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Na tarde daquele mesmo dia, Fernando convocou o Batalhão Zero, reunindo-os na área de treinamento da Residência da Guilda.

Normalmente seria mais uma reunião como qualquer outra, entretanto, algo chamou a atenção de todos.

Karol estava parada ao seu lado, atrás deles, dez grandes Lobos Prateados mantinham-se enfileirados. Cada um tão grande quanto um cavalo, a visão era simplesmente espetacular.

“Eu os convoquei hoje para fazer alguns anúncios. Primeiramente, em relação à criação do nosso primeiro esquadrão montado, o Esquadrão Dama de Prata. Assim como dito anteriormente, será liderado pela Cabo Karol.” Fernando falou, de forma imponente. Sabia que alguns não gostaram da indicação de Karol, mas ele não se importava. “A partir de agora, faremos uma seleção com os melhores usuários de armas de haste, os dezenove melhores serão parte da nossa cavalaria, aqueles que forem selecionados serão remanejados para o Esquadrão Dama de Prata.”

Inicialmente, Fernando queria manter o esquadrão de Karol com as pessoas que ela própria recrutou, mas para lutar em uma montaria, espadas, a arma mais comumente usada, era simplesmente ineficiente. Então desistiu dessa ideia e resolveu montar um novo esquadrão com os melhores usuários de lanças, alabardas e outras armas de polo.

O anúncio de Fernando pegou todos de surpresa, imediatamente um alvoroço se instalou, a possibilidade de se juntar a um esquadrão nomeado era algo que muitos desejavam.

“E a segunda coisa, em quatro dias iremos sair em missão, então usem esse tempo para se prepararem, ouçam as ordens de seus líderes e façam seu melhor para melhorar sua força e experiência.”

As palavras de Fernando eram claramente apenas para enfeite, quatro dias era muito pouco tempo para ensinar sobre formações e treinar as novas tropas inexperientes. Felizmente, como havia muitos soldados e ex-membros de guildas entre os novatos, não era um caso totalmente perdido.

Com o anúncio feito, aqueles interessados em se juntar ao Esquadrão Dama de Prata apresentaram-se. Enquanto o restante, liderados por seus Cabos, começaram o treinamento, cada minuto era importante.

“Fernando, você tem certeza? Não era melhor você fazer isso?” Karol perguntou, hesitante. Ela havia sido incumbida de fazer os testes e admitir ou recusar os membros para seu novo esquadrão.

“Eu não entendo nada sobre luta com lanças, você vai ter que cuidar disso.” Fernando respondeu, dando de ombros.

Apesar de Karol inicialmente não ter um bom talento com magia, suas habilidades no manuseio de lança eram as melhores do Batalhão Zero. Se ambos lutassem apenas com lanças, sem magias ou habilidades, Fernando tinha certeza que seria derrotado.

“Ok…” Karol disse, ainda um pouco hesitante, mas vendo como o homem que amava confiava tanto nela, não pôde deixar de reunir sua coragem.

Fernando esperava que Karol amadurecesse, em momentos críticos ela nunca o desapontou, sempre estando firme e forte. Sempre foi assim, seja na primeira vez que lutou contra um Orc Marauder, ou quando ele quase fez um massacre contra as pessoas capturadas pela Guilda Massacre. Se não fosse seu apoio, sabia que teria perdido seu caminho tempos atrás.

No entanto, apesar dela ser brava e corajosa nos momentos de ebulição, sempre se continha e hesitava nos momentos de paz. Um líder deveria passar confiança e estabilidade, independente da situação, seja nos momentos tensos, ou nos amenos. O objetivo de Fernando era prepará-la adequadamente para posições mais altas.

“Você e você, a frente.” Karol disse, apontando para dois homens.

Os dois pausaram por um momento, surpresos, mas logo deram um passo à frente.

“Os dois vão me enfrentar, podem vir.” Karol disse, erguendo a lança e apontando para ambos.

Os homens se entreolharam, sem saber o que fazer, então olharam na direção de Fernando. Nesse ponto todos sabiam que Karol era mulher do Tenente do Batalhão, quem em sã consciência ousaria machucar a namorada do homem que poderia matá-los com um comando?

Percebendo seus olhares, Fernando manteve-se inerte, então, vendo que ninguém se movia, suspirou.

“A Cabo Karol é responsável pela avaliação de vocês, quem for recusado por ela, não irá se juntar ao Esquadrão Dama de Prata.”

Após ouvir isso, todos tinham mudanças em suas expressões. Haviam pensado que seriam avaliados pelo próprio Tenente Fernando, mas as coisas não eram como imaginaram.

Com as palavras do Tenente, os dois homens deixaram de lado sua hesitação, então avançaram.

Um deles usava uma lança, enquanto o outro uma alabarda.

“Hah!” O homem da lança, que movia-se mais rápido, cortou para frente, em direção a perna de Karol.

Vendo isso, Karol olhou com desdém. Mesmo nesse momento o sujeito estava subestimando-a.

Girando levemente, apoiando-se no calcanhar esquerdo, desviou com facilidade da estocada. Assim que desviou do primeiro sujeito, o da alabarda chegou ao seu lado, cortando lateralmente.

Ao ver o ataque chegando, Karol fincou sua lança no chão.

Ting!

A alabarda colidiu com a lança de prata, sentindo a pressão do ataque, Karol franziu a testa. O ataque não tinha consistência alguma, foi tão leve e frágil que ela poderia ter usado as mãos para parar o impulso.

Ambos os homens estavam se contendo, provavelmente temendo feri-la devido a presença de Fernando.

Já que vocês querem assim, não me culpem.

Com um olhar decidido, Karol girou o pulso esquerdo, a lança prateada em sua mão girou junto. Então balançou-a na vertical.

Swish!

O homem da alabarda saltou para trás, o fio da lança passou a centímetros de seu ombro. Em seu rosto, um leve sorriso de arrogância, como se dissesse ‘isso é tudo que uma Cabo tem? Claramente foi promovida por seu relacionamento’.

Entretanto, seu olhar boçal durou pouco, sentindo um forte impacto em seu joelho esquerdo. Em um instante, o sujeito estava no chão, sem entender o que aconteceu.

“Eu não estava mirando em seu ombro, mas em suas pernas. Subestimar o inimigo é a última coisa que um membro do meu esquadrão deve fazer! Levanta, aqueles que forem derrubados três vezes estão fora!” Karol falou, erguendo o queixo e ficando a lança no chão.

Vendo aquela cena, Fernando ficou surpreso, ver uma Karol intimidando alguém era algo raro, já que ela sempre era gentil com todos. Mas ele assentiu satisfeito, com um leve sorriso no rosto.

Ao parar para pensar, Fernando notou que ambos só estavam juntos agora devido a essa personalidade dela. Mesmo antes, quando ele não tinha forças ou status, ela sempre foi simpática e carismática em direção a si. Foi isso que o atraiu e o fez ficar tão encantado por ela, um jovem que nunca tinha tido uma experiência amorosa tendo a atenção de uma garota.

Lembrando-se de seu próprio ‘eu’ do passado e então vendo a linda e imponente mulher a sua frente, que ele poderia chamar de sua. Pensou em como havia tido sorte na vida, mesmo estando nesse mundo caótico e louco.

Parando para pensar eu nunca a pedi… Em casamento. Fernando pensou, com um rosto sério.

Nesse mundo, onde o perigo espreitava a todo o momento, suas vidas estavam sempre por um fio. De repente, Fernando sentiu-se ansioso, se um dia ele morresse sem pedi-la em casamento, iria se arrepender até seu último suspiro.

Swish! Bam! Baque!

Com agilidade e manobras, Karol derrubou os dois homens. Nesse momento era a segunda queda de cada um. Levantando-se do chão, ambos tinham rostos cheios de fúria e vontade, completamente ao contrário de como começaram.

O homem empunhando a lança avançou como um raio, o outro como se entendesse suas intenções, correu pela direita, ambos atacaram em pinça. Nesse momento, sendo sua última chance, não havia mais nenhuma hesitação ou contenção por parte dos dois, era como se tivessem esquecido completamente que Karol era a namorada do Tenente ou que o próprio estava ali, a poucos metros.

Vendo isso, Karol sorriu. Com um impulso para a frente, perfurou com sua própria lança em direção a lança entrante.

Ting!

Ambas se chocaram ferozmente, lançando faíscas para os lados. O homem da alabarda chegou assim que suas armas se chocaram. O fio da sua lâmina mirando a cintura de Karol.

A ponta da lança de Karol desviou para a direita após a colisão, entretanto, o cabo levantou a esquerda.

Ting!

A alabarda foi parada, mas o sujeito da lança atacou logo em seguida.

O que se viu a seguir foi ambos os homens atacando de forma coordenada, assim que um recuava o outro atacaria, parecia que não queriam dar chance de Karol recuperar o fôlego.

Ting! Bang! Bam! Swish!

Depois de trocar dezenas de golpes, Karol sorriu. Então, quando um deles estava para atacar novamente ela disparou para frente, entrando num raio menor que o alcance máximo de sua arma. Com a palma da mão, acertou-o no peito, lançando-o voando para trás.

O outro, o lanceiro, que viu a cena, ficou paralisado, mas isso só durou um segundo, logo cortou para frente. Entretanto, Karol parecia ser mais rápida, com o lado do cabo, bateu com força na barriga do homem, que caiu de joelhos, uivando de dor.

Bam!

Com um rosto calmo, Karol fincou sua lança no chão, assim como havia feito no começo. Era como se ela nem tivesse saído dali. Nem sequer havia indícios de suor em sua testa.

Todos os outros, que queriam fazer o teste, tinham rostos chocados. Só então notaram que Karol não foi promovida por seu relacionamento com o Tenente, mas porque ela tinha uma força avassaladora!

Ambos os homens, lanceiro e da alabarda levantaram após se recuperarem, tinham rostos abatidos. Essa era sua terceira queda, então ambos haviam sido eliminados.

Quando um olhou para o outro, em seus rostos havia uma expressão cheia de miséria, como se estivessem arrependidos de não darem seu melhor desde o início.

“Aprovados.” Karol falou, com um rosto calmo.

Nesse momento, todos olharam para ela com olhares confusos.

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