Selecione o tipo de erro abaixo

Capítulo 8 – Inimigo da Casualidade

Suspirei e saí daquela sala. O cristal vermelho emitia fracos feixes de luz pelas brechas dos meus dedos enquanto o segurava. 

Entretanto, a floresta subterrânea estava diferente quando a vi novamente. O completo breu havia tomado conta do ambiente.

Não havia nada brilhando, nem árvores carmesim. No entanto, enxerguei tudo perfeitamente. Cada erosão nas paredes rochosas da caverna, enxerguei tudo de maneira clara.

Havia montes de cinzas por toda a caverna, e o vento que vinha do túnel soprava por tudo ali. ‘O cristal melhorou meus sentidos?’

Atravessei os montes de cinzas, e toda a parte inferior do meu corpo ficou coberta por elas.

Tentei explorar o resto da caverna, mas não havia nenhum tipo de saída fora o túnel. Procurei e procurei, mas não achei nada.

Então decidi escalar o buraco. Agora estava em meu auge graças ao cristal, e poderia usá-lo novamente caso precisasse, provavelmente.

Entrei no túnel e segui meu caminho para o lugar onde caí na primeira vez, mas quando comecei a escalar, notei algo estranho. Meu corpo estava muito leve, e carregar a espada havia deixado de ser um fardo.

‘Pelo visto, aquele cristal também fortificou meu corpo de alguma maneira.’ Quando percebi isso, eu não hesitei nem por um segundo.

Posicionei a espada sobre minha pele e fiz um corte em meu braço enquanto tocava no cristal. Talvez meu corpo ficaria mais forte toda vez que eu me curasse.

A dor que senti durante o corte voltou muitas vezes pior enquanto os tecidos da minha pele e músculos se curavam.

Infelizmente não notei nenhuma melhoria após isso, e me arrependi também. O cristal ficou levemente menos brilhante, o que mostrou que ele tinha um tipo de limite.

Eu não poderia me curar com ele sempre que precisasse, alguma hora esse brilho acabaria.

Voltando a escalar, empunhei minha espada e perfurei superficialmente nas paredes rochosas.

Após isso abri as pernas, arrastei minhas costas e empurrei para baixo com meus pés, usando a espada para me prender. Agora que eu conseguia enxergar no escuro, era capaz de encontrar os melhores lugares para me posicionar.

Após algumas horas, cheguei no topo do buraco onde caí. Já era noite, e menos frio do que o normal. ‘Talvez meu corpo tenha ficado mais resistente às temperaturas também.’

‘Se pelo menos aquele deus não tivesse me roubado…’ Pensei ao caminhar em direção ao rio que eu seguia anteriormente.

Lá consegui matar um peixe após esperar alguns minutos, fiz uma fogueira e o assei.

O som dos insetos na mata acompanhava minha mastigação, enquanto estava sentado ao lado do fogo.

Até aquele momento eu só havia sobrevivido. Nunca tinha parado para observar o mundo que agora eu estava, e como ele era melhor que o lugar infernal.

Algumas linhas brilhantes rasgavam o céu noturno e formavam uma bela vista, e naquele momento adormeci.

Não tive escolha. De repente senti o peso da cura do cristal cair sobre meus ombros, então desmaiei no meio da floresta.

O efeito colateral foi meio tardio, mas pelo menos não foi durante minha escalada de volta. Dessa vez não tive nenhum sonho ou fui visitado por algum deus.

Acordei com um pássaro negro mordiscando meu rosto, por pouco não perdi meus olhos ali. “Saia!” Gritei, espantando o animal.

Me levantei e percebi que o pássaro tentou me petiscar outras vezes, já que eu estava com algumas marcas nos braços e torso.

Continuei meu caminho ao lado do rio, tomando cuidado para caso encontrasse aquela criatura peluda de novo.

Depois de alguns dias desta forma, encontrei algo novo. Uma construção familiar atravessava o rio.

Ao olhar para aquilo, vagamente me lembrei sobre alguns tipos de construções, e aquilo era uma ponte.

Não entendia como essas lembranças funcionavam. Nem lembrava de já ter visto aquilo alguma vez, até ver. 

Então reconhecia como algo familiar, mesmo sem saber o que era um minuto atrás. Ignorando esses pensamentos, cheguei perto da ponte e olhei em volta.

Ela era grande, feita de pedras escuras e polidas, parecia ter duas vezes a largura do rio, e haviam estradas conectadas com ela. Naquela hora eu não sabia para onde ir, até que escutei algo. Havia algo na estrada vindo na minha direção em alta velocidade, e não consegui me esconder.

“O que uma criança está fazendo aqui?” Perguntou um homem ao sair de um veículo levado por dois cavalos. Imediatamente reconheci aquilo como uma carruagem.

Ele era muito mais alto e largo que eu, mostrando uma armadura metálica em seu peitoral e pernas. Seu olhar castanho-escuro carregava um olhar desconfortante enquanto falava comigo. Seu cabelo preto era curto e sua pele branca, mostrando uma barba por fazer.

“Por que uma criança como você está no meio da floresta? Tão longe da cidade, onde seus pais estão?” Outro homem perguntou ao sair de trás da mesma carruagem. Ele usava roupas chiques e levemente adornadas.

Ele era redondo e sua barriga era larga, caberia dois de mim ali dentro. “Vamos, eu te levarei para um lugar seguro.” Falou o barrigudo.

Percebi um sorriso nojento e luxurioso sob sua barba ruiva e suja.

Picture of Olá, eu sou Kalel K. Dessuy!

Olá, eu sou Kalel K. Dessuy!

Comentem e avaliem o capítulo! Se quiser me apoiar de alguma forma, entre em nosso Discord para conversarmos!

Clique aqui para entrar em nosso Discord ➥