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Capítulo 81 – Criança Matadora De Feras

Dancei graciosamente enquanto empunhava Caedes. A magia de vento que me envolvia me permitiu mover-me de forma ágil e perfeita.

Eu era veloz, desviei das patas imensas da criatura ao mesmo tempo que criava pequenos cortes em sua pelagem resiliente.

A criatura ficou em pé sobre as patas traseiras para rugir, o que me permitiu criar um ferimento limpo e vertical em sua barriga.

Logo depois pulei e me segurei em um galho de árvore, descendo no rosto do animal e pisando na flecha dentro de seu olho, enfiando-a profundamente no crânio do animal.

Pousei em um mortal gracioso quando a criatura rugiu e me atacou. A luta continuou por minutos, acumulei ataques e cortes no corpo do urso enquanto desviava habilmente de patadas e mordidas.

Durou mais tempo porque eu estava usando meus braços para segurar Caedes, e não telecinesia, o que deixava meus ataques menos fortes.

O urso avançou até mim para me dilacerar, mas um corte horizontal em sua boca cortou suas bochechas e separou sua mandíbula.

Completando o movimento, criei um fragmento de gelo que rasgou o ar discretamente sem a caçadora ver, adentrando a boca da criatura, fazendo um rastro de sangue descer de sua garganta e manchar o chão verde abaixo de onde lutávamos.

Levantei Caedes para o alto e a desci em um corte vertical usando magia de vento para aumentar a eficiência, acertando o centro da cabeça da criatura enquanto ela se recuperava do estrago que o gelo fez.

A ferrugem da minha espada limitava sua capacidade cortante, mas ainda consegui cravar seu fio na cabeça do animal.

Não partiu o crânio de primeira, mas não foi um problema. Levantei a arma novamente e repeti o ataque várias vezes.

Eu tinha feito vários cortes nas articulações e pernas do urso, que caiu logo após o primeiro ataque na cabeça.

Fiquei minutos atacando sua cabeça. Seu cérebro havia se tornado uma polpa sangrenta e seu crânio aberto criava uma cena violenta.

Caí no chão enquanto suspirava e descansava. Eu havia acabado de matar um urso pardo adulto. Mesmo usando magia para facilitar meus movimentos, a conquista ainda existia.

“Meu deus…” Escutei atrás de mim. Era a caçadora loira, completamente em choque com a cena que presenciou. “C-co… Como?” Indagou ao cobrir a boca.

Sua reação era compreensível, afinal uma criança havia acabado de matar um urso em um combate direto, usando uma espada com quase a mesma altura que a própria.

Isso sem ser ferida uma única vez.

Mas não me importei com a grandiosidade do meu ato e levantei-me, andando até a mulher.

Caedes ainda pingava sangue quando caminhei lentamente até ela, como se fosse seu executor particular. 

Não era minha intenção colocar medo, mas foi natural e inevitável.

“Precisamos de ajuda.” Falei ao cravar Caedes no chão. A mulher se assustou e fechou os olhos quando fiz isso.

“Onde fica Rosent?” Questionei ao colocar minha mão em seu queixo e apontar seu rosto para o meu. 

A mulher pareceu surpresa, mas ainda em choque. Suspirei quando percebi que tinha que esperar ela voltar à razão.

Seu braço ainda sangrava muito, mesmo com o tecido o envolvendo. A mulher possuía uma pequena bolsa de couro em sua cintura.

“Tem algum curativo aí dentro?” Indaguei e ela assentiu antes de me dar um rolo de tecido branco. “Aperte mais perto do ombro.” Falei enquanto apertava seu braço com o tecido.

“Onde você mora?” Continuei fazendo perguntas. Eu queria me aproveitar do choque para conseguir respostas despreocupadas.

“Perto de Vonlet… É alguns quilômetros de distância daqui, indo pro leste…” Ela respondeu fracamente, apoiando a mão na cabeça.

“Qual seu nome?” Perguntei enquanto terminava de estancar seu machucado. 

“Quiara…” A caçadora falou depois de tossir. “Espera, quem é você?” Finalmente perguntou, sua razão parecia ter retornado. “Você não é humano!” Declarou ao me chutar.

Suspirei novamente antes de gritar por Stella, que logo apareceu, trazendo Penumbra com uma corda na sela.

“Caramba, o que aconteceu?” A garota indagou ao ver a imensa criatura morta atrás de mim.

“Salvei essa mulher desse urso, mas ela tá muito assustada. Acho que você é menos assustadora que eu.” Comentei ao me afastar e observar com os braços cruzados.

O rosto da caçadora se iluminou ao ver Stella, o que fazia sentido. Sua beleza era completamente exuberante.

‘Tão bonita que faz feridos se levantarem…’ Pensei ao ver a mulher cumprimentando a garota.

Escutei as duas conversarem por alguns minutos e elas logo vieram até mim e Penumbra.

“Foi mal por te chutar, garoto… E muito obrigado por ter me salvado, depois que sua irmã me falou que vocês dois são filhos de cavaleiros, eu percebi que sua força faz sentido.” Quiara declarou ao colocar a mão sobre meu ombro.

Arqueei minha sobrancelha para a mentira de Stella, mas tive que admitir que foi uma ótima demonstração de lábia.

“Quiara foi gentil e vai deixar a gente descansar na casa dela.” Stella falou para mim, piscando o olho.

Logo depois partimos. Eu e Stella ficamos em cima de Penumbra, e a mulher nos acompanhou, caminhando do nosso lado.

“Então… Eu não sabia que os cavaleiros eram tão rígidos, para atirarem os filhos em missões perigosas ainda crianças, que tenso.” Quiara comentou enquanto passávamos pelas árvores e arbustos.

“Nosso pai quer que busquemos um artefato em Rosent, mas precisamos atravessar o reino sozinhos e não podemos voltar para casa até concluirmos a missão.” Stella continuou mentindo sem nem pestanejar. Sua figura pura lentamente saiu da minha imaginação, mas eu gostei desse aspecto dela.

“Nossa, então foi sorte mesmo seu irmão ter me encontrado.” A caçadora falou antes de parar abruptamente.

Estávamos quase saindo da floresta, então consegui ver uma cabana de madeira em uma área plana cercada por árvores.

Mais longe, consegui ver o início de uma pequena vila. “Essa é minha cabana, você pode amarrar sua égua ali no cercado, tem palha e um balde de água perto.” Quiara declarou ao sairmos da floresta e nos aproximarmos de sua casa.

No entanto, quando chegamos perto dos degraus que levavam para a porta, a mesma se abriu com um chute vindo de dentro.

Do interior da cabana saiu um homem magro de meia-idade com o braço remendado e se apoiando em uma bengala de madeira.

Seu cabelo era curto e raso, escuro igual os olhos e sua pele era branca. Sua expressão era raivosa, mas se intensificou ao olhar para mim e Stella.

“Por que você trouxe dois pirralhos para cá?! E o que caralhos aconteceu com seu braço?” O homem gritou ao apontar a bengala para Quiara.

“Acalme-se, amor. Esse garoto me salvou, são filhos de cavaleiros postulados!” Quiara declarou, escondendo o ferimento.

Nem preciso dizer que aquilo me incomodou profundamente.

Para mim, apenas os fortes eram dignos da arrogância e orgulho, ver um aleijado fraco agir de maneira presunçosa com sua provável esposa e duas crianças me irritou além da compreensão.

Mas me controlei e apenas observei a conversa.

O rosto do homem se iluminou quando Quiara revelou a mentira de Stella. “Por que não disse antes?! Entrem!” Nos convidou quando sua raiva se tornou um sorriso obviamente falso.

Olhei de lado para Stella, que também hesitou, mas no fim entramos na cabana junto de Quiara depois que amarrei Penumbra por perto.

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Olá, eu sou Kalel K. Dessuy!

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