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Apesar da surpresa por chegar a uma conclusão que há muito o incomodava, Fernando não se distraiu. Em certo ponto, as Veias de Mana de Ferman ficaram completamente cheias.

Fernando sabia que esse era o momento decisivo, se ele errasse aqui, provavelmente estaria encerrando também a vida do Cavaleiro Branco. Mesmo que Ferman não morresse, os ferimentos em suas Veias de Mana o deixaria extremamente debilitado, com inimigos à espreita, seu destino estaria marcado em pedra.

Siiii!

Ferman, totalmente focado e ciente do que estava ocorrendo em seu corpo e do perigo a sua frente, respirou com calma. Seus olhos aguçados mantinham-se límpidos e sem qualquer sinal de medo.

Logo o mana da Pedra começou a pressionar as paredes das Veias de Mana do Cavaleiro, apesar disso, seu rosto mantinha-se impassível. Não havia nervosismo em seu rosto, pelo contrário, uma pitada de curiosidade pareceu ser atiçada conforme o processo avançava.

De repente, certos pontos começaram a se romper, enquanto o Mana esticava e empurrava as Veias, alongando-as.

Fernando não estava surpreso, pois os pontos de rompimento eram algo que ele deliberadamente controlou para que acontecessem. Entretando, mesmo com seu controle mais refinado, nem todo o mana parecia estar fluindo como queria, fazendo com que pontos críticos ameaçassem se romper.

Nas vezes que isso aconteceu, quando o Fernando estava refazendo as Veias de Mana de Ilgner e Raul, não houve problemas. Entretanto, a situação era diferente dessa vez, pois as Veias do velho Cavaleiro, apesar de majestosas e bem mais evoluídas, não estavam em suas melhores condições.

Merda, merda! gritou mentalmente.

Mesmo usando tudo que tinha, sentiu que a situação estava começando a fugir de seu controle.

“Hm, hm. Acho que já entendi.” Ferman falou, com uma voz calma e fechando os olhos, deixando Fernando confuso. “Deixe-me ajudá-lo nisso.”

Após dizer isso, Fernando sentiu o próprio mana de Ferman impulsionando-se, o que o assustou terrivelmente.

Normalmente, qualquer resistência interna faria com que tudo falhasse e o mana da Pedra entrasse em uma erupção feroz, mas de alguma forma o mana de Ferman não estava contrariando o da pedra, mas ajudando-o.

Isso… É mesmo possível? Fernando perguntou-se, incrédulo.

Um mana azul gelado e um prateado misturaram-se, um empurrando o outro, como se estivessem competindo entre si. No entanto, apesar de parecer estarem lutando, na realidade, estavam mutuamente se ajudando.

As Veias de Mana que tinham um desenho estranho, semelhante a uma rosa, começaram a se expandir e ramificar. De alguma forma, todo o processo aconteceu de forma contínua e natural, chegando a um ponto que o próprio Fernando sentiu que não precisava fazer nada.

Então isso é um Cavaleiro… Fernando pensou consigo mesmo, desnorteado e cheio de admiração.

Com apenas alguns momentos de análise, Ferman havia entendido suas intenções e seu propósito em relação ao mana gelado. Então usou com maestria seu próprio mana, de forma que não o repelisse e até o ajudasse. Isso simplesmente era algo que Fernando jamais conseguiria com seu controle atual.

Em questão de segundos, as paredes internas das Veias de Mana começaram a ser danificadas e regeneradas, enquanto as ramificações ocorriam por todos os lados. 

As veias, que tinham um formato semelhante a uma flor, expandiram-se. Suas ‘pétalas’ tornaram-se pontiagudas, seus espinhos ficaram afiados, enquanto suas raízes ramificaram-se para todos os lados.

Fernando, que observou toda aquela cena, tinha um choque total em seu rosto. Era como se as próprias Veias de Mana de Ferman tivessem criado vida própria e estavam deliberadamente se alimentando do mana da Pedra para crescer. Então, sem aviso prévio, pararam.

Vendo isso, o jovem Tenente, que ainda estava surpreso, rapidamente se recompôs, cessando o mana.

De repente, Ferman, que estava com os olhos fechados, os abriu. Suas íris brilhavam intensamente com um brilho branco. Karol, que viu isso, ficou assustada.

Logo o velho levantou-se, sua armadura que estava entreaberta caiu, revelando seu peito nu. Seu corpo era completamente cheio de músculos. As veias de sangue que eram completamente visíveis contraiam-se e relaxavam, enquanto bombeavam o sangue. A visão era assustadora, como se fosse uma fera viva.

O velho homem abriu ambos os braços, então fechou os punhos com força, causando estalos. Após isso, algo estranho começou a ocorrer. Uma névoa prateada, quase translúcida, começou a se espalhar a partir de seu corpo.

Fernando, que viu isso, franziu a testa. Mesmo sabendo que era Ferman, sentiu todos os pêlos de seu corpo se arrepiarem, assim como um medo antinatural tomar conta de seu corpo e mente.

Karol, que não estava muito longe, tinha uma expressão cheia de pavor, a ponto que suas pernas falharam e ela caiu de joelhos, tentando se apoiar na mesa.

Trum! Trum!

Todo o salão começou a tremer. Na realidade, toda a Residência da Guilda parecia estar vibrando. Os objetos, nas bancadas e mesas, caíram sem parar. Era como se uma criatura antiga e colossal estivesse acordando de seu sono.

Fernando, mesmo com o pavor que sentia, moveu-se, pegando Karol e afastando-se de Ferman.

Nesse momento, todo o Batalhão Zero estava um caos. Os tremores, assim como a sensação aguda de pavor, espalharam-se por todo o local.

Ilgner, que estava exercitando-se com seus dois machados, arregalou os olhos.

“Um General chegou?” pensou, com uma rara expressão de medo em seus olhos.

O Batalhão Zero havia ofendido muitas pessoas dessa vez, sem saber qual o resultado do julgamento e sentindo uma ameaça repentina, ele só poderia supor o pior. Se um General tivesse chegado para exterminá-los, seria o fim deles.

Theodora por outro lado moveu-se como um raio negro pelos corredores da residência com seus olhos de Medusa ativados a todo instante, fazendo com que muitos vissem apenas um vulto negra de olhos prateados passar, causando ainda mais terror nos soldados comuns.

Onde? Onde está? Ela gritou mentalmente. Mesmo que todo seu corpo dissesse para que ela fugisse na direção oposta, correu para o local onde sentia a ameaça.

Os olhos de uma Medusa não eram bons apenas em petrificar inimigos. Como híbridos entre elfos e humanos, estes adquiriam a habilidade de detectar coisas que olhos comuns não conseguiam. A flutuação do mana era uma dessas.

Logo Theodora viu uma flutuação estranha no ar, esta parecia ser a causa dos tremores.

Vem da sala do Líder? perguntou-se, perplexa.

Ela sabia que Karol era a única que estava naquele local. Os olhos da Medusa ficaram frios, mesmo que ela morresse, não poderia permitir que a esposa de seu mestre fosse morta.

Tzum!

Com uma grande velocidade, chegou em frente às portas do salão, então chutou com força.

Bang!

A porta, que era grande e reforçada, voou para longe, com suas dobradiças sendo despedaçadas junto à lateral da parede.

Sacando sua espada Céleres, Theodora já estava pronta para uma batalha de vida ou morte, mas a visão diante de seus olhos a fez ficar sem fala.

Seu mestre, que ela pensou estar sendo julgado no Tribunal Militar de Belai, estava agora bem na sua frente, completamente bem. Ao seu lado, Karol estava sendo apoiada. Já no centro da sala, um homem idoso com mais de dois metros de altura e músculos protuberantes, parecia a fonte dos tremores.

Mesmo chocada com o fato de Fernando estar de volta, seus olhos ainda indicavam que o sujeito no centro da sala era a fonte do mana bizarro que causou os tremores e a grande sensação de perigo, então rapidamente focou-se nele, pronta para usar sua vida para acabar com essa ameaça.

“Pare, não é um inimigo.” Fernando falou, parecendo entender as intenções da mulher.

Ele sabia que se Ferman quisesse causar algum mal a eles, nada e nem ninguem ali poderia pará-lo. 

Mesmo que todo o alto escalão do Batalhão Zero se unisse, era possível que eles nem sequer conseguissem arranhar o velho. Essa era a diferença de força e poder de pessoas comuns, como eles, e um Cavaleiro.

“Mas…” Theodora queria dizer algo, mas vendo o rosto sério de seu líder, ficou em silêncio. Então avançou, ficando na frente do casal, como se estivesse usando seu próprio corpo como barreira humana para protege-los.

Lentamente os tremores começaram a diminuir e as íris de Ferman também retornaram ao normal. Quando o velho olhou ao redor, vendo toda a bagunça e os olhos assustados de Fernando e das duas mulheres, sorriu gentilmente.

“Hoh, hoh, parece que causei alguns pequenos problemas a você, jovem Fernando.” O velho homem disse, enquanto pegava o peitoral de sua armadura caído no chão e a vestia.

Fernando, Karol e Theodora se entreolharam. No chão, onde o velho estava, dois pares de pegadas ficaram marcados, com rachaduras que se espalharam por todo o local. Além disso, o abalo havia causado uma grande quantidade de pânico, mesmo assim, o velho disse que eram apenas ‘pequenos problemas’.

Nesse momento, Theodora reconheceu aquela pessoa e, ao fazê-lo, sentiu-se chocada.

“Líder, o que está acontecendo?” perguntou, olhando para Fernando.

Ouvindo isso, Fernando logo sentiu que uma dor de cabeça viria, afinal, explicar os tremores, o banimento e sobre o Batalhão Zero se tornar parte das tropas de vanguarda e exploração, levaria um bom tempo, cada uma dessas coisas era mais complicada que a outra.

“Conversamos sobre isso depois…” disse, com um rosto sério. Então caminhou em direção a Ferman. “Sir, como você está?”

O velho olhou para ambas as mãos, após isso, para o jovem rapaz, então, aproximou-se de Fernando e tocou sua cabeça, como se fosse uma criança.

“Hm, muito bem.” disse, com um sorriso gentil. “Recuperei grande parte da minha força e devo conseguir viver por mais alguns poucos anos, graças a você.”

Apesar de incomodado com a forma que o velho o tratava, sentiu-se feliz em ouvir isso.

Nesse ponto, Karol, que havia recuperado-se do susto, aproximou-se.

“Senhor… Err… Cavaleiro, Sir.” disse, hesitante.

“Pode me chamar de Ferman, caso queira. Hoh, hoh.”

Mesmo ouvindo isso, Karol não se atrevia a chamar uma figura tão importante por seu nome.

“Pelo que o senhor disse, parece que o Fernando te ajudou a viver mais. Mas se a vida do seu ‘eu’ original acabar, isso não significa que você irá morrer do mesmo jeito?” perguntou, com curiosidade.

A pergunta parecia inocente e boba, mas ao ouvir isso, mesmo Fernando ficou chocado. Se Ferman morresse de velhice na Terra, isso não significava que tudo que havia feito agora teria sido em vão?

O velho sorriu levemente ao ouvir isso, mas ao mesmo tempo havia um semblante de melancolia em sua expressão.

“Não necessariamente. Existem meios de sobreviver mesmo que seu ‘eu’ original morra. No meu caso, eu simplesmente… Matei a mim mesmo.”

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