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Fernando manteve um rosto calmo, mesmo com a ameaça velada de Ilgner. Todos os olhos estavam voltados para si, dependendo de sua resposta uma luta de vida ou morte aconteceria.

“Bem…”

Nesse momento ele decidiu, não queria lutar contra alguém que os ajudou, então revelou a verdade. Sobre como Brakas tentou enganá-lo e acabou se tornando ‘mestre’ do Beholder.

Todos, incluindo Ilgner, ficaram boquiabertos ao ouvirem, apenas de pensarem que poderiam acabar se tornando ‘escravos’ do Beholder por um erro já faria qualquer um sentir um calafrio.

Depois de entender a situação, Ilgner deixou de lado sua hostilidade, fazendo com que os membros do Esquadrão Zero suspirassem aliviados.

“Ainda sim, você quase foi enganado porque teve pena de outra raça. Fernando, você é novo nesse mundo, então não entende os perigos que existem por ai. Soube que há muitas raças e criaturas perigosas, tem até uma raça chamada de ‘Medusas’ que são muito parecidas com humanos, mas extremamente poderosas e mortais.” Ilgner falou, alertando-o.

Fernando tossiu secamente ao ouvir isso, olhando para Theodora.

Que tipo de reação ele teria se soubesse que tem uma Medusa bem ao lado dele… 

“Líder, obrigado por me salvar… E me desculpe pelas minhas palavras de antes, eu estava fora de mim.” Cintia disse, meio sem jeito. Lina sorriu ao lado, pela primeira vez a garota se dirigiu a ele como ‘líder’.

“Se quer agradecer, agradeça a Brakas, eu não fiz nada.”

Quando Cintia olhou para a criatura verde com um olho gigante e tentáculos com olhos nas pontas, deu dois passos para trás. Só de lembrar que aquilo a tocou trouxe más recordações à sua mente.

Vendo a reação da humana, Brakas observou com olhos de desdém.

“Mestre, eu não preciso da gratidão de uma humana inferior como essa. Só a salvei por ser uma ordem sua.” O Beholder disse, com uma voz envelhecida.

Fernando franziu a testa ao ouvir isso, mas não disse nada. Não havia sentido em tentar obrigar a criatura a se dar bem com outros humanos.

Depois de tudo resolvido, ele fez todos darem suas palavras de não revelarem nada a respeito de Brakas para ninguém. Ilgner e os membros do Esquadrão Zero presentes prontamente concordaram.

Theodora recolheu o cadáver de Hannah para levá-lo de volta a Vento Amarelo e dar um enterro digno à garota. Diferente dos membros que foram mortos na emboscada de Bob William´s, eles não precisavam ocultar a morte da garota. 

Quando o grupo desceu de volta para onde havia sido o campo de batalha, os membros restantes do Esquadrão Zero já haviam terminado de organizar a situação. Todos os corpos dos inimigos mortos foram empilhados num canto, suas Pulseiras de Armazenamento e armas pilhadas, como vencedores, esse era seu direito. Por fim, as pessoas que foram salvas estavam reunidas.

Ao ver aquela multidão de homens e mulheres, confusos, com medo e ansiosos, Fernando sentiu uma dor de cabeça chegando. Eram todas pessoas comuns, se ele as largasse aqui, seriam mortas e caçadas pelas criaturas da floresta ao redor. Porém, eles estavam atualmente em uma missão e não poderiam escoltá-los para a cidade.

Percebendo o rosto incomodado de Fernando, Theodora imaginou do que se tratava.

“O que pretende fazer com esse povo todo, líder? Devemos deixá-los por conta própria?”

Ouvindo isso, Fernando balançou a cabeça, ele não se considerava um herói ou algo assim, na verdade, ele quase os matou e se sentia amargo por isso. Pelo menos queria deixar essas pessoas em um lugar seguro.

“Por hora vamos mantê-los conosco, vou decidir o que fazer depois. E chame um ou dois deles, quero ouvir informações a respeito de sua situação.”

Algum tempo depois, Theodora voltou com um homem e uma mulher, eles pareciam mais velhos em relação ao restante, por volta dos 40.

O homem tinha um rosto barbado, roupas desgastadas e mãos grossas. Como alguém que já trabalhou em muitas coisas desde a infância, Fernando soube imediatamente que essa pessoa era alguém acostumado a lidar com trabalhos braçais.

A mulher por outro lado, era uma senhora madura, suas roupas não eram tão desgastadas, mas também não eram de qualidade, indicando que ela deveria viver uma vida simples, mas acima da média.

“Esse é o Cabo Fernando, nosso líder do Esquadrão Zero e a pessoa responsável por vocês ainda estarem vivos, ele quer fazer algumas perguntas.” Theodora disse de forma nem educada, mas também não agressiva.

“O-obrigado, senhor.” O homem e a mulher disseram, se ajoelhando.

Fernando franziu a testa ao ver isso.

“Levantem-se, eu não sou alguém digno para que outros se ajoelhem.”

O homem e a mulher se entreolharam confusos, mas fizeram como foi dito, levantando-se.

Ilgner, Theodora e os outros que estavam ao lado, riram levemente ao verem isso.

“Digam, quem são vocês? De onde a Guilda Massacre os sequestrou?” Ouvindo a pergunta, o homem tomou a frente

“Meu senhor, somos de uma pequena vila ao leste, nossa vila ficava entre a Cidade das Lâminas do Norte e Vento Amarelo.”

“Ficava?” Fernando disse, com a sobrancelha levantada.

O homem tremeu ao ouvir a pergunta, como se não quisesse se recordar.

“Nossa vila foi completamente destruída. Os que tentaram lutar ou resistir foram mortos, não só isso, qualquer um que eles consideraram como inúteis foi…” O homem parou na metade, seu corpo tremendo e seus olhos se enchendo de lágrimas.

A expressão de Fernando mudou ao ouvir isso, ele iria perguntar se havia crianças e idosos, mas rapidamente parou, temendo ouvir a resposta.

Nesse momento a mulher ao lado caiu de joelhos, em prantos.

“Meu senhor, eles tomaram tudo que tínhamos, nossas vidas, nossos filhos e família… tudo! Eu agradeço ao senhor por ter nos vingado. Eles não eram pessoas, eram monstros!” A mulher disse, chorando sem parar.

Vendo a mulher chorando alto, se sentiu incomodado e triste por ela. Na Terra sempre fora alguém de coração mole, apenas quando foi pisado por colegas de classe e depois aparecido nesse mundo cruel que seu coração havia endurecido. 

Apesar de doloroso, Fernando sentiu que não queria perder essa sensação de empatia, pois a linha entre bem e mal era tênue, só cultivando esse tipo de sentimento é que não se deixaria ficar insensível a morte dos mais fracos e por fim tornando-se o que odiava.

Depois que a mulher e o homem se acalmaram,  fez mais algumas perguntas. A mulher se chamava Valéria e era filha do líder da vila, por isso suas roupas pareciam melhores. Já o homem se chamava Olek e era um agricultor.

Enquanto conversava com ambos, descobriu muitas informações úteis, como por exemplo o porquê de Vento Amarelo não haver crianças, mas nos vilarejos ao redor terem. Isso se devia ao fato de Vento Amarelo ser uma Cidade-Fortaleza na fronteira com os Elfos Negros, basicamente uma cidade militar. 

Devido a esse fato, o controle populacional era muito rígido, sendo necessário autorização para ter filhos. A maioria das pessoas que tinha recursos para ter uma autorização enviava seus filhos para as capitais ou cidades grandes, longe do perigo.

Por causa dessa política rígida do Salão, muitas pessoas que queriam ter suas famílias, saíram da cidade e criaram vilarejos nos arredores.

Apesar de nem Vento Amarelo, nem a Cidade das Lâminas do Norte ajudarem essas vilas e vilarejos com recursos, ainda enviariam soldados ocasionalmente para fazer sua proteção e afastar bestas. Isso porque esses locais costumavam focar na criação de animais e agricultura, sendo importantes fontes de alimentos para ambos.

Depois de entender a situação geral e obter algumas informações que não tinha conhecimento, encerrou a sessão de perguntas.

“Valeria e Olek, até que meu esquadrão termine a missão aqui, não podemos levá-los de volta à cidade, mas também não iremos abandoná-los. Vocês ficarão sob nossa proteção, deixarei os dois responsáveis pela comunicação com seu pessoal.”

O homem e a mulher ficaram surpresos com isso, geralmente tropas de Legiões não eram tão amigáveis. Só o fato de terem os salvado ja era surpreendente, muito menos escoltá-los.

“O senhor tem nossa eterna gratidão!” Olek disse.

Quando estavam prestes a sair, Valeria parou.

“Meu senhor, tenho um pedido.”

Fernando ficou curioso sobre o que a mulher queria.

“Por favor, mate-os.” disse, apontando para os quinze prisioneiros da Guilda Massacre.

“Esses monstros não merecem viver.” O ódio da mulher era evidente em seus olhos.

Todos ficaram surpresos com o pedido da mulher. Fernando em especial tinha um rosto estranho.

“Infelizmente não posso fazer isso. Eles são a prova dos feitos do nosso esquadrão, então precisamos deles vivos.”

Valeria parecia decepcionada ao ouvir isso, mas assentiu.

Quando ambos se foram, Noah que havia chegado a pouco se aproximou.

“Fernando, terminamos de reunir as Pulseiras de Armazenamento e armas, tudo está aqui.”

Ao ouvir isso, o coração de Fernando acelerou. Apesar de sentir que era errado, ainda estava animado ao pensar em quanto saque havia rendido dessa vez.

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