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Inicialmente, quando Theodora disse que enviaria Kelly para acompanhá-lo, pensou que seria realmente apenas Kelly, por isso concordou. No entanto, não esperava que um esquadrão inteiro seria enviado ao seu lado.

Olhando para trás, viu Kelly, junto a duas dezenas de homens e mulheres, marchando de forma uniforme. Por onde passavam, os olhares dos civis voltaram-se para eles.

Suspirando, Fernando não pôde evitar de balançar a cabeça.

“Líder, algum problema?” Kelly disse, com um rosto sério.

Vendo a mulher, que antes era tão tímida que mal conseguia falar com ele, Fernando sentiu-se estranho. Não era apenas ele quem vinha mudando e se adaptando, os outros estavam fazendo o mesmo.

“Não é nada, apenas não acho isso necessário.” disse, apontando para as tropas.

Kelly viu o descontentamento de Fernando, mas não concordou com ele.

“Isso é para sua proteção líder, se você morrer, todo nosso Batalhão Zero vai estar acabado.” Kelly disse, de forma calma.

Fernando levantou uma sobrancelha, não esperando que Kelly desse uma resposta tão fria e sincera. Mas ao pensar com cuidado, entendeu sua preocupação. Assim como ela disse, se ele morresse, o futuro do Batalhão seria uma incógnita.

“Eu não pretendo morrer.” respondeu, de forma seca. 

Então olhando para trás, viu o Cabo que liderava as tropas, era um rapaz jovem, não parecia mais velho que o próprio Fernando. De repente lembrou-se de quem era, um garoto que ele deu uma Poção Incrementadora Fauser na apresentação após a formação do Pelotão Zero.

Vendo Fernando encarando o jovem que dava ordens e mantinha as tropas em formação, Kelly falou.

“Esse é Magnus, um membro do Pelotão Zero original, ele foi um dos poucos que sobreviveu a batalha. É o jovem que a Subtenente Theodora recomendou a Cabo anteriormente.”

“Eu sei, acho que lembro dele.” Fernando disse, assentindo.

Como eram muitas pessoas e tarefas para cuidar, Fernando havia pego indicações com os membros centrais do Batalhão para ocupar as posições de liderança, como Cabos. Devido a isso não prestou muita atenção sobre quem seria promovido ou não.

Lembrando-se sobre o tempo em Vento Amarelo, recordava-se que o rapaz era um novato completo e mesmo assim, havia sobrevivido a todas as batalhas e se tornado um Cabo. Fernando apreciava isso, pois de certa forma parecia muito com sua história.

O jovem Magnus, ao perceber o olhar de seu Tenente, ficou um pouco nervoso, mas agiu de forma habitual.

Após meia hora andando pela cidade de Belai, com um esquadrão seguindo de proa, Fernando já havia se acostumado aos olhares das pessoas. Após mais algum tempo de caminhada, logo avistou o Salão de Belai.

“Alto! Indentificação!” Um grupo de guardas declarou, apressando-se a frente de Fernando e Kelly.

Fernando estava prestes a dizer algo, quando Kelly tomou a frente.

“Este é Fernando, Tenente do Batalhão Zero, abram caminho!” gritou, com uma voz fria e levemente arrogante.

Vendo a atitude da mulher, os guardas ficaram hesitantes, mas mesmo assim insistiram. Se fossem tempos normais, teriam cedido, mas devido a grande quantidade de pessoas e grupos dos mais variados na cidade, a segurança havia sido reforçada e estava muito mais rígida.

“Precisamos da identificação, caso contrário não passarão.” O guarda disse.

Kelly abaixou levemente a cabeça, lançando um olhar fulminante no homem. Em resposta, os homens deram alguns passos para trás.

Magnus, vendo a situação, avançou dois passos, como se estivesse pronto para lutar.

Nesse momento, Fernando levantou a mão, mostrando seu brasão de Tenente.

“Aqui está, a identificação.” disse, de forma calma.

Os guardas se entreolharam, então um deles, ainda cauteloso com Kelly, aproximou-se, olhando para o brasão de perto.

“Tudo certo, pode passar.” disse, mas então, olhando para Magnus e o restante das tropas, franziu a testa. “Entretanto só pode levar um acompanhante para o território do Salão.”

Fernando assentiu, então olhou para Magnus e o restante.

“Vocês esperam aqui.”

Junto a Kelly, passaram pelos guardas.

Olhando para a garota, que mantinha uma atitude fria em direção aos guardas, Fernando franziu a testa.

“O que deu em você, Kelly?” Fernando disse, de forma calma, ainda olhando para frente, enquanto caminhavam.

Kelly o olhou surpresa, sem entender.

“Apenas fazendo meu trabalho, senhor…” respondeu.

Com sua resposta, Fernando manteve-se em silêncio por alguns segundos.

“Você não é assim.”

Ouvindo isso, Kelly tremeu levemente, mas não respondeu.

“Não sei o que você está pensando, mas evite causar problemas.” Fernando falou, com um tom de voz calmo e contido, mas que continha sua insatisfação com o ato anterior. A última coisa que ele queria, era fazer inimigos dentro do Salão de Belai.

Ouvindo isso, Kelly abaixou a cabeça.

“Me desculpe senhor, não vai acontecer de novo…” Kelly disse, hesitante, então continuou. “Eu apenas, entendi que hesitar nesse mundo é sinal de fraqueza e os fracos não sobrevivem”

Fernando ficou levemente surpreso com isso. Não com a mudança de mentalidade ou atitude de Kelly, mas com o fato dele próprio já ter pensado em algo semelhante inúmeras vezes. Lembrando da garota tímida e ingênua de antes e vendo a Kelly madura e fria, era difícil associar ambas.

De repente Fernando suspirou, quem era ele para criticar os outros por tentar se adaptar? Ele próprio já havia dito e feito muitas coisas que jamais teria no passado.

Após a resposta de Kelly, Fernando ficou em silêncio, assim como ela.

Adentrando ao salão, ambos se dirigiram para a área central, onde havia um grande balcão.

Vendo os dois jovens, a atendente sorriu.

“Posso ajudá-los?”

“Meu nome é Fernando Nobrega, Tenente do Batalhão Zero. Gostaria de trocar alguns Pontos de Contribuição que possuo.” disse, de forma calma.

A moça do balcão, assim como algumas pessoas ao redor, o olharam como se tivessem visto um fantasma. 

Isso ocorreu porque o Tenente do Batalhão Zero tornou-se extremamente conhecido na cidade. Afinal, ele foi a pessoa que mais recebeu promoções após a batalha, muitos falavam de suas contribuições na guerra e de como ele foi importante para a quebra do cerco de Belai. Inclusive sendo responsável pela estratégia insana que o General Dimitri havia adotado.

Em suma, Fernando era como um herói de guerra para o povo de Belai. Não só isso, mas atualmente era dito que ele era o mais jovem Tenente da Legião dos Leões Dourados. Tudo isso somado, trouxe uma grande fama, seu nome sendo assunto cotidiano dos cidadãos.

“S-senhor, é um prazer conhecê-lo.” A mulher disse, gaguejando.

Fernando levantou uma sobrancelha, mas assentiu.

“Vou precisar que o senhor aproxime sua Pulseira de Armazenamento aqui.” A mulher disse, apontando para um dispositivo sobre a mesa.

Olhando para o balcão, havia uma caixa preta retangular. Seguindo com o que foi dito, encostou a pulseira, assim que o fez, a caixa fez um som de ‘Clique’.

Uma tela apareceu na frente da mulher, quando a viu, a garota ficou chocada.

“O senhor tem 5.800 pontos de Contribuição de Guarnição, assim como 780 Pontos de Prestigio do Salão da sua cidade. O que o senhor gostaria de fazer?”

“Eu gostaria de comprar uma Magia de Incremento.” Fernando respondeu. 

Normalmente, a única moeda universal entre as cidades, além da prata e ouro, seria o Prestígio, sendo os Pontos de Guarnição utilizáveis apenas na cidade onde foram ganhos. Entretanto, tudo mudava em tempos de guerra.

Durante as guerras, era possível trocar os Pontos de Guarnição livremente em qualquer cidade pertencente à Legião.

“O senhor gostaria de usar Pontos de Contribuição, ou Prestígio?”

Fernando ficou em dúvida ao ouvir isso, afinal não tinha ouvido falar a respeito disso, ja que nunca usou esses pontos.

“Qual a diferença?”

A atendente tinha uma expressão estranha ao ouvir a pergunta do jovem Tenente.

“Isso… Senhor, Pontos de Prestígio são muito mais valiosos que Pontos de Guarnição. Em conversão direta, 10 pontos de Guarnição equivalem a 1 ponto de Prestígio.” A atendente explicou, então em voz baixa continuou: “Recomendaria converter seus Pontos de Guarnição em Pontos de Prestígio e só então comprar Magias de Incremento, coisas compradas com prestígio são muito mais baratas…”

Fernando ficou chocado com a declaração da mulher.

“Posso ver os preços?” perguntou, curioso.

A atendente assentiu, então a partir do balcão uma tela luminosa de mana surgiu à sua frente.

Magia de Incremento Corporal: 3.000 pontos de Contribuição.

Magia de Incremento Corporal: 150 pontos de Prestígio.

A frente de Fernando, mostrava a mesma magia sendo vendida, um lado da tela o Preço por Contribuição, do outro lado, o preço por Prestígio. Levando em conta o preço de conversão, ele economizaria 1.500 pontos de Contribuição se pagasse com Prestígio, ou seja, metade do valor!

“Isso… Por que todo mundo não converte seus Pontos em Prestígio?” perguntou, confuso. Se todos fizessem isso, as Magias de Incremento não seriam muito mais acessíveis?

Ouvindo a pergunta, a mulher ficou levemente constrangida.

“Senhor… Apenas pessoas de nível Subtenente ou superior detém esse privilégio.”

A resposta da mulher deixou Fernando surpreso, então a surpresa logo transformou-se em entendimento. O objetivo da legião em fazer isso era limitar o acesso dos recursos aos de baixa classe, focando na casta superior.

Isso o deixou cheio de raiva, mas ao mesmo tempo o fez perceber que esse mundo não era diferente da Terra economicamente falando. As pessoas trabalham anos da vida, mas recebem pequenos salários, enquanto algumas pessoas trabalham pouco e recebem grandes salários. No fim, os recursos sempre irão se concentrar nas mãos de poucos, enquanto a maioria esmagadora que era responsável por produzir, ficaria apenas com as migalhas. Os pobres ficariam mais pobres, enquanto os ricos cada vez mais ricos.

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