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Na tarde do terceiro dia, todos viram gigantescas muralhas que se erguiam por dezenas de metros.

“Então essa é Meridai.” Karol disse, chocada com a grandiosidade do exterior da cidade. Mesmo que Aquilones fosse majestosa, suas muralhas eram cerca de dez metros mais baixas.

Fernando tinha uma expressão séria no rosto, segundo o que o Major Dimitri havia passado na reunião, eles deveriam desembarcar em Meridai e depois seguir rumo ao Sul. Ao todo, os Leões Dourados ainda mantinham o controle de nove cidades, tendo perdido cinco para o avanço dos Orcs.

Logo o trem avançou em direção a muralha, passando por dentro dela, havia túneis que levavam diretamente ao interior, destinado exclusivamente à circulação de trens. Haviam medidas de segurança, se houvesse uma invasão ou indícios de ataque, todos os locais seriam lacrados.

Os soldados estavam empolgados, muitos saltaram e se penduraram nas paredes dos vagões, para observar como era essa nova cidade, outrora desconhecida para eles.

“Vem, vamos dar uma olhada também.” Karol disse, puxando a mão de Fernando.

Os outros soldados tinham dificuldade de subir nas paredes do vagão devido a altura, mas Fernando e Karol, quase sem esforço escalaram, ficando de pé sob a extremidade do vagão. Isso só era possível devido a seus atributos elevados.

Sentindo o vento batendo em seu rosto, Fernando olhou para Karol, que estava deslumbrada com a visão à sua frente.

Em comparação com Aquilones, Meridai parecia ter muito mais edifícios e construções. Apenas de relance era possível ver dezenas de castelos espalhados por toda a cidade, cada um deles representava um poder presente na cidade, seja uma legião, guilda ou empresas comerciais.

Além dos poderes presentes, a cidade era repleta de comércios e construções dos mais variados tipos. Como a fronteira do sul era uma zona constante de guerra, também era uma região de comércio quente. A busca por equipamentos, armas, alimentos e as diversas necessidades básicas necessárias para a guerra era constante, sendo as legiões os maiores compradores.

Muitas legiões tinham desbravado o sul, numa tentativa de dominar novos territórios e explorar recursos e isso era algo incentivado pelo Conselho Superior. Aqueles que se puseram no avanço do sul receberiam uma série de benefícios, como redução de impostos nas capitais, bem como prioridade em operações comerciais.

Depois de seus homens derrotarem os dois magos na noite anterior, Fernando havia desenvolvido alguma amizade com o membro da equipe do trem que ficava em seu vagão, o sujeito ficou admirado ao ver os dois inimigos mortos. Então foi por meio dele que reuniu uma série de informações a respeito da situação de Meridai e arredores.

Fernando já não era o garoto tolo e ingênuo que foi um dia, ele sabia que apenas força não garantiria sua sobrevivência e dos demais, reunir informações era tão crucial quanto.

Olhando para a bela paisagem à sua frente, sabia que não era uma cidade tão pacífica quanto aparentava. A disputa por poder em Meridai era acirrada e cruel, mesmo os Leões Dourados parecendo ser uma legião forte e gloriosa, na realidade era apenas um entre muitos outros poderes na região.

Meridai era uma cidade importante devido a sua posição estratégica, era por meio dela que o território externo do sul recebia provisões e reforços. Não só isso, mas era também um grande centro comercial, todos os dias chegavam mercadorias de todo o continente humano. Todos os poderes sabiam que quanto mais influência tivessem na cidade, mais benefícios estariam a seu dispor.

Logo uma estação ferroviária foi vista a frente, ficava na zona externa da cidade.

“Ponto final, Meridai. Desembarcar!” A equipe do trem gritou em todos os vagões.

Em pouco tempo, o exército de nove mil homens vindos de Vento Amarelo desembarcou. Apesar das perdas que sofreram na viagem, seus números ainda se mantinham constantes e eram relevantes.

Um homem de barba e roupas brancas estava próximo à estação ferroviária, junto a ele uma comitiva aguardava. Assim que Dimitri o viu, seguiu em sua direção, com passos firmes. Atrás dele Tenentes e homens de confiança do Salão da Recepção seguiam de perto.

O Major parou a poucos passos do velho de branco, ambos se encararam por alguns segundos.

“Então no fim, o velho Kalfas mandou você. Eu esperava Wos ou Kolovs, isso é um pouco decepcionante.” O homem de barba branca disse.

Dimitre que ouviu isso, franziu a sobrancelha.

“Kolovs morreu a três anos.” respondeu.

O homem ficou surpreso por um instante, mas sua expressão logo voltou ao normal.

“Eu avisei aquele tolo que não viveria por muito tempo se continuasse causando problemas.” disse, suspirando. Havia um leve tom de pesar e decepção em sua voz.

“Mudando de assunto, você parece estar indo bem, para um velho gagá.” Dimitri disse, num tom de deboche, olhando para suas roupas brancas impecáveis.

“Humph, já você ainda parece o bruto sem cérebro de sempre.” O velho homem respondeu, de forma arrogante.

Ambos se encararam friamente, havia uma tensão pesada no ar, como se uma luta fosse estourar a qualquer momento. Os soldados ao redor sentiram isso e ficaram aflitos, porém de repente, os dois homens sorriram.

“Hahahah, seu velhote de merda, arrogante como sempre.” Dimitri falou, enquanto dava alguns passos à frente.

Ambos os homens deram um forte abraço, enquanto riam.

“Lenon, é bom revê-lo. Ou melhor, General Lenon, parabéns pela promoção.”

“Hahaha, obrigado velho amigo. Me pergunto se você veio até o sul para finalmente acumular conquistas e tentar ascender.”

“Eu não carrego tais ambições e meu talento não é tão bom quanto o seu. Além disso, minha lealdade continua com o General Kalfas.”

“Entendo, é uma pena.” Lenon disse, havia um traço de reminiscência em seu rosto ao ouvir o nome de Kalfas.

“Bem, vamos falar de trabalho agora, como estão as coisas?” Dimitri perguntou, de forma solene.

“Quanto a isso… Não trago boas notícias.”

Alguns segundos depois, o rosto de Dimitri ficou escuro, uma expressão de raiva preenchia seu rosto.

Fernando que estava saindo com seu Pelotão, observou de longe a reunião de Dimitri. Ele apenas olhou com interesse, mas logo focou em seus próprios assuntos. Coisas relacionadas aos superiores não tinham nada a haver com ele.

“Formação! Formação!” Theodora gritou, assim como os demais Cabos.

Raul havia passado a ordem para Fernando e os demais Oficiais levarem seus homens a marchar até o castelo dos Leões Dourados, não só o Décimo Terceiro Batalhão, como os demais também. Logo os nove mil homens estavam em formação no exterior da cidade, então deram início à marcha.

Raul que estava próximo a Fernando na frente do Batalhão tinha uma expressão incomodada.

“Odeio esses teatrinhos.” Raul disse, num tom de nojo.

Fernando e os outros Oficiais, assim como Túlio tinham rostos confusos ao ouvir isso.

“Que tipo de teatro seria, senhor?” Túlio perguntou.

“Você não vê? Tudo isso.” disse, apontando para as multidões de pessoas nas ruas, que observavam a procissão de soldados de Vento Amarelo. “Nós não estamos apenas marchando até o castelo, isso é uma demonstração de força, de poder.”

Ouvindo isso, Fernando olhou em volta, então notou vários soldados em meio a multidão. Havia os mais diversos emblemas em seus peitos, indicando as diversas legiões a quem serviam.

Vendo isso, todos finalmente entenderam, esses eram olheiros de outras legiões. Estavam aqui para contar seus números e estimar sua força. 

Todas as legiões que tinham domínios no sul estavam empenhadas na guerra contra os Orcs, mas apesar disso, a rivalidade que tinham não havia sumido. Então havia se tornado comum sempre que um novo exército chegasse à Meridai, observadores seriam enviados para estimar quantas tropas cada legião estava enviando.

Se uma legião enviasse poucas tropas para a guerra, significava que ela estava desistindo de suas terras na região externa, então enviaram algumas tropas apenas para fazer um ato. Todos prestaram atenção a essas legiões, pois seus territórios se tornariam alvo de cobiça quando tudo acabasse.

Por outro lado, aquelas legiões que enviaram milhares de tropas estavam mostrando que não só não desistiriam de suas terras, como estavam prontas para conquistar ainda mais. Todas as outras legiões tomariam nota destas, ficando cautelosas a seu respeito.

Por isso a demonstração de poder era importante, se os Leões Dourados não demonstrassem sua força, poderiam acabar sendo engolidos pelas outras legiões.

Depois de uma longa marcha, sendo observados pelo povo de Meridai, as tropas chegaram ao castelo. Este era muito maior e mais espaçoso que o de Aquilones, comportando mais da metade das tropas em seu interior. Segundo o cronograma passado pelo alto escalão, eles deveriam partir ao amanhecer, seu destino seria decidido até então.

Olá, eu sou o Glauber1907!

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