branco que levava para duas direções opostas, direita ou esquerda. Obedeci minha intuição evoluída e corri pra direita.

Passei por várias portas e muitos corredores, sem qualquer ideia concreta para onde ir. Apenas me deixei ser guiado pelos meus instintos.

No entanto, acabei encontrando uma outra empregada no caminho. Ela estava limpando um quadro e pareceu surpresa em me ver.

Por alguns segundos se mostrou em dúvida se tentava me impedir ou apenas gritava, mas sua hesitação a custou tudo.

Pulei em seu pescoço e agarrei a corrente presa em minha perna na sua garganta, enforcando-a quando ela caiu no chão.

Sua boca espumava quando terminei de forçar, então apenas continuei a correr. Encontrei mais quatro empregadas que tiveram o mesmo destino.

Matei cada uma delas, algumas vezes com a corrente e outras vezes com socos e chutes. Eu estava sério lá, minha liberdade não seria impedida por ninguém.

Qualquer indício de humanidade que eu havia recuperado desde que acordei na floresta não se mostrou existente durante a minha fuga desesperada.

Minha visão estava vermelha, me senti como um cão fugindo dos portões de seu dono. Chegou ao ponto em que comecei a correr com as quatro pernas para realizar as curvas nos corredores de maneira mais eficiente.

Eventualmente me vi num grande salão com uma escadaria circular imensa que levava para cima e para baixo. Não hesitei em descê-la, quando encontrei uma mulher velha subindo e segurando um vaso de flores.

Pulei em sua garganta antes mesmo que ela me visse, caindo da escada junto com ela, enquanto arrancava sua jugular.

Meu pijama branco rapidamente se tornou carmesim, mas não percebi isso na hora. Apenas corri e corri, não poderia ser visto por aquele mago.

A escada parecia nunca acabar, passei por vários andares e encontrei outras empregadas. Algumas não estavam na escada e me viram, mas não me preocupei em perder tempo para matá-las.

Já as que tiveram a infelicidade de estar em meu caminho tiveram um final desagradável.

Estava com tanta adrenalina que não consegui me importar com a culpa. A sensação horrível que senti quando matei aquela mulher doente não surgiu mesmo quando matei uma dezena de empregadas que nem sequer me atacaram.

Só queria saber em fugir e voltar para Vivian e as montanhas, onde poderia retornar ao meu treinamento e apreciar a companhia de todos de vez em quando…

A escadaria finalmente acabou e me vi em outro labirinto de corredores, mas meus instintos me guiaram por eles.

Mais empregadas surgiram e morreram. Então, encontrei um corredor muito mais largo e elegante que os outros, e em seu final pude ver um grande portão, onde do outro lado reconheci o interior da mansão da casa Furtten.

Exibi um sorriso e acelerei o passo, ansiando pela liberdade que logo se aproximava.

No entanto, duas pessoas apareceram no portão, conversando.

Elas olharam para mim e parei quando reconheci o mago.

Ele estava segurando um grande cristal prismático vermelho, envolvido pela metade em um pano branco. Ao seu lado, uma empregada pareceu assustada ao me ver.

“Que merda é essa?” Ele questionou para mim. “Encomendei um cristal dessa qualidade apenas para você, e quando volto após buscá-lo vejo essa cena?”

“Por que você está aqui, e por que está coberto de sangue?” Continuou perguntando. “Está machucado?”

Sua irritação claramente se aprofundou ao perceber que eu não estava sangrando. “O que você fez?!” Perguntou em voz alta.

“Eu me libertei.” Revelei com um sorriso. Não estava raciocinando direito, meus instintos estavam gritando na minha cabeça e a adrenalina fez meu corpo tremer.

O mago ficou em silêncio, mas engoli seco quando uma parede de gelo cresceu e cobriu o limiar entre a torre e a mansão.

“Vou te fazer muitas perguntas depois, mas primeiro terei que te punir, monstrinho.” Declarou enquanto guardava o cristal num pequeno caixote.

Endireitei minha coluna e limpei a mente. Agora eu faria de tudo ao meu alcance para vencer, mesmo que tivesse poucas opções.

Era tudo ou nada.

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Olá, eu sou Kalel K. Dessuy!

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