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Capítulo 01

As coisas que ainda não sabemos

Algumas partes da cidade eram verdadeiras florestas de pedra, havia muitos edifícios de alvenaria rústica, enquanto em outras a maioria das estruturas eram de madeira. Feitas de lajotas, as ruas estreitas emaranhavam-se formando curvas e voltas, dificultando enxergar muito à frente. Ao lado da estrada larga, pelo aqueduto, fluía água cristalina. Frequentemente era possível sentir um odor fétido, provavelmente de excrementos, mas à medida que caminhavam isso parava de incomodá-los.

Hiyoku liderou o grupo de doze, homens e mulheres, para a cidade além da colina. Pelo que dissera, esse lugar chamava-se Allpea. Havia pessoas morando aqui, afinal é o que se espera de algo chamado cidade. Embora ainda fosse o início da manhã, havia muita gente pelas ruas, deviam ser os residentes. O grupo foi fuzilado pelos olhares de curiosidade dos nativos, como se fossem uma rara atração. Mas os doze olhavam de volta com a mesma expressão. Isso sem mencionar o fato de que as pessoas dessa cidade vestiam-se de maneira estranha.

Espere… estranho como? Em comparação aos doze, suas roupas eram simples e surradas, nada vistosas.

Então, tipo, este lugar… começou o playboy É, tipo, você sabe… um país estrangeiro ou algo assim…?

Uh… O de cabelo cacheado virou a cabeça, tentando encontrar uma resposta. … Um país estrangeiro? Um país? Pensando bem, qual é a minha nacionalidade? Hã? Estranho, não me lembro… Na verdade, sequer me lembro do meu endereço ou coisas do tipo. Hein?

O quê, você não percebeu? O gângster, de cabelo desgrenhado, disse em voz baixa. Meu nome é tudo que eu ainda sei.

A última frase prendeu sua atenção por um tempo. Provavelmente, porque significava algo além do que simplesmente não saber de nada. Talvez, o gângster fora acometido pela mesma sensação decepcionante de tentar reviver suas memórias apenas para, também, senti-las desaparecer.

Meu nome… O de cabelo cacheado bateu no peito. Meu nome é… Ranta. Além disso… Sim. Nada a mais. Wow. Sério? Eu tenho desaparecimento de memória…

Acho que você quis dizer… Ele interrompeu sem querer e imediatamente se arrependeu, mas não podia parar agora. … perda de memória, certo?

Escuta, amigo… Ranta disse com um suspiro. Já que você vai bancar o sabe-tudo, não dá pra fazer melhor? Isso requer um certo espírito, saca?! Se você fizer isso assim, ‘nas coxa’, pega mal para mim porque acabo sendo feito de bobo por você. Isso acaba com o clima. Bem, tanto faz. Dessa vez, eu deixo passar. Então, quem é você?

Você vai… deixar passar… De que maneira Ranta estava sendo taxado de bobo? Isso não foi de grande ajuda para melhorar o humor do grupo. Ele não estava realmente convencido, mas… Um nome. Qual era mesmo seu próprio nome?

… eu sou Haruhiro. Eu acho?

Ranta dissimulou um tropeço exagerado, parecendo um idiota em queda livre. Você ACHA? Péra aí, amigo, você nem sabe o seu próprio nome? Táh, eu sei que estamos falando sobre o fato de que meu nome é tudo que eu sei, mas…

Esse cara é muito irritante, Haruhiro pensou, olhando na direção do gângster que caminhava logo atrás de Hiyoku. Ficou curioso sobre qual seria o nome dele. Até sentia vontade de perguntar diretamente, mas estava com muito medo do homem. Apesar de não querer desviar a pergunta para a outra pessoa, ele acabou dirigindo-se ao sujeito esbelto, de cabelo sedoso, que caminhava ao lado. E você?

Oh. O sujeito de cabelo sedoso respondeu com um sorriso. Ele era, de fato, um homem muito eloquente. Eu sou Manato. Você se importa se eu te chamar de Haruhiro, sem honoríficos ou algo assim?

Ah, tudo bem. Então posso chamá-lo apenas de Manato?

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— Pode sim, sem problemas.

Quando Manato sorriu, ele não pôde deixar de, reciprocamente, sorrir em resposta. Parece ser um cara legal. Provavelmente posso confiar nele, Haruhiro pensou. Afinal, Ranta era irritante, o desgrenhado o assustava e a pessoa de cabelo raspado era dona de uma cara amedrontadora. Além deles, havia uma garota excêntrica muito semelhante àquele tipo de pessoa abastada, isso sem mencionar o cara ‘deslocado’, de aparência inteligente, usando óculos. Também faziam parte do grupo, uma de cabelos trançados, outra notavelmente tímida e uma baixinha.

Essas três, quem são? Haruhiro decidiu iniciar uma conversa, ainda meio acanhado, aproveitando que uma delas estava próxima. Imaginou que, pelo menos, poderia descobrir seu nome. Mas quando se tratava de ser direto, transformava-se em nada mais que um amontoado de nervos.

— Uh, ei. — Haruhiro pigarreou.

— S-Sim …?

— N-agora, não é nada importante, mas, uh …

— Eu sou Kikkawa, e aí! — O playboy exclamou de repente, fazendo uma pose estranha. — Aí, ow! Esqueça os caras, bora conversar com as meninas! E, também, você precisa de algumas apresentações, não é ?!

A garota de tranças inclinou a cabeça. — Não. Não mesmo.

— Ah, qualé — Kikkawa protestou, abatido e patético.

Haruhiro sentiu um tiquinho de alegria percorrer seus pensamentos. Mesmo sem obter êxito, a tentativa de Kikkawa ainda lhe forneceu o impulso que precisava.

— Hum. — Haruhiro tentou ser o mais direto possível. — Qual o seu nome? Seria mais fácil conversar se nos conhecermos. Bem, é o que acho, mesmo que não saibamos muito sobre nós mesmos.

— Ah… — A garota tímida respondeu, olhando para baixo e puxando a franja.

Ela tentou ocultar o próprio rosto?

Seus olhos, nariz e lábios eram modestos, mas ela possuía uma beleza notável. Pelo menos, não havia nada que precisasse esconder. — … eu sou… Shihori. Quero dizer, esse é o meu nome. Mais ou menos. Desculpe…

— Não, não precisa se desculpar.

— Desculpe, é um hábito. Sinto muito, vou tentar não… — Shihori tremia feito um bezerro recém nascido.

Será que está tudo bem com ela? Não era difícil sentir-se preocupado vendo a condição em que ela estava. Isso incitou um certo instinto de proteção nele.

— Você é um cara grande. — Manato disse ao grandalhão de aparência gentil. — Qual é a sua altura?

— Huh? — disse o grandalhão ao piscar os olhos. — Minha altura? Eu tenho 1,6 metros…

— O quê? Um metro sessenta?! — Disse Ranta, indignado. — Isso é menos do que eu tenho, e olha que sou o cara que se autoproclama o “Sr. Um e Setenta”, sabe?!

— Não tenho certeza. Era um e oitenta… Oitenta e seis? Mais ou menos. Eu acho. Ah, e… Meu nome é Moguzo. Provavelmente.

— Eu gostaria de ser uns dez centímetros mais alto, Moguzo. Bem que você podia me ajudar já que tem altura de sobra aí, né! — Ranta exigiu, golpeando Moguzo de lado. Não foi um pedido muito realista. — Se você me emprestar, pelo menos 10 centímetros, alcanço os um e setenta e oito! Você fica com um e setenta e seis! Que diferença, hein! Isso seria maravilhoso! Não é?!

— Se isso fosse possível… — Respondeu Moguzo.

— Espere um pouco… — Haruhiro amaldiçoou a si mesmo quando começou a corrigir Ranta novamente. — Nesse caso, sua altura não é superior a um metro e setenta, então você tem um metro e sessenta e oito.

— Ah, fica quieto! Olha só quem fala! Você, também, nem é tão alto assim!

— Eu mal chego a um metro e setenta.

— Ah… Você é mesmo uma “peça rara”, sabia?! Um verdadeiro demônio capaz de discriminar as pessoas por míseros dois centímetros!

— Esse cara é um pé no saco. — Murmurou Haruhiro.

— Hã?! Eu não o ouvi bem. Você disse alguma coisa?! Você disse, não disse?! Eu sei que você disse alguma coisa!

— Não, nada. Honestamente, eu não disse nada.

— Mentiroso! Você é um grande mentiroso… Desgraçado pervertido! Não subestime minha audição diabolicamente boa! Isto é o que você disse: “Você e esse seu cabelinho cacheado podem ir para o inferno, seu desgraçado!”

— Não, eu não falei isso.

— Você me chamou de “cachinhos”! Essa é a única coisa que você não pode me chamar, de “cachinhos”! Porra, essa palavra é proibida!

— Escuta, eu, definitivamente, não disse nada disso. E você precisa aprender a ouvir quando os outros estão falando…

— Eu estava escutando! Eu estava ouvindo tão bem que até criei calos nos ouvidos! Que seja, não perdoo ninguém que ouse me chamar de ‘cachinhos’! Isso é uma ofensa digna de morte! Inaceitável!

— Cachinhos. — O gângster virou-se e disse: “Você é irritante. Cale a boca”.

— … sim, senhor. — Disse Ranta, em um tom bem mais suave, carregado com uma pitadinha de medo. — … desculpe. Vou manter minha boca fechada a partir de agora.

Haruhiro encolheu os ombros. — Então, você não acha que isso foi “uma ofensa digna de morte”?

— Seu idiota. — Ranta disse calmamente. — Eu sou um cara que sabe a hora e o lugar certos. Eles até me chamam de “mestre das escolhas”. Um dia serei o “Rei da Decisão”!

— Sim, vá em frente, continue acreditando nisso…

— Vou me tornar o Imperador do Discernimento! Não discremento, discernimento! Aquele das decisões infalíveis!

— Cachinhos. — O desgrenhado parou e virou-se novamente. — Cala. A. Porra. Da. Boca.

— Eeek! — Ranta reagiu rapidamente e, após um pequeno salto desajeitado, prostrou-se levemente. — Me.. me-des… desculpa…

— Em vez de Rei da Decisão. — Disse Haruhiro, olhando para Ranta. — Por que não se tornar o Rei da Prostração?

— É isso aí! — Ranta levantou a cabeça e estalou os dedos. — Espere, não, não é isso! Ser o Rei do Prostramento é muito ridículo! Não importa quão alta seja minha habilidade de prostragem!

— Cachinhos. — O gângster parecia querer matá-lo naquele momento. — Essa é a terceira vez.

— Eeeeek! — Ranta curvou-se novamente, esfregando sua testa nas lajotas — Desculpe-me! Não vai acontecer de novo! Desculpe-me, por favor …!

Esse cara já é o Rei da Prostração, pensou Haruhiro, mas decidiu guardá-lo para si. Se dissesse alguma coisa, provavelmente, discutiriam de novo e isso seria um porre. O silêncio reinou durante a caminhada que se seguiu até que Hiyoku parou em frente a um prédio de pedra, tinha dois andares.

No edifício estava hasteada uma bandeira com uma lua vermelha crescente, sobre um campo branco. Havia também uma placa em frente ao estabelecimento. Na placa, um escrito: “Corp_ de Sol_da_ Vol_t _ Ex_cito _ Fro_te de Allpe_ Lu_ Vermelha “.

Que estranho!

Sem muito esforço, seria fácil perceber que várias letras tinham perdido a cor ou estavam completamente descascadas.

— Ta-dah! — Disse Hiyoku, apontando para a placa. — Finalmente chegamos, sim, chegamos. Aqui. Aqui, está! A sede do famoso Corpo de Soldados Voluntários do Exército da Fronteira de Allpea, a Lua Vermelha!

Haruhiro sussurrou. — Lua Vermelha. — E olhou novamente para a placa. Agora fazia sentido. Se você o lesse com as partes que faltavam, dizia “Corpo de Soldados Voluntários do Exército da Fronteira de Allpea, Lua Vermelha”.

— Vamos, entrem! — Hiyoku gesticulou para que entrassem na grande sala que lembrava uma taberna, mesas e cadeiras estavam espalhadas ao redor e, ao fundo, havia um balcão. Atrás do balcão, um homem de braços cruzados. Além de Hiyoku, Haruhiro e os outros onze eram os únicos ali.

— Bem, da minha parte, isso é tudo! — Hiyoku disse arqueando os braços para o homem atrás do balcão. — Eu sei que faço isso todas as vezes, mas você pode explicar as coisas pra eles, né Bri?

O homem que ela chamou de “Bri” deu um leve “Right” em resposta, e acenou-lhe dando adeus com os braços ainda cruzados. Por alguma razão, ele balançou um pouco o quadril, acompanhando os movimentos de aceno.

— Bem, já estou de saída! Tchauzinhoooo! — Hiyoku disse ao sair. Depois de fechar a porta atrás dela, uma tensão espalhou-se pesadamente pela sala. Provavelmente, porque Bri iniciou um exame minucioso em Haruhiro e nos outros. Deve ter sido isso, com certeza foi. Afinal, pairava uma atmosfera de desconfiança.

Bri inclinou-se, apoiando os dois cotovelos no balcão enquanto descansava o queixo sobre as mãos. Era um queixo fendido. Mas esse detalhe não importava tanto, o que realmente chama atenção era a coloração verde de seu cabelo. Além disso, ele certamente usava batom ou algo do tipo, porque seus lábios estavam pretos. E aqueles lindos olhos azuis, rodeados por longos e grossos cílios que, de alguma forma, só o tornava mais aterrorizante. Suas bochechas tinham um certo rubor, como se usasse blush. Apesar da grossa camada de maquiagem, responsável por empregar-lhe uma aparência meio afeminada, Bri era homem.

— Hm… — Ele se abanou várias vezes, depois levantou. — Muito bem. Venham aqui, meus gatinhos. Sejam muito bem-vindos. Eu sou Britney, a chefe e anfitriã aqui no escritório da Lua Vermelha. Estou, digamos, no comando do Corpo de Soldados Voluntários do Exército da Fronteira de Alltea. Você pode me chamar de chefe, mas Bri também serve. Entretanto, se você me chamar assim, certifique-se de fazê-lo com muuuiiito carinho, tá?

— Chefe. — O desgrenhado caminhou direto para o balcão, apoiou-se ali e inclinou a cabeça para o lado encarando Bri. — Responda minhas perguntas. Já sei que esta é a cidade de Allpea. Mas o que é isso de “Exército da Fronteira” e “Corpo de Soldados Voluntários”? Por que estou aqui? Sabe me dizer?

— Você tem coragem. — Disse Britney com um sorrisinho. — Sabe, eu tenho uma quedinha por garotos como você. Qual é o seu nome?

— É Renji. E eu odeio bichas como você.

— Oh, agora você…

Haruhiro não tinha certeza do que Britney havia feito, entretanto ele certamente fez alguma coisa. Seus movimentos foram não apenas rápidos, mas suaves e executados com uma naturalidade surreal.

— Renji, deixe-me dar-lhe uma dica. — Britney pressionava uma faca contra a garganta dele, seus olhos se estreitavam numa expressão ameaçadora. — Aqueles que me chamam de bicha não costumam viver por muito tempo. Você parece um garoto esperto, acho que entende perfeitamente o que quero dizer. Mas, se quiser insistir…

— Bem… — disse Renji.

Haruhiro “engoliu em seco”.

Renji prendeu a lâmina da faca com a mão. Apesar de mantê-la fixa dentro do punho cerrado, seu sangue começou a escorrer pela base do polegar.

— Nunca planejei viver por muito tempo e, também, não sou do tipo que sai correndo com o rabo entre as pernas. — Disse Renji, enquanto a lâmina penetrava a palma de sua mão. — Se acha que pode comigo, então faça. Afinal, você é ou não é o “Bichão”.

— Quando for a hora. — Respondeu Bri, lambendo os lábios enquanto acariciava a bochecha de Renji. — Eu certamente vou “pegar” você, nem que seja a força. Tantas vezes quantas eu quiser. E, quando eu acabar, saberá que sou uma pessoa i-nes-que-cí-vel.

— … ei. — Ranta sussurrou para Haruhiro. — Quando ele diz que vai “pegar”, tenho certeza que ele se refere “àquilo”, né?!

— Como assim? — A garota de tranças perguntou à Ranta, com um olhar inexpressivo.

— Ah? É… Bem… É como tentar enfiar algo num lugar de onde as coisas deveriam sair… Uh… comé que te explico isso? Aí, Haruhiro?

— Não olhe para mim. Eu não tenho nada a ver com isso. Você começou, você termina.

— Nossa… Não precisa ser tão frio assim… Não entendo porque você não consegue ter nem mesmo um pouquinho de gentileza com os outros… Você está no zero absoluto da escala de bondade humana…

— Bem, de qualquer forma! — Kikkawa, o playboy, ficou entre Renji e Britney. — É a nossa primeira vez aqui, beleza! É normal que haja mal-entendidos! Estou certo de que podemos resolver isto pacificamente! Que tal tentarmos ser bons amigos e evitar problemas? E então? O que acham? Em consideração à minha boa aparência!

— Sua “boa aparência”? — Renji olhou de relance para Kikkawa e deu uma bufada zombeteira ao soltar a faca.

Bri puxou sua faca para trás, depois secou o sangue com um lenço. — Parece que temos algumas pessoinhas bem imprudentes aqui. Oito homens, quatro mulheres. Não há mulheres suficientes, mas eu prefiro assim pois os homens costumam ser mais úteis em batalha, então está tudo certo.

Manato levantou uma sobrancelha. — “Em batalha”?

— Isso mesmo. — Disse Britney, com um sorriso que deixou os doze de “cabelo em pé”. — “Útil em batalha”.

— Esta é a sede dos “Soldados Voluntários”. — disse Manato, olhando para baixo. — Então, isso significa que estamos aqui para nos alistar como voluntários, ou algo assim?

— Oh, meu Deus! — Britney aplaudiu. — Você também parece promissor. É exatamente isso. Vocês serão soldados voluntários. Mas têm liberdade para decidir, sabe?

— “Mestre das escolhas.” — Disse Haruhiro, dando um tapinha nas costas de Ranta. — Esse é o SEU momento.

— Aé?! Bem… Então é, não é?! Não, acho que… Será?

— Todos podem escolher. — Disse Bri, enquanto agitava seu dedo indicador desenhando círculos no ar. — Vocês podem aceitar minha oferta, ou rejeitá-la: gostaria que se juntassem ao nosso Corpo de Soldados Voluntários da Lua Vermelha e, porventura, integrar o então Exército da Fronteira de Alltea. Bem, vocês começam como recruta até que possam se tornar membros oficiais do Corpo de Soldados Voluntários.

— Soldados voluntários… — A garota excêntrica falou. Ela estava, claramente, muito assustada. — O que eles fazem?

— Eles lutam. — Disse Britney com um aceno de mão, como se quisesse acrescentar um “o que mais eles fariam, seu asno inútil” depois. — Aqui na região fronteiriça há espécies que são hostis aos humanos, entre outros inúmeros tipos de monstros. O dever do Exército da Fronteira é exterminá-los e assegurar a segurança da mesma. Mas, para ser honesto, não é um trabalho fácil. O Exército da Fronteira sempre está muito ocupado apenas tentando manter a linha de frente. E é aí que entra o nosso Corpo de Soldados Voluntários.

— Então, basicamente… — O ‘deslocado’ disse, ao mesmo tempo em que ajustava a posição dos óculos com o dedo médio da mão direita. — … enquanto as forças regulares protegem a cidade, o Corpo de Soldados Voluntários luta para sobreviver e tentar manter a linha de frente da batalha. É isso?

— Simplificando, sim. — Disse Bri, gesticulando uma tentativa de flor com as mãos. Foi algo muito assustador, mesmo que ele tenha enxergado beleza nesses movimentos.

— Apesar dos pesares, o Exército de Fronteira não realiza apenas ações defensivas, sabe? Há momentos em que eles precisam compor unidades expedicionárias para atacar bases e assentamentos inimigos. Entretanto, operações militares em larga escala têm suas limitações. A logística de abastecimento e muitas outras coisas precisam ser pensadas detalhadamente, com antecedência. Os soldados voluntários não são assim, eles não lidam muito bem com esse tipo operação militar.

Kikkawa acompanhava atentamente os movimentos exagerados de Britney. — Tipo, como eles são diferentes?

— Somos soldados voluntários… — Bri começou, juntando suas mãos e balançando as pontas dos dedos. — … aparecemos subitamente, nos infiltramos em território inimigo pela esquerda e pela direita, vigiando e causando confusão, buscando enfraquecer suas forças. Embora cooperemos com a força principal, é raro nos envolvermos em operações maiores e mais organizadas. A maioria dos soldados voluntários age por conta própria, ou em pequenos grupos de três a seis pessoas, é o que sei. Geralmente usamos nossas próprias habilidades e julgamento para reunir informações e derrubar o inimigo. É assim que o Corpo de Soldados Voluntários, da Lua Vermelha, trabalha.

— E? — Perguntou Renji, flexionando os dedos da mão direita. Não havia sangue gotejando dela. O sangramento havia parado. — O que acontece se eu recusar sua oferta?

— Nada, nada mesmo, sabe? — Britney balançou a cabeça e inclinou levemente o quadril.

Ele estava brincando? Talvez ele estivesse brincando e ameaçando-os, simultaneamente. Mesmo que não fosse sério, ainda foi muito assustador.

— Eu já lhe disse, você tem o direito de escolher. Se não quer ser um soldado voluntário eu, gentilmente, o convido a se retirar agora mesmo e nunca mais voltar.

— Heh… — Ranta disse, coçando freneticamente seus cachos. — Então… Eu passo. Não entendi muito bem o que você quis dizer, mas… Sabe, eu sou pacifista por natureza e não curto muito essas coisas violentas.

— Muito bem. Tchau. Cuide-se.

— Sim! Você também, Bri! — Ranta se virou, andou em direção à saída e, antes de abrir a porta, estacou e deu meia-volta. — … espere, depois que eu sair daqui, faço o quê?

— Se sair, você deixa de ser minha responsabilidade. — Bri sorriu. — Escolhendo não ser um Soldado Voluntário, pode fazer o que quiser, mas estará por conta própria. Entretanto, aqueles que aceitarem minha proposta receberão dez moedas de prata, cada. Isso deve ser o suficiente para se manterem vivos, por enquanto.

— Moedas de prata… — Manato arregalou os olhos e começou a revirar seus bolsos. — Ah, sim… dinheiro.

Haruhiro também vasculhou os bolsos. Estavam vazios. Ninguém, entre os doze, possuía um tostão furado.

— Talvez, um trabalho de meio período. — Ranta franziu o rosto e abaixou a cabeça como se a deslocasse do pescoço. — Eu podia procurar um… É o que dá pra fazer, por enquanto…

— Sinceramente, espero que encontre algo tão conveniente. — Disse Britney, encolhendo os ombros exageradamente. — Qualquer trabalho sempre possui suas vantagens e desvantagens, sabe? Mesmo que tenha a sorte de encontrar alguém disposto a contratá-lo, ele não lhe pagará muita coisa, e você, provavelmente, terá que executar tarefas domésticas extenuantes ou cuidar das “necessidades pessoais” dele, ou dela.

— Ack! — Disse Kikkawa, levando sua mão à testa. — Cara, esse mundo é dureza! Nem sei o que dizer. Temos que, tipo, “entrar na onda” aqui, não é?

— Eu acredito que já lhes disse isso, não? Se entram ou não “na onda”, depende apenas de… — Bri apontou para cada um deles. — Você… Seu… Vocês, apenas escolham logo.

Renji respirou fundo. — Não tem como ser mais, digamos, específico. Por exemplo, o que precisamos fazer primeiro?

— Oh, Renji. Não me decepcione falando essas coisas. Por acaso, você não estava ouvindo? Basta que use suas próprias habilidades e julgamento para reunir informações e derrubar o inimigo. É isso que um soldado voluntário faz.

— Então, como recrutas, também precisamos encontrar as respostas por conta própria…

— É isso mesmo. — Bri acenou com a cabeça e começou a enfileirar algo no balcão. Pareciam, pequenas bolsas de couro. Eram vermelhas e havia doze delas.

Britney segurava algo semelhante a uma moeda que, no meio, possuía aquele desenho da lua crescente. — Este símbolo é a prova de que são recrutas da Lua Vermelha. Ela, também, é conhecido como insígnia-de-recruta. Sejam cuidadosos, não a percam. Mesmo que ela não dê grandes vantagens a nenhum de vocês, ainda é uma coisinha necessária. E, não se preocupem, porque quando comprarem um distintivo, pela bagatela de vinte pratas, passaram a ser considerados membros oficiais do Corpo de Soldados Voluntários. Quando isso acontecer, é possível que consigam algum tipo de vantagem.

— Um momento. — Disse o sujeito de cabeça raspada, num tom bem agitado. — Você quer que lhe paguemos por status?

— Sim. Algum problema?

— Eu não gosto muito disso.

— Pense o que quiser, mas sem dinheiro não pode comer, não pode vestir, não pode fazer nada. Então, que escolha você tem? Pode morrer de fome e frio dentro de um buraco qualquer, se preferir.

Renji deu um sorriso irônico. — Até mesmo no inferno o dinheiro importa, não é?

— Inferno? — Bri inclinou sua cabeça para o lado, numa expressão de curiosidade. — Bem, é mais ou menos isso mesmo. Sei que parece estranho, principalmente depois de ter enfatizado que vocês têm de resolver seus problemas sozinhos. Mesmo assim, acredito que seu primeiro objetivo deveria ser comprar o distintivo do Corpo, tornando-se um membro oficial dos Soldado Voluntários.

— Parece justo. — Renji guardou seu crachá e a sacolinha de moedas no bolso. — Não sei muito a respeito desse negócio de soldado voluntário ou o que quer que seja, mas eu vou tentar. Depois, conversamos mais.

Depois de Renji, o cara de cabeça raspada tomou para seu bolso a insígnia e uma bolsinha de couro. Em seguida, a excêntrica, Manato, e o garoto de óculos fizeram o mesmo.

— Tudo bem, então eu também vou entrar nessa! Kikkawa disse, levando a mão em direção ao balcão. — Ele tentou pegar duas bolsas, mas Britney, imediatamente, desviou a mão sorrateira com um tapa.

Parecia não ter saída. Mas… Por quê? É só pelo dinheiro… Ou, talvez, simplesmente sobreviver? Se for isso, então, realmente, era algo necessário. Inevitável. Mas é difícil sentir-se confortável com tudo o que estava acontecendo.

Shihori, a garota das tranças e a baixinha estavam hesitantes. Ranta e Moguzo, também. Bri mirou seus olhos azuis em direção ao grupo de indecisos. — E vocês?

— Eu não sei… — Ranta caminhou para o balcão, murmurando para si mesmo. — Acho que vou acabar me ferrando. É que… Isso não me cheira nada bem…

— Hmm. — A garota de cabelos trançados, atrás de Ranta. — “Onde há força vontade, há um grande caminho”, é o que dizem…

— Não. — Haruhiro balançou a cabeça. — Não é exatamente assim que se fala…

— Hein? — Ela olhou para trás, com a mão estendida em direção ao crachá e uma bolsinha. — Não dizem? Yume sempre falou desse jeito.

— Então você aprendeu errado. É só “onde há vontade, há um caminho”.

— Aé?! Mas fica tão fofinho quando se usar “força-de-vontade” e “grande-caminho”. Yume acredita que fofura também é importante.

— … definitivamente, fica mais fofinho falando desse jeito.

A garota das tranças, Yume, sorria de forma natural e espontânea. — Não é!?

Durante esse momento de descontração, a baixinha também pegou sua parte. Moguzo, Shihori, e Haruhiro eram os únicos que ainda não o fizeram. Não querendo ser o último, Haruhiro também pegou uma insígnia e uma bolsa. Enquanto ele abria sua bolsa para confirmar as dez moedas de prata, foi a vez de Moguzo. Shihori foi a última.

— Parabéns. — Disse Britney, sorrindo e aplaudindo. — Agora sim, vocês são, verdadeiros recrutas do Corpo de Soldados Voluntários. Trabalhem duro e aprendam a viver por conta própria. E, já que são integrantes do Corpo, não me importo em dar-lhes alguns conselhos.

Então, de repente…

— Ei!

Thud! (som de batidas)

— Urgh!

Eles viram que, num instante, o cara de cabelo raspado caiu e estava de costas para o chão. Foi tudo muito rápido, quase não deu pra acompanhar. Parecia que Renji dera um soco nele. Foi isso mesmo? Por que ele faria isso?

— Levante-se. — Disse Renji, com uma expressão vazia.

— Otário! — O cara de cabelo raspado gritou e tentou se levantar, Renji desferiu um chute deixando-o estirado no chão.

— O que há de errado? Levanta.

— Seu filho da puta! Qual é o seu problema?

— Desde a primeira vez que o vi, fiquei curioso sobre qual de nós é mais forte. Chegou a hora de saber resposta. Levanta.

— Mas que merda!

Renji o atacaria assim que ele tentasse levantar. Era óbvio até mesmo para um espectador como Haruhiro: bastava se afastar e desviar dos ataques. Bem, ele tentou se esquivar, mas Renji adiantou-se, deu-lhe um soco, chutou-o, depois o arrastou pela orelha de volta à posição anterior. O cara de cabelo gritava de dor. Renji ainda o pôs de joelhos, várias vezes, mas ele ainda insistia em ficar de pé. Por fim, Renji o agarrou pela cabeça balançando-a com ferocidade até que batesse contra a sua. Houve um estrondo. O cara de cabelo raspado caiu de joelhos, de novo.

— Você tem uma cabeça dura. — Disse Renji, esfregando a testa com um dedo. Estava vermelha e começou a escorrer um pouco de sangue dela. — Diga-me seu nome.

O cara de cabelo raspado apoiou as mãos nos joelhos. Apesar da dor, ele era orgulhoso e não se permitia rastejar diante de seu rival. — … é Ron. Caralho, você é bem forte.

— Você também. Junte-se a mim, Ron.

— Sim, por enquanto.

— Bom. Agora, quem mais… — Renji olhou em torno do escritório e fixou seu olhar em Manato.

Manato estreitou os olhos ao perceber as intenções de seu observador.

Renji prosseguiu, desviou sua atenção para o garoto de óculos. — Você, acho que pode ser útil. Venha comigo.

Surpreso, o garoto reagiu cruzando os braços enquanto piscava. Então, ajustando a posição dos óculos com o dedo médio de sua mão direita, ele acenou com um breve movimento de cabeça. — Claro, eu sou Adachi. É um prazer, Renji.

Renji respondeu com um sorriso de canto, depois virou os olhos para Haruhiro.

O que? Talvez, também tenha interesse em mim? Pensou Haruhiro, surpreso e, ao mesmo tempo, encantado. Afinal, Renji é musculoso e acabara de demonstrar que é forte o suficiente para derrubar Ron facilmente. Um homem de ação e pouco carismático, porém, se Haruhiro deixasse isso de lado até dava para vê-lo como uma pessoa confiável. Isso sem considerar o fato de que a vida poderia ser mais fácil no grupo dele. Difícil fugir desses pensamentos. Mas esses devaneios não duraram muito. Renji desviou sua atenção para outro. Haruhiro foi ignorado.

— Você aí, Chibi.

— Aye…? — Respondeu a menor entre os doze, com uma vozinha correspondente à sua estatura.

— Venha. — Disse Renji, gesticulando para que ela o seguisse.

Por um curto espaço de tempo, a pequena Chibi parecia perdida enquanto olhava para o nada. Depois, cambaleou na direção de Renji, e levantou o olhar. Encarou-o de maneira tímida, com a expressão de uma garotinha ingênua e inocente.

Renji deu um tapinha na cabeça da Chibi. — Parece que você será útil. Venha comigo.

— Aye… — Chibi disse acenando com a cabeça. Seu rosto ficou vermelho. Havia algo nela que lembrava um porquinho da índia. Um porquinho muito distraído. Não apenas sua aparência, mas seus gestos singelos e sua maneira de ser… Ela era, literalmente, um “docinho”. Mas… útil? Haruhiro não pensava assim. E, espere, Renji escolheu a pequena Chibi ao invés dele? Um misto de humilhação e tristeza invadiu seu coração.

— Estamos de saída. — Renji gesticulou erguendo o queixo para a porta do escritório. Quando Ron, Adachi, Chibi e Renji começaram a se retirar, a excêntrica gritou: — Espere! Leve-me também.

Renji soltou um breve suspiro. — Não preciso de um peso morto.

— Eu faço qualquer coisa! — A garota disse, agarrando-se à Renji. — Eu sou Sasha. Por favor. Absolutamente qualquer coisa, eu farei qualquer coisa.

— ABSOLUTAMENTE qualquer coisa, hein? Não se esqueça dessas palavras.

— Sim, não vou esquecer.

— E não me toque. — Disse Renji, empurrando Sasha para longe.

— Te peguei … Bom. Você também vem. — Dessa vez, ele a puxou para si.

— Obrigada, Renji! — Sasha abriu a porta para que Renji e seus seguidores saíssem, mas ela foi a última. Quando a porta se fechou, os sete restantes sentiam-se derrotados, como se a maior oportunidade de suas vidas tivesse escapado por entre os dedos.

— Ack! — Disse Kikkawa, fazendo careta enquanto coçava a cabeça. — Quem me dera poder entrar naquela equipe. Renji e Ron, provavelmente, são imbatíveis numa luta. Adachi parece um sujeito bem inteligente, Chibi é bonita como um botão de rosa e Sasha é muito sexy. Cara, que inveja! Mas é isso: eles são exceções à regra. Vou ver se consigo alguma informação. Tchauzinho. — Antes que alguém pudesse dizer qualquer coisa, Kikkawa já tinha deixado o local.

Haruhiro trocou olhares com Shihori. Ela baixou a cabeça com vergonha.

— Bem, eu também estou indo. — Disse Manato, caminhando para a saída. — Não vou aprender nada parado aqui, então eu vou lá fora dar uma olhada. Vejo vocês depois.

— Sim, até mais. — No momento em que Haruhiro se despedia de Manato, ocorreu-lhe que talvez devesse ir junto. Manato era carismático, bem diferente do Renji. Ele parecia uma boa pessoa. Apesar de não se importar muito com Ranta, Haruhiro indagou se eles, os quatro restantes, ficariam bem. Talvez fosse melhor se os seis permanecessem juntos. Parecia uma boa ideia. Entretanto, quando Haruhiro chegou a essa conclusão, Manato já não estava ali, mas tinha certeza de que ainda não era tarde demais.

— Escutem, ficar parado aqui não vai ajudar muito, então que tal se a gente for junto com o Manato, e…

Haruhiro não conseguiu concluir antes que a porta se abrisse. Talvez Manato tenha voltando! Não era o caso. Um desconhecido entrou no escritório, ele vestia roupas de couro, usava um boné com uma pena dentro e, pendurados nas costas, um conjunto de arco e flechas. Aparentava ser um pouco mais velho que Haruhiro e os outros. O homem tinha os olhos de uma raposa e uma boca torta.

— E aí, Chefe.

— Oh, meu Deus. — Bri olhou para o homem. — Se não é Kuzuoka. O que houve? Posso ajudar em alguma coisa?

— Não, não foi por isso que eu vim. — Disse Kuzuoka, olhando para Haruhiro e os outros. — Ouvi dizer que chegaram alguns novatos, então vim dar uma olhada.

— Humm… Posso ver que as notícias sempre chegam rapidamente aos seus ouvidos. Desta vez foram doze, e apenas cinco deles ainda estão aqui.

— Oh. Então estas são as sobras, vejamos, huh.

A face da Ranta enrijeceu. — Bem, foi mal aí seu sobrei.

— Você deveria se arrepender, sabe? — Kuzuoka disse para Ranta, com um olhar furioso. Depois, dirigiu-se a Haruhiro e aos outros, analisando-os. — Hmm… Bem, tanto faz, a linha de frente sempre precisa de mais soldados. Ei, garotão, você pode vir.

Moguzo apontou para si mesmo. — Eu?

— Sim, você. A quem mais eu poderia me referir quando digo ‘garotão’? Deixo você entrar no meu grupo. Acho que você tem potencial. Posso até te emprestar um pouco de dinheiro. Parece um bom negócio, não é? Se me entendeu, então vamos logo.

— Uh, está bem…

— Moguzo, você vai mesmo?! — Ranta agarrou Moguzo pelo braço esquerdo. — Não faz isso! Tá na cara que ele é um impostor!

— Ah, está bem…

— Vamos logo, sem enrolação! — Kuzuoka puxou seu braço direito. — Como recruta, devia me agradecer pelo simples fato de ser convidado para um grupo! E eu não sou impostor!

— Uh, uh, ok…

— Moguzo, não deixa ele te enganar! Um cara suspeito nunca vai te dizer se ele é uma pessoa suspeita!

— Ah, ah, uh… Ow, ouch, isso… dói, você sabe…

— Oh!… — Ranta soltou seu braço. — Desculpe, desculpe, ah… — Moguzo, gentilmente, pediu desculpas.

— Muito bem, então agora podemos ir! — Kuzuoka disse, arrastando Moguzo para longe.

Os ombros de Shihori caíram. — Eles foram embora…

— Agora tem… — Yume contou nos dedos da mão enquanto, com a outra, apontava para Haruhiro, Ranta, Shihori e, finalmente, ela mesma. — …quatro de nós, huh?

— Queridinhos. — Disse Britney, abafando um bocejo. — Por quanto tempo planejam ficar parados aí? Tenho muito trabalho a fazer. Apenas saiam e vão vadiar por aí, ou eu posso chutá-los para fora agora mesmo, sabe?

Ranta olhou para Haruhiro e os outros como se fosse um cão espancado. — … que tal se a gente sair daqui?

Haruhiro percebeu que sua expressão deveria ser, pelo menos, tão patética quanto a de Ranta. — … sim.

Olá, eu sou o Asu!

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