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Após o fim da batalha Fernando e os outros recolheram o saque. Ao todo eles conseguiram 6 cristais de goblins e 1 cristal do javali morto. Os cristais dos goblins seriam para a missão, mas o do javali eles poderiam vender. Além dos cristais não havia mais nada de valioso no local. Afinal os Goblins eram seres frágeis e seu corpo não era de grande utilidade para produção de itens ou alquimia. O javali meio devorado também não tinha utilidade alguma.

“E então, pra que lado devemos seguir agora?” Karol perguntou meio duvidosa ao olhar para a densa mata a frente.

“Acho que devemos seguir alguma direção aleatória, afinal que diferença faz?” Emily respondeu sem se importar.

Fernando olhou para Edmund e Simon, se alguém sabia qual o melhor passo a tomar agora certamente seria os guias.

“Senhores Edmund e Simon, quais suas opiniões a respeito? Como guias vocês devem entender melhor a região.” Fernando perguntou calmamente.

Percebendo a pergunta de Fernando Edmund suspirou, ele esperava que o sujeito decidisse por si mesmo, ele achava o rapaz extremamente impressionante e estava interessado em ver quais decisões ele tomaria por conta própria, mas independente de sua vontade ele tinha que manter seu papel de guia.

“Isso depende do seu objetivo.” Edmund respondeu sem emoção.

Todos ficaram intrigados, como assim dependia do objetivo deles??

Vendo o rosto confuso desse bando de recrutas Edmund balançou a cabeça.

“É bem simples, atualmente a maior parte das equipes adentraram pelo Sul e Sudeste, atualmente estamos no Sudoeste, se nosso objetivo for seguir com segurança o ideal seria ir rumo Leste e encontrar as outras equipes no centro do Vale de Flaviore.” Edmund explicou calmamente, Simon apenas acenou com a cabeça concordando.

Emily e Lance que não pareciam ser muito bons em geografia pareciam perdidos na conversa.

Com essas palavras Fernando imediatamente entendeu a situação.

“Então, se nosso objetivo não for segurança, mas sim o primeiro lugar na missão, devemos tomar outra rota para que possamos caçar mais goblins sem a interferência de outras equipes..” Fernando disse pensativo.

Edmund assentiu satisfeito, esse rapaz era muito inteligente, com apenas uma pequena dica ele rapidamente entendia a situação. Suas habilidades de luta e físico também eram bons e o melhor era sua capacidade de liderança.

Sinceramente essa é a melhor equipe de novatos que eu já guiei, principalmente esse Fernando, se ele puder sobreviver esse cara vai ser alguém importante na legião no futuro.

“E então, o que acham?” Fernando perguntou aos outros, afinal apesar de líder ele precisava levar em consideração as opiniões do grupo.

“Acho que nosso grupo é forte, nós temos chance de ficar em primeiro.” Ronald disse com confiança.

“Ser confiante demais não leva a nada de bom, não esqueçam de como aqueles caras da equipe 1 são fortes, mesmo se nos arriscarmos indo para áreas mais perigosas não necessariamente vamos conseguir mais cristais que eles.” Noah disse com algum receio.

“Acho que deveríamos tentar, vocês viram como o anel que Fernando ganhou é forte e útil, se ganharmos mais algum item nossa força geral irá melhorar muito.” Lance disse exasperado, ver Fernando matar dois lobos sozinho o fez ver como esses itens mágicos são impressionantes.

Se ele soubesse que Fernando poderia mata-los mesmo sem o anel ele ficaria em choque.

O grupo discutiu por alguns minutos, vendo que não era possível chegar a um consenso Fernando interviu.

“Faremos uma votação então, quem quiser seguir para o leste de forma mais segura levante a mão, quem prefere seguir mais fundo no vale para mais cristais apenas mantenha a mão abaixada.”

Noah, Kelly e Emilly levantaram a mão, os outros permaneceram sem reação. No final aqueles que queriam ficar em primeiro na missão eram maioria.

Fernando também estava interessado em ganhar se possível. Os goblins não pareciam representar uma grande ameaça, contanto que fossem cuidadosos não correriam riscos.

Depois de chegarem a uma decisão o grupo seguiu caminho. Fernando optou por escolher ir para o Nordeste de forma que seguissem numa rota diagonal a original, assim mesmo que encontrassem algum perigo haveria a possibilidade de recuar.

Seguindo a orientação dos guias o grupo seguiu em formação, tentando fazer o mínimo de barulho e evitando conversas para não revelar sua posição.

Após alguns poucos minutos de caminhada Edmund detectou mais alguns goblins a frente, eram apenas 3, estavam caminhando pela mata.

Como eram poucos Fernando decidiu por uma abordagem mais direta, eles se aproximaram o máximo possível e alvejaram os goblins com flechas. Dessa vez não foi necessário sequer se aproximarem muito. Provavelmente devido a experiência anterior Emily e Kelly pareciam estar mais firmes e confiantes e conseguiram derruba-los com facilidade.

“Muito bom vocês duas, vocês estão melhorando muito. Se continuarmos assim nem precisaremos entrar em combate corpo-a-corpo.” Ronald disse sorrindo.

“Humph, com quem você acha que está falando? Eu sou um gênio, isso não é nada pra mim, só errei antes para vocês terem algo pra fazer.” Emíly disse bufando.

“Ela diz isso, mas estava tremendo tanto lá atrás que parecia que tinha Parkinson.” Lance disse zombando.

“Fala isso de novo e eu vou te encher de flecha seu nariz de batata!” Emily retrucou.

“Nariz de batata?!” Lance disse tocando seu próprio nariz, ele sentia que era meio grande, mas não deveria ser tanto certo?

Todos riram das brincadeiras desses dois. Até esse ponto as duas equipes já estavam completamente familiarizadas.

Após reunir o saque eles mais uma vez seguiram caminho. Enquanto andavam Fernando estava prestando atenção nos passos de Edmund e Simon. A forma como eles andavam quase sem fazer som algum era impressionante.

Fernando tentou imitar a forma que eles andavam, mas por mais que tentasse os galhos sob seus pés sempre quebravam e faziam ruídos.

Vendo Fernando tentando imita-lo Edmund riu internamente.

Você vai precisar de pelo menos mais meia dúzia de anos se quiser aprender essa técnica garoto.

Após alguns minutos ele viu Fernando andando suavemente pela mata, ele ficou surpreso. Apesar de ainda ser bem desengonçado ainda sim era uma grande melhoria.

Esse rapaz tem olhos afiados, ele aprende muito rápido. Edmund pensou surpreso.

O grupo seguiu sem muitos obstáculos, conseguindo eliminar mais alguns pequenos grupos de goblins sem incidentes. Conforme eles lutavam e ganhavam experiência de combate sua confiança aumentou e havia menos hesitação em suas ações.

Até mesmo Emíly conseguia segurar o arco sem tremer tanto. Apesar disso ela ainda se sentia mal sempre que ouvia os gritos dolorosos dos goblins.

“Karol, como você conseguiu? Sabe.. matar aquele goblin de tão perto. Sempre que ouço os gritos deles me dá tanta angústia.” Emily disse enquanto apertava as mangas de sua camisa com força.

“Eu não sei, a sensação é muito ruim pra mim também. Mas eu sei que é o que precisamos fazer. E já que temos que fazer isso de qualquer jeito eu quero pelo menos acabar sem que eles sintam tanta dor.” Karol disse enquanto olhava sua palma, sempre que olhava sua palma ela sentia que estava suja de sangue, não importando quantas vezes ela lavava.

Emíly sentiu uma certa melancolia na voz de Karol. Esse tom não parecia combinar com a Karol firme que ela viu cravar uma lança no goblin caído. Mas agora ela entendia, ela não era a única sofrendo, provavelmente todos estavam sentindo algo parecido.

Emily era uma garota que tentava sempre ser brincalhona ou explosiva, mas no fundo ela era garota delicada que amava animais e ajudar pessoas, ela até fazia parte de uma ONG dedicada a acolher cães de rua. Vir a um mundo onde ela precisava matar para sobreviver ia contra sua natureza. Ela sentia que isso não era pra ela e que ninguém entendia como ela se sentia. Porém ao ver como Karol também estava sofrendo ela percebeu que estava sendo egoísta e fugindo das dificuldades. Ninguém queria estar aqui nem fazer esse tipo de coisa.

Após perceber isso e se decidir Emíly sentiu que o aperto que sufocava seu peito e garganta diminuírem, ela se sentia mais leve.

“Obrigada, Karol!” Emily disse sorrindo.

Karol não entendeu bem porque estava sendo agradecida, mas ficou contente que sua amiga parecia estar menos nervosa. Karol já considerava Emily como sua irmã mais nova e não queria vê-la sofrendo.

Após algum período de tempo o grupo encontrou mais goblins. Porem ao descobrirem a quantidade de goblins a frente todos ficaram tensos.

Havia 12 goblins, isso era o dobro do maior grupo que eles enfrentaram até agora. Os goblins estavam circulando em torno de um paredão de pedras. Parecia que esse era um ninho.

“O que fazemos? Acho que deveríamos contorna-los.” Karol disse preocupada.

Apesar dos goblins não serem uma grande ameaça eles também não eram inofensivos. Porém o maior problema era se eles conseguiriam matar todos os 12 sem deixar nenhum deles fugir. Se caso alguns conseguirem escapar isso deixará os goblins da região alertas. Pode até ser que os goblins comecem a ativamente procurá-los. Nesse caso sua maior vantagem, os ataques surpresa iriam pelo ralo.

Olhando para o paredão rochoso Fernando chegou a uma conclusão.

“Não, vamos atacar.” Fernando disse sem expressão.

“O que? Você não vê quantos são Fernando? É impossível matar todos. O senhor Edmund já nos avisou que não podemos deixar nenhum fugir ou esse lugar vai virar um inferno.” Noah disse.

Geralmente Noah não questionava muito Fernando, mas desde que eles entraram numa área “perigosa” ele vinha se sentindo tenso e inquieto.

Percebendo que Noah estava um pouco nervoso Fernando explicou

“A base daqueles paredões de pedra são o ninho desse grupo. É um ótimo abrigo para eles, mas em contrapartida é um beco sem saída. Se cercarmos o paredão eles terão que passar por nós para fugir.” Fernando disse sem emoção.

Todos imediatamente perceberam que era como Fernando disse. Apesar de haver muitos goblins contanto que ninguém cometesse um erro eles poderiam vencer. Afinal não havia para onde fugir, escalar as pedras era impossível para esses goblins desajeitados.

Após chegarem a um acordo Fernando dividiu o grupo em 3 times, Emily, Kelly, Lance e Karol ficariam ao centro para alvejar os goblins. Simon, Ronald e Noah iriam pela direita, Fernando e Edmund iriam pela esquerda, depois de alguma indecisão Fernando optou por levar Tom consigo, ele não queria arriscar mandá-lo com os outros. Afinal esse sujeito desastrado e covarde costumava estragar tudo, era mais seguro mantê-lo por perto.

Logo os grupos avançaram para suas posições. Depois de acumularem alguma experiência nas lutas anteriores todos estavam mais cientes de seus papéis e não pareciam mais tão nervosos.

Fernando observou o ninho, 5 goblins estavam nos arredores como se patrulhassem sua área, outros 4 deles pareciam estar dormindo o que bate com as informações que ele obteve no livro de que metade dos grupos dos goblins são noturno para realizarem a proteção do grupo. Quanto aos outros 3 pareciam estar se alimentando de algo. De repente Fernando pensou em algo. E quanto aos caçadores? Será que havia goblins que saíram para caçar? Se sim quando eles voltariam? Essas dúvidas começaram a fazer Fernando hesitar, porém agora era tarde demais pra recuar, eles deveriam exterminar esses goblins rapidamente.

Enquanto Fernando pensava a respeito duas flechas voaram silenciosamente em meio a folhagem atingindo 2 dos 5 goblins de patrulha. Os outros não perceberam imediatamente já que estavam afastados, mas quando ouviram o barulho de algo caindo próximo eles notaram que algo estava errado. Antes que pudessem gritar mais duas flechas voaram atingindo outros dois. O goblin restante correu para o paredão enquanto gritava.

“Guaaaa, Huaiaa!!”

Ouvindo seu companheiro gritando, os 3 goblins comendo e os 4 que estavam dormindo rapidamente se levantaram e viram o goblin restante correndo em sua direção.

Nesse momento silhuetas surgiram na floresta a esquerda e a direita enquanto avançavam em direção os goblins. Percebendo que estavam cercados os goblins fugiram e atacaram.

Fernando junto a Tom e Edmund fecharam o caminho a esquerda enquanto Noah, Simon e Ronald fecharam a direita.

Logo eles entraram em combate. Ronald que até então havia tido poucas oportunidades de mostrar o que aprendeu durante o treinamento estava excitado. Ele cortou sua espada larga em direção ao goblin mais próximo. Percebendo isso o goblin disparou para trás enquanto outro corria para a esquerda de Ronald tentando fura-lo com sua lança de madeira. Essa era uma tática comum dos goblins.

Porém os guias já haviam explicado para o grupo sobre os padrões de ataque dos goblins. Por isso Ronald não ficou nervoso, ele ignorou o ataque vindo e continuou avançando com sua espada em direção do goblin que fugia. Antes que a lança do goblin atingisse seu torso Noah saltou entre Ronald e o goblin batendo pesadamente com seu escudo em seu corpo. O pobre goblin foi derrubado no chão e logo foi cumprimentado pela espada de Noah.

Olhando para o goblin que agonizava sob sua espada suor frio escorria pelas costas de Noah, mas ele não parou e continuou avançando com seu escudo em direção ao ninho.

Até então Ronald já havia alcançado o goblin fujão, ele balançou sua espada pesada com as duas mãos e o goblin foi atingido por um forte baque sendo cortado quase ao meio.

Do outro lado Fernando e Edmund já haviam matado dois goblins também, restando apenas 5. Vendo seus companheiros caindo feito moscas os goblins restantes se desesperaram e correram por entre o vão entre os dois times.

Infelizmente para eles isso fazia parte do plano de Fernando.

Para seu desespero dois pontos pretos vieram voando pela mata e atingiram dois dos goblins mais rápidos. Os outros pararam em seus passos aterrorizados. Enquanto estavam sem reação uma sombra apareceu ao lado direito e cortou um dos goblins e apunhalou outro na nuca com uma adaga. Era Simon, sem que ninguém percebesse ele havia emboscado os goblins em fuga. Até então apenas um goblin caiu sentado no chão, terror era refletido em seus olhos ao olhar para a direita e a esquerda sem saber para onde fugir, no final ele começou a berrar e guinchar.

Emíly estava ao longe observando a situação de uma posição elevada. Ao ver o último goblin fazendo uivos que pareciam o choro de uma criança chorando ela sentiu seu coração doer. Lágrimas brotaram do canto de seus olhos.

“Acalma-se pobre menino, logo estará tudo acabado.” Emily murmurou palavras que só ela podia ouvir enquanto esticava seu longo arco.

“Tudo que eu posso fazer por você é tornar isso indolor.”

Com firmeza ela puxou o arco com todas suas forças e então simplesmente soltou a corda. Então o longo choro que ecoava pela floresta foi silenciado. Emily abaixou o arco lentamente com uma expressão indescritível em seu rosto.

Fernando e os outros logo chegaram até o local que o último goblin morreu. Até eles próprios tinham se sentido mal ao ouvir o choro do goblin.

Simon estava agachado ao lado do último goblin morto parecendo espantado.

“Senhor Simon algum problema?” Noah perguntou ao ver esse indivíduo que geralmente era frio e apático parecendo surpreso.

Simon apontou para o goblin caído, havia dois buracos em sua cabeça.

“Aquela flecha, atravessou a têmpora perfeitamente causando uma morte instantânea e continuou em frente. O poder e precisão desse ataque foram impressionantes.” Simon disse com um leve louvor em sua voz.

Todos ficaram surpresos ao vê-lo elogiar algo já que a menos que fosse para dar dicas como guia ele raramente se expressava.

Enquanto todos estavam distraídos Fernando parecia inquieto. Edmund que estava ao lado pareceu perceber isso.

“Fernando, o que houve?” Edmund perguntou secamente.

“Reúnam os cristais rápido! Depois disso vamos embora daqui.” Sem responder diretamente Edmund Fernando apenas deu algumas ordens.

“Ei por que a pressa? Nós vencemos, poderíamos descansar um pouco..” Ronald disse.

“Não! Tem algo estranho, aquele último goblin, ele parecia estar pedindo ajuda..”

“Ahhhhh!”

Antes que Fernando pudesse terminar um grito agudo foi ouvido não muito longe.

“É a voz da Kelly!!” Noah disse aterrorizado.

Olá, eu sou o Glauber1907!

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