Era sábado, fazia muito calor aquele dia, e a tempos que não saia com o Al.
O isolamento social mexeu muito com as pessoas, as deixou muito doidas.
Mas naquele dia iria encontrar meu melhor amigo e a Mozão.
Levantei-me com rapidez, tomei um gostoso banho e me arrumei.
Avisei ao vovô que não retornaria no mesmo dia. Informei a pirralha também. Ela estava superconcentrada em seus cursinhos para faculdade. Dei tchau aos meus pais. Peguei a chave e documentos do carro, vesti meu tênis, abri o carro e me preparei para sair. Mandei mensagem para mozão, dizendo que estava indo pegar o Al, e depois lhe encontraria.
Abri o portão, liguei o carro e sai, esperei o portão fechar para seguir dirigindo.
Conectei o celular ao carro, estava no final de um ‘podcast’. No percurso vi muitos carros de polícia, e alguns de bombeiro, assim como um movimento incomum de helicópteros no céu.
Quando estava chegando próximo à casa de Al, Mozão me mandou mensagem, dizendo ter acidente na ponte, e só se escuta sirenes, e por receio de ser algo ruim, acha melhor eu só ir buscá-la mais tarde, dizendo para aproveitar o dia com o Al. Eu demoro a concordar, queira ela junto também, mas por fim entendo o receio dela. Ela manda eu me divertir muito, afinal teríamos o resto do fim de semana. Peço que ela tome cuidado se tivesse de sair de casa, ela me pede o mesmo.
Decidi parar o carro no shopping. Avisei Al para ele acabar de se arrumar, pois, já estava chegando.
Mais carros de polícia, e agora ambulâncias em alta velocidade passavam por mim. Pensei o quão feio deve ter sido acidente para mobilizar tantos carros. Mas em uma busca rápida no celular, nada encontrei sobre aquilo, e fiquei um pouco perplexo, pois sentia algo estranho, só não conseguia ver ainda.
Bati no portão da casa de Al, seu pai me recebeu, adentrei a residência, indo ao quarto de meu amigo, ele estava terminando de colocar o sapato. Cumprimentei-lhe, e ajudei a subir na cadeira de rodas motorizada. Brinquei com ele quando ele bateu nos móveis pelo caminho até a porta. Ajudei a passar pela porta, e depois pelo portão, o fechamos e subimos a rua.
No retorno ao shopping informei-lhe do ocorrido com Mozão, Al ficou meio cabisbaixo, perguntando se não queria remarcar, respondi negativamente com a cabeça.
Mais movimento estranho de carros e helicópteros.
Perguntei se estava há muito tempo assim, ele respondeu que sim, e isso era estranho.
Ia falar algo, mas a estranha quantidade de pássaros voando juntos acabou me distraindo.
No shopping pegamos o elevador, fomos a praça de alimentação, perguntei-lhe onde seria, mesmo sabendo que sempre iamos ao mesmo lugar.
Pegamos a fila, escolhemos nossos lanches, pagamos, ele escolheu uma mesa, enquanto eu pegava os lanches, sentei-me com ele para comer.
Enquanto comíamos, e falamos várias merdas, uma movimentação diferente no shopping podia ser notada.
Al começava a ficar preocupado. Comemos o mais rápido que conseguimos, jogamos as sobras fora. Paramos em frente aos vitrais da praça de alimentação, do lado de fora, muita fumaça, de vários locais diferentes.
Escutamos vários gritos dos andares inferiores.
Tentei manda mensagens e ligar para a mozão e minha família, mas o sinal desapareceu. O de Al também, o que era estranho, pois éramos de operadoras diferentes.
Suor escorreu da minha testa.
Movemo-nos até o elevador novamente, mas esse parecia desligado, fomos então ao menos conhecido, o de cargas, Al apertou o botão, o elevador chegou, mas sua porta não abre, como é de costume. Fazendo um pouquinho de força, consegui fazê-la abrir, o interior estava sem o ascensorista, mas a chave de funcionamento estava lá. Entramos e abaixei a porta, mais gritos, esses vindo de muito mais perto, apertei o botão para o andar térreo, mas ele não sai do lugar, Al me disse tinha que girar a chave junto e assim eu fiz. O elevador desce com muita calma, mas sacudindo bastante.
Ao abrir a porta, um silêncio tenebroso fez nossos ossos gelarem.
Saímos com calma, ninguém a vista e pensei no que caralhos estava acontecendo, pois, a porra do shopping estava cheia a alguns minutos.
Fomos na direção da saída. Todas as lojas, vazias, sem nenhuma alma. Chegamos ao estacionamento e vi meu carro. Pensei em pegar o Al e fugir dali.
Quando enxergamos ao longe criaturas humanoides, trajadas da cabeça aos pés por uma espécie de armadura tática preta. Só se diferenciavam por um detalhe ou outro perto do que deveria ser o peito. Eles perseguiram uma mulher. Um deles mirava algo semelhante a uma pistola, um brilho índigo saiu da ponta e atingiu a mulher, a fazendo cair como se tivesse sido atingida por uma corrente elétrica. Outro soldado, jogou um disco dourado na direção dela, e ao tocá-la, fez ela desaparecer.
O sangue pareceu sumir de meu rosto, toquei o ombro de Al, ele deu um pulo de medo, mas não gritou, pedi-lhe silencio. Peguei a chave do carro, e me movimentei cuidadosamente até ele, gesticulei para Al vir junto. Coloquei a chave no bocal da porta, rezando para que o alarme não fizesse barulho quando o carro fosse destravado. Mas ele faz… E isso chamou a atenção dos aparentemente soldados.
Mandei Al correr comigo novamente para dentro, ele colocou a potência máxima na cadeira e me acompanhou. Escutei o barulho de estática, e tropecei, fazendo o tiro da criatura errar. Recompus-me rapidamente, Al passou voando pela porta do shopping, eu logo atrás, fechando a porta, usando uma placa de metal para travá-la. Os perseguidores pararam, e se moveram ao sentido contrário, se afastando de nós. Al estava mais a frente, viu ele primeiro, e gritou.
Um único soldado no final do corredor, relativamente longe, sem armas, mas com a mesma armadura tática, no peito uma insígnia em forma de flecha, ele não usava proteção na cabeça, mas tinha um visor de coloração alaranjada sobre os olhos, seu cabelo era laranja, bem comprido, deveria chegar facilmente na cintura. Não era muito musculoso, mas tinha uma forte presença intimidadora.
Ele caminhou calmamente em nossa direção, braços erguidos, parecendo não querer, confusão.
— Podemos fazer isso da maneira fácil? — O soldado sumiu de nossas vistas reaparecendo muito perto — Não gostaria de machucar vocês. Sei que são tapados, mas não são burros.
O comentário dele me pegou totalmente desprevenido, era algo que só alguém com intimidade diria.
Al iria responder, mas uma luz índigo o atinge, o deixando inconsciente.
Mais soldados surgiram ao fundo do corredor, deveriam ser uns 30.
Muito puto pelo disparo em Al, avancei e golpeei o Soldado a minha frente. Ele pareceu esperar por aquilo, mas não revidou. Todos os soldados miraram suas armas em minha direção, tentei dar outro golpe, entretanto o soldado de cabelo laranja sumira. Aparecendo próximo daquele que havia disparado em Al. Pela distância não escutei muito, mas o cabeleira laranja parecia repreender o atirador.
Tentei recompor Al.
Senti uma mão em meu ombro, e gelei todo meu ser.
— Sinto muito pelo disparo, não tinha essa necessidade — Era o soldado com forte presença— Por isso deixei que me acertasse o soco, mas nosso prazo é apertado.
Da sua mão uma luz dourada é disparada, me atingindo, meu corpo formigou por inteiro, senti tontura, pouco a pouco, tudo ficou preto. Desmaio.