Ilgner era como uma calamidade ambulante no campo de batalha, as tropas do Batalhão Zero o seguiram de perto, varrendo os inimigos.
“E-esse cara… Sua força é de nível Tenente!” Um dos alto escalão disse, cheio de medo.
“Aguente firme, logo o líder vai chegar!” Outro respondeu, com esperança.
Enquanto as tropas do Batalhão Zero gritavam em ânimo, gritos de lamento soavam do lado da Guilda Fúria.
Os dois Vice-Líderes que furaram o bloqueio, guiando três Membros de Núcleo avançaram de forma frenética. Seu objetivo era apenas um, matar o jovem Tenente Fernando.
Eles já estavam desesperados antes, após o homem loiro entrar na batalha, entenderam que era tudo ou nada.
Nesse momento, Argos correu na direção do grupo que avançava.
O homem à frente não se intimidou. Sua grande espada foi levantada no ar, parecia brilhar num tom de cor esverdeada, indicando que estava banhada com algum tipo de magia.
Já a mulher, tinha duas adagas curtas que não demonstraram qualquer indício de magia, pareciam muito menos ameaçadoras que a grande espada do sujeito. Mas se alguém parasse para prestar atenção, notaria que os Membros de Núcleo atrás não prestavam atenção no homem, mas na mulher.
Argos, com suas duas rapieiras azuis, chegou em frente ao grande homem, pronto para enfrentá-lo.
“Morra, maldito!” O sujeito gritou, em plenos pulmões. Sua grande espada emitiu um brilho forte.
TING!
A grande espada e as duas lâminas se chocaram ferozmente, lançando faíscas para todos os lados.
Tanto o grande homem quanto Argos não moveram um pé sequer, o que significava que em termos de força bruta ambos estavam equiparados. Enquanto os dois planejavam suas próximas ações, a mulher com as adagas chegou.
Argos não estava com a guarda baixa, então estava pronto para contra atacar, porém, o brilho na grande espada do homem aumentou e então sentiu algo estranho. O solo sob seus pés parecia estar mais macio e fofo.
Magia de terra? perguntou-se, surpreso.
Quando notou que havia algo de errado, a mulher já havia chegado ao seu lado.
Swish! Zim!
Com um movimento bizarramente ágil, as duas adagas da mulher cortaram para frente, enquanto emitiam um zumbido agudo.
Ting!
Argos saltou para trás, usando suas duas espadas rapieiras para amortecer o estranho ataque. No entanto, quando olhou para seus punhos, percebeu que a partir de suas mãos tinham vários micro-cortes que se espalhavam até seus braços.
Mesmo que não fossem cortes profundos, eram suficientes para fazer seu sangue escorrer.
Vendo isso, Argos tinha uma expressão tranquila no rosto. Qualquer um que chegasse nesse nível de força teria um ou dois truques na manga.
Entendi, o sujeito usa magia de terra para favorecer o terreno a seu favor, enquanto a mulher usa magia de vento para criar ataques em área.
Depois de perceber isso, soube que não adiantaria se defender das adagas da mulher, pois sempre sairia ferido.
Nesse momento os três Membros de Núcleo chegaram, cercando Argos.
Inicialmente, o duo de Vice-Líderes estavam preocupados, ja que o homem de longos cabelos negros que se atreveu a bloquear seu caminho não deveria ser alguém fraco. Mas depois dessa primeira troca, ambos ficaram confiantes.
Mesmo que o sujeito a sua frente não fosse fraco, no máximo se equiparava a um deles. Com ambos se unindo e ainda com auxílio dos Membros de Núcleo, não seria um problema matá-lo.
Pensando nisso, o grande homem avançou para frente, com sua espada brilhando novamente num tom esverdeado.
Não parece ser sua própria magia. Talvez uma espada com runas? Argos perguntou, enquanto recuava.
Armas com runas que poderiam criar esse tipo de efeito eram caras, pois apenas Mestres de Runas conseguiam criá-las. Sendo necessário muito estudo no campo de Runas e Matrizes.
Interessante, vai ser um bom espólio de guerra. pensou, com um sorriso calmo.
Quando o grande homem pisou para a frente, Argos parou de recuar. Então moveu ambas as lâminas azuis para frente.
O sujeito levantou um leve sorriso. Sua espada brilhou com força e no momento seguinte o solo sob os pés de seu oponente ficou arenoso.
Argos notou a mudança súbita, junto a ela, a mulher com as adagas já havia chegado pelo seu lado direito.
Seus pés quase escorregaram quando ele tentou mover-se, então uma expressão de pânico tomou conta de seu rosto que anteriormente estava calmo. Com um solo instável como esse, teria que receber ataques de dois inimigos ao mesmo tempo.
Tanto a mulher quanto o homem, tinham rostos determinados e com sede de sangue.
Perfura!
“Ugh!!”
Tanto a mulher quanto o sujeito pararam seus passos, com olhares atônitos. O par de adagas da mulher estava a centímetros do pescoço do sujeito, enquanto a grande espada do homem estava logo à frente de seu rosto.
Argos olhou para ambos. Nesse momento um leve brilho azul tingiu suas íris, essa era uma Magia de Incremento que aprendera nos Lobos de Batalha.
Em suas mãos, segurava o punho de suas espadas azuis claras. No entanto, ambas as lâminas estavam num formato estranho.
A espada da direita havia se estendido para o lado fazendo uma curvatura de quase noventa graus, sua ponta formando vários espinhos, que perfuravam o abdômen da mulher.
Enquanto a da esquerda moveu-se para cima, atravessando o queixo do homem até a parte de trás de seu crânio.
A expressão do sujeito era de incredulidade. Então logo seus olhos moveram-se de forma disforme, indicando que sua vida havia chegado ao fim.
“Gahh!” A mulher tossiu sangue, todo seu corpo tremia de dor.
“Vice-Líder!” Os Membros de Núcleo gritaram aterrorizados. Então correram em direção ao homem de cabelos negros, com suas armas em punhos.
Havia um motivo para o esquadrão de Argos ser chamado Lazuli anteriormente, isso era devido a suas proezas no campo de batalha. Suas lâminas brilhavam num tom azul lazuli, permitindo que o fio de sua espada tivesse uma nitidez que cortaria até aço. Isso era por causa de seu domínio em Magia de Água.
Até então, Argos sempre teve um controle moderado sobre sua magia, mas sempre mostrava o mínimo para não levantar suspeitas. Mas desde que Fernando havia criado suas Veias de Mana, toda sua visão de mundo havia mudado.
Seu mana sempre teve grande disposição em direção a magia elemental de água, mas desde que as veias de mana foram criadas, não só conseguia controlar melhor o mana, como era muito mais forte.
Para os outros membros do Batalhão Zero, que nunca tiveram um grande controle desde o início, essa mudança não era tão nítida. Mas para ele, era como a diferença entre o céu e a terra.
Se antes seu mana fluia com a força de um pequeno riacho, agora parecia um grande e poderoso rio.
Não só isso. Antes ele apenas guiava o riacho na direção em que queria, mas com o rio sentia como se o próprio fosse parte de seu corpo. Controlá-lo era o mesmo que abrir e fechar suas mãos.
Segurando com força o punho de suas lâminas, moveu para frente. No processo, o corpo da mulher foi partido em pedaços, enquanto parte da cabeça do homem caiu para um lado e seu corpo para o outro.
Os três membros de núcleo assistiram com rostos impotentes, enquanto as duas lâminas se moviam em sua direção, como serpentes balançando-se no ar.
No fim, à frente de Argos, restaram apenas cinco corpos completamente despedaçados. Enquanto duas serpentes azuis que provinham do punho que segurava, balançavam de um lado ao outro.
Dois Vice-Líderes e três Membros de Núcleo morreram assim, sem sequer reagir apropriadamente.
A visão disso não escapou dos olhos de quem estava no campo de batalha, ou mesmo dos olheiros que observavam de longe.
O restante dos Vice-Líderes da Guilda Fúria estavam tremendo de medo. Não só Ilgner estava destruindo toda sua linha de defesa, como mais dois dos seus haviam morrido sem sequer conseguir reagir.
Com passos lentos, Argos caminhou até a frente do corpo do homem de antes e pegou a grande espada de fio esverdeado. Da mistura de carne, sangue e orgãos espalhados pelo chão, pegou as armas e Pulseiras de Armazenamento dos outros corpos.
Fernando que viu isso ficou estupefato. Ele sempre pensou que era alguém deplorável, por saquear tudo que conseguia, mas Argos estava num nível além.
Pelo menos evite pisar neles… pensou, enquanto via Argos pisar no que parecia ser o intestino de um dos mortos e revirar as entranhas de outro para pegar sua arma.
Após pegar a última, levantou-se e acenou.
“Aqui líder, eu fiz do jeito que você pediu.” Argos gritou com um sorriso, suas mãos cheias de sangue.
“O-o quê? Eu nunca pedi para você fazer isso!” Fernando gritou, estupefato ao ver aquela cena bizarra.
“Sério? Eu tinha certeza que tinha sido isso.”
Numa reunião, Fernando havia dito a todos os membros centrais que o Batalhão Zero precisava reunir fundos para se manterem. Então qualquer batalha que tivessem deveriam pegar o máximo de saques possíveis. No entanto, ele nunca disse que deveria ser feito dessa forma.
Suspirando, Fernando balançou a cabeça.
Nesse momento, após perder tanto moral, as tropas da Guilda Fúria estavam recuando loucamente, enquanto seus membros morriam em todos os lados. Esse era o resultado da perda de sua liderança.
—
“Mas q-que porra é essa?”
A partir da entrada da Residência da Guilda, um homem alto, magro e com cabelos na altura do pescoço perguntou, sem acreditar na visão à sua frente.
Este era Kifon, líder da Guilda Fúria.
Com um rosto incrédulo, viu corpos espalhados por todos os lados. A batalha que pensou que estaria praticamente ganha por suas tropas, na realidade estava sendo perdida.
Assim que o homem saiu junto a sua comitiva, gritos o saudaram.
“O líder Kifon chegou!”
“O líder está aqui, agora eles vão pagar!”
O alvoroço chamou a atenção de todos.
Fernando de sua posição, conseguiu ver tudo. Assim que seus olhos caíram sobre o sujeito, sua expressão ficou fria. Esse era o homem que havia começado tudo isso.