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Capítulo 9 – Luxo Suspeito

Meus instintos aguçaram naquele momento. O homem de armadura carregava uma espada em sua cintura, e o gordo me olhava de maneira estranha.

“Vamos, vista essa roupa.” Falou o barrigudo, antes de me atirar um casaco de pele marrom. A vestimenta caiu no chão e ergueu uma pequena cortina de poeira na estrada de terra, mas fiz o que ele pediu.

O casaco era muito grande e ficou largo, entretanto, me protegeu um pouco. Ele gesticulou para que eu entrasse na carruagem, e ignorei minha intuição quando o segui.

 A carruagem tinha dois lugares acolchoados para sentar, então sentei-me na frente do homem gordo.

“Meu nome é Grafio, marquês Grafio. Me diga, o que está fazendo aqui? Por acaso foi vítima de algum traficante de escravos?” O homem perguntou, analisando-me.

Preferi não responder. Eu provavelmente não tinha nenhuma resposta para suas perguntas.

“Oh, é do tipo silencioso.” Disse ele, rindo da própria fala. “Acho que não, eu saberia se tivesse qualquer tráfico de escravos em meu marquesado.”

“Qual seu nome? Responda-me, por favor.” Perguntou Grafio, cruzando os braços por cima de sua barriga sobressalente.

Pensei no que dizer. Eu não tinha nenhum motivo para não responder, com exceção da esquisitice dele.

Observei Grafio por alguns segundos antes de responder: “Sirius.” 

“Entendi, belo nome. Onde estão seus pais? Você é de Esten? Essa espada é parecida com os modelos vendidos lá.” Falou Grafio enquanto estreitava os olhos.

Também não respondi, não havia entendido sua pergunta direito. 

“Pelo visto só tenho direito a uma resposta.” Disse ele antes de rir novamente. “Te levarei para minha mansão, vou deixar você dormir lá enquanto procura seus pais.” Ofereceu Grafio, sorrindo.

Fiquei em silêncio naquele momento e durante o resto da viagem. Já tinha anoitecido novamente, as rodas de madeira batendo contra as pedras atiradas pela estrada faziam a carruagem vibrar.

Até que em um momento a estrada ficou lisa, e botei meu rosto para fora com a intenção de observar onde estávamos. Uma planície verde seguiu o horizonte infinito e escuro, e montanhas cobertas por florestas protegiam as costas de uma mansão ao longe.

O vento batia no meu rosto conforme os cavalos aceleravam na estrada larga de pedras lisas. Quanto mais nos aproximávamos da mansão, grandes arbustos com formatos variados enfeitavam a entrada de um grande muro branco.

“Seja bem-vindo, marquês. Espero que tenha apreciado sua viagem.” Uma voz feminina disse enquanto ajudava o marquês a descer da carruagem.

Antes de sair completamente, ele me chamou e gesticulou para segui-lo. Saí do lado oposto, e me encontrei com um homem diferente, usando um terno chique e olhando-me com olhos tensos.

“Temos um novo visitante, marquês?” Perguntou o homem de terno ao virar-se para Grafio. 

“Sim, dê um quarto e algumas roupas para o garoto. E também converse com ele para descobrir onde os pais dele moram, talvez ele te diga algo. Apenas descobri seu nome, que é Sirius.” Respondeu o marquês enquanto se adentrava nas portas grandes e adornadas da mansão, seguido por uma mulher em roupas de empregada.

“Siga-me, garoto.” Chamou o mordomo. Ele tinha cabelos cinzas, levemente loiros nas pontas. Sua pele era branca e enrugada, revelando sua idade.

Obedeci e dei a volta na mansão com ele. Passei por canteiros repletos de flores coloridas, fontes com estátuas extravagantes, e vários empregados cumprindo suas funções.

Parei de observar os arredores quando o homem parou em frente a uma porta sobre alguns degraus brancos.

“Aliás, meu nome é Rohn. Sou o mordomo principal da mansão do Marquês Grafio, subordinado do Reino Salazar.” Declarou Rohn, liberando o caminho para eu entrar na luxuosa mansão.

Um corredor branco se estendeu por muitos metros à frente. O chão de madeira envernizada estava sob um belo tapete verde e longo, em frente a muitos quartos e portas.

Havia muitos quadros e pinturas, com outras decorações enfeitando o extensivo corredor. Candelabros iluminavam o corredor e seus detalhes.

“Lhe darei um quarto perto da sala de jantar, afinal o marquês provavelmente irá fazer um banquete de boas-vindas a você.” Falou o mordomo, gesticulando para que eu o seguisse.

Passei por muitas portas e por algumas empregadas. Todas elas me olharam com olhos tensos e uma expressão estranha.

Tudo isso acabou me deixando receoso. Meus instintos não pararam de se agitar nem um segundo desde que eu tinha encontrado o marquês e sua carruagem.

Mas as minhas opções não eram vastas. Ou seguia em frente e descobria o resultado de ignorar minha intuição e instintos, ou eu me atiraria em um mundo desconhecido novamente, até encontrar qualquer fonte de informação.

Eventualmente chegamos no quarto em que eu ficaria. “Este será seu quarto, uma empregada virá com roupas de seu tamanho.” Disse Rohn, fechando a porta atrás de mim ao se retirar.

Me vi em um quarto luxuoso, com uma cama de casal confortável e coberta com um lençol fino, com travesseiros adornados em uma capa elegante.

Havia um armário com roupas grandes e elegantes, ao lado de algumas estantes com livros velhos e um pouco empoeirados.

Larguei minha espada, embrulhei meu cristal em uma roupa que peguei do armário e o escondi debaixo da cama antes de pegar um dos livros presentes no quarto.

Tentei ler seu título, mas só fui capaz de entender duas palavras. “Prismática e Mandamentos.” Abri e folheei suas páginas, procurando aumentar meu conhecimento sobre o mundo.

Infelizmente só entendi palavras aleatórias, exceto quando terminei de passar por mais ou menos setenta páginas.

‘A energia prismática, chamada de mana, é a única coisa que os deuses não têm controle sobre.’

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