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Ao ver a pessoa no portão, a expressão de Fernando mudou levemente. Ele estava realmente surpreso.

“É você a pessoa que a professora mandou, senhor Simon?” Fernando perguntou com uma expressão calma.

Simon, o Guia da E4 na missão dos Goblins Negros.

“Sim, eu mesmo, Fernando.” Simon respondeu, olhando-o nos olhos com sua expressão abatida que normalmente enganaria qualquer um.

Fernando não tinha nenhuma inimizade com ele. Na verdade, pode-se dizer que todos só puderam sair vivos do incidente com os Orcs graças a Simon. Porém, mesmo assim, ele não conseguia se sentir bem com a pessoa que sua professora mandou.

Simon era alguém muito leal a Gallia, isso era algo indiscutível, mas o fanatismo dele o incomodava um pouco.

Ele ainda se lembrava que Simon queria salvá-lo e abandonar os outros devido às ordens de Gallia de protegê-lo.

“Você não parece satisfeito Fernandinho.” Uma voz foi ouvida próximo aos guardas. August, Zavus e os outros guardas se espantaram ao perceber que alguém havia se aproximado deles sem que notassem, rapidamente sacando suas armas em resposta. Porém ao ver de quem se tratava, todos ficaram pálidos.

“Subtenente Dakota, o que a traz aqui?” Fernando perguntou surpreso.

“É claro que eu vim acompanhar o querido Simon aqui, sabe, ele é um dos meus ex-alunos favoritos. Cuide bem dele, ok?” Dakota falou com uma risadinha.

Fernando franziu a testa, ele não sabia que Simon já havia sido aluno de Dakota. Finalmente fazia sentido a obsessão de Simon em servir Gallia.

“O que? Simon? Subtenente Dakota?” Karol exclamou surpresa ao chegar. Emily, Ronald e os outros membros antigos ficaram igualmente surpresos. Todos lembravam bem de Simon.

Apenas os membros novos não sabiam quem era essa pessoa.

Suspiro

Apesar de não estar muito contente, Fernando havia dado sua palavra a Gallia que aceitaria a pessoa que ela enviasse.

“Simon será o último membro a fazer parte do nosso Esquadrão Zero. Ele é um soldado experiente e que nos ajudou muito no passado.” Fernando explicou, para que os novos membros entendessem a situação.

Os novos membros não pareciam se importar muito, mas alguns dos antigos ficaram hesitantes com isso.

“Fernandinho, antes de ir, tem algo que tenho que te falar.” Dakota disse, se aproximando de Fernando e chegando próxima ao seu ouvido.

“A mestra soube da missão que você aceitou. Ela disse para você apenas completar o que foi pedido e não se envolver com nada além disso. Entendeu?”

Fernando não teve nenhuma mudança de expressão, mas internamente ele ficou surpreso com isso. Ele já desconfiava que essa missão não seria tão simples, mas se Gallia havia enviado Dakota apenas para lhe dar esse aviso, então as coisas poderiam ser mais complicadas do que o esperado.

Os outros não ouviram o que Dakota disse, apenas a viram se aproximar do ouvido dele e cochichar algo.

Karol que viu isso não gostou muito. Depois de dizer isso, Dakota olhou em volta e viu a expressão descontente de Karol.

“Karolzinha, você não está com raiva né? Eu estava apenas dizendo algumas coisas indecentes, para deixar o Fernandinho mais animado, sabe.” Dakota disse rindo.

Karol tentou manter um sorriso, mas o desgosto em seu rosto era evidente.

Fernando percebeu Dakota provocando Karol e a interrompeu.

“Se isso é tudo que você tinha para falar, você pode ir, Subtenente Dakota.”

Snif Snif

“Eu vim aqui só pra animá-lo e você me expulsa dessa forma. Você é tão cruel Fernandinho. Eu me contento em ser a amante, mas pelo menos me trate bem!” Dakota gritou, fingindo chorar.

Os guardas ficaram boquiabertos ao ouvir isso. Havia boatos de que Fernando tinha uma certa ‘relação’ com a Tenente Gallia. Ao ouvir que a Subtenente Dakota também era sua amante, eles não puderam deixar de sentir um profundo respeito pela pessoa que serviam.

Fernando já estava começando a se irritar com as besteiras de Dakota, mas manteve a mesma expressão impassível. Ele sentiu que ela preferia quando ele se irritava.

Vendo a falta de reação, Dakota rapidamente parou de fingir chorar e sorriu. Mudando de água para o vinho.

“Ah, eu vejo tantos rostos novos, eu queria poder ir com vocês nessa missão, seria tão divertido conhecer todos.”

As mudanças súbitas de Dakota fizeram aqueles que não a conheciam ficarem confusos.

“Vamos partir!” Fernando gritou. Não querendo perder mais tempo com essa mulher louca.

“Senhor Simon, como foi a professora que o mandou, você é bem vindo em meu esquadrão, mas devo avisá-lo que eu mando no Esquadrão Zero, toda e qualquer ordem minha é absoluta! Espero não ter que lembrá-lo disso no futuro.” Fernando avisou Simon. Ele não queria alguém seguindo ordens de terceiros em seu esquadrão, mesmo que fossem de Gallia.

Simon não respondeu, mas assentiu com a cabeça.

Fernando se lembrou que esse era seu estilo normalmente, calado e cauteloso. Apenas quando se tratava de Gallia ele mostrava seu lado fanatico.

Vendo Fernando indo embora com seu esquadrão, Dakota sorriu enigmaticamente. Olhando para uma pessoa em específico entre os membros. Essa pessoa pareceu sentir o olhar de Dakota e olhou de volta, mas rapidamente voltou seu olhar para frente.

“Tem algumas peças interessantes em seu esquadrão, Fernandinho. Gostaria de saber como você vai lidar com isso? Ai, isso parece tão empolgante!”

Na noite anterior, Fernando havia pego os mantimentos para transporte. Eles ficavam em uma caixa com 2 metros de comprimento por 1 de largura. 

Segundo o que a secretária que lhe passou a missão disse, era pouco prático fazer transportes de grandes cargas sem o uso de itens de armazenamento. Por isso foram criados esses compartimentos especiais, chamados de Caixas de Transporte.

Como era um item muito maior que uma Pulseira de Armazenamento, as matrizes mágicas eram menos complexas, o que barateava o custo de produção e permitia um grande espaço interno.

Fernando deixou Ronald encarregado de levar a Caixa de Transporte. Apesar do tamanho e da quantidade de carga, o item pesava apenas cerca de 10kg, sendo bem fácil para alguém do porte dele.

O Esquadrão Zero chamou a atenção por onde passava ainda dentro da Décima Terceira, principalmente Fernando e sua armadura negra com detalhes brancos.

“Quem são aqueles? Nunca vi aquele emblema antes.” Um soldado falou.

“Aquele deve ser o Esquadrão Zero dos boatos, o mais novo esquadrão nomeado!” Outra pessoa falou animada.

“Heh, eles não parecem ser grande coisa, as armaduras deles nem são padronizadas, parecem um bando aleatório.” Outra pessoa comentou.

Apesar de alguns elogios e críticas, Fernando se manteve firme em seus passos. Os membros do esquadrão seguiram o exemplo.

Logo o esquadrão saiu da Décima Terceira e seguiu em direção ao portão Norte. Ao contrário da Décima Terceira, eles não chamavam tanta atenção na cidade, afinal, havia todo tipo de esquadrões em outras guarnições.

“Alto!” Os guardas do portão norte se organizaram ao ver um grande grupo se aproximando.

“Vocês estão saindo em missão, patrulha ou caça?” O guarda intimou.

“Missão.” Fernando então mostrou a ficha de missão da Décima Terceira.

Depois de confirmar que a ficha era oficial, os guardas liberaram a passagem deles.

Ao pisar fora dos portões, Fernando sentiu uma sensação estranha. Essa era a primeira vez que ele saia por conta própria de Vento Amarelo. Uma mistura de medo, sensação de liberdade e até ansiedade, borbulhavam em seu peito. Isso era algo completamente diferente de quando ele chegou a esse mundo, sem nada.

Pegando o mapa, ele checou às instruções. Eles teriam que seguir a estrada principal e depois seguir por uma das bifurcações que levava ao extremo norte. Adentrando numa área florestada.

“Simon.” Fernando chamou.

“Senhor?” 

“Você era um guia experiente, deve conhecer melhor a região. Então deixarei você encarregado de fazer nossa rota.”

“Entendido, mas devo avisar que fiz poucas missões nessa área, então meu conhecimento é bem limitado.” Simon explicou.

Fernando assentiu, pouco conhecimento ainda era melhor que nenhum.

Logo eles organizaram o esquadrão de forma a ficarem atentos a qualquer imprevisto, com os arqueiros na parte traseira com dois membros corpo-a-corpo fazendo a retaguarda, os magos no centro e a maioria dos membros corpo-a-corpo na vanguarda.

“Theodora, ajude Simon com a investigação do caminho a frente. Ele é bem experiente, aprenda tudo que puder dele.” Fernando falou.

“Se são as ordens do líder, eu com certeza vou cumprir.” Theodora disse com um leve sorriso.

Inicialmente Fernando queria fazer parte das investigações avançadas, com seus Passos Tirânicos, nada mais fraco que um Subtenente poderia detê-lo de fugir se encontrasse algo perigoso. Porém, como líder, ele tinha o papel de manter o grupo organizado e pronto para o combate.

Além disso, ele sentiu que Theodora era adequada ao papel. Apesar de não ter conseguido testar suas habilidades, Fernando ainda se lembrava de como ela havia “sumido” da sua visão durante a cerimônia de premiação.

Na primeira hora de marcha, todos estavam tensos, mas sem nada demais acontecendo, alguns deles se sentiram mais relaxados.

“Líder, quanto tempo demora até chegarmos a essa Vila Lunar?” Archie perguntou.

“Pelo estimado no mapa e pelo que perguntei no QG, chegaremos amanhã cedo.” Fernando respondeu casualmente.

“O que?! Vamos ter que andar por um dia inteiro?” Emily gritou chocada.

“Você esperava um passeio no parque, ruivinha?” Leo falou num tom provocador.

“Humph! Você fala muito para um fracote.” retrucou Emily.

Leo queria responder, mas ficou sem palavras, afinal, ele foi derrotado antes. Além dos membros da sua antiga equipe, poucas pessoas interagiam com ele devido a sua personalidade.

“Será que vamos encontrar algo no caminho? Para ser uma missão valendo tantos pontos, o trajeto não deve ser fácil.” Louisa, a garota loira, comentou.

“Vocês se preocupam demais, vai ser molezinha.” Lance disse de forma brincalhona.

Desde que ele e os outros tiveram um aprimoramento em seus atributos, graças às Poções Fauser. Todos se sentiam mais confiantes.

Os novos membros não sabiam disso, então viram a confiança ‘cega’ de Lance como arrogância.

Logo Theodora e Simon retornaram.

“Senhor, logo à frente entraremos na bifurcação. A partir desse ponto devemos ficar mais atentos.” Simon falou.

“Oh, por que isso?” Fernando perguntou num tom curioso.

“É raro bestas ou inimigos atacarem na estrada principal devido às patrulhas que são enviadas constantemente. Eles eliminam qualquer ameaça que encontram. Porém, nas estradas secundárias é mais difícil manter esse controle. Quanto mais nos afastarmos de Vento Amarelo, maiores serão as chances de encontrarmos perigos.” Simon explicou calmamente.

Ouvindo isso, Fernando assentiu. Ele já esperava por algo assim.

Enquanto seguiam em frente, Karol chegou ao lado de Fernando.

“Fernando, o que aquela mulher te disse naquela hora?” Karol perguntou ao seu lado, se referindo a Dakota.

Um leve arrepio passou por seu corpo, ele sabia que Karol não era do tipo ciumenta e já conhecia a personalidade da Subtenente, mas mesmo ela ficaria incomodada com uma mulher como Dakota falando coisas em seu ouvido.

“Nada demais, era apenas algo referente a missão.”

Ao ouvir isso, Karol pareceu aliviada. Então timidamente, ela tocou sua mão por alguns segundos, então voltou ao seu posto. 

Apesar de querer retribuir o carinho de Karol, Fernando se conteve. Eles não estavam na proteção da cidade agora, estavam por conta própria, qualquer erro poderia significar mortes. Como líder, ele deveria dar o exemplo de foco. Caso contrário, os outros ficariam desleixados.

Enquanto seguiam pela estrada lateral, Fernando notou que a largura da mesma diminuía conforme avançavam, não só isso, mas a mata estava relativamente próxima, inclusive com vegetação alta em alguns pontos, tornando fácil que algo os emboscasse em algum ponto a frente.

Vendo isso, ele imediatamente mudou a formação, colocando os lutadores corpo-a-corpo nas laterais. Enquanto ele próprio era a vanguarda, seguido pelos magos, Emily, Tom, Louisa e Kelly.

De repente algo surgiu da mata, assustando alguns, mas Fernando não reagiu, já que notou que se tratava de Theodora e Simon.

Simon parecia alerta e surpreso, até um pouco assustado, mas não com algo do entorno, mas em relação a própria Theodora.

“Algo aconteceu?” Fernando perguntou levantando uma sobrancelha.

“Não, nada demais, apenas alguns Ursos de Armadura à frente. Mas eu gostaria de fazer um relatório, a sós de preferência.” Simon disse.

Fernando achou estranho, mas assentiu, andando algumas dezenas de metros à frente com Simon.

“O que houve?” Fernando perguntou secamente.

“Aquela mulher, Theodora, ela realmente era apenas uma recruta?”

A pergunta surpreendeu Fernando.

“Sim, eu mesmo a recrutei.”

“Estranho, sua movimentação e a forma como ela esconde sua presença, não parecem algo que um recruta faria.” Simon disse num tom desconfiado. Mesmo não sendo tão forte, ele já havia vivido muito e sabia quando encontrava pessoas mais fortes. Ele sentiu que se ela fosse um inimigo, bastaria tirar seus olhos por um segundo dela e sua vida seria ceifada. A sensação lhe causava arrepios.

Fernando ouviu isso e não disse nada. Talvez ela tivesse um talento natural nisso, mas de qualquer forma ele ficaria atento. Afinal, se fosse apenas questão de velocidade ou força pura, ele não estranharia que Simon fosse mais fraco, mas em termos de técnica e experiência, isso sim era anormal.

Depois dessa pausa, o grupo seguiu em frente. Havia quatro Ursos de Armadura no caminho. Fernando queria dar mais experiência aos novos membros, então deixou que eles lidassem com os Ursos.

Olá, eu sou o Glauber1907!

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