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A sua frente, o corpo de Fernando emitia um fraco, mas constante brilho branco.

Teoricamente, usar Magia de Cura no corpo todo era impossível, afinal, mesmo um Tenente ou Capitão, com muitos anos de treinamento, ainda tinha uma reserva de mana insuficiente para algo desse tipo, muito menos um jovem que mal aprendeu a usá-la.

Entretanto, diferente da teoria, Ferman viu algo que o fez duvidar de sua sanidade e questionar se estava ficando senil. O brilho da Magia de Cura no corpo de Fernando, apesar de fraco, mantinha-se aceso.

Clack! Clack!

Aos poucos, o velho homem observou o jovem Tenente levantar-se completamente, bem como ajustar a envergadura de sua coluna. Não só isso, mas sua expressão desanimada rapidamente mudou, tornando-se cheia de energia.

Então, passo a passo, Fernando tornou a avançar, carregando a tora de madeira em seu ombro. Os estalos por todo seu corpo continuavam sem parar, mas sempre que aconteciam, a luz branca brilhava com mais força nesses locais.

Isso… Como é possível?

Mesmo sendo um Cavaleiro, alguém que experienciou diversas coisas por todo o mundo de Avalon, ainda sim nunca tinha visto nada parecido.

Bem na sua frente, ele viu o jovem machucando seu próprio corpo com o esforço, mas curando-se tão rápido quanto se feria.

A verdade é que o processo de usar Magia de Cura para treinar pessoas do Sistema de Habilidades não era algo novo. Na verdade, era bem comum no treino das elites das Guildas e Legiões. Entretanto, geralmente reuniam-se vários magos que revezavam-se para realizar a cura. Ele nunca viu alguém curar a si próprio de forma contínua enquanto treinava!

Como ele tem tanto mana?

Nesse ponto Ferman ficou boquiaberto, haviam passado vários segundos, mas Fernando não só não diminuiu a velocidade em que avançava, como começou a dar passos rápidos. Seu ritmo de avanço estava cada vez mais tenaz.

O próprio Fernando estava surpreso com isso. Seu corpo estava sendo ferido e quase instantaneamente curado, formando um ciclo.

Esse é o efeito de Magia de Cura junto a Auto-Regeneração? pensou, perplexo.

No entanto, logo notou um problema. Há muito tempo seu mana havia se esgotado, o que estava usando para alimentar o processo de cura, era o mana da Pedra de Mana.

Ao olhar para trás, viu Ferman o observando, horrorizado.

Merda…

Após notar seu erro, Fernando rapidamente cortou o fluxo de mana da Pedra e por consequência a ativação da Magia de Cura.

Apesar disso, seu corpo estava praticamente renovado e cheio de energia, então continuou avançando com a tora de madeira no ombro.

No fim, apesar de não se atrever a usar a Pedra de Mana novamente na frente de Ferman, Fernando conseguiu completar as cinquenta voltas exigidas pelo velho homem.

Exausto e sem fôlego, o jovem Tenente caiu no chão, puxando  lufadas de ar.

“Muito bem rapaz, você conseguiu.” O Cavaleiro Branco disse, com um rosto gentil. “Seu treinamento está encerrado por hoje. Volte amanhã no mesmo horário.”

Vendo o velho agindo de forma natural, Fernando estranhou. Para alguém com a experiência do mesmo, certamente teria notado algo de errado com o longo período usando Magia de Cura, ainda mais no corpo inteiro!

Mesmo assim, Ferman não demonstrou qualquer coisa ou perguntou algo a respeito do ocorrido, fazendo Fernando também se manter em silêncio a respeito. Tanto a Pedra de Mana quanto a Espada Formek eram seus maiores segredos, algo que ele não se atrevia a contar mesmo para Karol.

Com o corpo exausto e sem fôlego, Fernando praticamente se arrastou para fora, saindo da mansão.

Vendo o jovem Tenente exausto e sem energia, os soldados do lado de fora da Legião Condor tinham olhares de deboche.

“Ouvi que Sir Ferman o está treinando enquanto está nessa cidade, mas olha só para ele. No fim, um caipira de uma pequena legião, ainda é um caipira, mesmo que seja um Tenente. Não aguenta nem um treino básico. Hahahaha.”

“Tsc, que piada.”

“Esse cara deveria ser um Tenente? Hahaha.”

Fernando, que ouviu as palavras de zombaria dos soldados, fez ouvidos surdos. Todo seu corpo estava dolorido e cansado. Tudo que queria era chegar na Residência do Batalhão Zero e descansar.

Não muito longe de onde os soldados estavam, um sujeito estava encostado numa parede. Observando o jovem Tenente indo embora, era o General Berton Tenari.

O homem observou Fernando com um rosto cruel por alguns segundos, mas logo perdeu o interesse ao ver o estado lamentável do rapaz, virando então seu olhar na direção da mansão.

Humph!

Depois de soltar um bufo frio, saiu, em silêncio.

Dentro da mansão, Ferman estava na janela do segundo andar. Olhando atentamente o jovem Tenente, que ficava cada vez mais longe em sua visão.

“Quais segredos você esconde, jovem Fernando?” perguntou-se o velho homem, com um rosto calmo. Mas logo abriu um largo sorriso. “Isso é interessante. Veremos se posso torná-lo meu escudeiro ou não. Hohoho.”

Chegando ao Batalhão Zero, Fernando foi direto para a área de treinamento.

“Líder, chegaram alguns relatórios, também preciso da sua assinatura para alguns documentos.” Theodora disse, segurando uma série de papéis em mãos.

“Agora não.” Fernando respondeu, sem sequer olhar para trás. Então parou. “Diga para ninguém se aproximar da minha área de treino.” Depois de dizer isso, continuou andando.

Theodora que viu isso, ficou surpresa. Normalmente, mesmo que estivesse atarefado e cheio de coisas para lidar, seu líder sempre poupava-lhe algum tempo para resolver as questões do Batalhão. Apesar de estar levemente surpresa, não ficou chateada.

Suspira!

“Líder… Você continua abusando de mim, deixando seu Batalhão nas mãos de alguém como eu.” Theodora falou consigo mesma, com uma expressão desamparada. No entanto, logo mudou para um rosto divertido. “Não me culpe se eu estragá-los.”

Bem no fundo da Residência do Batalhão Zero, Fernando havia reservado um espaço para seu treino pessoal. Contanto que não fosse algo urgente, ninguém se atrevia a entrar no local.

Depois de ter certeza que não havia mais ninguém ali, fechou os olhos. Logo todo seu corpo começou a brilhar com uma leve incandescência branca. Era sinal de que a Magia de Cura estava em ação.

Em instantes, todo seu corpo que estava dolorido e exausto, começou a se recuperar. Mesmo seus ossos doloridos, em um piscar de olhos pareciam renovados e mais fortes que antes.

Abrindo os olhos, Fernando tinha uma expressão excitada no rosto.

“Isso é muito eficiente.” disse, com um leve sorriso.

Usar Magia de Cura, enquanto forçava a habilidade de Auto-Regeneração ao limite, faziam com que seu corpo se curasse numa velocidade sobre-humana.

Tirando uma pequena faca de sua Pulseira de Armazenamento, fincou-a em seu pulso. Imediatamente o sangue começou a fluir, derramando-se como um pequeno riacho. Apesar disso, a expressão de Fernando permanecia a mesma.

Então, com a faca ainda fincada, moveu-a para baixo, em direção ao antebraço, rasgando toda a carne no percurso.

Enquanto o sangue derramava-se sem parar, sentiu sua visão vacilar, tremendo levemente. Esse era o primeiro sinal da perda de sangue elevada. Mesmo assim, não parecia minimamente preocupado.

Então apertou o punho e começou a forçar o Mana da Pedra em suas Veias de Mana, fazendo-os correr loucamente. Ao mesmo tempo focou em usar a habilidade de Auto-Regeneração, enquanto ativava a Magia de Cura no ferimento.

Era extremamente desafiador usar uma Habilidade e uma Magia semelhantes ao mesmo tempo. Era como tentar escrever a mesma palavra com ambas as mãos, se não focasse sua mente, certamente acabaria errando.

Então, bem diante de seus olhos, o extenso ferimento, de cerca de sete centímetros, parou de sangrar. Logo em seguida os músculos e carne cortados foram inundados de mana, religando-se e fechando pouco a pouco. Após alguns segundos, tudo que restou do machucado, foi uma leve cicatriz, quase imperceptível.

Fernando não conseguiu evitar de sorrir. Ele já tinha uma taxa de cura muito alta devido a habilidade de Auto-Regeneração, isso o permitia ter longas e extenuantes lutas por um longo período de tempo. Mas com a combinação da Magia de Cura somada, a menos que ele sofresse um ferimento grave ou seu corpo ficasse exaurido, poderia continuar lutando sem se preocupar.

“Isso é incrível… Mas o mais impressionante é isso.” disse, indo até um maquinário e pegando uma barra de cerca de 330 kg, levantando-a com pouca dificuldade.

Anteriormente, esse era o limite de peso que se atrevia a usar em seu treino, então estava acostumado, mas agora sentiu que mesmo que pouco, parecia mais fácil de erguê-lo. 

Durante o treino de Ferman, ao mesmo tempo que seu corpo machucava-se e se curava repetidamente, sentiu que a tora de madeira em seu ombro, parecia cada vez menos pesada.

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