Catedral de Orticid. Hora local 15:14
Alf voltou ao ponto de encontro sem problemas. Abrindo o localizador, verifica que Will ia de um lado para o outro em seu ponto e Doug se encontrava parado. O jogador olha ao redor, procurando o que fazer. Pensa em se comunicar com Will, mas o comunicador dava erro, e de Doug estava mudo. Sem muitas escolhas, ele adentra a catedral, nada de diferente a princípio. Alf vai até à cortina, o ambiente por detrás estava diferente, sem mais quadro de anotações. No final do corredor, quatro estátuas em cima de pedestais, uma de serpente, com espaço para colocar um olho, uma de rato, que parecia estar faltando algo para segurar em sua garra esquerda. Um tatu, com um espinho faltando. E um urso dourado, o único que parecia estar completo. O jogador abre seu inventário, pegando o olho e colocando na serpente. A estatua brilha e se tornando dourada. Mais ao fundo da sala um pedestal aparece, sem nada nele. Alf acreditava que teria de esperar os amigos e assim o faz, se sentado em um do banco da catedral, próximo à porta.
Alguns minutos depois, o barulho de veículo se aproximando faz o jogador ficar alerta. Algo parecido com um caminhão se aproximava. Alf vai para entrada do local, onde o caminhão estacionava com certa dificuldade. Ao ver Will descendo do veículo, o pequeno jogador fica aliviado.
— Como foi Tio Phill? — Al pergunta ao amigo enquanto se aproxima.
— Foi uma merda, quase morri — Will sorria enquanto falava — mas fiz minha parte e taus. Nada do Doug?
— Quando verifiquei ele estava parado — Al olha novamente o localizador — ele está se movendo bastante, deve tá enfrentado algo também.
— Já que chegou primeiro — Will abria o inventário e pegava o espinho — sabe onde colocar isso?
O amigo responde positivamente com a cabeça e ambos entram na catedral. Will coloca o espinho no espaço faltando da estátua do Tatu, que brilha se tornado dourada. No pedestal ao fundo, surgem pernas, que lembram as de um sapo.
— Acho que deve ficar completo com seja lá o que o Doug traga — Will queria ir ajudar o amigo, mas tinha que confiar nele.
— Provavelmente — Al senta-se em um banco — cara tu não acredita no que eu passei.
Will se senta junto ao amigo e escuta toda aventura no museu, prestando o máximo de atenção que conseguia. Ficando impressionado de como Al lidou com a serpente e intrigado com K2s, assim como a história de conquista daquele mundo.
— E isso é basicamente tudo que me ocorreu no museu — Al tomava um ar após falar sem parar — e como foi sua aventura?
Will se inclina no banco e conta como passou apertos na fábrica, das fotos e vídeos que viu, da sua luta e quase morte.
— E foi assim que eu quase me fodi na primeira missão — Will sentia a boca seca, sentindo falta de um cantil. Iria comprar um para si caso terminassem a missão — ouviu isso?
— Não — Al tentava reparar no que o amigo poderia ter ouvido.
Will se levanta abruptamente do banco, pega sua pistola e sinaliza para o amigo se armar. Pela porta da catedral eles avistam uma horda de zumbis. Com uma rápida olhada, Al achava serem mais de 50.
— Mas que merda em pequeno? — Will olha rapidamente o localizador, vendo que Doug já estava a caminho — vamos fazer uma barricada com esses bancos, igual estavam quando chegamos.
— Se fizermos isso, vamos ficar presos aqui — mesmo dizendo isso, Al empurrava um dos bancos.
— Eu sei…, mas são muitos para sair correndo… se estivessem mais longe, poderíamos tentar pegar o caminhão…, mas nessa distância o melhor é combater daqui.
O mais depressa que conseguem, eles movem cinco bancos para barrar a porta principal. Colocando mais cinco de apoio, fazendo uma dupla barricada.
— Cada um protege um lado — Will seguia para uma das janelas — essa é a única entrada, vamos proteger ela.
Com arma em punho Al se dirige a outra janela.
— E quanto ao Doug? — pergunta o pequeno jogador — ele tá vindo pra cá.
Will fica em silêncio pensando por uns segundos.
— Vou ficar de olho no sinal dele, quando estiver mais perto eu o aviso dessa merda, não adianta preocupar ele antecipadamente.
Al acha um bom plano.
Do lado de fora a horda já subia o jardim, passando as estatuas, quase na porta. O mostrador de inimigos era uma grande mancha vermelha. Will pensava terem bem mais que 50. O jogador espera os inimigos estarem o mais próximo possível da porta, e diz ao amigo para começar a atirar.
As primeiras balas estilhaçam as janelas, as seguintes derrubam alguns inimigos. Will acerta dois tiros na cabeça de dois zumbis, os fazendo cair. Outros inimigos passam pelos caídos, indo de encontro a porta. Al metralhava alguns, os fazendo recuar e tombar. A situação estava controlada, até que um cão zumbi pula uma das janelas laterais, adentrando a catedral e surpreendendo a dupla de atiradores.
— Me da cobertura — Will pegava a escopeta — eu cuido do doguinho.
O cão zumbi não era um Doberman, como normalmente se tem em aventuras zumbis, mas era um Pastor Húngaro. Seu pelo estava esverdeado, como musgo, tinha apenas o olho esquerdo, de cor clara. O olho direito era um espaço vazio. Babava uma gosma preta. Possuía vários hematomas e machucados pelo corpo.
A criatura rosna para o jogador, esse apenas desdenha da criatura. O cão vai de encontro ao jogador, pulando, com a boca aberta, mirando na garganta.
Will se mantém estático até o último minuto, quando desvia por milímetro da mandíbula canina. O jogador mira e atira no cão, aproveitando que esse não tinha terminado de aterrissar direito. O tiro arrebenta a pata traseira esquerda do bicho. O pastor uiva de dor ou raiva e encara seu algoz. Mancando, ele se prepara para atacar novamente. Will carrega uma bala na arma. O cão salta novamente, mas com muito mais dificuldade e quase sem pegar altura. O jogador facilmente desvia, prepara sua arma e acerta um tiro duplo no abdômen do cão zumbi, partindo-o ao meio.
— Como estão as coisas aí Al? — Will recarregava a arma e preparava a pistola para ajudar o amigo.
— Complicadas — Al se preparava para jogar uma granada, mas o amigo o impede.
— Eles podem queimar a porta e ferrar mais ainda com nossas vidas.
Os zumbis estavam batendo e forçando a porta. A barricada não ia durar muito.
Will nota que Doug já estava próximo o suficiente para entrar na festa e se comunica com o amigo.
— Tenho boas novas pra tu Doug meu filho — Will disparava contra três inimigos.
— Espero que sejam realmente boas — Doug tentava esconder o susto que levou com o amigo começando a falar do nada.
— Bem, eu e o Al terminamos nossos afazeres, e estamos na catedral — Will recarregava enquanto Al o cobria.
— Isso é fabuloso — o jogador apertava a caminhada — mas voce não me comunicou só pra isso né?
— Nooop — mais quatro inimigos caiam, mas outros cinco tomavam seus lugares — a catedral tá cercada de zumbis. Estamos presos aqui… fizemos uma barricada, mas ela não vai durar pra sempre, então se quiser vir dar uma de herói e salvar nossos rabos, to aceitando…
Doug para, pensando em como ia ajudar o rabo da sua equipe com um revólver.
— Você tem algum plano, grande líder? — Doug zombava do amigo para esconder o nervosismo.
— Na verdade, eu tenho — Will sorria para Al, que conhecia o amigo o suficiente para saber o que passava naquela cabeça maquiavélica — eu vim com um caminhão para catedral, ele está estacionado convenientemente fora da vista inimiga, pega ele, atropela geral e tira nois daqui.
— Onde caralhos tu conseguiu um caminhão?
— Ganhei do Papai Noel, por ser um bom menino — Will cobria Al, para esse recarregar— agora corre aqui, tamo ficando sem tempo.
Doug sai em disparada, já vendo a catedral ao longe, seu mostrador mostrava uma quantidade alarmante de inimigos. Ele contorna o local, procurando o caminhão, o achando mal estacionado em um dos cantos. O jogador adentra o veículo, vendo que a chave estava na ignição. Coloca o cinto e liga o caminhão. O som faz alguns inimigos começarem a se mover em sua direção, o que não era de todo mal. Manobrando com certa dificuldade, Doug imbica o caminhão jardim adentro, levando alguns zumbis no processo. Ele só repara na quantidade de inimigos quando já estava indo de encontro a eles.
— Eles são muitos — Doug manobrava, tentando deixar o veículo reto — não vai dar pra matar tudo não.
— Confia em mim amigão — Will acenava pro amigo da janela, enquanto disparava em dois desgarrados — atropela o máximo que der, depois sai de ré, usa a buzina para chamar a atenção deles, quando estiverem indo pra cima de você, eu e Al saímos daqui. Eles são lentos, só estão em número maior, damos o fora daqui e reagrupamos em outro local.
— Mas ele tem que colocar o item na estátua aqui — Al metralhava dois inimigos.
— Merda, esqueci disso… — Will se frustrava ao esquecer as coisas com tamanha facilidade —faz o que falei, vamos pensar na estátua quando tivemos seguros.
— Você quem manda chefe.
Doug acelera em direção aos zumbis, atropelando uma boa quantidade deles, parando de frente a porta da catedral. Com dificuldade sai de ré do local, levando mais alguns com ele. Ainda eram muitos, mas estavam diminuindo. Ele aperta com vontade a buzina, chamando atenção de boa parte dos inimigos restante. O jogador manobra novamente, e lentamente dirige pela rua a frente, sempre buzinando.
Quando o número de zumbis se torna razoável, Will e Al abrem a barricada, saindo da catedral. Al elimina quatro zumbis retardatários, Will elimina mais sete, parando para recarregar. Al joga uma de suas granadas, fazendo oito tombarem em chamas. Doug estava relativamente longe, sempre buzinando.
— Tenho outra ideia — Will diz ao amigo que dirigia.
— Sou todo ouvido — dirigir vagarosamente era um saco — meu braço ta começando a doer aqui.
— Tem quantas granadas ainda?
— Uma só, tive problemas no hospital…
— Espero que de — Will descia com Al o jardim, eliminado mais alguns inimigos — você vai dirigir mais um pouco, continua a buzinar e chamar eles, quando eu mandar, tu para o caminhão e se afasta, tem um pedaço de ferro no chão, usa ele para manter a buzina. Quando os inimigos estiverem em cima do caminhão, joga sua granada nele e faz ele ir pelos ares.
— E se ele não explodir? — Doug se arrumava no banco.
— Se não der, nois corre ué.
Doug confiava em 78% do plano do amigo e faz como é pedido. Ele estava próximo ao museu quando Will da o aviso para parar. O jogador corta o cinto de segurança, e o usa para fixar a barra ao volante, de maneira que essa continuasse a funcionar, manobra o caminhão, o deixando atravessado na rua, desce rapidamente dele e se afasta. Os zumbis rodeiam o veículo, batendo e tentando arrancar as portas. Will dá a ordem de lança a granada. Doug prontamente arremessa, fazendo ela cair bem embaixo do motor e corre para longe.
Ao explodir, a granada faz um belo estrago no caminhão, e por alguns segundos nada acontece, até que o veículo é imerso em uma gigantesca explosão, matando tudo em um raio de dois quilômetros. Explodindo praticamente todos os carros na redondeza.
Will e Al observam de longe a grandiosa bola de fogo. Mesmo longe, são atingidos pelo bafo quente.
— Tudo bem ai Doug? — Will não pensou que podia ter uma explosão tão grande.
O silêncio mortal de segundos faz o sangue dos jogadores gelarem.
— Doug? — Al tenta dessa vez.
Mais silêncio.
— É bom tu não ter morrido… — Will gritava no comunicador.
— To vivo, só meio surdo, meus ouvidos tão apitando, dá um minuto.
Will suspira aliviado. Al sente o corpo relaxar.
— Não temos tempo pra isso, volta pela rua paralela, já que tem uma bola de fogo tampando seu caminho principal, temos que acabar essa missão, tamos voltando para catedral, não demora.
Cinco minutos depois Doug estava junto aos amigos no fundo da catedral. Ele coloca o osso no rato, que se torna dourado como os demais. A estátua pela metade se completa, formando um sapo muito mal-encarado. Nas “mãos” ele possuía luvas, como de boxe. A estátua brilhava em prata, destoando das demais. As estátuas se alinham, ficando na ordem em que foram eliminadas, deixando o sapo por último.
Um grande tremor abala as estruturas da cidade. Os jogadores caem ao chão, tamanha a força do abalo. Quando o tremor para, somente a estátua do sapo se mantinha no local. Um novo ponto de interesse aparece nos mostradores. No mapa, o observatório finalmente aparecia.