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Bernard ouviu as palavras transmitidas com uma expressão desanimada. Depois que as tropas se renderam, ele já havia desistido de uma vitória, porém, esperava que pelo menos Kifon escapasse com vida.

Mas no fim, o pior resultado possível chegou. Kifon foi morto, a residência incendiada e as tropas rendidas.

Suspira.

“Que pena, parece que o senhor Kifon pereceu.” Bernard disse, com uma expressão calma. “Então devo me retirar.”

Ilgner, que ouviu isso, sorriu com brutalidade. Então apontou o fio de seu machado na direção de seu oponente.

“Você acha que vou permitir?”

Mesmo com a ameaça, Bernard permaneceu impassível.

“Não há  necessidade de continuar lutando. Só fui designado para proteger o senhor Kifon, como falhei, irei me retirar. Além disso, você acha que pode me deter?” O homem de cabelos grisalhos perguntou, erguendo sua cimitarra com a mão direita, enquanto a esquerda estava em suas costas, como um esgrimista.

Vendo isso, Ilgner franziu a testa.

A verdade é que apesar de ambos parecerem ter a mesma força, Bernard atualmente estava ileso, enquanto Ilgner tinha cortes em vários locais do corpo. Se a luta prosseguisse até o fim, ele provavelmente seria derrotado.

Naquele momento, Noah e os outros membros do Batalhão Zero começaram a se aproximar. Atualmente, Bernard era a única resistência relevante no campo de batalha.

Vendo-se cercado aos poucos, Bernard não ficou inquieto. Pelo contrário, sua expressão era firme e preparada para o que estava por vir.

“Renda-se! Ou você não sairá daqui vivo.” Noah gritou, num tom frio.

Do outro lado, Ronald e Lance estavam apostos. A esquerda, Ugo e Leo também pareciam prontos para uma batalha.

Quando o combate estava prestes a explodir, Ilgner interviu.

“Parem. Deixem ele ir.” disse, com uma expressão escura.

“O quê?” Noah indagou encarando-o, perplexo. “Ele é um inimigo, como poderíamos-“

Antes que pudesse terminar, Ilgner o olhou com um rosto irritado, fazendo-o tremer levemente e se calar.

Mesmo que Noah estivesse ao lado de Fernando por mais tempo e fosse um Oficial, ele ainda estava aquém quando se tratava de Ilgner. Seja em questão de experiência, força ou patente, ele estava abaixo dele em todos os aspectos, então não poderia desobedecê-lo.

Bernard, que viu isso, sorriu levemente.

“Você é mais inteligente do que parece.” disse, olhando para Ilgner. “Como cortesia, vou dar-lhe um conselho. Vocês provocaram pessoas que não deveriam, recomendo manter um perfil baixo por alguns anos, talvez aquelas pessoas deixem isso de lado.”

Depois de dizer isso, uma leve névoa vermelha cobriu o corpo do homem, que desapareceu depois de um grande estrondo.

Ronald, Leo, Lance e os outros ficaram perplexos com isso, sem entender porque Ilgner havia permitido que o inimigo fugisse.

“Subtenente Ilgner, você poderia explicar?” Noah perguntou, com um rosto irritado. Mesmo que sua patente fosse inferior, não poderia aceitar algo assim calado.

Ilgner por sua vez deu de ombros quanto ao questionamento.

“Não é que eu não quisesse lutar, mas se eu o desafiasse… Todos vocês morreriam. Isso seria um problema para o Fernando.” disse de forma despreocupada.

Todos no local ficaram chocados com as palavras do loiro bárbaro.

Mesmo que fosse arrogante e desleixado, Ilgner não era mentiroso. Se ele disse isso, então muito provavelmente era verdade.

Naoh franziu a testa, apertando os punhos com força. No final, ele só foi capaz de lidar com os Vice-Líderes e tropas comuns. Quanto às potências do campo de batalha, apenas Fernando, Ilgner e alguns outros eram capazes de enfrentar.

Em poucos minutos as tropas rendidas foram subjugadas, tendo suas armas e equipamentos tomados pelos soldados do Batalhão Zero.

Nesse momento, Fernando, que já havia curado parte de seus ferimentos, chegou junto de Theodora e Argos.

“Fernando!” Noah gritou, surpreso ao ver o estado do jovem Tenente.

Os outros membros centrais do batalhão também chegaram.

Lance, Ronald e os demais estavam preocupados. O estado geral de seu líder não era dos melhores e sua armadura estava danificada em algumas partes.

“Eu estou bem.” disse, olhando ao redor.

As tropas rendidas, que estavam perto, o encaravam com medo. Nesse momento suas vidas estavam nas mãos desse rapaz.

“Você sobreviveu.” Ilgner falou, aproximando-se.

Em resposta, Fernando assentiu. Vendo como Ilgner também estava machucado, ficou surpreso.

“Parece que você teve alguns problemas.”

Ilgner, que estava impassível mesmo com o questionamento de Noah e dos outros, ficou envergonhado dessa vez.

Nessa missão, ele era uma peça central para derrotar o Líder da Guilda Fúria, mas havia ficado preso contra um oponente desconhecido da inteligência de Argos. Mesmo assim, Fernando não parecia culpá-lo.

O bárbaro loiro colocou um dos joelhos no chão, apoiando o braço no outro, após isso, abaixou a cabeça.

“Eu falhei.” disse, com um rosto sério.

Algumas pessoas, que estavam ao redor, demonstraram surpresa com a cena. Os membros centrais, que sabiam detalhadamente sobre o plano de combate, entendiam o porquê da ação súbita do homem. 

Fernando levantou uma sobrancelha, mas ficou em silêncio por alguns segundos.

“Todos fizemos o nosso melhor, não há necessidade disso.” disse, depois de alguma ponderação.

Ilgner levantou a cabeça, como se já soubesse que essa seria a resposta do jovem Tenente. Não havia felicidade em seu rosto. Para ele, Fernando era muito talentoso, mas ainda muito leniente com seus subordinados.

Os soldados que estavam terminando de recolher os pertences dos mortos, de repente abriram caminho.

Karol apareceu, montada em seu grande Lobo Prateado. Seu rosto estava sujo, assim como sua armadura, mas um largo sorriso preenchia sua face.

“Olha quem está de volta!” gritou, levantando sua lança.

Emily, seguida por Kelly e logo atrás um homem velho com um rapaz ao seu lado, caminhavam, passando por todos.

“A Cabo Emily está viva!”

“Nós vencemos!”

“Senhorita Emily!”

“Cabo pimenta!”

Muitos soldados comemoram, respirando fundo. Não só eles venceram, como tiveram sucesso na missão de resgate.

Vendo a comoção, Emily parou por alguns segundos, olhando para as tropas que lutaram por ela. Então colocou a mão no peito esquerdo, inclinando a cabeça para frente.

“Obrigado a todos. Eu devo minha vida a vocês!”

As tropas, vendo a pequena ruiva que era conhecida por ser arrogante e explosiva abaixando a cabeça em agradecimento, os deixou estarrecidos.

Na verdade, mesmo Fernando e os outros ficaram surpresos com isso. Conhecendo a personalidade de Emily, era realmente algo incomum.

A pequena ruiva passou os olhos pela multidão, vendo muitos feridos e ao longe corpos sendo carregados, tanto de inimigos quanto de aliados. Isso fez seu par de cílios vermelhos tremerem levemente.

Desde jovem, Emily sempre foi brincalhona e, também, alguém que dizia o que vinha a sua mente. Ao mesmo tempo que isso a fazia querida por muitos, também criou muitas inimizades.

Na universidade em que estudava quando estava na Terra, sofria constantemente com ‘pegadinhas’ de suas colegas. Garotas que costumavam zombar e ridiculariza-lá, escondendo seus pertences e até mesmo danificando seus materiais de estudo. Tudo isso por inveja-lá, já que sempre chamava a atenção dos rapazes com seu jeito.

Ela sempre mostrava-se alegre, mas a perseguição de algumas colegas a fez ficar insegura, ao ponto em que as vezes acordava no meio da noite com crises de ansiedade.

Lembrando de seus tempos naquele mundo, percebeu que por mais que gostasse de seus dias pacíficos, nunca teve pessoas em quem pudesse verdadeiramente confiar.

Olhando para o grupo do Batalhão Zero, seus rostos faziam-na sentir seu coração quente.

Havia o jovem líder outrora introvertido, Fernando. No começo, ambos se desentenderam, chegando a brigar. Por algum tempo, ela chegou a ter sentimentos conflitantes a seu respeito, mas no fim, ambos se tornaram amigos.

A mulher maliciosa e cruel chamada Theodora. Emily constantemente discutia com ela, ambas chegaram a até mesmo lutar algumas vezes. Obviamente, no fim sempre saia derrotada. Apesar disso tudo, por algum motivo estranho, confiava nela.

Também havia a garota sorridente montada no lobo ao seu lado, Karol. As duas viviam brigando por comida e fazendo piadas uma com a outra. Já haviam até mesmo sido rivais no amor. Mesmo assim, Emily a considerava a coisa mais próxima de família nesse mundo, como se fosse uma verdadeira irmã mais velha.

Também havia o Lance, com suas brincadeiras que considerava escrotas. Noah, com seu jeito polido. Kelly, com suas ambiguidades. Archie, Louise, Cintia e os outros, sentia apego por todos eles. E por fim, Ronald, alguém que de forma inusitada capturou seu coração.

Vendo todos esses rostos, os olhos de Emily ficaram marejados. Lágrimas tímidas escorreram de seu rosto, percorrendo o caminho de suas bochechas brancas com tons avermelhados.

Nesse momento, Fernando chegou a sua frente, fazendo-a levantar o rosto. O jovem rapaz a encarou por alguns segundos, após isso, colocou a mão em seu ombro.

“Bem-vinda de volta.” disse, com o rosto impassível.

Emily ficou surpresa com isso, sem reação. Então Fernando continuou.

“Só não precisa chorar feito um bebê. Você já é pequena, se chorar, as pessoas podem te confundir com uma criança perdida.” disse, mostrando um raro sorriso.

Ouvindo isso, todos os membros centrais do Batalhão Zero ao redor começaram a rir, mesmo os soldados não escaparam.

Karol em particular estava gargalhando alto em cima do lobo.

Emily, vendo as risadas da multidão, ficou cheia de vergonha. Sempre era ela quem fazia piadas com Fernando, desde quando as coisas haviam sido invertidas?

Então passou a mão no rosto, enxugando as lágrimas, e afastou a mão de Fernando.

“Se eu to chorando é de desgosto. Olha só pra você, um caminhão passou por cima e depois deu ré?” disse, apontando para os machucados do jovem Tenente.

Fernando que ouviu isso ficou surpreso, mas depois deu de ombros.

Então a pequena ruiva virou, olhando para Karol, que ria.

“E você para de rir feito um fusca engasgado, cara de lama!” falou, apontando para a mulher.

Karol, que estava com o rosto sujo, parou por um momento, mas logo voltou a rir.

Respirando fundo, olhou para todos.

“Fodam-se todos, a rainha Emily está de volta!” disse, batendo com o punho fechado no peito.

Todos comemoravam, enquanto muitos riam, chamando-a de Cabo pimenta, ou pimentinha.

Ronald aproximou-se, fazendo Emily parar por um momento. Nenhum dos dois disse nada, apenas se abraçaram ali mesmo. O sujeito alto e a garota baixinha.

Do outro lado, Fernando aproximou-se de Karol, que desceu do Lobo Prateado com um largo sorriso.

Olhando para sua esposa com um rosto sério, Fernando parecia irritado.

“Você desobedeceu uma ordem direta.”

Ele havia ordenado que o Esquadrão Dama de Prata evitasse confrontos diretos com o inimigo, mas mesmo assim ela havia enfrentado um Vice-Líder inimigo e até mesmo o matado.

Karol que ouviu isso ficou surpresa por um momento, mas logo tornou a sorrir.

“Eu desobedeci, como você vai me punir?”

Vendo a atitude descontraída de sua amada, Fernando suspirou. Ambos ficaram se encarando, sorrindo um para o outro.

Quando ele estava prestes a dizer algo, um grande barulho interrompeu.

Ao longe, saindo de várias ruas laterais, uma grande quantidade de soldados apareceu. Bandeiras hasteadas com o brasão do Salão de Belai.

Um homem, que voava no alto, gritou.

“Tenente Fernando Nobrega, sob as ordens diretas do Salão de Belai, você está preso!”

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