Ao chegar perto do rio, Alexander verificou a área para confirmar que era seguro e depois procurou uma pedra resistente e minimamente afiada. Sua procura levou no mínimo uns dez minutos, mas uma pedra que se encaixava nos seus pré requisitos foi encontrada.
Depois de achar a pedra, ele voltou ao bosque e se posicionou na parte onde a vegetação começava a diminuir. Assim não teria uma vegetação densa o suficiente para atrapalhá-lo, mas ainda teria uma camada de vegetação para lhe dar cobertura caso alguma criatura aparecesse.
Com a camuflagem natural de um goblin nesse tipo de ambiente, Alexander se aproximou da área em que havia visto o maior número de coelhos e escolheu uma boa posição para se esconder.
Escondido atrás de uma das árvores da trilha que levava ao rio, ele se preparou para emboscar os coelhos, pois, graças a sua boa posição e camuflagem, nem precisaria se mexer, os próprios coelhos viriam até ele.
Assim como o planejado, não demorou muito para que um coelho aparecesse no seu campo de visão. Mas para aumentar a sua proficiência e confirmar que aquilo era apenas um coelho, |Avaliar| foi usado.
[{Coelho Selvagem}]
As preocupações dele diminuíram com a confirmação de que era apenas um coelho, mas isso não o fez relaxar. Afinal, confirmar que era apenas um coelho não garantia o sucesso da emboscada.
Quando o coelho alcançou uma determinada posição, os instintos dele gritaram que aquele era o momento certo. E assim, sem ao menos hesitar, ele lançou-se sobre o animal brandindo sua estaca.
O coelho ainda tentou fugir, mas era tarde demais. Alexander conseguiu cravar o corpo do coelho no chão com a estaca.
Mesmo com o corpo perfurado e sangrando, o coelho continuou lutando para se livrar da estaca enquanto guinchava de dor. Seus guinchos não eram altos, mas poderiam acabar afastando os outros coelhos ou atraindo alguma criatura.
Não querendo arriscar que algum desses cenários acontecesse, ele pegou a sua pedra e a usou para rasgar a garganta do coelho.
[1 x {Coelho selvagem} abatido. – Você recebeu 5 pontos de XP]
Com o coelho morto, Alexander rapidamente o colocou de cabeça para baixo para que saísse o máximo de sangue possível, o que não demorou muito, pois não havia muito sangue.
— Se não estou enganado, o próximo passo para desmantelar um coelho é enchê-lo como um balão, pois isso deve expandir seu corpo e ajudar a soltar a sua pele, que já é naturalmente bem solta — lembrou ele, que ficou surpreso ao ver que realmente funcionou, afinal de contas, nunca tinha feito isso na Terra. Essa era apenas uma informação aleatória que por algum acaso ouviu durante a sua pesquisa.
Com a pele do coelho já meio solta, Alexander seguiu as instruções nas suas lembranças e retirou todas as extremidades do coelho, pois eram os pontos principais que mantinham a pele do coelho presa ao corpo.
Depois de usar a pedra para retirar as extremidades do coelho, ele a usou para cortar/rasgar o peito do coelho em uma linha “reta”, que ia de onde era a cabeça até onde era o rabo, bem como fazer pequenos cortes que iam do peito até onde os pedaços cortados das patas ficavam.
Com isso feito, só restou puxar a pele do coelho com cuidado para retirá-la sem maiores problemas.
Com a pele retirada, Alexander só precisou limpar a parte interna do coelho para conseguir a sua primeira fonte de alimento.
— Retirar essas coisas o mais rápido possível depois de abater um animal deve ajudar a conservar sua carne — lembrou-se. — Afinal, o sangue e os tecidos moles vão apodrecer bem rápido, e podem comprometer a carne.
Depois que terminou de desmantelar o coelho, ele jogou terra e folhas amassadas por cima das sobras até enterrá-las. Essa não era nem de longe a melhor forma de encobrir o cheiro, mas ainda era melhor do que nada.
Sentindo o cheiro de sangue que vinha do seu corpo, Alexander se aproximou do rio com cuidado, para confirmar que não havia qualquer criatura perigosa, e limpou a se e a sua estaca como pôde.
Constatando que, aparentemente, não havia nenhuma criatura ali, ele pegou as partes do coelho e começou a lavá-las na água do rio, mas a pele ainda continuou “rebelde” e oleosa.
Ao ver que não havia muito que pudesse fazer, Alexander apenas a deixou assim e colocou todas as partes do coelho para secar ao sol em uma pedra pouco visível para quem estava longe. Feito todo o processo de beneficiamento do coelho, ele voltou a se esconder entre alguns arbustos.
Surpreendentemente, aquele bosque realmente tinha uma quantidade razoável boa de coelhos, por que não demorou muito para que outro coelho se aproximasse.
Tentando se habituar com isso para estar sempre aumentado a sua proficiência, Alexander usou a habilidade |Avaliar| novamente.
[(Coelho Selvagem)]
Talvez por algum excesso de confiança criado por seu êxito passado, ou mesmo por falta de prática nesse tipo de situação, ele acabou errando o timing de dar o bote, e o coelho acabou fugindo da emboscada.
Esse único fracasso não o frustrou. Alexander apenas mudou de posição para outro lugar, e algum tempo depois outro coelho apareceu passando.
Desta vez, ele não se adiantou, mas mesmo assim acabou errando o seu ataque e o coelho conseguiu escapar.
Exasperado com seus erros, Alexander mudou novamente de posição e se concentrou o máximo possível. Quando um novo coelho apareceu, não houve hesitação em seu ataque, que felizmente obteve sucesso.
[1 x {Coelho selvagem} abatido. – Você recebeu 5 pontos de XP]
Depois de repetir o mesmo processo que fez com o primeiro coelho, percebendo que estava gastando muito tempo com essas pausas, ele então passou a apenas tirar o sangue do coelho, colocar o resto sobre uma pedra pouco visível na sombra e se lavar para tirar o cheiro de sangue.
Com um novo modo operante definido, Alexander voltou a tentar emboscar coelhos. Pouco a pouco, o processo de emboscar foi ficando familiar, e isso aumentou a sua taxa de sucesso para um a cada três coelhos.
Ao matar mais sete coelhos, ele ficou bem perto de subir de nível. E por isso decidiu emboscar apenas mais um coelho antes de parar.
[7 x {Coelho selvagem} abatidos. – Você recebeu 35 pontos de XP]
Alexander sabia que tinha que acabar logo para voltar antes que escurecesse. Mas como havia acertado as duas últimas emboscadas, isso lhe colocou alguma pressão, pois a sua taxa de sucesso não era tão grande.
Passou-se um bom tempo até que outro coelho aparecesse, e isso o deixou ainda mais determinado a acertar. — Tenho que acertar. Quem sabe quando vai aparecer outro.
Enquanto ficava cada vez mais focado no seu objetivo, o coelho se movia com cada vez mais cuidado, como se sentisse alguma coisa.
— Merda. Deve ser o cheiro de sangue — concluiu Alexander.
Suprimindo a sua ansiedade ao máximo, ele esperou o momento ideal para emboscar o coelho.
Assim que o coelho entrou minimamente dentro do seu alcance, seu bote foi lançado.
O coelho, que estava alerta, reagiu rápido à emboscada. Mas para seu azar, sua tentativa de fuga só fez com que a estaca acertasse seu pescoço, matando-o na hora, sem nem precisar usar a pedra.
[1 x {Coelho selvagem} abatido – Você recebeu 5 pontos de XP]
* Ding! *
[Você desenvolveu a habilidade de proficiência: |Emboscar|]
* Ding! *
[Você subiu de nível. Mas devido à interferência da habilidade especial |Controle de Atributos|, todos os seus aumentos de atributos ao subir de nível foram negados e convertidos em pontos de atributo livre.]
[+7 pontos de atributo livre]
[+1 ponto de crescimento]
Alexander não se sentiu diferente quando o seu nível aumentou, mas as informações referentes a habilidade |Emboscar| entraram na sua cabeça assim que a notificação soou.
Satisfeito com tudo que havia conseguido, ele aproveitou o que restava da tarde para desmantelar os outros coelhos.
A eficiência dele em desmantelar coelhos foi aumentando com a sua prática ao trabalhar. E justo quando faltava apenas um coelho, um som de notificação soou.
* Ding! *
[Você desenvolveu a habilidade de profecia: |Desmantelar|]
Assim que a notificação soou, outro conjunto de informações começou a fluir para a mente dele. O interessante sobre esse novo conjunto foi que era bastante vago, como se não fosse uma habilidade específica, e sim um pequeno manual de boas práticas.
Alexander decidiu não pensar muito nisso e começou a desmantelar o último coelho. Mas assim que começou, uma sensação surgiu e começou a auxiliá-lo.
Nem mesmo ele sabia como explicar, mas essa sensação aumentou significativamente sua eficiência. O seu trabalho parecia mais fácil e a qualidade final do produto também parecia bem melhor.
Assim que terminou, ele levantou a sua cabeça e verificou o sol.
— Sua intensidade está diminuindo gradativamente — Analisou Alexander ao franzir a testa. — Está quase como se fosse na faixa de 04h:30min (PM) a 05h:00min (PM) na terra. Mas levando em conta que aqui o dia parece durar mais, devo ter gasto bem mais de 2 horas.
Querendo aproveitar o resto do período de sol, ele pegou as partes do coelho que manteria e foi até o rio. E após confirmar que era seguro, começou a lavar suas coisas.
Assim que terminou, Alexander percebeu que as novas peles ficaram iguais à anterior, “rebelde” e “oleosa”. E como não podia manuseá-las nesse estado, começou a pensar em alguma solução.
— Lembro-me que é preciso passar alguns produtos no couro para torná-lo próprio para o manuseio. Mas obviamente não os tenho aqui — pensou ele enquanto procurava por uma solução. — É mesmo. Posso tentar aquilo para acabar com esse aspecto oleoso.
Curioso para saber o como seria o seu resultado, Alexander juntou todas as peles em um só lugar, colocou as duas mãos sobre elas e entoou: — |Revigorar|.
Ao entoar o feitiço, ele percebeu duas coisas: não era preciso vocalizar o feitiço, pois apenas pensar em usá-lo parecia ser o suficiente; e uma estranha energia fluía pelos seus braços ao usar o feitiço.
Seguindo a vontade dele, o feitiço criou uma esfera de água em torno das peles de coelho. A esfera conseguiu comportar todas, mas também parecia estar a ponto de explodir.
O feitiço não durou muito, mas quando terminou, as peles estavam diferentes. Até pareciam prontas para serem trabalhadas assim que secassem.
Essa descoberta o deixou feliz, mas não podia se dar ao luxo de comemorar, pois tinha que voltar para a clareira antes do pôr do sol.
Ele então desativou o seu talento, pois a sua forma humana era melhor para carregar as coisas, e foi com cuidado em direção à clareira. Durante a sua volta, gravetos e folhas secas foram recolhidos no caminho.
Assim que chegou a clareira, Alexander começou a procurar vestígios de possíveis invasores. E ao confirmar que nenhuma criatura passou por ali, ficou um pouco mais tranquilo.
* Ding! *
[Missão Concluída].