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Minutos depois…

Depois de lavarem a louça após o animadíssimo jantar entre amigos, todos se preparavam para dormir.

Lilac levou Viktor até o quarto de hóspedes. Não era muito grande, mas confortável.

O interior era como nos apartamentos japoneses, com a cama no chão e alguns pequenos cômodos que guardavam a roupa de cama e de dormir.

— Fique a vontade, Viktor. E boa noite.

— Boa noite, senhorita Lilac. E muito obrigado por tudo que vocês estão fazendo por mim.

— É o mínimo que podemos fazer. Além do mais, você salvou a Milla. Devemos essa a você.

— Que isso, Lilac. Eu fiz pra ajudar mesmo.

— Eu sei, e obrigada. Bem, até amanhã.

A dragão, após se despedir do rapaz, entrou no quarto das garotas, onde estava Milla, já dormindo, e Carol, já quase caindo no sono. Lilac retirou suas botas, se deitando na cama.

Já mostrando que estava sonolenta, seus pensamentos mostravam comprometimento com a missão, deixando claro que era alguém bem responsável.

Além disso, sua moral era inabalável, como esperado. Suas nuances sobre o momento veio em seu leito.

— “Aquelas criaturas — pensou Lilac, refletindo. — Elas só ficam por ali, não saem por nada daquela floresta. Porque? Será que já estão investigando isso? Pois bem, amanhã mesmo irei saber e também irei ajudar o Viktor… Ele merece, depois de tudo que fez pela gente essa noite. Ele realmente é um ótimo cozinheiro”.

A noite seguiu…

Tudo transcorria normalmente.

Dragon Forest de noite era um lugar sereno e quieto, onde o silêncio era só interrompido pelos ruídos de fauna da região.

Durante o sono de nossas heroínas, eis que Viktor se levantou de sua cama e, passando pelo corredor, se dirigiu até o exterior da casa.

Lá, se sentou próximo a porta de entrada, se posicionando ao balaústre do quintal. A altura era grande, então tomou cuidado.

Ele, com um semblante bem fechado, apoiando seus braços na plataforma, e parecia melancólico; lágrimas, não muitas, saíam lentamente de seus olhos.

Elas iam ao chão em seguida, carregando o peso, talvez, de uma tristeza ainda não explicada.

Mas para sua surpresa, uma voz feminina é ouvida, chamando pelo seu nome.

— Viktorius.

Era Milla. Sua voz doce e cheia de ternura aquecia lentamente o coração do rapaz.

Tanto que, ao vê-la, um sorriso lindo foi visto em seu rosto, deixando de lado a tristeza.

Porém ele não pôde esconder o que ocorreu a segundos atrás.

— Porque estava chorando, Viktorius?

— Milla, eu… — desconversava o rapaz. — Bem, não quero te envolver.

— Viktorius, durante o jantar eu percebi que você não estava bem quando falou da sua avó. Aconteceu algo?

Ela fitava Viktor, que fugia do seu olhar. Mas a canina insistiu. Não de um jeito incisivo mas sim de alguém com uma demonstração plena de empatia.

— Viktorius, pode falar comigo.

— Milla, sério, você talvez não entenderia.

— Eu entendo muita coisa, sabe? As garotas estão me ajudando a encontrar meus pais. Faz mais de um ano que não os vejo, nem sei onde estão.

— Milla, eu não sabia disso — ele disse, ficando preocupado. — Como pode estar tão bem consigo mesma sem saber onde estão seus pais?

— Eu tenho minhas amigas e nós nos ajudamos. Eu não sei onde estão meus pais, mas eles me deixaram muitos ensinamentos pra quando eu estivesse sozinha eu pudesse me virar. Uma das coisas era nunca desistir.

Ela apertou uma das mãos do jovem, e continuou a conversa.

— O outro era sempre ajudar quem precisa. E o mais importante: nunca perder a fé. Isso sempre me deu forças pra seguir em frente.

Viktor, ao ouvir as palavras confortantes de Milla, ficou impressionado com o poder de resiliência da canina.

Já mais à vontade, ele escolheu não lhe esconder mais nada.

— Milla, quando eu tinha cinco anos perdi meus pais.

— Nossa, Viktorius — ela se sentou ao seu lado, o abraçando. — Eu sinto muito.

— Obrigado, de verdade. Muito obrigado. Sabe, acho que é a primeira vez que me abro assim com alguém sobre isso.

— Porque? Seus amigos de onde você veio não são legais com você?

— Eles são maravilhosos, Milla. Eles são praticamente minha família ou o que restou dela.

— Porque você disse isso, Viktorius?

— Desde os meus cinco anos minha avó cuida de mim. Eu não conheci meu avô, então nós dois acabamos nos unindo na dor e viramos os melhores amigos.

— Isso é bom, Viktorius — Milla sorriu, ainda o abraçando.

— Minha avó me ensinou praticamente tudo, dando continuidade aos meus pais. Ela tinha um restaurante, onde me ajudou a saber o que é ser um chef. Mas ela… — Viktor interrompeu suas palavras, após uma tristeza o contagiar.

— O que aconteceu, Viktorius?

— Milla, faz seis meses que ela morreu — suas lágrimas voltaram, com mais força — Milla, dói muito isso, sabe? Eu não tenho mais ninguém no mundo, só meus amigos. Só que eles já buscaram seus próprios caminhos na vida.

— Como assim?

— Alguns foram para outra cidade a trabalho, ou foram para faculdade. Eu fiquei na minha cidade e só mantinha contato por meu telefone mesmo.

— Eu entendo, Viktorius — ela ainda o confortava, segurando em seu braço.

— E hoje, com vocês aqui, eu consegui ter um tempo só pra me distrair, tirar esse peso da vida das minhas costas e voltar a me sentir feliz. Por isso vim até aqui fora.

— Porque, Viktorius? — Milla o abraçava ainda mais forte, lhe fazendo companhia.

— Vim agradecer a ela, a minha avó, por ter cuidado de mim. E agradecer aos meus pais também.

A garota entendeu o sentido do jovem ter tomado a decisão de ficar sozinho durante aquela noite aconchegante de Dragon Forest.

E, sabido disso, ela ficou calada enquanto Viktor concluía seu raciocínio.

— O pouco que tenho hoje, o que me sobrou, foi o legado deles. Nem mesmo o restaurante da minha avó, que não pude lidar com a hipoteca, vale mais do que tê-los na minha vida. Tudo tem um fim algum dia, eu sei. Mas tem algo que eu devo fazer, como meu mestre me disse, e irei.

— E o que seria?

— Viver — ele falou, olhando para Milla enquanto sorria. — Só assim vou realizar meus sonhos.

A garota, ainda o abraçando, ficou um tempo em silêncio. Ela sabia que não havia palavras a serem ditas. Justamente, esse era o momento do Viktor.

Milla percebeu que aquelas lágrimas não continham mais tristeza. Era outro sentimento, que ela sabia melhor do que ninguém.

— Felicidade. É por isso que você está aqui. Veio agradecer por tudo que eles deixaram pra você.

— Sim, isso mesmo. É o que me move pra frente sempre. Eu tenho

— Você está certo — ela sorriu ainda mais. — Você é uma ótima pessoa, Viktorius. Acho que temos algo em comum afinal. Viver é muito bom!

— Muito obrigado, Milla, por me ouvir. Você é uma ótima pessoa também.

— Amigos sempre devem se ajudar. Conte comigo quando quiser conversar — ela sorriu, mais contagiante — Seja bem vindo ao nosso planeta.

E assim foi concretizada uma nova parceria.

O jovem desconhecido que surgiu no solo repleto de lendas, misticismo, histórias e aventuras de Avalice recebeu um novo viajante.

Viktor não tinha noção de onde estava, ainda que houvessem paralelos idênticos ao seu mundo.

Uma noite de descanso merecido viria a seguir.

Aventuras virão, ao seu tempo.

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Olá, eu sou Hunter X!

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