Depois de convencer Ilgner a ouvi-lo, Fernando sentou-se não muito longe dele.
Vendo o jovem permanecendo em silêncio, o homem loiro ficou irritado.
“Diga de uma vez, que tipo de proposta você estava falando? Se quiser que eu defenda esse lugar com vocês até a morte, então nem tente. Apesar de me chamarem de Titã Louco, eu não sou maluco!”
Fernando ficou em silêncio, mas então sorriu.
“Sinceramente, se você não tivesse aparecido, eu teria considerado recuar quando encontrasse o inimigo. Então vou ser franco, quero que você segure os Subtenentes inimigos, eu e meus homens cuidamos do restante das tropas.”
Ao ouvir as palavras do jovem, Ilgner ficou boquiaberto.
“Você realmente é um merdinha louco! Eu não vou me envolver com isso! Você acha que eu sou imortal para lutar com dois Subtenentes?!”
Fernando não respondeu imediatamente, mas olhou o homem calmamente.
“Você não me engana, sua força está acima da de um Subtenente.” disse com firmeza.
Ao ouvir isso, o homem loiro estreitou os olhos.
“Por que você pensa isso?”
“Porque eu já matei Subtenentes antes.” Fernando respondeu, com um rosto frio.
Ilgner se surpreendeu com as palavras do garoto.
“Apesar de quase morrer e ter alguma ajuda, ainda consegui enfrentá-los por um tempo e matá-los no final. Mas quando penso em lutar com você, sinto que não teria chances.”
O homem loiro tinha uma expressão cheia de surpresa, estranheza e confusão.
“Mesmo que você esteja certo, o que eu ganharia ajudando vocês? Vocês são da Cidade de Vento Amarelo, domínio dos Leões Dourados, eu não tenho nenhuma relação com essa Legião.” Ilgner disse de forma antipática, sua aversão a Legiões estava evidente.
“Você disse que a Guilda Massacre são seus inimigos, estou oferecendo a oportunidade de matar vários deles e ter sua vingança.” Fernando falou, num tom calmo.
“Hahahaha, garoto, você é muito ingênuo se pensa que pode manipular Ilgner, o grande! Você por acaso sabe quantas tropas eles têm? Quase dois mil homens! Um pelotão não é nada para eles!”
Fernando ficou surpreso ao ouvir isso, de certa forma essa guilda era quase tão poderosa quanto uma Guarnição, talvez até mais!
“Então vamos fazer um acordo, se me ajudar hoje, eu elimino essa Guilda para você no futuro.” o jovem Cabo disse com um rosto inexpressivo.
Ilgner coçou o ouvido, pensando ter ouvido errado.
“Você o que?”
“Eu disse que elimino essa Guilda para você.”
Ao ver o jovem reafirmar sua fala, Ilgner arregalou os olhos.
“Você ta dizendo que vai eliminar a Guilda Massacre? Ta achando que eu sou retardado?!” Em sua opinião, esse jovem não batia bem de cabeça.
Nesse momento, Fernando levantou a mão esquerda, mostrando cinco dedos.
“O que?”
“Fazem cinco meses desde que cheguei a esse mundo. Desde então já matei muitas pessoas e coisas. Eu não posso garantir que vou viver até me tornar forte o suficiente para cumprir meu lado do acordo, mas se eu sobreviver, você pode me cobrar essa dívida.” disse cheio de confiança.
Vendo a seriedade e confiança nas palavras do jovem Cabo, Ilgner ficou sem palavras.
“Você…”
…
Tac! Tac! Tac!
O som de um mar de passos soou na floresta.
Observando silenciosamente do alto de um morro, um jovem rapaz pálido e um homem loiro estavam abaixados, camuflados na mata.
“Como eu disse, minhas informações são corretas.” Ilgner falou.
Fernando manteve-se em silêncio, o Pelotão com cem homens marchava ordenadamente. Mesmo tendo melhorado sua força e do Esquadrão Zero, era assustador imaginar-se lutando contra tantas pessoas, mas sabia que não havia escolha.
“O que é aquilo?” apontou para a parte de trás da fileira de soldados, mulheres e homens jovens estavam amarrados em cordas um atrás do outro, em longas filas, havia pelo menos cinquenta deles.
“Provavelmente atacaram algum pequeno vilarejo e tomaram seu povo como escravos, devem estar pensando em usá-los para preparar a mina. Eles usam os homens para trabalhos manuais e depois os descartam quando não aguentam mais. Quanto as mulheres…” Ilgner parou na metade, seu punho apertou-se, a raiva em sua expressão era evidente.
Fernando também franziu a testa ao ouvir isso. Sempre que achava estar acostumado a violência desse mundo, descobria que havia coisas ainda piores.
“Olha, ali estão eles.”Ilgner apontou para dois homens andando no final do grupo, um velho e um homem alto e magro. Ambos destacavam-se, não pelas duas armaduras luxuosas, ou aparências distintas, mas pelas duas criaturas em que estavam montados. Dois animais semelhantes a cães, tão grandes quanto um Urso de Armadura e uma pelagem escura.
“O que são aquelas coisas?” exclamou surpreso.
“Você não sabe nem isso? São Cães Negros, é um animal comumente usado como montaria por pessoas importantes. É uma fera rápida e forte que se bem treinada, vai servir seu dono até a morte.” Ilgner respondeu como se fosse óbvio.
Fernando ficou intrigado com isso, não sabia que era possível domesticar feras e animais irracionais desse mundo, já que eram muito agressivos.
“E então, ainda vamos atacar a partir do ponto combinado?” Igner falou num tom de sondagem, querendo saber se o rapaz ainda tinha a coragem de antes depois de ver o mar de tropas.
“Vamos seguir com o planejado.” Fernando respondeu num tom calmo, mesmo que estivesse nervoso internamente.
Depois de ver que o jovem Cabo permanecia firme em sua decisão, Ilgner assentiu. Ele estava verdadeiramente impressionado, qualquer outro teria pelo menos hesitado.
Tendo confirmado a quantidade de tropas inimigas, ambos recuaram.
Alguns minutos depois, Fernando estava parado no topo de um desfiladeiro no sopé da montanha, esse era o local que Ilgner indicou ser melhor para fazer uma emboscada.
Do seu ponto de vista, era realmente ideal. Após ver a quantidade de tropas com os próprios olhos, Fernando descartou a possibilidade de enfrentá-los de frente, seria suicidio.
A partir da mina de cobre também não era viável, ela ficava no fundo de um barranco, seria impossível defendê-la e se recuassem para a mina em si, havia o risco de serem encurralados ou soterrados vivos. Foi então que pensou em mudar o terreno para se tornar mais favorável.
Com esse caminho estreito entre desfiladeiros, podemos atacá-los de cima, será difícil para o inimigo acertar os magos e nossos arqueiros dessa altura a partir de baixo. Fernando pensou consigo mesmo, com esse terreno favorável eles teriam uma chance.
Mas nem tudo eram flores, sendo um local tão bom para emboscadas, obviamente o inimigo ficaria atento ao cruzar essa área.
O barulho de passos e de pessoas soou na floresta silenciosa.
Nesse momento, Fernando pegou seu Cubo Comunicador.
“Estejam prontos, o inimigo está vindo.”
Logo sons de confirmação soaram a partir do Cubo.
“Entendido!”
“Entendido!”
“Certo, chefe!”
Fernando viu Tom e os outros acenando do lado oposto do desfiladeiro, também havia Emily no mesmo lado que ele, mas algumas dezenas de metros à frente.
“Bem, eu vou cumprir minha parte então.” Ilgner disse, se afastando.
Fernando olhou silenciosamente para as costas do homem loiro. Ele perguntou-se se estava sendo ingênuo demais, afinal, estava apostando a vida dele e do Esquadrão Zero nesse sujeito. Se o mesmo fugisse em meio a batalha, eles estavam acabados.
Balançando a cabeça, deixou esses pensamentos de lado. Não havia sentido em se preocupar com isso nesse ponto, era tudo ou nada.
Alguns minutos depois, as tropas da Guilda Massacre já eram visíveis. Assim como Fernando havia imaginado, eles estavam cautelosos, primeiro enviaram um grupo de batedores à frente.
O Esquadrão Zero manteve-se escondido entre as rochas, passando despercebidos pelos batedores no desfiladeiro abaixo.
Com o retorno dos batedores, os dois Subtenentes começaram a discutir.
“O que você acha? Seguimos em frente ou damos a volta?” O homem magro perguntou.
“Hah, isso é óbvio, vamos em frente! Quem ousaria emboscar nossa Guilda Massacre?!” O velho baixinho riu de forma arrogante.
O homem alto e magro assentiu em concordância.
Logo o Pelotão seguiu em frente. Mesmo após adentrarem no desfiladeiro, Fernando ficou em silêncio, sem tomar nenhuma ação.
Conforme o tempo passava, mais e mais tropas adentraram no caminho estreito. O silêncio de seu líder, junto ao barulho das tropas abaixo, fez com que todos ficassem nervosos.
Fernando estava atentamente observando as tropas inimigas. Assim que os dois Subtenentes entraram, seus olhos ficaram frios.
“Comecem!”
Tom, Emily, Louisa, Kelly e Fernando rapidamente começaram a preparar suas magias, seu objetivo era atordoar os inimigos na primeira leva de ataques.
Como o Esquadrão Zero não havia se revelado ainda, as tropas da Guilda Massacre estavam completamente alheias.
O Subtenente alto e magro observava seu entorno, mesmo que achasse improvável que houvesse inimigos na região, imaginou que seria sensato ficar atento.
O que é aquilo? pensou, ao ver pequenas luzes quase imperceptíveis se ascendendo no topo dos desfiladeiros. Poderia ser…
“Ataque inimigo!” gritou em plenos pulmões.
Fernando, que já havia terminado de formar duas Lanças de Fogo, uma em cada mão, notou o Subtenente inimigo gritando, mas sua expressão permaneceu impassível.
“Tarde demais.”
BOOM! BOOM! BOOM!
