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Olhando para as coisas guardadas dentro, não sabia o que dizer ou pensar. O que mais chamou a atenção foi a criatura gigante com cabeça de Leão. Era claramente um Delgnor, o qual Ferman alegou ter matado no passado.

Espera… Essa coisa, ela não vale muito dinheiro? pensou, chocado.

A carne de Delgnor não era meramente uma especiaria. Sua principal utilidade era aumentar as chances de criar Veias de Mana no corpo de alguém, permitindo assim que tivesse uma maior probabilidade de entrar no Sistema de Habilidades.

Para Fernando, o uso principal não era tão útil para si próprio, por isso não deu tanta importância quando comeu. 

No entanto, essa não era sua única utilidade, pois a carne da criatura também ajudava a fortalecer o corpo e mana de alguém, além de revigorar o corpo após comer.

Na vez em que Ferman serviu a carne a ele, conseguiu experimentar seus efeitos em primeira mão. Mesmo que não parecesse muito significativo, sentiu que a carne da criatura tinha um poderoso mana contida dentro. Isso o ajudou a fortalecer seu corpo, mesmo que pouco.

Como, na época, não faltava muito para Fernando atingir o nível de força de um Tenente, esse efeito não era tão perceptível, mas se alguém com um baixo poder comesse um pedaço, sentiria imediatamente os benefícios.

Olhando para a criatura gigantesca, caída no chão do espaço interno da Pulseira de Armazenamento, imaginou que ela deveria ter pelo menos 12 metros de altura se estivesse em pé. Isso era por volta de um pequeno prédio de quatro andares.

Só de pensar em enfrentar tal monstro aterrorizador, que devorava até mesmo Generais, o corpo de Fernando tremeu.

Aproximando sua mente, notou que a mesma tinha três braços restantes, um deles havia sido removido. Provavelmente por Ferman, pela sua carne.

Isso significava, que com exceção de um dos braços, o corpo do monstro estava intacto e havia pelo menos algumas dezenas de toneladas de uma carne extremamente cara e rara.

O Jovem ficou em silêncio, sem entender porque Ferman daria algo tão valioso a ele.

Parando um pouco, começou a pensar sobre essa nova aquisição. Esses pensamentos se misturaram com ideias que já vinham sendo marteladas em sua cabeça, coisas que ele queria testar e confirmar, mas ainda não teve tempo.

Apesar disso, não parou por aí. Olhando ao redor, viu algo tão atraente quanto o Delgnor. Uma grande pilha brilhante e reluzente, eram moedas de ouro!

Só pode ser brincadeira… Fernando pensou, chocado.

Aproximando sua mente, rapidamente contou as moedas, haviam 300 moedas de ouro. Vendo isso, o coração do jovem Tenente saltou, como se fosse sair pela sua boca.

Deve-se saber que cada moeda de ouro era equivalente a 1.000 moedas de prata, logo essas 300 moedas eram equivalentes a 300.000 moedas de prata!

Mesmo após reunir seus fundos ganhos após o cerco de Belai, bem como do que foi saqueado da Guilda Fúria, ele só tinha cerca de 66.000 de prata. O que Ferman deu a ele antes de partir, era mais de quatro vezes toda a fortuna que Fernando havia acumulado.

“Realmente digno de um Cavaleiro.” Fernando falou, extremamente abalado.

Certamente para Ferman, esse valor não era muito significativo, mas para Fernando, essa quantia somada ao que ele já tinha, era suficiente para manter as operações do atual contingente do Batalhão Zero por pelo menos quatro anos!

Claro que essa era apenas uma estimativa, pois havia diversas variáveis nas despesas, como novas indenizações e aumento e diminuição das tropas.

As mãos do Jovem Tenente estavam suando frio, sem saber o que fazer ou pensar. Ele já era muito grato ao velho Cavaleiro, mas este ainda o presenteou de tal forma.

Apesar de se sentir mal por receber tanto e não poder oferecer tanto quanto, rapidamente engoliu seu orgulho. Como alguém que veio de uma família pobre, sabia que deveria aproveitar cada oportunidade que aparecia à sua frente. Tudo que ele poderia fazer era agradecer Ferman no futuro. E também, não era como se ele fosse conseguir devolver isso, mesmo que alcançasse a caravana de Condor, tinha certeza que o Velho recusaria receber de volta o presente.

Além da carne de Delgnor e das moedas de ouro, haviam três papéis enrolados em um canto. Em um primeiro momento pareciam irrelevantes, mas ao olhar com atenção, reconheceu algo disso, pareciam ser pergaminhos.

Uma vez, Fernando viu Josh Norton receber um como recompensa por ter sido o segundo a conseguir acessar as pulseiras de armazenamento, no tempo em que eram apenas recrutas.

Só que aquele que Josh recebeu era um pergaminho de baixa qualidade. Um de alta qualidade era raro e extremamente caro, um mero instrutor não colocaria as mãos nele, e caso conseguisse um, simplesmente não o daria facilmente. 

O Jovem deixou de lado os pergaminhos, para descobrir o seu uso uma outra hora, e olhou para o último item dentro da Pulseira de Armazenamento. Um livro estranho de capa branca, escrito ‘Draushum Arytiss’.

Fernando ficou intrigado com isso, então moveu o pulso, retirando o livro da pulseira.

Quando o livro caiu em suas mãos, Fernando arregalou os olhos, cheio de choque. O livro não só era maior do que imaginou, como muito mais pesado. Com cerca de 55 cm de altura e 40 cm de largura

Isso… Pesa uns duzentos quilos? pensou, sem entender como algo assim era tão denso.

Cheio de curiosidade, levantou a capa, abrindo-o. No entanto, o que se apresentou à sua frente o surpreendeu. Haviam várias palavras, mas ele simplesmente não entendia nada.

Essa era a primeira vez que isso acontecia. Normalmente, mesmo que não entendesse algo nesse mundo, como letras, símbolos ou palavras, a matriz do mundo imediatamente o ajudava a compreender. Era assim que Fernando, um brasileiro, conseguia se comunicar com os outros que eram de vários países ao redor do mundo.

Mas agora, a Matriz do Mundo não estava o ajudando, por mais que focasse seus olhos nas palavras, continuava sem entender.

“Espera, não aconteceu algo assim antes?” pensou, lembrando de um certo acontecimento do passado.

Quando derrotou Brakas e o mesmo jurou lealdade a ele, Fernando viu pela primeira vez uma magia contractual, que o Beholder o apresentou. Como era um idioma estranho e desconhecido, quase foi enganado e assinou os termos que o tornaria escravo de Brakas  

Pensando nisso, levantou sua mão direita, olhando para o Anel Vermelho em sua mão. Sem pensar muito, abriu um portal para o espaço interno.

Wooo!

Wooo!

Repentinamente, vários choros de lobos e grunhidos foram ouvidos de dentro, fazendo Fernando se assustar levemente e ficar angustiado com esses barulhos que não cessavam.

Quando estava prestes a questionar o que estava ocorrendo lá dentro, um tentáculo com um olho saiu do portal, olhando diretamente para ele.

“Mestre, o que houve?” A voz envelhecida de Brakas soou.

Ouvindo isso, Fernando franziu a testa.

“O que você está fazendo aí dentro?”

O grande olho no tentáculo moveu-se de lado, como se estivesse tentando entender o que o jovem falava.

“Estou cumprindo sua ordem, Mestre. Devo amadurecer o próximo lote de Lobos de Prata nos próximos dias. Inclusive, gostaria de solicitar mais carne e mana, se possível.” O Beholder falou.

A expressão de Fernando mudou após ouvir a resposta. A verdade é que ele não sabia qual método Brakas tinha para treinar e fazer com que Lobos de Prata recém nascidos chegassem à idade adulta em poucas semanas, mas certamente não seria algo ético ou bondoso.

Suspirando consigo mesmo, fechou os olhos. 

Como se entendesse algo, o Beholder fez algo e os grunhidos e choros de lobos cessaram. 

Logo, o jovem abriu os olhos, sua expressão era fria e calma. Então olhou para o tentáculo com um olho que o observava atentamente.

“Saia do Anel, preciso que veja algo pra mim.” disse, sem emoção.

O tentáculo do Beholder olhou em volta, analisando o quarto apertado.

“Receio que aqui não seja adequado para mim, Senhor. Esse lugar é muito pequeno.”

Fernando ficou surpreso com a declaração de Brakas. Da última vez que o viu, o Beholder já estava enorme, mas agora, segundo suas palavras, ele deveria estar ainda maior. Afinal, o quarto não era realmente tão pequeno, poderia até caber dois Brakas de antigamente com algum espaço de sobra.

Por um momento, Fernando pensou em olhar o espaço interno do Anel de Aprisionamento, mas rapidamente rejeitou a ideia. Ele ainda não queria ver o que Brakas fazia dentro com os lobos, por mais que estivesse curioso. Só de lembrar da situação degradante do comerciante corrupto que Theodora jogou dentro, seu corpo rapidamente tremeu.

“Olhe isso, consegue ler?” disse, mostrando o estranho livro que encontrou dentro do Anel de Ferman.

“Oh…” O grande tentáculo moveu-se, esticando-se até o lado de Fernando.

Vendo o grande tentáculo, que agora era um pouco mais grosso do que sua perna, Fernando ficou abismado. Ao mesmo tempo, a estranha viscosidade de sua pele era nauseante.

“Hm, hm. Mestre, onde achou isso?”

Fernando, que estava distraído olhando para a pele repugnante do Beholder, voltou sua atenção ao grande olho.

“Como eu obtive não interessa. Consegue ler ou não?” respondeu, num tom indiferente.

O grande olho o observou por alguns segundos, então respondeu.

“É provável que eu consiga, mas não é fácil. Essa linguagem é antiga, muito antiga. Esse contorno, o espesso mana em sua caligrafia, é claramente a antiga língua dos Dragões.” Brakas respondeu.”

“Dragões?!” Fernando perguntou, chocado.

Na literatura da Terra, os Dragões eram seres mitológicos gigantescos, que queimavam cidades inteiras com seu sopro de fogo. Só de pensar que tal coisa poderia existir nesse mundo, causou algum calafrio em Fernando.

“Hm, isso mesmo.” Brakas respondeu. Percebendo a expressão preocupada do jovem, logo continuou. “Mas não se preocupe, Mestre, há anos os dragões não pisam na terra dos homens.”

As palavras de Brakas não tranquilizaram Fernando no mínimo, pelo contrário, o deixou levemente assustado. Saber que realmente existia um ser mitológico tão poderoso vivendo nesse mundo, o deixou receoso. 

No entanto, logo acalmou-se. Depois de tudo que passou nesse mundo, de tantas coisas que viu, não era realmente tão estranho que houvesse seres ainda mais bizarros e aterrorizadores. Inclusive, havia algo assim na Pulseira em sua mão.

Pensando em algo, Fernando moveu o pulso. Um pedaço de 50kg de carne maciça apareceu em sua palma.

Quando Brakas viu aquilo, estranhou, mas não se importou. No entanto, quando um violento mana impregnou o ar, a pupila de seu olho dilatou-se.

“M-mestre, o que é isso? O que é essa coisa? Parece incrível!”

Fernando não esperava uma reação tão exagerada de Brakas, mas logo sorriu ao ver isso.

“Isso é carne de Delgnor.”

“DELGNOR?!” A criatura gritou, alarmada.

Sem pensar muito, Fernando atirou o pedaço de carne em direção ao tentáculo, que como se estivesse esperando por isso, enrolou-se na carne no ar, segurando-a.

“Isso é para você e os lobos, use-o.” disse, então moveu o livro para dentro do Anel de Aprisionamento. “Traduza para mim esse livro. Se conseguir, te darei mais disso.”

Flexionando-se e enrolando-se, o tentáculo lentamente recuou, retornando para o portal do anel.

“Entendido, Mestre.”

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