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Floresta dos Dragões
Casa da Árvore de Lilac | Início da manhã

Era uma bela manhã de sol, com uma brisa fresca sentida por todos que passavam nos arredores da floresta.

Trilhas de terra e uma estrada ligavam de ponta a ponta a região.
Dentro de sua casa, Lilac, acompanhada por Carol e Milla, estavam sentadas à mesa aguardando Viktor servir o café da manhã.

Sabido que o rapaz havia provado seu dom culinário, elas aguardavam ansiosamente por mais uma refeição deliciosa do jovem.

Carol, batendo com uma das mãos na mesa, inquieta, disse:

— Cadê a bóia? Tô com muita fome!

— Carol, tenha modos — Lilac a repreendeu. — Viktor é nosso convidado e não nosso cozinheiro particular.

— Ah, Lilac, ele quem quis cozinhar. E o piá faz isso benzaço, fala tu.

— Concordo com você, mas não exagera.

— A gente não deveria ajudar? — disse Milla, do jeito meigo que ela sempre demonstrava.

— Ele não quer ajuda, Milla. O Viktor pediu pra gente ficar aqui e esperar — a dragão falou, paciente.

Não demorou muito e Viktor levou até a mesa o café da manhã.

Com uma bandeja generosa na mão, a colocou sobre a mesa.

Como ainda estava coberta, nutriu curiosidade nas garotas, que as fizeram ficar mais ansiosas.

Tanto que Carol logo perguntou:

— Tá, qual a bóia secreta aí?

— Ora, podem abrir e se servirem — ele disse, sorrindo.

Carol então não perdeu tempo e retirou a tampa da bandeja, evidenciando o que foi servido: eram panquecas, e junto havia três tipos de coberturas.

— Nossa, ele fez panquecas! — Milla ficou muito encantada com o que viu.

Carol logo arregalou os olhos, não acreditando no que estava vendo, acompanhada das outras duas garotas.

A felina quase surtou ao ver a refeição.

— Cara, eu venero, idolatro, rezo, pago dízimo e todos os breguetes que envolvem amar panqueca!

— E olhem só: têm cobertura de mel, morango e chocolate! — disse Milla, mostrando que já estava com água na boca.

— Viktor, assim você vai matar a gente! — Lilac falou, tão encantada quanto sua amiga canina. — Minha nossa, como eu adoro panqueca!

Elas logo se servem, sem perderem mais tempo.

E na primeira mordida, era como se cada uma estivesse no céu, tamanho era a satisfação por estarem provando a delícia que Viktor preparou.

— Ah, Minha nossa! Tô com vontade de comer isso sem parar! Me segura, Lilac! — Carol explanou, devorando quatro panquecas e caprichando na cobertura de chocolate.

— Vai devagar, Carol. Senão vai acabar tudo e nem o Viktor vai poder comer — a dragão disse, se servindo de forma mais comportada que sua amiga, embora estivesse colocando muito mel por cima.

— Hum… É a melhor panqueca que eu já comi na minha vida, Viktorius! — desta vez era Milla, comendo duas panquecas com cobertura de calda de morango.

O rapaz, se sentando à mesa e fazendo companhia às duas, ficou muito satisfeito com os elogios.

— Que bom que gostaram, garotas. Fico feliz em servi-las. Acertei outra vez!

A manhã seguiu tranquila, com os jovens conversando à mesa.

Era visível a descontração tomar conta do lugar, dados o tom melancólico mas revigorante da noite passada.

Pelo visto a forma doce que Milla teve com ele, o consolando e lhe fazendo companhia, tenha aquecido o coração do rapaz.

Viktor estava mesmo mostrando alegria ao vê-las sorrir enquanto se alimentavam.

Depois do café da manhã, as garotas começaram seus afazeres: Lilac tratou de ajudar Viktor a lavar a louça, enquanto Carol desceu da casa e começou a arrumar sua motocicleta.

Milla foi ao quarto das garotas para ajeitar suas camas.

Ao fim, todos se reuniram na sala.

Minutos depois, enquanto estavam assistindo TV, Viktor disse:

— Vocês também assistem TV igual o meu mundo, sabia?

— Então tu deve saber a paçoca que é ter 1237 canais e não achar nada pra ver, né? — Carol foi bem direta.

— Ah, agora que você disse isso, acho que também é o mesmo, hehe.

— E o que você gosta de ver? — Lilac disse, olhando para o jovem.

— Bem, gosto de ver principalmente esportes. E essencialmente campeonato de artes marciais.

— Artes marciais?

— Sim, eu adoro. Eu já participei de torneios e até venci alguns campeonatos.

— Sério? Que legal!

— Por isso que tu tava vestindo kimono, né piá? — Carol disse, zapeando por canais com o controle remoto.

— Sim. Eu a pouco tempo me tornei faixa preta em karatê.

Lilac ficou curiosa. Por isso a dragão manteve a linha no diálogo:
— Espera! Então você é um mestre dessa arte marcial?!

— Bem, sim. Vocês também têm faixa preta como critério de graduação aqui? Nossa, que curioso.

— Sim, Viktor. Nós também treinamos artes marciais. Porém eu não tenho uma arte marcial que receba faixas ou coisas do tipo.

— Sério? E qual seria?

— Estilo Dragão Ressonante.

— Tipo, eu nunca ouvi falar, hehe. Mas como seria?

— Sou a única a praticar. Royal Magister que me orientou a desenvolvê-la eu mesma. Sabe, ele disse sobre um caminho que eu deveria seguir sozinha.

— Royal Magister? Seu mestre?
Carol entrou outra vez na conversa, ainda que não tivesse encontrado algo na TV para assistir.

— Não, cara. O Magister é o manda chuva do reino de Shang Tu. Nós temos conchavo com o magistral lá, nyah!

— Deixa eu ver se entendi bem: vocês conhecem o monarca?! — o rapaz disse, surpreso com a notícia.

— E é no palácio dele que devemos encontrar informações para tentar te ajudar – disse a dragão, olhando para Viktor.

— E como ele vai me ajudar?

— No castelo há vários cientistas. Talvez eles saibam dizer de onde você veio ou como deve voltar. Por isso que vamos a cidade hoje.

— Ele parece ser um monarca bem poderoso, hein.

— Mais do que você imagina, Viktor.

— Como assim?

— Sua força está além dos muros do Palácio Real. Royal Magister, pra mim, está no nível de ser um tipo de oráculo. Ele é sábio e justo, típica pessoa que eu respeito com força.

— Eu entendo. Será uma honra se um dia o conhecer.

O jovem humano tomou sua atenção com a gata verde em seguida.

— Mas e você, Carol? Desculpa mudar o assunto.

— Que tem eu, cara? — Disse a gata, olhando para Viktor.

— Qual seu estilo de luta?

— Estilo briga de rua mesmo, cara. Sou do gueto, berço da malandragem, tendeu?

— Ah, bem… — ele tentou confirmar — É sério?

— Tô falando, tá falado. Pode não ter glamour nenhum, mas ninguém tira onda comigo, falou?

— Tudo bem. Se é eficaz pra você, não tem do que se preocupar.

— Já é, piá — respondeu Carol, zapeando sem parar usando o controle remoto — Droga, não tem nada de bom passando nessa joça!

Viktor então olhou para Milla, que estava quieta olhando para a TV. O rapaz não perdeu tempo.

— E você, Milla? Pratica artes marciais?

— Sim! A senhorita Li me ensinou a lutar Kung Fu.

— Kung Fu? Vocês praticam Kung Fu aqui também?

— Sim. E aprendi a controlar melhor meus poderes de feixes.

— Aqueles que você usou pra pegar minha mochila?

— Esses mesmos.

— Nunca tinha visto nada parecido na minha vida!

— Porque? De onde você vem não tem poderes?

— Não. Nem perto disso. Todo mundo de onde venho depende da própria força mesmo. Superar os limites é minha meta, mas nunca vi esses truques. Pensei que só em animes existia.

Carol logo foi ácida nas palavras, voltando a provocar Viktor.

— Esse lugar de onde tu veio deve ser chatão, né?

— Carol, não fale assim! — a dragão a repreendeu.

— Ah, Lilac, relaxa. Só tô de zoa. Parece até minha mãe assim, caraca.

— Você nem parece uma garota falando desse jeito, sabia? — disse Viktor, retribuindo as provocações.

— Ah, o teu perfil de garota é “princesinha paty”, né? Tá por fora, cara. Comigo não tem essas frescurinhas. E se vier de gracinha, vai beijar a lona em dois tempos, tá beleza? Fica o aviso.

— Opa. Desculpe, senhorita Tea. Eu não queria te… — disse Viktor, sendo interrompido em seguida.

— Ah, lá vem tu de novo sendo formal. Cara, seja natural. Não vou te fazer mal, tá? Relaxa. Entra na zoeira.

Lilac, conhecendo muito bem sua amiga, tratou de colocar alguns limites.

— Carol, você precisa sempre agir assim com o nosso convidado?

— Tá bom, mommy. Vou pegar leve, tá?

— Agradecida. E deixa de ser tão boba, gatinha — Lilac provocou sua amiga, sendo irônica.

– Ih, olha só a Lilac dando uma de mano. Gostei, nyah!

Depois da breve conversa da manhã, as garotas se aprontam para irem à cidade.

Viktor parecia muito ansioso, já que estava na esperança de descobrir um meio de voltar para casa.

Minutos depois…
Palácio Real
Centro Científico do Palácio | Final da manhã

O Palácio Real, prédio imponente que se situava no centro da cidade de Shang Tu, possuía um centro de pesquisas e análises dos mais variados campos.

Seu interior era bem sisudo: paredes brancas, várias salas para estudos e muitos cientistas e doutores.

Um deles, cuja espécie era um lince que usava um jaleco, atendia ao pedido de Lilac por ajuda. Seu nome era Qin.

Viktor logo é examinado pelo cientista do lugar. Impressionado com a biologia do rapaz, ele exclamou:

— Esplêndido! Nunca havia visto um espécime como você. Sua natureza é fascinante, jovem.

Carol não perdeu tempo:

— E aí, doutor? Ele vai precisar operar?

— Carol! — Esbravejou Lilac, já impaciente.

— Calma, Lilac. Só estou de zoa com o piá.

— Já está passando dos limites. Fica quieta!

O rapaz então tomou a palavra.

— Então, o que iria me dizer?

— Meu jovem, você de fato é um ser espetacular. Nunca imaginaria que sua biologia fosse idêntica a nossa. Claro, sob respaldo de algumas características únicas de sua espécie. Você havia me dito que é um humano, não? É assim que se define sua raça?

— Bem, é isso mesmo.

— Peculiar, devo dizer. Pelos exames que realizei, posso dizer que você não sofreu nenhuma alteração em caráter geral.

— E o que isso quer dizer, senhor Qin?

— Que sua estadia em nosso planeta não lhe trouxe problemas. Está em plena saúde.

— Tudo bem, mas e como eu volto pra casa?

— Bem, meu jovem… — disse, olhando para um quadro com anotações — Isso já é uma outra história. Você disse que simplesmente apareceu por aqui e que não tem nenhum tipo de nave ou veículo. Então a única coisa que poderia dizer é: não tenho a mínima ideia.

Carol não perdeu tempo outra vez. Parecia até redundância.

— Nossa, Einstein. Tô boba com sua conclusão esclarecedora. Tu tirou o diploma em facul tabajara, né?

— Carol, já chega! — gritou Lilac, bastante irritada. — Isso já é desrespeito!

— Tá, tudo bem. Parei, Lilac. Ih, que chata.

Milla, curiosa, tratou de perguntar ao cientista.

— Senhor cientista, o que o Viktorius então deverá fazer por enquanto?

— Bem, senhorita Basset, ele terá de viver aqui enquanto não podermos ajudá-lo. Eu não sei o que houve. Geralmente estrangeiros aparecem por aqui em espaçonaves ou vindo dos extremos de Avalice. Mas ele não. Sinto muito.

— Espera, deixa eu ver se entendi bem: estou preso aqui? Não tem solução no momento? — perguntou Viktor.

— Exatamente, jovem. Mas iremos fazer tudo que for possível pra ajudá-lo. A própria senhorita Lilac será informada o quanto antes sobre uma solução.

O semblante de Viktor não era dos melhores.

Ele estava mesmo impactado com a notícia e, de certa forma, frustrado por não ter uma posição positiva sobre o ocorrido.

Como foi parar em Avalice? Por que isso aconteceu? As perguntas são muitas e as respostas inexistentes no momento deixaram uma sensação de fracasso e desolação pelo jovem.

Já no exterior das dependências do castelo do reino de Shang Tu, as meninas perceberam a desolação do rapaz.

Lilac, caminhando durante a situação, conversava baixo com Carol.
— Isso não está certo, Carol. Precisamos fazer algo por ele.

— Fazer o quê, Lilac? O Beakman não faz parte desse universo, cê sabe.

— Estou falando do astral dele, Carol. E pare com essas maluquices! Viktor foi tão legal até agora, cozinhou pra gente, fez nosso café, fora que ele é muito agradável.

— Tá, tô entendendo você. Lilac, eu não me importo se você tá afim dele, tá? — Carol disse, com um sorriso malicioso no rosto.

— Do que você está falando, Carol? Sua boba, não é nada disso! — a dragão púrpura ficou corada.

— Tá, benfeitora dos oprimidos. Tu quer animar o cara, né?

— Isso! Exatamente.

— Tá, o que sugere?

— Bem, podemos levá-lo ao centro da cidade pra ele conhecer. Com certeza irá se divertir.

— Lilac, a diva linda centrada em cumprir com a missão, tá querendo se divertir ao invés do trabalho? Nossa, não posso ficar fora dessa.

— Carol, para de ser boba!

— Tá, ok ok. Vamo animar o piá então. Partiu!

— Combinado então.

— O que vocês estão falando? — perguntou Milla, de forma gentil.

— Vamos animar o Viktor, levá-lo até o centro da cidade.

— Isso é ótimo, Lilac! Ele vai adorar!

Ele, percebendo que as garotas estavam para trás enquanto caminhava, se virou e disse:

— Ei, o que houve? Aconteceu algo?
Carol logo correu até ele, com um sorriso reluzente no rosto.

Ela, o abraçando com um dos braços em torno de seu pescoço, foi bem amistosa ao jeito dela.

— A gente vai fazer uma paradinha contigo. Vamo nessa!

— O que?!

O trio conduziu o rapaz naquele início de tarde na cidade.
O que viria?

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Olá, eu sou Hunter X!

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